[Espanha] “Dicionário de ateus” de Sylvain Maréchal

Sylvain Maréchal:

Diccionario de ateos

(Laetoli, Pamplona 2013). 365 páginas.

Sylvain Maréchal (1750-1803) foi um jornalista, ensaísta, filósofo, poeta e ativista em um período tumultuado marcado pela Revolução Francesa; foi considerado um precursor do socialismo e do anarquismo, como um homem esclarecido que criticava o absolutismo e apoiava um socialismo agrário onde existia a comunidade de bens. Leitor ávido das obras de Rousseau, Voltaire, Helvétius e Diderot, frequentava autores deístas e ateus. Sua participação na chamada Conspiração dos Iguais, promovida por Babeuf, que buscava a igualdade real na sociedade, e não o mero formalismo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, se tornaria uma inspiração para o socialismo utópico posterior; Maréchal expressou o desejo de uma revolução social genuína no Manifeste des Égaux (Manifesto dos Iguais), que foi considerado uma declaração libertária, escrito em 1796.

Maréchal era um ateu militante feroz, um subversivo brilhante do Século das Lutas, que sofreu perseguição e prisão por causa de uma peça em que negava Deus e parodiava a religião. Após o fracasso da conspiração, Maréchal voltou sua atenção para o ateísmo, um de seus principais interesses; ele foi o fundador da Sociedade dos Homens sem Deus e trabalhou arduamente para criar um dicionário da reivindicação do ateísmo por autores clássicos e modernos: Dictionnaire des Athées anciens et modernes (Dicionário dos Ateus Antigos e Modernos, 1800). A editora Laetoli está agora publicando essa obra com o título Dicionário de Ateus, uma verdadeira joia que, confesso, eu desconhecia até poucos dias atrás. Essa editora está fazendo um trabalho magnífico, já tendo publicado a Memória da religião de Meslier há alguns anos, tornando conhecido um pensador que infelizmente desapareceu da circulação intelectual contemporânea. A obra reúne um repertório impressionante de citações, que não apenas negam a existência divina, mas também questionam os dogmas em geral; Marechal se esforça para mostrar a superioridade teórica e moral do ateísmo, conseguindo um trabalho notável e de inegável atualidade.

Como afirma o prólogo, a obra de Marechal transcende a simples opção filosófica do ateísmo e opta por uma utopia social ampla, capaz de abranger todas as esferas da existência humana. Como um brilhante filósofo social, Marechal não se limita a uma decisão ética individual e cria uma arma literária para combater um mundo hierárquico, opressor e alienante. O Dicionário de ateus é um instrumento de emancipação intelectual e moral que Maréchal legou à posteridade.

Capi Vidal

Fonte: http://acracia.org/diccionario-de-ateos/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

No bico do pássaro
curioso passeia o peixe:
fugaz devaneio.

Ronaldo Bomfim