Seguindo o ataque brutal de dois dias da semana passada ao Ponto de Controle Gidimt’en e ao Coyote Camp, assim como os vários dias de ações solidárias difundidas em resposta, esta semana trazemos uma atualização na situação do território Wet’suwet’en e o contínuo fortalecimento de apoio e solidariedade.
Trazemos também atualizações no acampamento de defesa da desocupação em Hamilton e Vancouver.
Em ambas as histórias desta semana, policiais continuam a fazer o que eles devem fazer: remover povos indígenas de suas terras para proteger empresas que destroem o clima, colonizadores e supremacia branca, e forçar pessoas pobres para fora dos lugares em que podem encontrar refúgio e comunidade.
Todas as semanas, mas nesta em especial: que se foda a polícia, em todos os lugares que estão e por tudo que fazem.
Vamos às notícias.
Acampamento de Defesa em Hamilton e Vancouver
No dia 24 de novembro, em Hamilton, um incêndio teve início no começo da manhã no acampamento do parque JC Beemer. O parque abrigou múltiplas etapas de ocupações e seus fins, mas a defesa da comunidade também teve sucesso em atrasar a desocupação dos acampamentos muitas vezes. A Polícia e a Prefeitura usaram o incêndio como uma desculpa para agilmente se alojar e emitir notas de despejo aos seis residentes que ainda estavam em choque por conta do incêndio que destruíra muitos de seus pertences.
A declaração pode ser lida na íntegra pelo link postado pela @HamOntESN (Hamilton Encampment Support Network):https://t.co/cpwNL3mrjY(em inglês, CA).
A Hamilton Encampment Support Network (HESN) foi também rápida para responder, juntando-se aos residentes do parque para tentar e lutar contra a nota de despejo e defender seus pertences de apreensão pela Prefeitura. No decorrer do dia, cerca de 30 policiais se acumularam no parque, em conjunto com eventualmente mais de 100 membros da comunidade. Em um momento, apoiadores se precipitaram na linha que cercava o acampamento feita pela polícia na tentativa de invadir e alcançar os residentes. Dois apoiadores foram presos no decorrer do dia. A presença de membros da comunidade, ainda que não tenha prevenido a desocupação, deu tempo aos residentes do parque para empacotar seus pertences e acessar apoios, uma vez encaram o desafio de precisarem se realocar e encontrar um lugar seguro para ficar mais uma vez.
Dois dias depois, ao apoiar outro acampamento sendo desocupado, uma organizadora da HESN foi presa por obstrução no acampamento de defesa dois dias antes. À medida que apoiadores se reuniam para exigir sua soltura em frente à delegacia, três outros organizadores foram detidos violentamente. Todas as quatro pessoas presas naquele dia eram da juventude Negra. Apoiadores permaneceram do lado de fora da delegacia até que todos fossem liberados, unidos em sua raiva contra a polícia e um único compromisso aprofundado à sua comunidade e uns aos outros.
Acompanhe a gravação da Polícia de Hamilton prendendo três jovens negros na tarde do dia 26 de novembro postada pelo @HCCI1(Hamilton Centre for Civic Inclusion): #HamOntpic.twitter.com/Baw6y69yUy
Em Vancouver, uma manifestação ocorreu em 25 de novembro para apoiar os residentes do acampamento do parque CRAB. A manifestação foi feita em frente ao escritório do Conselho de Parques de Vancouver, que estão atualmente buscando uma injunção que os permita desalojar os residentes do parque, onde atualmente há cerca de 35 tendas. A manifestação exigiu uma retirada do pedido da injunção, um fim ao memorando de acordo entre a província de British Columbia (BC), a Prefeitura de Vancouver e o Conselho de Parques de Vancouver, que encorajou ouso da força contra os residentes do parque, e a consulta de pessoas sem-teto em políticas que impactam sua segurança e sobrevivência. Os participantes da manifestação ouviram os residentes do parque, uma juventude de Squamish, a Rede de Usuários de Drogas da Área de Vancouver e o grupo Our Homes Can’t Wait.
Os residentes do parque CRAB e seus amigos também expressaram solidariedade aos residentes de Moccasin Flats, uma cidade de tendas em Prince George, BC. Uma publicação dos Friends of CRAB Park diz:
Na última quarta-feira, cerca de uma dúzia de pessoas da cidade de tendas “Moccasin Flats” foram oferecidas novas habitações seguras com o apoio do Prince George Friendship Centre. Suas antigas casas foram rapidamente demolidas, antes que pudessem coletar seus pertences.
