19 J | “Na capital paulista e em tantos outros municípios, anarquistas também estiveram presentes”

Condutas reacionárias

São Paulo, 19 de junho. Manifestantes se concentraram na Avenida Paulista para mais um ato contra o homem que senta no trono do palácio. Partidos políticos, movimentos sociais, coletivos, sindicatos e até anarquistas estiveram presentes. Diferente da maioria dos manifestantes, xs libertárixs não se entusiasmam com palanques eleitorais e carros de som. Enfatizam ser irrelevante exigir o auxílio emergencial de 600 reais, mais vacinas e a saída do homem que senta no trono do palácio. Sabem que a democracia coexiste com práticas fascistas. Foram às ruas para potencializar práticas de resistências e atiçar revoltas. Grupos mais combativos desceram a rua da Consolação tremulando bandeiras negras. Deslocaram uma caçamba para o meio da rua e montaram uma pequena barricada. Não vacilaram em atacar instituições bancárias. Em seguida, os autoritários de plantão apareceram. Estes, assim como a grande imprensa e os verde-amarelo, recuperaram, mais uma vez, a dicotomia entre “cidadãos ordeiros” e “vândalos”. Policiam e pretendem governar as condutas nas ruas. Nenhuma novidade. Muitas vezes, os autoritários utilizam o guarda-chuva vermelho como escudo. As condutas fascistas têm cor SIM.

Política

Em São Paulo, teve cidadão-polícia que partiu pra cima dxs anarquistas, xs acossaram, agrediram, tentaram intimidar. O protagonismo foi do MTST, que também atropelou os indígenas na linha de frente da manifestação. Teve manifestante polícia desfazendo barricada, limpando pixo e inquirindo sobre o conteúdo de lambe-lambes. Teve liderança de manifestante cidadão-polícia no carro de som clamando para a polícia do Estado punir “quem fez coisa errada”. Teve muitos cartazes e panfletos pedindo a prisão do homem que senta no trono do palácio, imitavam os que circularam na mesma avenida em 2015 e 2016 contra o governo da ocasião. Teve bandeira nacional à venda, envolvendo corpos, no ar e aos montes no bloco da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas). Teve partidos de esquerda e movimentos sociais de minorias disputando quem “começou o fim do governo” atual. Teve muita gente declarando vitória…

Antipolítica

Manifestações ocorreram em centenas de cidades e levaram centenas de milhares de pessoas às ruas. Na capital paulista e em tantos outros municípios, anarquistas também estiveram presentes. Em alguns lugares, desafinaram em meio aos democráticos protestos. Chamados de blocos combativos, autônomos ou antifascistas, vibraram pelas ruas de Londrina, Porto Alegre, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Santos, Rio de Janeiro, Vitória… Alguns, fizeram aliança com autonomistas e comunistas… Teve também libertárixs apartadxs de blocos, balançando bandeiras negras, vermelho e negras, roxo e negras, com “A”s na bola cortando os protestos ou mais afastadxs. A presença viva dxs anarquistas afirma suas diferenças. Nada de tolerância pluralista ou de disputas. Explicitam que o alvo da luta não é apenas o atual governo, mas o Estado, as polícias, o extermínio que se pratica há mais de 520 anos e as condutas que os sustentam.

Fonte: Flecheira Libertária – N° 632 – 22 de Junho de 2021 – nu-sol.org

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Paulo Franchetti