A hora chegou? Anarquistas da Ucrânia, guerras tarifárias e expropriação de ladrões

Por vários meses, a Ucrânia tem sido engolfada em instabilidade social, o que periodicamente diminui antes de acender-se novamente. Os preços draconianos do gás com os quais o residente médio está gastando a maior parte de sua renda na Europa, estão fechando várias empresas e muitas das 700-800 pessoas cujas vidas são diariamente tiradas pela pandemia têm sido enfraquecidas pelo frio em suas casas. Em 25 de outubro, houve uma manifestação em Zhytomyr contra o aumento nos preços do gás e aquecimento, crescendo ao ponto de um ataque ao escritório da Zhytomirgas JSC. Quando ninguém saiu para negociar com os manifestantes que se reuniram em frente à empresa, quebraram as portas e entraram. Quando chegaram aos andares superiores e finalmente encontraram o presidente, ele disse que sua empresa não define as tarifas. Foi forçado a descer para a rua e reportar aos manifestantes, mas o gerente, tendo concordado anteriormente, desapareceu. Os manifestantes assinaram uma declaração contendo, entre outras coisas, demandas como a contenção do aumento das tarifas, o banimento da supressão de suprimentos de gás durante a estação de aquecimento e o retorno das redes de gás à propriedade de comunidades urbanas e rurais. Assim, o que escrevemos sobre no começo deste outono está gradualmente se transformando em realidade.

Cracóvia também não fica de fora dessa fúria. Depois da longa desativação de bairros e vilas arranjadas pela Kharkivgas JSC para extorquir as dívidas dos residentes, os grupos ativistas da questão do gás de toda a região bloquearam, em 16 e 17 de outubro, uma das entradas da Cracóvia. Alguns desses grupos existem há muitos anos e, durante esse tempo, têm conseguido parar o desligamento de gás e/ou eletricidade para dezenas de famílias ao diretamente barrar veículos de brigadas de gás ou processos contra a empresa; outros apareceram apenas depois do governo suspender o banimento de agosto passado que desligava o abastecimento residencial durante a quarentena. O protesto coberto pelo jornal virtual anarquista assembly.org.ua ressoou amplamente e levou ao retorno do gás no assentamento mais afetado.

Em 7 de novembro, no 133º aniversário de Nestor Makhno, manifestantes delegados pelo movimento do gás se reuniram para uma reunião pública na praça central de Cracóvia e elegeram um grupo de trabalho para receber constantemente as reclamações da população sobre quaisquer conflitos, e para ajudar a resolver problemas com empresas de energia. Diferente da ação no anel viário de Cracóvia, desta vez não haviam bandeiras nacionais. Deve ser um passo intermediário no caminho do objetivo principal: a transição da Kharkivgas JSC em propriedade municipal sob controle popular de baixo para suprimento de energia residencial a preço mínimo (agora 95,5% de suas ações pertencem à corporação privada DF Group, com contas estrangeiras).

Além disso, ainda não encaramos as consequências da abertura do mercado de terras agrícolas de 1o de julho de 2021. A região da Cracóvia agora é uma das três que mais vende terras no país, e pode-se imaginar o que pode começar quando abre-se um fluxo de camponeses sem terra para encher a metrópole à procura de trabalho! A intensificação das viagens pela região e a atividade midiática inevitavelmente requer mais recursos. Você é bem-vindo a apoiar o coletivo através dos fundos, em USD ou EUR, por estes dados bancários: XXXX. Cada centavo será uma contribuição ao desenvolvimento do trabalho!

Por outro lado, a maior ação própria dos anarquistas de Cracóvia no momento ainda é a intervenção de rua anti-policiamento durante a marcha LGBTQ+ em 12 de setembro, a qual foi anunciada com maior antecedência do que as manifestações semi-espontâneas do gás. Na primeira metade do ano, nós não éramos sequer capazes de tais atos, mas agora precisamos nos mobilizar mais ativamente. Um novo 1917 está à porta.

Seria pertinente recordar o que disse um anarquista italiano no começo de agosto, sobre os protestos do passe verde: “outra razão para tomar as ruas é quebrar a frente unida daqueles que são contra o ‘passe verde’ por motivos burgueses, com uma mentalidade de empresários que só querem ter seus próprios lucros, mesmo se estão na base da pirâmide de exploradores. […] É o mundo do lucro que deve ser destruído, e é um mundo de liberdade, auxílio mútuo e equilíbrio entre homem (sic) e natureza que deve ser totalmente repensado, o mundo das commodities deve chegar ao fim e, se não formos e esfregarmos na cara das pessoas, eu não sei quem o fará em nosso lugar. Ir às ruas também significa não ter o filtro da comunicação da mídia do regime atual; falar com as pessoas diretamente é a melhor forma de sentir o clima a nossa volta. […] Depois desses primeiros dias de mobilizações, nos quais simplesmente expressamos oposição em palavras – algo que aconteceu em várias ruas europeias com mais ou menos determinação –, temos que encontrar propostas locais, mas não apenas, para resistir, junto com aqueles que querem lutar, com aqueles que dizem que não querem essas imposições e estão prontos para fazer coisas que nunca fizeram antes. É aqui que nossa história anarquista pode ser uma grande ajuda, para evitar controle e repressão, mas, acima de tudo, para ter propostas concretas de luta e solidariedade com aqueles que perderão seus empregos e não serão capazes de ganhar a vida, com aqueles que recusam controle social invasivo, com aqueles que pensam que o sistema de produção técnico-industrial é, na verdade, um problema e, talvez, também com aqueles que percebem que tudo isso deve ser repensado de uma vez por todas de forma revolucionária, sabendo que palavras não são suficientes […]”.

Avante sob bandeiras pretas! Saúde e Anarquia!

Para nos contatar – assembly-media@riseup.net

Fonte: https://libcom.org/news/time-has-come-anarchists-ukraine-tariff-wars-expropriation-robbers-22112021

Tradução > Sky

agência de notícias anarquistas-ana

Venha aqui comigo,
oh pardal sem pai nem mãe.
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Issa