Moccasin Flats foi a casa de cerca de 75 pessoas sem-teto, 80% das quais eram indígenas. O acampamento foi tema de uma tentativa de injunção da Prefeitura de Prince George, que solicitou o fechamento da cidade de tendas em conjunto com uma outra, um grupo menor de tendas. Em uma decisão histórica, o tribunal recusou a injunção, permitindo a continuidade da cidade de tendas. Mas, quando alguns residentes foram conhecer as novas habitações na semana passada, seus pertences restantes foram destruídos.
#AllOutForWedzinKwa Atualização da Repressão
Na semana passada, cobrimos a prisão de 32 defensores da terra no curso de um ataque de dois dias ao Gidimt’en Checkpoint e Coyote Camp no território Wet’suwet’en. Desde a saída de nossa última edição, novos detalhes emergiram sobre o ataque e o tratamento dos defensores da terra sob custódia, e ações solidárias têm continuado inalteradas por todo o país.
Depois de sua prisão em 18 e 19 de novembro, muitos dos defensores da terra foram mantidos no final de semana até 22 e 23 de novembro. Muitos detidos do primeiro dia de ataque se recusaram a assinar condições durante sua audiência de fiança no dia 19 e foram mantidos com muitos dos detidos do segundo dia. Aqueles mantidos no final de semana incluíam Sleydo, seu parceiro Cody Merriman da Haida nation e Jocey Alec, a filha do Chief Woos. Muitos outros apoiadores também foram mantidos durante o final de semana, incluindo duas mulheres trans que foram mantidas em uma prisão masculina em Prince George.
Durante as audiências de fiança para a segunda leva de detidos, um esforço considerável foi feito da parte do advogado da CGL para prevenir os detidos Wet’suwet’ensa terem a possibilidade de retornar a seu território. Em particular, o advogado da CGL empregou interrogações absurdas, como se Sleydo e Jocey eram realmente Wet’suwet’en, assim merecendo a permissão para retornar a suas terras. O juiz, que, para contextualizar, foi o que concedeu à CGL uma injunção permanente em primeiro lugar, impôs uma condição a Sleydo de que ela seria impedida de estar a menos de 75 metros da infraestrutura da CGL. Isso é mais de 10 metros além dos outros que receberam essa condição.
O foco da mídia convencional (e até da alternativa) nos dias seguintes aos ataques estava ajustadamente na injustiça suprema percebida nas prisões dos jornalistas brancos Michael Toledano e Amber Bracken. Os jornalistas foram presos no Coyote Camp e mantidos no final de semana com os outros defensores da terra. Uma campanha orquestrada nas redes sociais chamaram especificamente por sua soltura, nos termos de que eles não deveriam ter sido presos por conta de suas credenciais de imprensa. Muito menos atenção foi dada a todos os outros detidos e à urgência de conseguir sua liberação.
Nos dias recentes, mais detalhes sobre as condições das pessoas que foram detidas emergiram. Sleydo explicou que no final de semana os detidos ficaram ao menos 12 horas sem acesso a comida ou água.
A CBC reportou que muitos detidos Haudenosaunee do primeiro dia de ataques foram forçados a comparecer às suas audiências de fiança vestindo apenas roupas íntimas e algemas e foram transportados até lá em “gaiolas de cachorro de metal.”
A Royal Canadian Mounted Police(RCMP) respondeu à divulgação da gravação do ataque ao Coyote Camp dizendo que “eles esperavam enfrentar resistência mais rígida” como uma explicação às cenas dramáticas do ataque. A CBC também reportou que a RCMP tinha especificamente Skyler Williams de Six Nations internamente marcada como “violenta” e um “risco de escape.” Todo esse disparate da RCMP é uma tentativa clara de justificar as táticas desumanas usadas contra os detidos, assim como de retroativamente justificar o uso de helicópteros, cães de ataque, motosserras, machados e outras ferramentas contra os defensores da terra.
No território Gitxsan próximo, em 21 de novembro, perto da ferrovia que foi o local de uma presença solidária desde o ataque, Denzel Sutherland-Wilson foi abatido por múltiplos policiais da RCMP. Em um vídeo viralizado, ele é ouvido gritando “Eu não consigo respirar!” múltiplas vezes enquanto policiais brancos estão em cima dele. Outra pessoa chega e é rapidamente agarrada e detida também.
#AllOutForWedzinKwa Ações Solidárias Continuam
À sombra da e em resposta à repressão, uma gama impressionante de ações de solidariedade tem continuado a varrer o país. Segue uma lista incompleta de ações que ocorreram apenas na última semana!
