[Espanha] Fazer sindicalismo não pode ser um delito

• O Tribunal do Penal nº 1 de Gijón, condena a penas de prisão 7 sindicalistas da CNT, “sentença que vamos recorrer”

• “Com esta dura condenação querem mandar uma clara mensagem ao sindicalismo combativo: é uma ameaça direta a toda trabalhadora que queira exercer seus direitos”, assinalou a CNT.

Na semana passada foi publicada a sentença que abordava as mobilizações sindicais que aconteceram no ano de 2017, em apoio a uma trabalhadora, e, apesar de que não havia grande otimismo sobre o fato, segundo a CNT, “este superou as piores previsões: penas de cárcere de três anos e meio, salvo para o ativista Lagarder e uma indenização que supera a solicitada pela promotoria, algo não muito frequente e que alcança a enorme quantia de 125.428,1 euros.”

Os serviços jurídicos da organização anarcossindicalista estão trabalhando, desde o mesmo dia da notificação, no recurso de apelação para que possa corrigir a inaudita severidade que “não deixa de recordar a sentença proferida em seu dia no procedimento que se seguiu contra Cándido e Morala”, assinala a CNT, e que originaria um documentário, “Ni un paso atrás“, lema que “fazemos nosso porque de nenhuma maneira vamos permitir a criminalização da ação sindical que é o único que nós da classe trabalhadora temos para nos defender”, frisa a central anarcossindical.

Ainda que o momento da análise “deixamos para mais tarde, assim como as implicações e estranhas coincidências”, simplesmente recordar que o querelante que ao longo de todo o procedimento pretendeu que o conflito sindical o teria levado a uma crise econômica que o obrigou a abrir um processo de falência, no entanto contou com o melhor da advocacia, tendo se sucedido na defesa de seus interesses, alguns letrados de conhecido renome, o último deles, Javier Gómez Bermúdez, ex-presidente da sala do penal da Audiência Nacional.

Igualmente, dentro da enorme indenização se encontra um item pela perda de uma moradia que, ao menos, no momento da vista do julgamento, seguia em nome dos querelantes… e isso para não falar da sucessão de informes periciais contraditórios que, no entanto, parecem não ter despertado dúvida alguma, apesar de que na última sessão do julgamento foi manifestada pelas defesas a inconsistência das cifras reclamadas. É importante frisar, finalmente, que, ao longo dos meses, que não chegaram a cinco, nos quais se desenvolveu a ação sindical, em nenhum momento houve deterioração de bem algum; não se impediu a circulação da clientela e apesar da presença policial, chamada pelos donos da confeitaria, esta nunca se viu obrigada a intervir…

Entendemos que este caso, no qual a sentença é um passo a mais, nos encontramos ante “a criminalização do exercício mais básico da ação sindical”, frisa a CNT: é um ataque frontal contra todas as trabalhadoras e o sindicalismo em geral, “hoje fomos nós, mas amanhã pode ser qualquer um”.

É tempo de refletir, de seguir trabalhando em nosso modo de entender o sindicalismo, baseado sempre na rua e nos problemas reais e de preparar os melhores recursos possíveis não esquecendo que nada, absolutamente nada, vai nos distanciar de nossa ação em defesa dos direitos da classe trabalhadora: nem um passo atrás!

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/hacer-sindicalismo-no-puede-ser-un-delito/?fbclid=IwAR1gi4s5EMnRdwZ689vnL_0HIKQ62cagYz1XQnvAEpNnnn6w4tf3eQsoe20

Tradução > Sol de Abril

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O rosto do passante,
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