[Hungria] Depois de aparecer acorrentada no tribunal, processo contra anarquista italiana é adiado

Foi aberto e adiado para 24 de maio o processo que corre em Budapeste contra Ilaria Salis, anarquista e antifascista italiana acusada de ter agredido dois extremistas de direita na capital húngara durante as comemorações do Dia de Honra da Hungria.

Todos os anos, no dia 11 de fevereiro, centenas de neonazistas homenageiam a tentativa fracassada de fuga das forças nazistas e dos soldados húngaros para fora de Budapeste durante o cerco da cidade pelo Exército Vermelho em 1945. Também nesta data acontecem protestos de manifestantes antifascistas.

A militante anarquista de 39 anos se declarou não culpada nesta segunda-feira (29/01) na primeira audiência do caso. Se Salis for condenada, os promotores solicitaram 11 anos de prisão para ela.

Ela foi levada ao tribunal acorrentada, com algemas nos pulsos e os pés presos por tiras de couro com cadeados, mas entrou no plenário sorrindo, sendo puxada por uma agente de segurança através de uma corrente.

“Foi chocante, uma imagem enlouquecedora. Ela nos disse que sempre era transferida nessas condições, mas vê-la chocou muito. Puxada como um cachorro, com algemas presas em um cinturão de onde saia uma corrente até os pés. Ficou assim por três horas e meia”, relatou Eugenio Losco, um dos advogados italianos de Salis.

“É uma grave violação das normas europeias. A Itália precisa acabar com essa situação agora”, acrescentou, acompanhado do pai dela.

O representante legal também explicou que a professora milanesa estava sorrindo porque viu amigos e familiares, com quem pôde falar pela primeira vez sem um vidro ou uma tela: “Depois também falei com ela após a audiência, e é claro que em uma situação como essa não é possível ser otimista”.

Um funcionário da embaixada da Itália também estava presente, e nesta terça-feira (06/02) os advogados e o pai de Ilaria Salis se encontrarão com o embaixador italiano em Budapeste, segundo Fusco: “O Estado italiano não pode continuar ignorando uma situação carcerária e processual que viola nossas leis”.

“Além disso, Ilaria se declarou não culpada mas explicou que nunca pôde ler os autos, que nunca foram traduzidos, e nunca viu as imagens sobre as quais se baseia a acusação. Essa situação precisa acabar, ela precisa ser transferida para a Itália”, disse o advogado.

Um cidadão alemão, acusado no mesmo processo, foi condenado a três anos de prisão. O julgamento foi imediato porque o homem se declarou culpado.

Fonte: agências de notícias

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Abriu-se a papoula
E ao vento do mesmo dia
Ela veio ao chão.

Shiki