[Grécia] Protesto | Resposta às perseguições antifascistas pelo Caso de Budapeste


  • Concentração em defesa do antifascismo militante
  • Sexta-feira, 24 de maio, 19h00 Embaixada da Hungria, Vasileos Konstantinou 38, Atenas

Todos os anos, desde 1997, no dia 11 de fevereiro, um grande número de grupos de extrema direita e neonazistas se reúnem em Budapeste para eventos públicos, comemorando a tentativa de fuga das tropas nazistas sitiadas da SS e da Wermacht e de seus colaboradores locais de Budapeste em 1945, pouco antes da libertação da cidade das forças do Exército Vermelho. Esse dia é um ponto de referência e de encontro para a extrema direita europeia e ocorre com a total tolerância do Estado húngaro, já que essa data é apresentada como um dia de lembrança histórica pelos apologistas e nostálgicos dos nazistas.

Em 11 de fevereiro de 2023, a polícia húngara fez 6 prisões, sendo que a companheira italiana Ilaria e o companheiro alemão Tobias estão nas prisões húngaras desde então, acusados de atacar neonazistas durante eventos públicos de extrema direita em Budapeste, por ocasião do chamado Dia da Memória. Em particular, Ilaria é acusada de participar de dois ataques contra nazistas, com a circunstância agravante de “colocar em risco a vida da vítima”, além de ser acusada de saber, sem estar envolvida, da existência de uma associação criminosa internacional que organizou os ataques em questão. Já o nosso companheiro alemão Tobias, juntamente com outro companheiro alemão, está sendo acusado de participação em uma organização criminosa.

As condições de detenção nas prisões húngaras são realmente severas e desumanas, criando um ambiente de extermínio mental e biológico com isolamento sensorial e restrições significativas à comunicação e ao acesso ao pátio, condições sanitárias precárias e constantes transferências de presos. No Ocidente “civilizado”, no entanto, as coisas não são muito diferentes, pois tanto o Estado italiano quanto o alemão estão envolvidos em uma caçada implacável aos antifascistas. Mais especificamente, o Estado alemão mantém a companheira Lina como refém há mais de quatro anos, acusando-a de mais de sete ações antifascistas específicas e chegando ao ponto de colocar um preço na cabeça dos companheiros antifascistas, forçando-os a se tornarem fugitivos. Na Itália, as condições de detenção para os envolvidos na luta são torturantes e levam à morte lenta.

Em 29 de janeiro de 2024, ocorre a primeira audiência do julgamento, na qual a acusação propõe uma sentença de 11 anos para o companheiro italiano, enquanto para os outros dois propõe uma sentença de 3 anos e 6 meses. Diante da proposta da promotoria, os companheiros italiano e alemão se declaram inocentes. O companheiro alemão aceita sua participação e é condenado a 3 anos, mas a promotoria entra com recurso, que ocorrerá em outubro, pedindo uma sentença de 3 anos e 6 meses.

No entanto, além do julgamento dos três companheiros, que já está ocorrendo, o Estado húngaro está emitindo Mandados de Prisão Europeus (MDEs) relacionados a esse caso para quatorze pessoas de nacionalidade italiana, alemã, albanesa e síria. Até o momento, três prisões foram feitas na Itália, Alemanha e Finlândia com base nos MDEs. Mais especificamente, em 21 de novembro, o companheiro Gabriele foi preso em Milão e colocado em prisão domiciliar, aguardando a decisão da promotoria, que finalmente decidiu não autorizar sua extradição para a Hungria e, como resultado, o companheiro foi liberado das restrições. Em 12 de dezembro, a companheira Maja foi presa na Alemanha e está aguardando uma decisão sobre sua extradição. Outro companheiro com passaporte albanês foi preso na Finlândia em 2 de fevereiro de 2024 e, por sua vez, permanece em prisão domiciliar até sua possível transferência para as prisões húngaras. Desde então, todos os outros companheiros estão sob o status de fugitivos.

Esse caso vem destacar da maneira mais enfática uma série de tendências que, nos últimos anos, temos visto surgir no contexto internacional. Mais especificamente, por um lado, os Estados estão se armando, atualizando constantemente seu arsenal ideológico e repressivo (militar, legal, tecnológico) contra as explosões sociais ameaçadoras, expandindo o número de grupos sociais que constituem o “inimigo interno”. Ao mesmo tempo, com a intensificação da crise capitalista e a intensificação das rivalidades geopolíticas que levam à turbulência global, as formações de extrema direita estão surgindo na Europa e em outros países, aumentando sua influência social. Formatos e inclinações com narrativas reacionárias, conspiracionistas, demagógicas e populistas, de fácil digestão, que se apresentam como “tábuas de salvação” para a recuperação da estabilidade capitalista. Uma estabilidade capitalista que tenta se estabelecer sobre os corpos afogados dos imigrantes e o empobrecimento da maioria social. Sociedades que estão sendo preparadas pelos Estados para se envolverem cada vez mais em novas guerras imperialistas que levarão a novos massacres e a inúmeras mortes de pessoas de nossa classe.

As perseguições contra os companheiros antifascistas, realizadas com incrível fúria, são ataques a toda a coletividade em luta. Devido à sua profunda natureza internacionalista e anticapitalista, os Estados percebem o antifascismo militante como um meio para a mobilização de classe de uma parte dos oprimidos, com perspectivas de generalizar a resistência contra o Estado, o capital e, mais especificamente, contra os aspectos mais reacionários e sombrios dos regimes e os defensores da brutalidade.

No dia 25 de maio, foi marcada a data do próximo julgamento para os antifascistas perseguidos. Diante dessa situação, optamos por nos solidarizar e lutar ao lado de todos os companheiros perseguidos. Lutar pelo bloqueio dos Mandados de Prisão Europeus e pela libertação de todos os companheiros presos. Contra o reacionarismo sombrio para o qual o sistema capitalista destruído se voltou, defenderemos o antifascismo militante e ergueremos nossas resistências internacionalistas para que a paixão pela liberdade e nossas lutas vençam.

Apoiamos material, moral e politicamente aqueles que continuam a lutar contra o monstro do fascismo, enviando um sinal de solidariedade aos companheiros procurados, reconhecendo os ataques contra os fascistas em Budapeste como um evento de grande importância para o desenvolvimento do movimento antifascista militante nos dias de hoje.

GUERRA CONTRA O FASCISMO, O ESTADO E O CAPITAL – SOLIDARIEDADE A TODOS OS ANTIFASCISTAS PERSEGUIDOS E AOS DOIS MILITANTES PERSEGUIDOS POR ATAQUES AOS ESCRITÓRIOS DO AURORA DOURADA (JULGAMENTO EM 16 DE SETEMBRO)

Antifascistas do centro e dos bairros periféricos de Atenas e Pireu

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Rogério Martins

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