[México] A esquerda esquizofrênica

No México, mas também na América Latina, a esquerda se viu rebaixada e evidenciada como uma proposta esquizofrênica, pelas constantes reformas neoliberais que o capitalismo trata de impor à sociedade.

As organizações e pessoas de esquerda têm sofrido de severos transtornos mentais crônicos e graves, caracterizados frequentemente por condutas que resultam anômalas para a sociedade: falta de percepção da realidade e alterações na expressão da realidade. A esquerda esquizofrênica causa, além disso, uma mudança em vários aspectos do funcionamento psíquico do indivíduo, principalmente da consciência da realidade, e uma desorganização neuropsicológica mais ou menos complexa, em especial das funções executivas, que leva a uma dificuldade para manter condutas motivadas e dirigidas a metas, e uma significativa disfunção social. Entre os sintomas frequentes estão as crenças falsa, um pensamento pouco definido ou confuso, diarréia verbal incontida, alucinações auditivas (só acreditam que escutam o que querem escutar), redução das atividades de relação social e da expressão de emoções, e inatividade política justificada com pretextos marcianos.

Assim, a luta entre a esquerda e a direita, se dá na imaginação. Na realidade, as relações de poder nas 2 e entre as 2, demonstram que é uma mentira que exista uma opção alternativa: todos querem nos governar. Querem salários e negócios, poder e prestígio sem freio. Sua ambição desmedida demonstra sua cumplicidade nos cargos políticos, nas administrações, presidências ou empresas, onde simplesmente se alternam em cada eleição.

Desde Joe Biden nos EUA, até Andrés Manuel López Obrador no México, e Daniel Ortega na Nicarágua, vivem na alucinação da modernidade: acreditando que se pode colocar progresso e modernidade antes das liberdade básicas. Defendendo instituições estatais, que buscam o controle social organizado por uma constituição (roubos legais) e, uma vez que garantam e protejam as liberdades e direitos de todos como cidadãos (Direito a ser explorados, direito a escolher os carrascos, direito a ser reprimido pela polícia, direito a ser massacrado pelo exército). Mas, na realidade, vemos Biden fazendo as mesmas deportações que Trump, López Obrador obcecado pelos erros dos conservadores, e nunca quer ver os seus; em um México de Guadalupe e pré-moderno, que nunca deixou a religião pela razão, mas onde o “progresso” segue sendo uma mentira atrativa para o povo. Onde o PRI, o PAN e o PRD, descaradamente, demonstram que são o mesmo, a classe política eterna, que brinca de partido em partido, que inclusive se meteu Morena [partido de esquerda] para continuar no Poder.

Mas estes líderes, de direita e “esquerda”, aspiram viver de nossos impostos, e a criar novas leis para nos submeter a sua “sagrada vontade”, onde na realidade só serão larápios do capitalismo neoliberal.

A modernidade é um conceito eurocêntrico que não se aplica à cabalidade no México, onde em muitos aspectos somos pré-modernos, e também pós-modernos, porque já demonstrou o “progresso”, que só enriqueceu as classes altas e próximas aos governos, onde cada vez se acredita em menos coisas, e se acaba na depressão, na frustração e na inatividade.

A esquerda “radical” não está melhor. Vivendo na clandestinidade, construindo estruturas verticais e autoritárias, aferrada a seus dogmas de fé, nas armas e na violência; acredita que propondo “destruição” será uma opção atrativa que ganhe o povo à rebelião. Sua esquizofrenia a isola das pessoas, a separa do tecido social, a torna uma seita estranha e fanática, que só propõe “sacrifício”, quando o capitalismo e o governo, dão migalhas (de nosso impostos) para as necessidades sociais das pessoas, como as vacinas, a educação, ou a “segurança”. E, assim, tentam se legitimar e conseguem enganar muitas pessoas, como o Governo mexicano dando bolsas e “apoios” para seguir manipulando o povo com seus cartões rosa.

A luta das pessoas pela sua sobrevivência, as torna pragmáticas: finge que se vendo ao sistema para poder comer, mas está gravemente ressentida. Desafoga sua raiva como pode, mas não comete suicídio político como Hamas na Palestina: não assiste “Dias de fúria” porque realmente quer ser revolucionária, a classe trabalhadora tem que ir trabalhar e quando sai da labuta, estão tão cansadas, que se joga a ver televisão e tomar cerveja.

Ou se dedica a roubar: ataca a propriedade privada dos demais, mas conserva a sua como do lugar. O grande número dos roubos demonstra que o povo não quer uma revolução, só quer reciclar a propriedade privada em seu favor, a ponta de pistola. Mas não luta por coletivizar os meios de produção, mas só mendigar migalhas do Estado, como nos populismos do México e Venezuela.

A ruptura da esquerda “radical” com o tecido social e as organizações, pretende transferir o problema das relações de dominação ao âmbito pessoal, onde o voluntarismo pretende “subtrair-se” ao social, “aparecendo e desaparecendo”, dando ao anonimato o caráter de “magia” para romper a hierarquia social, que finalmente se reproduzem na vida cotidiana, com sua adoração às suas vacas sagradas: o Che Guevara, Fidel Castro, Joseph Stalin, Mao Tse-Tung, Juan Domingo Perón, “Tiro Fixo” Marulanda, Alfredo María Bonanno, etc.

O desejo voluntarista de pessoas na clandestinidade não vai mudar relações sociais instituídas para satisfazer necessidades sociais… ainda falta romper com o consenso social do sistema capitalista; baseado na religião, na televisão e no alcoolismo; a sectarização das pessoas dispostas a lutar por uma mudança, a unidade da Burguesia (PRI; PAN e PRD), e a consolidação de Morena como os novos serviçais do capital.

Se requer uma longa luta cotidiana em várias frentes sociais, não só na internet, nos periódicos, no rádio, na rua, nas reuniões em cafés, nos corredores das escolas, no auto-engano, no anonimato, na alucinação das palavras…

Braulio Alfaro Lemus

Fonte: https://www.portaloaca.com/opinion/15580-la-izquierda-esquizofrenica.html

Tradução > Caninana

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Camila Jabur