3J | “Os autoritários trajando vermelho seguem tentando policiar as condutas nas ruas”

O dia amanheceu em chamas

No dia 3 de julho, em Belo Horizonte, libertárixs e alguns coletivos antifascistas saíram às ruas antes do dia raiar. Empilharam pneus e ergueram uma pequena barricada no meio do Viaduto Helena Greco. O dia amanheceu em chamas. Deixaram claro que não se submetem às ordens de nenhum “comitê unitário”. Não foram convocadxs por ninguém. Tampouco aderem ao falacioso discurso da “Frente Ampla”. Não andam ao lado dos verde-amarelo “arrependidos”. Não se iludem com soluções institucionais como o impeachment do homem que senta no trono do palácio, a ampliação de políticas sociais, etc. Sabem que o Estado tenta asfixiar as vidas livres. Sabem que a imprensa livre é a manifestação da opinião de empresas. Sabem que os chamam de vândalos por não servirem os propósitos empresariais. Sabem que a imprensa livre julga e não quer saber de quem pensa fora de seu cercadinho… Empenham-se em atiçar revoltas por meio da ação direta. São ingovernáveis.

Revolta e apoio

No mesmo dia, em São Paulo, na Avenida Paulista, ocorreu mais um ato contra o homem que senta no trono do palácio. Assim como na manifestação anterior, o dia esteve marcado por tensões. Como não se alinham aos autoritários vestidos de vermelho e aos “arrependidos” de verde-amarelo, xs revoltosxs traçaram seus próprios percursos no ato. O policiamento esteve mais ostensivo, sobretudo na rua da Consolação. No entanto, xs insurretxs não se intimidaram e atacaram agências bancárias, uma concessionária, uma instituição de ensino reacionária, vidraças de pontos de ônibus e de propagandas. Travaram embates com os profissionais da violência. Mesmo após as bombas, seguiram na rua acendendo barricadas e praticando ação direta. Alguns insurgentes foram detidos pela polícia. São presos políticos, como todo preso. Dois permaneceram em cana. No domingo, Lucas, jovem trans e preto, foi solto. Xs revoltosxs apoiam xs presxs da revolta e exigem a liberdade de Mateus, que segue encarcerado.

Binarismo

Os autoritários trajando vermelho seguem tentando policiar as condutas nas ruas e defendem ou se calam diante das detenções e dos processos abertos. Neste sábado, foi possível ver os efeitos da ativação do discurso fundamentado na dicotomia entre “manifestantes ordeiros” e “vândalos”. Antes da polícia fardada tentar reprimir xs que praticavam a tática black bloc, cidadãos-polícia em um carro de som xs apontavam clamavam por intervenção. Depois, pelas redes e nas mídias, o binarismo se atualizou com as devidas substituições. Esquerda acusa infiltrados da extrema-direita. Direita, que foi barrada na festa democrática (gerando polêmica entre a esquerda), acusa a esquerda de ser igual a extrema-direita. Direita no atual governo federal acusa a “esquerda criminosa” que atua a mando do outro líder… Sinal de alerta: estar atentxs para o binarismo não invadir os libertárixs! Liberar-se da política é também liberar-se dos binarismos.

Presença imperceptível

Manifestações ocorreram em centenas de cidades. Não foi só nas capitais paulista e mineira que libertárixs estiveram presentes. Bandeiras negras tremularam nas ruas do Rio de Janeiro, de Porto Alegre, Santos, Ribeirão Preto, Blumenau, Belém do Pará… uma única em Vinhedo. Onde mais? O que mais escapou até das notícias e posts em redes sociais?

Fonte: Flecheira Libertária – N° 633 – 06 de Julho de 2021 – nu-sol.org

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na folha orvalhada,
gota engole gota,
engorda, desliza e cai

Alaor Chaves