Em Hamilton, múltiplas ações aconteceram. Em 21 de novembro, foi feita uma manifestação. Alguns presentes pintaram All Out For Wedzin Kwa em enormes letras cor de rosa na rua. Pouco depois da ação, uma pessoa foi detida e acusada de desordem de menos de $5000 por sua suposta participação na pintura da mensagem.
Em 23 de novembro, a Hamilton Shell foi fechada por 3 horas e então o bloqueio se transformou em manifestação, a qual marchou para outro local para eventualmente bloquear o trânsito em “todas as faixas da rua Burlington, uma rodovia chave ao acesso industrial e à estrada.” Apesar da tentativa de uma picape vermelha de dirigir em meio à aglomeração, um comunicado da @DefundHPS explica que a multidão permaneceu calma e corajosa, lembrando “a coragem dos indivíduos do oeste frente à abordagem da RCMP às cabanas residenciais com motosserras e machados, interceptando toda a comunicação por aparelhos de rádio com a música “Ring Around the Rosie” antes de arrombar portas e, eventualmente, queimar ao menos uma cabana inteira.”
Em Edmonton, uma manifestação e marcha com mais de 100 pessoas aconteceu em 22 de novembro, atrasando o trânsito do centro da cidade. A conta @laurby comenta em 23 de novembro: “Um protesto apoiando a luta contra o gasoduto da TC Energy’s Coastal Gaslink em terras Wet’suwet’en está marchando pela avenida Jasper agora, desde o parque Beaver Hills House.”
Em Ontario e Quebec, múltiplos bloqueios rotativos de rodovias aconteceram simultaneamente por Haudenosaunees em 24 de novembro. Durante os bloqueios rotativos, ferrovias aparentemente foram bloqueadas brevemente perto de Belleville.
Manifestações aconteceram em London, ON e Waterloo, ON esta semana.
Em Vancouver, um protesto aconteceu em 23 de novembro fora do escritório da Crown-Indigenous Relations and Northern Affairs Canada. Então, um bloqueio do trem aconteceu perto da estação de Renfrew em 24 de novembro.
Em 27 de novembro, em Montreal, uma manifestação reuniu centenas de pessoas nas ruas do centro da cidade. Enfrentou uma pesada presença da polícia e resultou em ao menos duas prisões, mas foi, todavia, capaz de perturbar o trânsito por bastante tempo depois de contra-manobrar os policiais. Também em Montreal, um grande banner de “All Out For Wet’suwet’en” foi disposto na via expressa 720 West na manhã de 26 de novembro.
No leste de Quebec, a linha do trilho que leva ao grande porto industrial de Matane foi sabotada na noite de 22 de novembro. Em um comunicado em francês, os atores descrevem como eles empregaram várias medidas para assegurar que tais ações não machucariam as pessoas.
No sul de Ontario, uma ação coordenada noturna de solidariedade foi feita na infraestrutura ferroviária. Um comunicado postado no North-Shore.Info diz, em parte:
Usando vários métodos, nós interrompemos trilhos porto do o sul de Ontario pela noite, chegando a quase uma dúzia de pontos diferentes em ambas as linhas ferroviárias CN e CP. Fizemos isso em solidariedade sincera aos Wet’suwet’en, defendendo sua Yintah da destruição, e impulsionamos nossas ações com raiva justificada que sentimos pela RCMP e pelo Estado por invadir seu território em benefício de uma corporação privada.
Em Thunder Bay, cerca de 100 pessoas fizeram uma marcha solidária em 27 de novembro.
Em Halifax,um evento solidário bloqueou uma grande ponte no centro da cidade, expressando a solidariedade dos Mi’kmaw no dia 27 de novembro.
Manifestações e ações aconteceram em Abbotsford, Nelson, Kaslo, Kelowna e Ottawa.
Em 27 de novembro, um grupo de chiefs hereditários Gitxsan, matriarcas e idosos entregaram uma nota de despejo ao escritório Hazelton de Nathan Cullen, o NDP MLA do trajeto em território Gitxsan e Wet’suwet’en. O grupo sitia a falha de Cullen em agir para prevenir ou responder às ações da RCMP contra defensores da terra Wet’suwet’en e Gitxsan. De acordo com o escritório dos chiefs hereditários, a falha em se retirar tornaria Cullen um “invasor, sem permissão” em terra Gitxsan.
Manifestações e ações em solidariedade aconteceram mundialmente, incluindo em Londres, UK, Winnemucca, USA e Massachusetts, USA.
Por último, no momento de escrita deste artigo, os bloqueios em rodovias e ferrovias em Six Nations ainda estão firmes.
Os eventos da semana passada confirmam que a luta para proteger a Yintah está longe de acabar. Vamos continuar com #AllOutForWedzinKwa!
Tradução > Sky
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!