[Chile] “Uma vida sem os parasitas que nos governam é inteiramente possível”

Hoje os setores progressistas e aprovadores desiludidos e irados exclamam que o povo é “estúpido e não quer mudanças” por não ter votado neles ontem e, por outro lado, os setores reacionários do Pinochetismo e da direita comemoram porque o povo os apoiou e acreditou em seus discursos infestados de patriotismo e hipocrisia doentia.

A verdade é que não é um nem o outro.

O amplo triunfo da rejeição (mesmo em comunas populares) representa um claro castigo ao governo servil e progressista de Boric que aborreceu o povo com sua esperança de mudanças que nunca virão e suas festas culturais lamuriantes, enquanto a maioria popular está passando por tempos de aumento dos custos de vida, insegurança e falta de controle do tráfico de drogas e máfias nos bairros que precisam de apoio e medidas urgentes.

Há oito meses, após o triunfo de Boric, a vitoriosa e arrogante esquerda progressista, acreditando ter o comando do campo popular, exclamou que “a esperança havia vencido o medo”, advertimos imediatamente que este governo e seu projeto de aprovação não seria nada mais que desilusão e o fortalecimento da direita e do Pinochetismo.

Quando recentemente a “Frente Ampla” exclamou nas telas para acalmar a ala direita que a nova constituição não ia realmente mudar nada, revela-se como o que é, a continuação da baixa política da concertação que acabou decepcionando uma e outra vez e essa é a mensagem que pouco a pouco o povo traduziu.

O processo constituinte e sua nova constituição que emergiu daquele pacto burguês em novembro de 2019 como forma de estrangular a mobilização popular jamais gerará as mudanças reais que a população necessita, nem porá um fim ao legado do tirano Pinochet, já que o modelo neoliberal implantado pela ditadura em sangue e fogo continuará intacto e com novos ares.

Nenhuma constituição ou governo irá mudar concretamente as más condições de vida da maioria assalariada e explorada, já que elas representam o poder político burguês que sustenta o capitalismo.

Neste contexto, os setores revolucionários, ainda adormecidos, dispersos e sem popularidade, presença e projeto político, ainda têm a oportunidade de emergir e influenciar efetivamente a cena política a fim de se posicionarem como uma força atual, a única oposição e alternativa à política dos poderosos.

Não nos sentimos derrotados por ontem porque esse processo nunca foi nosso e nossa rebelião diante dele é um avanço em coerência e prática. Não podemos nos projetar como revolucionários e anticapitalistas se nos recusarmos a participar de suas farsas manchadas de sangue.

Devemos continuar a luta e fortalecer a presença anarquista nas ruas, assim como coordenar e abandonar a dispersão e a espontaneidade. Somos povoadores e povoadoras, parte do povo e como tal sentimos constantemente a investida do capitalismo, queremos mudanças reais e queremos fazê-las nós mesmos aqui e agora, sem representantes, líderes ou vanguardistas. Através da autonomia, apoio mútuo, autogestão e ação direta, podemos pensar que uma vida sem os parasitas que nos governam é inteiramente possível.

Vamos lutar com tudo e lutar contra os inimigos do povo pobre.

Contra o progressismo e o fascismo que sustentam o capitalismo miserável, NEM UM PASSO ATRÁS.

Eles fizeram de nossas necessidades básicas o melhor de seus negócios.

O básico para todos não pode ser o privilégio de poucos.

Nem migalhas nem reformas, lutar e avançar!

Nem o Estado nem a democracia jamais se importaram com nossas vidas.

TOMAR AS RUAS EM 11 DE SETEMBRO PORQUE 49 ANOS DEPOIS O MODELO DE MISÉRIA E IMPUNIDADE PARA OS RICOS AINDA ESTÁ EM PLENO VIGOR E EFEITO.

SOLIDARIEDADE COM OS PRISIONEIROS SUBVERSIVOS, ANARQUISTAS E MAPUCHES

CLAUDIA LOPEZ E FLORA SANHUEZA PRESENTES EM CADA MULHER COMBATENTE.

Grupo de Propaganda Revolucionária – La Ruptura.

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Junco ressequido
dia após dia se quebra
para o rio levar

Takakuwa Rankô