Vídeo sobre a história narrada no livro “Memórias De Um Exilado — Episódios De Uma Deportação” de Everardo Dias, formato 14 x 21 cm, 136 páginas, publicado originalmente em 1920. Preço 40 reais, incluindo as despesas postais. Pagamento pelo pix (nelca@riseup.net). Após efetuar o pagamento, nos informar para qual endereço (com CEP) o livro deve ser enviado.
Narração e Produção do Vídeo: Cesar Antunha.
Texto: “Outubro de 1919, uma violenta repressão policial se impõe sobre o movimento operário brasileiro. Os trabalhadores tentam responder a violência estatal com a contra-violência revolucionária, porém, o patronato e as autoridades, com o monopólio do aparato repressivo, estão firmes em seus propósitos: querem saciar a sua sede de vingança pela greve geral de 1917, e pelo avanço da organização dos trabalhadores com o sangue dos militantes anarquistas mais ativos na luta social.
As associações sindicalistas mais combativas são invadidas, depredadas e assaltadas. Jornais anarquistas são apreendidos, suas redações são empasteladas pela polícia. Entidades que promoviam o estudo e o conhecimento nos meios populares, como a Escola Moderna, são fechadas acusadas de propagar o anarquismo… Militantes destacados como Gigi Damiani, Manoel Perdigão Saavedra, Miguel Garrido, Manuel Pérez Fernández, Alexandre Zanella, Ângelo Soave, Manoel Gama e muitos outros são presos…
Entre os presos está o militante socialista e anticlerical Everardo Dias, que havia iniciado sua militância social bastante influenciado pela ação da Liga Anticlerical de São Paulo e pelo jornal A Lanterna. Tamanho foi o impacto das ideias libertárias em sua trajetória que Everardo Dias fundou o periódico O Livre Pensador, participou da greve geral de 1917 e, no momento de sua prisão, era um assíduo colaborador do jornal anarquista A Plebe.
Everardo Dias foi preso no dia 27 de outubro de 1919, quando deixava o seu trabalho em São Paulo. Sem ter cometido crime algum foi preso, levado para a prisão da Vila Mathias em Santos, castigado com vinte e cinco chibatadas, deixado nú, sem alimentação e sem água por quatro dias, até ser deportado com outros vinte e dois libertários para a Europa. Muitas pessoas se manifestaram contra essa injustiça, como o poeta, nascido em Cubatão, Affonso Schmidt. O grupo que mais se dedicou na campanha pela libertação dos trabalhadores foi o Centro Feminino Jovens Idealistas, que distribuiu inúmeras listas para recolher recursos em favor dos presos e deportados, assim como de suas famílias.
O livro Memórias de Um Exilado – Episódios de Uma Deportação, escrito por Everardo Dias, como uma espécie de diário narra o cotidiano das prisões, a deportação dos sindicalistas revolucionários e o seu retorno ao Brasil, após mais de três meses. Porém, é muito mais do que isso, trata-se de um precioso documento de época, narrado na primeira pessoa, que testemunha a luta dos trabalhadores e a agitação social no final de década de 1910, especialmente em Santos, São Paulo e no Recife. Registra as arbitrariedades do governo brasileiro na repressão aos trabalhadores em greve (em especial aos anarquistas), a espionagem, as manobras policiais para burlar as próprias leis federais e prejudicar os habeas corpus em defesa dos prisioneiros.
O livro retrata, primordialmente, as horríveis condições carcerárias, o cotidiano das prisões: os regulamentos, as tensões, a linguagem usada pelos prisioneiros, os castigos e violências de toda espécie, as relações dos presos com as autoridades da cadeia, do carcereiro ao diretor, as condições (e falta) de alimentação, higiene pessoal e coletiva, alojamento, o estado físico e psicológico dos prisioneiros, as mudanças frequentes dos presídios.
Em poucas palavras: Memórias De Um Exilado é um quadro histórico emblemático que expressa o sistema penal, a sociedade de seu tempo e o esforço e a organização dos trabalhadores em busca da sua emancipação social. Leitura essencial para quem deseja conhecer mais a história das lutas sociais no Brasil e como foram desenvolvidas as condições carcerárias da atualidade”.
>> Confira o vídeo (03:38) aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=x3CZ6WOPbN4
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!