Em maio deste ano, investigadores da Corporate Watch¹ viajaram para a Turquia e o Curdistão para investigar as empresas que fornecem equipamento militar para o exército turco e a polícia. Falamos com vários grupos de diversos movimentos e campanhas.
A seguir, segue a transcrição da nossa entrevista com três membros do grupo anarquista Devrimci Anarşist Faaliyet (DAF, Ação Anarquista Revolucionária) em Istambul durante maio de 2015. O DAF está envolvido na solidariedade com a luta curda, a revolução de Rojava e contra os ataques do Estado Islâmico (ISIS) em Kobane, e agindo contra a repressão do Estado turco e abuso corporativo. Eles estão tentando estabelecer alternativas ao sistema atual através da auto-organização, apoio mútuo e das cooperativas.
A entrevista foi realizada durante a reta final das eleições turcas e toca no tema da campanha eleitoral do HDP, Partido Democrático Dos Povos pró-curdo. Logo depois desta entrevista, o HDP excedeu o limite de 10% dos votos totais necessários para entrar no Parlamento turco.
Os membros do DAF – que preferem manter o anonimato – começaram a entrevista falando sobre a história do anarquismo na região:
DAF < Gostaríamos de salientar a relação entre a luta de libertação no final da era otomana e a luta pela libertação do Curdistão.
Nos tempos otomanos os anarquistas organizaram as lutas dos trabalhadores nas grandes cidades: Salonica, Izmir, Istambul e Cairo. Por exemplo [o anarquista italiano, Errico] Malatesta estava envolvido na organização dos trabalhadores industriais no Cairo. As lutas de libertação da Armênia, Bulgária e Grécia estavam conectadas com grupos anarquistas. Alexander Atabekian, uma pessoa importante na luta pela libertação da Armênia, foi um anarquista, traduzindo panfletos em armênio e os distribuindo. Ele era um amigo de [o anarquista russo, Peter] Kropotkin e distribuía panfletos dele.
Falamos sobre isso, porque nós queremos sublinhar a importância das lutas de libertação e comparar isto com a importância de apoiar a luta curda.
Corporate Watch > O que ocorreu com os anarquistas após o período Otomano?
DAF < No final do Império Otomano, no final do século XIX, o sultão Abdul Hamid II reprimiu as ações dos anarquistas na Turquia. Ele sabia quem eram os anarquistas e interessou-se especialmente por eles. Ele os matou ou deportou e estabeleceu uma agência especial de inteligência para esta finalidade.
Os anarquistas responderam realizando ataques ao Palácio Yildiz Sarayi e com explosões contra o banco Otomano em Salonica.
O governo do Império Otomano não terminou com a República Turca. O barrete desapareceu desde então, mas o sistema permanece o mesmo.
No início do [kemalista] Estado turco [em 1923] muitos anarquistas e outros radicais foram obrigados a emigrar ou foram mortos. O CHP, o partido de Mustafa Kemal, não permitia qualquer oposição e houve massacres de curdos.
De 1923 a 1980, havia um grande movimento anarquista na Turquia devido à popularidade do movimento socialista e da repressão por parte do Estado.
A onda de revoluções entre 1960 e 1980 afetou também essas terras. Estes foram os anos dos movimentos sociais ativos. Durante este período, houve movimentos revolucionários anti-imperialistas, causados pela guerra no Vietnam, organizações juvenis, ocupações de universidades e as lutas dos trabalhadores por aumento. Estes movimentos foram marxista-leninistas ou maoístas, não havia nenhum movimento anarquista.
Em 1970, houve uma longa luta dos trabalhadores. Milhões de trabalhadores andaram mais de 100 quilômetros de Kocaeli para Istambul. Fábricas fecharam e os trabalhadores tomaram as ruas.
CW > Havia alguma consciência sobre o anarquismo na Turquia naqueles dias?
DAF < Durante estes anos muitos livros do radicalismo Europeu foram traduzidos para o turco, mas apenas cinco livros sobre anarquismo foram traduzidos, três dos quais falaram do anarquismo para criticá-lo.
Mas nos tempos otomanos haviam muitos artigos sobre anarquismo nos jornais. Por exemplo, um dos três editores do jornal İştirak era um anarquista. O jornal publicou ensaios de [anarquista russo, Mikhail] Bakunin, bem como artigos sobre anarcossindicalismo.
A primeira revista anarquista foi publicada em 1989. Depois foram publicadas muitas outras, concentrando-se no anarquismo a partir de diferentes perspectivas; por exemplo, pós-estruturalismo, ecologia, etc.
O tema comum era que eles foram escritos para um pequeno público intelectual. A linguagem dessas revistas estava longe de ser acessível paras as pessoas comuns. A maioria daqueles que estavam envolvidos estavam conectados com as universidades ou academias. Ou eram ex-socialistas, afetados pela queda da União Soviética, que foi uma grande decepção para muitos socialistas. Por isso começaram a se chamar de anarquistas, mas não acho que isso é uma boa maneira de alcançar o anarquismo, como uma crítica ao socialismo.
