Miguel Peralta Betanzos, ex-preso político e anarquista, está sob ameaça de nova prisão após ter sido libertado de sua condenação e ter sobrevivido à prisão por cerca de cinco anos.
Miguel Peralta é da comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón, na Serra Oaxaquenha, México. Novamente Miguel é alvo da política repressiva dos representantes do Estado em sua região, que pretendem o retorno de Miguel à prisão, que foi forjada, e da qual Miguel saiu a poucos meses. Miguel, e outras trinta e quatro pessoas, das quais sete até hoje encontram-se presas (LINK), foi perseguido, processado e encarcerado em Oaxaca, sob a acusação de homicídio e tentativa de homicídio contra uma família de oligarcas de sua comunidade. Hoje em dia, esta família está envolvida com as altas esferas da política estadual e nacional, sendo que são membros ativos do partido político no poder.
Ao mesmo tempo em que a família escala ao poder, e depois de dois anos de ter conseguido sua liberdade, em março de 2022 uma nova audiência reabre o processo e expede nova ordem de prisão contra Miguel, desta vez com uma condenação a cinquenta anos de cadeia. Condenação que jurídica e politicamente foi desmontada, o que resultou na libertação de Miguel em outubro de 2019.
Com este ato, o partido que sustenta o poder no México, reafirma a perseguição política que se exerce contra Miguel e outros indígenas que defendem suas próprias formas de organização frente ao sistema de partidos políticos e de grupos de chefes de comunidades em Oaxaca, que têm a cumplicidade do sistema de justiça estadual e nacional, que já arrancaram quatro anos da vida de Miguel, e agora querem aprisioná-lo por mais cinquenta anos.
Cabe mencionar que Miguel, companheiro anarquista, depois de sair da prisão continuou denunciando a fabricação de crimes e a injusta prisão de seus sete companheiros presos de Eloxochitlán, e outros que ainda têm contra si ordens de prisão. Não ficou silenciado ante o sistema prisional, nem regressou para sua casa para ter uma vida tranquila e ignorar a situação que seus companheiros atravessam. Para nós, este é o claro motivo pelo qual o poder considera “necessário” e pedagógico que Miguel retorne para a cadeia.
Também devemos lembrar que é justamente o encarceramento prolongado uma estratégia dos Estados para combater aos seus inimigos. No caso do México, o encarceramento está claramente orientado para privar da liberdade e, portanto, de suas ações, aos defensores do território e do laço comunitário por uma parte e, por outra parte, as mulheres que lutam contra o Estado Patriarcal. A perseguição aos anarquistas é um cenário mundial, e se reflete nas elevadas condenações, como no caso dos companheiros anarquistas na Itália, que receberam uma condenação inexistente à prisão perpétua, ou o caso de Gabriel Pombo da Silva, que foi encarcerado por ter sido considerado não ter “cumprido” sua dívida com o estado Espanhol, para mencionarmos apenas alguns casos.
É por isso que fazemos o chamado à solidariedade que nos acompanha durante estes últimos anos para que se pronunciem contra a sentença de cinquenta de prisão e a perseguição contra Miguel Peralta por parte do partido no poder, e a possível nova prisão, bem como pela liberdade imediata dos sete presos políticos de Eloxochitlán e pelo fim das ordens de prisão contra as vítimas deste conflito.
Pedimos que estejam atentos e atentas a qualquer tentativa de prisão ou dano à integridade de Miguel, de sua família e dos seus advogados.
Diante do contexto de impunidade e criminalização que se vive em Oaxaca e no país como um todo, responsabilizamos a Elisa Zepeda Lagunas, ao seu pai Manuel Zepeda Cortés e ao seu grupo partidário, pela perseguição política e atos de violência e de repressão contra Miguel Peralta. Esta condenação reflete a gana dos que perseguem aqueles que luta, mas também inflamam nossa raiva e coragem para não desistir!
Pelo fim da perseguição política!
Pela destruição dos muros das prisões!
Presos políticos nas ruas! #LivresJá
Grupo de apoio em solidariedade com Miguel Peralta Betanzos.
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!