[Espanha] Entrevista com a Rádio Tirso Libertaria (CNT-AIT Madrid)

Tivemos a oportunidade de entrevistar um membro da Rádio Tirso Libertaria em Madri, onde ele explica suas perspectivas sobre a mídia e sua relação com a revolução, entre outras coisas. Esperamos que sirva para divulgar o trabalho desses camaradas e ajudar a problematizar o papel dos meios de comunicação autônomos e incentivar o surgimento de mais alternativas aos meios de comunicação de massa.

Primeiro, um pouco de sua história: vocês poderiam se apresentar brevemente?

Eu sou Mario Cortés, secretário de Propaganda e Cultura da Federação Local em Madri da CNT-AIT. Sou membro da equipe da Rádio Tirso Libertaria e produzimos o programa “VIVE Y LUCHA”. Esta rádio é um projeto antigo do sindicato e um pequeno grupo de militantes com nosso trabalho o levou adiante. O grupo é composto por: Óscar, responsável pelos aspectos técnicos; Alberto e David são os técnicos de informática; Aitor, Natalia, Xabier, Sonia, Gloria e eu somos os produtores do programa, embora o resto da equipe e outros membros do nosso sindicato também participem dos programas. Também entrevistamos pessoas de fora de nossa organização, por exemplo, o jornalista JESÚS Cintora.

De onde veio a ideia para esta produção de rádio? Por que ou para que online?

A ideia veio de uma companheira, Cris, que me encorajou a procurar pessoas para criar o grupo de trabalho de rádio. Após alguns meses, este grupo de trabalho fez um curso de rádio, e depois de procurar o material necessário para elaborar os programas, em março começamos a transmitir a Rádio Tirso Libertaria. Com muito entusiasmo, mas também com muitos erros, pois nunca ninguém tinha feito um rádio antes.

O programa é transmitido online em formato podcast porque esta é a maneira que nós, mídia alternativa, temos de chegar às pessoas. De uma forma livre e independente. Utilizamos redes sociais para transmitir nossos programas.

Agora convidamos você a enfatizar as ideias por trás deste projeto de rádio, seus fundamentos e princípios políticos, etc: Entendendo o rádio como um meio de comunicação (de massa), qual é a sua visão a respeito deles?

Nosso projeto de rádio é levar nossa mensagem libertária à sociedade, criar uma consciência de luta dos trabalhadores e tentar despertar pessoas anestesiadas em suas poltronas. Somos anarquistas, queremos uma sociedade diferente da que temos, e para isso fazemos deste programa VIVE Y LUCHA. Na verdade, explicamos que nós, a partir de nossas organizações, lutamos contra o capitalismo selvagem e o consumismo excessivo que está levando esta sociedade ao desastre. Promovemos nossos grupos de consumo alternativo, promovemos pessoas a virem trabalhar em nossos jardins, queremos que todos os trabalhadores adiram a sindicatos horizontais como o nosso. Acreditamos nas assembleias, no federalismo, em uma sociedade comunitária e igualitária. E com nossas ações, realizamos nossa ideologia e mostramos que é possível torná-la real. Vivemos nossa realidade alternativa ao poder estabelecido e mostramos que não se trata de uma utopia.

O rádio é o meio de comunicação mais antigo que existe, e ainda é relevante hoje em dia. Nosso formato on-line é nossa forma alternativa de chegar às pessoas, com um discurso único e independente. Como somos autossuficientes e financiados exclusivamente pelas quotas dos membros, temos total liberdade para escolher os tópicos a serem cobertos. Nosso discurso é revolucionário e diferente de qualquer outra estação de rádio, e é por isso que acreditamos que somos aceitos.

Qual seria o conteúdo principal deste rádio?

Nosso conteúdo é diversificado: atualidades, filosofia, poesia, música, ideologia anarquista, consultas… Sempre de um ponto de vista libertário. Fazemos uma crítica global do sistema estabelecido. Denunciamos, por exemplo, a verdade sequestrada, a armadilha da repressão, do poder, do medo como arma de domínio, como o anarquismo é criminalizado e quem controla a mídia. Também entrevistamos ativistas da Cañada Real, dos movimentos por moradia, para a defesa da saúde, pesquisadores, jornalistas… O conteúdo é diversificado e, sobretudo, social. Misturamos a denúncia social com a ideologia e entrevistas.

Sua proposta está relacionada com a revolução social? De que forma?

É claro que estamos relacionados com a revolução social. Na verdade, é nosso principal objetivo. Acreditamos que para alcançar uma revolução é necessário criar uma consciência coletiva de luta. E isto só pode ser alcançado através da difusão, através da denúncia social. Trazendo a realidade à luz e espalhando-a. Os meios de comunicação de massa mentem e manipulam diariamente, eles acalmam e enganam a população, distraem suas consciências com milhares e milhares de notícias supérfluas, banais e irreais. Por exemplo, há os chamados “influenciadores” que são um insulto à inteligência e, no entanto, têm milhares e milhares de seguidores para serem idiotas na frente de uma câmera.

Com nosso programa, e com muitas outras mídias alternativas como a sua, estamos tecendo uma rede alternativa de comunicação, que é a chave para alcançar a mudança social.

Quais são os próximos projetos para a Rádio Tirso Libertaria, e em relação à seção anterior, quais são seus planos para o futuro?

Nossos projetos de curto prazo devem continuar a crescer usando os meios à nossa disposição: redes sociais, publicação de nosso programa em mídia alternativa, boca a boca… Estamos conscientes de que é muito difícil, que é um empreendimento muito complicado, pois temos toda a publicidade negativa sobre o anarquismo ao longo da história. Somos um perigo para os poderes estabelecidos porque buscamos uma vida diferente. E os poderes estão cientes disso. Mas acreditamos fortemente no que fazemos, colocamos nossa vida e nossa ilusão nela. Estamos semeando uma semente na mente da população que germinará mais cedo que tarde. As situações atuais de pobreza das mulheres trabalhadoras, de desigualdade, de ESCRAVIDÃO da classe trabalhadora, dos abusos da minoria dominante no poder, como políticos de todas as cores riem do povo, como enriquecem às nossas custas; tudo isso está se acumulando e chegará o dia em que explodirá. Porque somente através de uma revolução será possível mudar o regime estabelecido. O dia em que as pessoas deixarem de acreditar nos políticos e se organizarem, esse dia, a mudança começará. E nós estaremos lá para realizá-la.

Finalmente, há mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar ou dizer?

Outra sociedade é possível. Queremos despertar a classe trabalhadora. Queremos despertar a sociedade através da apresentação de nosso projeto libertário. A cada dia mais e mais pessoas nos escutam, embora seja verdade que ainda é uma grande minoria da população total, mas pouco a pouco estamos crescendo. Esperamos que eles continuem a se juntar a nós em várias organizações em nossa luta comum pela liberdade. Queremos lutar para pôr fim ao consumismo desenfreado, queremos pôr fim à destruição do planeta, queremos alcançar uma verdadeira igualdade entre mulheres e homens, queremos uma sociedade de assembleias onde as pessoas se envolvam e lutem por seu futuro de forma organizada.

Muito obrigado pela oportunidade de transmitir nossa rádio.

Abraço.

Mario Cortés.

Muito obrigado, saúde e anarquia!

Link para a rádio: https://radiotirsolibertaria.cntmadrid.org/

Fonte: https://lapeste.org/2022/10/entrevista-a-radio-tirso-libertaria-cnt-ait-madrid/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

raios!
alguém rasgou
o terno azul da tarde

Alonso Alvarez