Entre 2000 e 2005, as pessoas se reuniram para falar sobre anarquismo em Istambul e eles começaram a se perguntar: “como podemos lutar”. Naquela época pensávamos que haviam de 50 a 100 anarquistas na Turquia.
CW > Vocês podem explicar como o DAF é organizado neste momento?
DAF < Cerca de 500 anarquistas vieram para o primeiro de maio em Istambul. Estamos em contato com anarquistas em Antalya, Eskişehir, Amed e Ancara. O Meydan [Jornal do DAF] atinge entre 15 a 20 cidades. Temos um jornal local em Amed, que distribui jornais em todo o Curdistão. Até agora está em turco, mas talvez um dia, se tivermos dinheiro, publicaremos em curdo. Nós também enviamos o Meydan para as prisões. Nós temos um companheiro na prisão de Izmir e enviamos cópias a mais de 15 prisioneiros.
Alguns meses atrás houve uma proibição contra publicações radicais nas prisões. Nós participamos de manifestações fora das prisões e conseguimos fazer pressão sobre isso e agora o jornal pôde voltar a circular no cárcere.
O principal objetivo do DAF é organizar o anarquismo na sociedade. Nós tentamos socializar o anarquismo com a luta nas ruas. Por que é o que devemos dar importância. Há quase nove anos temos feito isso.
A nível ideológico, nós temos uma perspectiva holística. Não temos uma perspectiva hierárquica das lutas. Acreditamos que a luta dos trabalhadores é importante, mas não mais que a luta curda ou a luta das mulheres ou a luta ecológica.
O capitalismo trata de dividir essas lutas. Se o inimigo está atacando-nos de uma forma holística, temos de enfocá-lo também de forma holística.
A anarquia tem um significado ruim para a maioria das pessoas na sociedade. Está relacionada ao terrorismo e bombas. Nós queremos legitimar o anarquismo relacionando-o com argumentos para lutas contra as empresas e para a ecologia. Às vezes tentamos focar nestas relações entre Estado, empresas e danos ambientais, como faz o Corporate Watch.
Nós gostaríamos de introduzir a anarquia como uma luta organizada. Mostramos ao povo nas ruas as abordagens organizadas do anarquismo.
De 1989 a 2000, o anarquismo foi uma coisa estética. Era se vestir de preto, ter piercings e moicanos. Isto é o que as pessoas viam. Depois de 2000, as pessoas começaram a ver que os anarquistas eram parte da luta das mulheres e dos trabalhadores.
Nós não estamos tomando o anarquismo da Europa como uma imitação. Outros anarquistas enfocam o anarquismo como uma imitação do anarquismo americano ou Europeu ou uma subcultura. Se nós queremos fazer do anarquismo um movimento social, temos que mudar.
Os coletivos do DAF são a Juventude Anarquista, Mulheres Anarquistas, Café 26A, Coletivo Ecológico Patika e Ação Anarquista na Escola Secundária (LAF). Estas auto-organizações trabalham juntas, mas elas têm seus próprios processos de tomada de decisão.
A Juventude Anarquista faz conexões entre jovens trabalhadores e estudantes universitários e suas lutas. As Mulheres Anarquistas centram-se no patriarcado e violência contra as mulheres. Por exemplo, uma mulher foi morta e queimada por um homem em fevereiro passado. Em 25 de novembro, houve muitos protestos contra a violência contra as mulheres.
A LAF faz críticas à educação e a escolarização em si e tenta socializar essa forma de pensar nas escolas secundárias. A LAF também engloba questões ecológicas e feministas, incluindo quando jovens mulheres são assassinadas por seus maridos.
Patika, coletivo ecológico, protesta contra as hidrelétricas na região do mar Negro ou Hasankey [onde a Barragem Ilisu está sendo construída]. Às vezes há enfrentamentos para impedir a construção dessas obras.
O Café 26A é uma auto-organização centrada na economia anticapitalista. Os cafés foram abertos em 2009 em Taksim e Kadıköy em 2011 [ambos em Istambul]. Os cafés são organizados por voluntários. O objetivo é criar um modelo econômico nos lugares em que vivem as pessoas oprimidas. É importante mostrar às pessoas exemplos concretos de uma economia anarquista, sem chefes e objetivos capitalistas. Falamos com as pessoas de porque não vender grandes marcas capitalistas, como a Coca-Cola. Claro, os produtos que vendemos têm uma relação com o capitalismo, mas coisas como Coca-Cola são símbolos do capitalismo. Queremos ir além do não-consumir e se mover em direção a economias e rotas alternativas de produção.
