O que [o partido] Vox pretende fazer é claramente uma provocação, como quando os nazis do MPS (Movimento Patriota Socialista) no ano de 2009 tiveram a fatal ideia de fazer uma manifestação que passava pelo metrô de Puente de Vallekas. Ou como quando o NR (Nação e Revolução) tentou terminar sua manifestação em Tirso de Molina no ano de 2009, também a modo de provocação e prévia expulsão por parte da polícia de todos os migrantes que se encontravam na praça.
A modo de pequena recordação, assinalar que 18 pessoas foram detidas e processadas por enfrentar os nazis na contramanifestação de Vallekas, por tentar alcançá-los e por deter a marcha e o normal transcurso da mesma. Igualmente em Tirso de Molina, os distúrbios e enfrentamentos, fizeram com que os nazis tiveram que abandonar o bairro sem poder terminar de ler seu comunicado. Salvando as diferenças que existem entre o Vox e o extinto MPS (a ante sala do MSR – Movimento Social Revolucionário, encabeçado pelo conhecido Alberto Ayala, e com estreitas relações com o HSM – Hogar Social Madrid), ou com Nação e Revolução, o posicionamento ante qualquer tipo de discurso fascista, mais ou menos institucionalizado, deveria ser o mesmo.
E nos últimos tempos, onde uma boa parte da extrema direita se aglutinou em torno ao VOX, em Vallekas os enfrentou. Não sem a consequente repressão e as consequentes sanções. Também se confrontou em diferentes “incursões” de grupúsculos fascistas que vinham caçar no bairro.
O fascismo toma diferentes estratégias, umas mais legais e amparadas pelo sistema parlamentar e outras, mais ilegais amparadas pela impunidade da qual normalmente gozam através dos diversos coletivos e organizações mais descaradamente “nazis” que existem em alguns bairros.
No próximo 7 de abril, deveríamos nos propor como objetivo que nenhum dos porta vozes do Vox possam terminar o ato com normalidade. Não em nosso bairro e não em nenhum outro. Como continuação do pequeno lembrete de memória histórica, a modo de resposta pela repressão sofrida ante as detenções após a manifestação de 2009, dezenas de antifascistas irromperam na sede do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de Vallekas como protesto ante a autorização e legalização do ato nazi.
Estes exemplos pretendem dar umas ideias das possíveis respostas as quais podemos aspirar, especialmente em um bairro como Vallekas, com uma longa trajetória de luta antifascista e com grandes conquistas a respeito, a custa de uma confrontação direta e clara. Pretender não fazer algo contundente e mostrar um rechaço meramente verbal, não vai impedir que os fascistas realizem seu ato e que, como consequência, repitam em outras ocasiões ao ver que não há resistência alguma.
Ter que justificar isto ante a “esquerda antifascista”, com um longo percurso neste tipo de ações mas que agora trata de situar-se em uma posição de repentina “tolerância”, põe por terra tudo o que foi conquistado neste bairro e em toda Madrid (recordamos que durante muitos anos, os nazis escondiam os endereços de suas sedes e as datas de seus atos e manifestações por medo dos ataques que sofriam). Mas o mais grave ainda seria escutar e presenciar como qualquer um que se faz chamar antifascista, assinala e culpa a quem responde e não a quem provoca e gera esses discursos de “ódio” a que tanto fazem alusão.
Sabemos identificar os elos das cadeias que nos submetem: os partidos políticos, o parlamentarismo e a democracia, como fórmula de domínio e exploração, que nos pretendem fazer crer em representantes que decidam por nós, que nos vendem a ficção de uma suposta mudança ou alternância no poder para que tudo siga igual. Aqueles que querem reduzir a liberdade a um voto em uma urna são seus maiores inimigos.
Não te equivoques de inimigo: não há nazis bons nem manifestantes maus. Não caiamos na provocação que o sistema, a imprensa e a esquerda tenta nos fazer. Nos vemos em 7 de abril para enfrentar o fascismo e a sua cumplicidade democrática. Para que não voltem e para que não pensem que Vallekas é um lugar tranquilo para fazerem propaganda eleitoral.
FORA FASCISTAS DE NOSSOS BAIRROS
VALLEKAS ZONA INGOVERNÁVEL
Quarta-feira, 7 de abril, às 18h00, na Plaza de la Constitución (Plaza Roja)
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
O jarro quebra –
Ah, o despertar
Do gelo da noite!
Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!