Por Pan Pylas | 07/12/2023
Morre Benjamin Zephaniah, poeta britânico, ativista político e ator que se inspirou muito em suas raízes caribenhas. Ele tinha 65 anos.
Zephaniah morreu na quinta-feira e havia sido diagnosticado há oito semanas atrás com um tumor cerebral, conforme comunicou sua família no Instagram.
“Nós o compartilhamos com o mundo e sabemos que muitos ficarão chocados e tristes com esta notícia”, disse a família. “A esposa de Benjamin esteve sempre ao seu lado e estava presente quando ele faleceu.”
Zephaniah, que nasceu em Birmingham, no centro da Inglaterra, em 15 de abril de 1958, era uma presença perspicaz e muitas vezes provocativa na mídia britânica, além de se apresentar regularmente em reuniões e manifestações políticas.
Facilmente reconhecível pelos seus longos dreadlocks e pelo seu sotaque local, Zephaniah nunca teve vergonha de defender as suas opiniões sobre intolerância, racismo, refugiados, revoluções e alimentação saudável. Ele foi, sem dúvidas, o poeta mais conhecido da Grã-Bretanha de seu tempo, tanto em casa, atuando em salas de aula ou em grandes comícios políticos.
“Eu o admirei, o respeitei, aprendi com ele, o amei”, disse o escritor e poeta britânico Michael Rosen.
Filho de um funcionário dos correios nascido em Barbados e de uma enfermeira jamaicana, Zephaniah se imaginava poeta desde muito jovem, mas teve dificuldades na escola por causa da dislexia. Ele foi expulso aos 13 anos, incapaz de ler ou escrever, tendo aprendido a fazer as duas coisas quando adulto.
Aos 20 anos, viajou para Londres, onde publicou seu primeiro livro “Pen Rhythm”. Posteriormente, ele escreveria coleções focadas em questões específicas, como o sistema jurídico do Reino Unido e a ocupação dos territórios palestinos por Israel.
Sua escrita foi frequentemente classificada como poesia dub, gênero que surgiu na Jamaica na década de 1970 e combina batidas de reggae com uma mensagem política contundente. Zephaniah também foi um prolífico poeta infantil e membro fundador do The Black Writers’ Guild. A organização disse estar “de luto pela perda de um amigo profundamente valioso e um titã da literatura britânica”.
Desde 2011, ele era responsável pela disciplina de redação criativa na Brunel University, no noroeste de Londres, onde era professor. A universidade descreveu Zephaniah como um “tesouro nacional” e elogiou a “imensa contribuição” que ele deu à vida universitária. Zephaniah também obteve títulos honorários de várias universidades britânicas.
Ele tinha uma série de talentos, se apresentando com o grupo “The Benjamin Zephaniah Band” e atuando nos últimos anos no popular seriado da BBC “Peaky Blinders”. Seu programa de televisão “Life and Rhymes” na Sky Arts, que exibiu criatividade lírica, ganhou um BAFTA, o equivalente britânico ao Emmy, de programa de entretenimento do ano em 2021.
Em 2003, Zephaniah recusou a oferta de se tornar Oficial da Ordem do Império Britânico, ou OBE, devido à sua associação com o Império Britânico e à sua história de escravidão. “Tenho lutado contra o império toda a minha vida, tenho lutado contra a escravidão e o colonialismo toda a minha vida, tenho escrito para me conectar com as pessoas e não para impressionar os governos e a monarquia, então como eu poderia aceitar uma honra que coloca a palavra império em meu nome?”, disse ele. “Isso seria hipócrita.”
Sua autobiografia de 2018, “The Life And Rhymes Of Benjamin Zephaniah”, narrou sua vida desde os soundsystems de Birmingham até o cenário global. Foi indicada para autobiografia do ano no Britain’s National Book Awards. Naquele ano, Zephaniah disse acreditar em mudanças radicais na sociedade, como o auto policiamento das pessoas. “Eu sou um anarquista. Acredito que tudo isso precisa ser demolido. Acredito que precisamos começar de novo. Não acredito que precisemos de governos e do tipo de modelos que temos”, disse ele ao Channel Four News. “Mas também estou ciente de que não vamos conseguir isso agora.”
Durante sua carreira musical, Zephaniah trabalhou com a falecida cantora irlandesa Sinead O’Connor em “Empire”, e com o músico britânico Howard Jones e o baterista Trevor Morais em seu álbum “Naked”.
Zephaniah também foi um torcedor apaixonado e embaixador do time de futebol da Premier League, Aston Villa, o clube de maior sucesso de Birmingham.
Tradução > meiocerto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!