Outra organização autogestionária, PAY-DA – “Partilha e Solidariedade” – possui um prédio em Kadıköy, que é usado para reuniões e para produzir o jornal Meydan. O PAY-DA dá comida as pessoas três vezes por dia. Está aberta a anarquistas e companheiros. O objetivo do PAY-DA é tornar-se uma cooperativa, aberta a todos. Tentamos criar um vínculo que envolverá também produtores dos povoados. Visamos ter conexões com esses produtores e mostrar-lhes um modelo econômico diferente. Tentamos evoluir estas relações econômicas para além de relações monetárias. Os produtores estão sofrendo com a economia capitalista. Estamos na fase inicial desta cooperativa e buscamos produtores com os quais queremos trabalhar.
Todos esses projetos estão relacionados com a ideologia do DAF. Este modelo tem uma conexão com o modelo binário de organização de Malatesta.
Estas são organizações anarquistas, mas às vezes as pessoas que não são anarquistas se juntam a essas lutas porque conhecem as lutas ecológicas e das mulheres e então ao final aprendem sobre anarquismo. É um processo em evolução.
Como o DAF tentamos organizar nossas vidas. Esta é a única maneira que podemos chegar às pessoas que são oprimidas pelo capitalismo.
Também estamos na Associação dos Objetores de Consciência, que é organizada por outros grupos, não só os anarquistas. Nossa participação nestas está relacionada com a nossa perspectiva no Curdistão. Organizamos ações antimilitaristas na Turquia fora das bases militares em 15 de maio, dia da objeção de consciência. Na Turquia, o exército está relacionado com a cultura do país. Se você não faz o serviço militar, não vai encontrar trabalho e é difícil para alguém se casar porque te perguntam se você esteve no exército. Se você esteve no exército, você é um “homem”. As pessoas veem o Estado como “Pátria”. Em seu Currículo [em entrevistas de emprego] te perguntam se você fez o serviço militar. “Todo turco nasce soldado” é um ditado popular na Turquia.
CW > O Kemalismo [a ideologia associada com Mustafa Kemal Atatürk, primeiro presidente da Turquia] é tão forte como costumava fazer?
DAF < O Kemalismo ainda é uma força nas escolas, mas com o AKP [Partido da Justiça e Desenvolvimento, no poder] isto mudou um pouco. O AKP tem uma nova abordagem do nacionalismo focado no Império Otomano. Dá ênfase para as “raízes otomanas” da Turquia. Mas Erdogan diz que nós somos “uma nação, um Estado, uma bandeira e uma religião”. Ainda se fala de Mustafa Kemal, mas não tanto como antes. Agora, você não pode criticar Erdogan ou Atatürk [nome usado para Kemal pelos nacionalistas turcos]. Isso está na lei, de não criticar Ataturk, e uma regra não escrita é não criticar Erdogan. A imprensa segue estas regras.
CW > Podem falar sobre suas perspectivas acerca da luta de libertação curda?
DAF < As lutas de libertação curdas começaram não com Rojava. O povo curdo lutou contra o Império Otomano e o Estado turco durante centenas de anos.
Desde o início do DAF, vimos o Curdistão como importante para a propaganda e a educação.
Nossa perspectiva está relacionada com a luta pela libertação dos povos. A ideia de que as pessoas podem criar federações sem nações, Estados e impérios. O Estado turco diz que a questão é um problema curdo; não é um problema curdo, é uma questão da política turca de assimilação. É óbvio que desde os primeiros anos da República Turca, a assimilação do povo curdo não parou. Podemos ver isto no mais recente massacre de Roboski [de 34 comerciantes da fronteira turca por aviões F26 em 28 de dezembro de 2011] pelo Estado durante o “processo de paz”. Podemos ver isto na negação da identidade curda ou nos repetidos massacres. Fazem as pessoas assimilarem que são turcas e fazem propaganda do nacionalismo.
O AKP diz que eles abriram canais de televisão curda, permitiram a língua curda e que somos todos irmãos e irmãs, mas por outro lado, tivemos o massacre de Roboski que teve lugar sob o seu governo. Em 2006, houve pressão do governo Erdogan em um alto nível. Erdogan disse que mulheres e crianças seriam punidas se fossem contra as políticas turcas. Mais de 30 crianças foram mortas pela polícia e o exército.
As palavras mudam, mas a agenda política continua, só que sob um novo governo. Não nos chamamos de turcos. Temos diferentes origens étnicas e o curdo é uma delas. Nosso envolvimento na objeção de consciência é parte dessa perspectiva. Nós queremos falar com as pessoas para evitar que vão para o exército e matem seus irmãos e irmãs.
Depois de 2000, tem havido uma mudança ideológica na luta de libertação curda. Organizações curdas não se denominam mais marxista-leninista e Öcalan tem escrito extensivamente sobre o confederalismo democrático. Isto é importante, mas a nossa relação com o povo curdo está nas ruas.
CW > Podem falar sobre o trabalho do DAF em solidariedade com o povo de Rojava?
DAF < Em julho de 2012 no início da revolução de Rojava, as pessoas começaram a dizer que era um movimento sem Estado. Estamos em solidariedade desde o primeiro dia da revolução. Os três cantões declararam sua revolução de uma forma sem um Estado. Tentamos observar e ter mais informações. Isto não é uma revolução anarquista, mas é uma revolução social declarada pelas próprias pessoas.
Rojava é uma terceira frente na Síria contra Assad, o Estado Islâmico e outros grupos islâmicos. Mas estes não são os únicos grupos que a revolução enfrenta. A República da Turquia está fornecendo suporte para o Estado Islâmico desde suas fronteiras. A Agência Nacional de Inteligência da República Turca parece estar dando armas para eles e outros grupos islâmicos. Os curdos declararam sua revolução nestas circunstâncias.
Depois que o ataque do Estado Islâmico a Kobane começou [em 2014] fomos a Suruç. Esperamos na fronteira quando as forças turcas estavam atacando as pessoas que a cruzavam. Quando as pessoas queriam atravessar a fronteira para entrar ou sair de Kobane, haviam disparos. Nós estávamos lá para fornecer proteção.
Em outubro, as pessoas se reuniram perto de Suruç e romperam a fronteira. Tanques turcos dispararam gás ao longo da fronteira.
De 6 a 8 de outubro [2014] houve manifestações em solidariedade a Kobane em toda Turquia. Kader Ortakya, uma turca socialista que apoiava Kobane, foi atingida e morreu ao tentar cruzar a fronteira.
Nós ajudávamos as pessoas. Algumas pessoas cruzaram a fronteira de Kobane e não tinham abrigo. Preparávamos tendas, alimentos e roupas para elas. Às vezes os soldados vieram aos povoados com gás lacrimogêneo e canhões de água, e tivemos que ir. Algumas pessoas vieram da fronteira à procura de suas famílias, e nós as ajudamos. Outras vieram, querendo cruzar a fronteira e lutar e nós as ajudamos. Em nossas roupas estava escrito DAF.
O YPG e YPJ [as Unidades de Proteção do Povo de Rojava, o YPJ são as milícias de mulheres] se lançaram contra o Estado Islâmico todos os dias. As colinas de Mıştenur Hill foram muito importantes para Kobane. Quando Hill foi tomada pelo YPG e YPJ, algumas pessoas queriam voltar para Kobane. Quando elas voltaram, suas casas tinham sido destruídas pelo Estado Islâmico. Algumas casas foram minadas e algumas pessoas foram mortas por minas. As minas tinham que ser limpas, mas quem vai fazer isso e como? As pessoas precisam de ajuda e novas casas. Já tivemos conversas e falamos sobre como ajudar Kobane. Houve uma conferência há duas semanas em Amed.
CW > Qual a posição de vocês sobre as eleições?
DAF < Não acreditamos na democracia parlamentar. Acreditamos na democracia direta. Não apoiamos o HDP nas eleições, mas temos laços de solidariedade com eles nas ruas.
Emma Goldman disse que se as eleições mudassem algo então seriam ilegais. Existem pessoas boas no HDP dizendo coisas boas, mas acreditamos que o governo não pode ser bom, porque o sistema eleitoral não é igualitário.
Não chamam Rojava de uma revolução anarquista, mas não há nenhum governo, nem Estado e hierarquia, então nós acreditamos nisso e simpatizamos.
CW > Podem nos contar sobre o bombardeio de Suruç? [pedimos isto por e-mail algumas semanas após a entrevista original]
DAF < Mais de 30 jovens que queriam participar na reconstrução do Kobane foram mortos por um ataque do Estado Islâmico. Este ataque foi claramente organizado pelo Estado turco. Não fizeram nada para detê-lo, mesmo que eles tinham obtido informações do ataque um mês antes. Além disso, após a explosão o Estado turco tem atacado Rojava e efetuado operações contra as organizações políticas na Turquia. Agora há muitas operações e pressão política contra os anarquistas, socialistas e organizações curdas. Eles estão usando a explosão como uma desculpa para fazer esta repressão política, tanto nacional como internacionalmente.
Perdemos nossos 33 colegas, amigos que lutaram pela Revolução de Rojava e contra a repressão, a negação e o massacre das políticas de Estado. As pessoas são assassinadas pelo Estado, pelo Estado Islâmico e por outros poderes. Mas nossa resistência não vai parar e a nossa luta continuará, como sempre se tem feito na história.
[1] Corporate Watch é um grupo de pesquisa independente que investiga os impactos sociais e ambientais das empresas e do poder corporativo.
Tradução > Liberto
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