[Na noite da última terça-feira (20/09), empunhando bandeiras negras e faixas, fazendo barulho e pronunciando gritos contra a farsa eleitoral, grupos de estudantes e de trabalhadores realizaram uma ação direta durante um evento-debate organizado pela Universidade Federal do Amapá (Unifap) entre os candidatos a prefeito de Macapá. O protesto foi imediatamente rechaçado tanto pela reitoria quanto pelos representantes dos candidatos. Na sequência, a direção da Unifap emitiu uma nota de repúdio, chamando a manifestação de “truculenta, antidemocrática e fascista”, e ainda ameaçando os estudantes com “medidas que serão tomadas de acordo com o regimento interno da Universidade”. A seguir, reproduzimos a nota de esclarecimento dos estudantes e trabalhadores sobre o fato.]
Diante dos últimos fatos ocorridos no interior da Universidade Federal do Amapá, os estudantes e trabalhadores que tencionaram a ação direta reivindicatória durante o início de um debate com candidatos à prefeitura de Macapá vem a público esclarecer:
• A ação direta historicamente tem claro e determinado fim político e reivindicatório, sendo, pela sua natureza, uma arma utilizada, sobretudo por trabalhadores e estudantes libertários, ou seja, fundamentalmente por aqueles que se levantam e sempre se levantaram contra o engessamento institucional, o aparelho Estatal recheado de ultra-oportunistas e todas as formas de repressão ao longo da História;
• A despeito das declarações da administração da UNIFAP, a ação direta tencionada pelos estudantes e trabalhadores em nenhum momento, reitera-se, em nenhum momento atingiu ou representou qualquer ameaça à integridade física e/ou moral de qualquer dos presentes no ginásio poliesportivo da UNIFAP ou ainda à estrutura física daquela instituição. Somos negros, pardos, “brancos”, homens e mulheres, professores, estudantes universitários, trabalhadores operários e acadêmicos. Integramos, sim, o ambiente universitário e n&atild e;o apenas ele;
• Os registros em vídeo e fotos do início do debate dão conta, na verdade, que não foi a ação direta de estudantes e trabalhadores independentes e autônomos que deu cabo ao fim da atividade partidária na UNIFAP, mas a reação desproporcional, agressiva e ameaçadora de indivíduos direta ou indiretamente ligados à candidaturas presentes, além de agentes ligados à organização do debate. Indivíduos que, uma vez descontrolados, tentaram reprimir pela via da agressão física, do derrubamento das mesas do palco e pela tomada da s faixas, a ação independente, em caráter interventivo e que em toda integralidade manteve a linha política, inclusive após os eventos causados pelos partidários diretos e indiretos;
• Logo, não surpreendem as acusações levianas, numa desvelada tentativa de coagir e reprimir manifestações na Universidade a partir da reafirmação de práticas de perseguição a trabalhadores e estudantes por meio do aparelhamento de armas de repressão, da ameaça punitivista e da caça política própria de agentes a serviço de regimes totalitários;
• Ressaltamos que não é a primeira vez que manifestantes e grupos autogestionados sofrem ameaças da administração da UNIFAP e de coletivos vinculados diretamente a partidos políticos; perseguição hoje acentuada, sobretudo em virtude do levante de universitários independentes contra o descalabro administrativo da atual gestão da universidade, que se vale, inclusive, da página institucional da Universidade para propagar inverdades, ameaças e confundir a opinião pública;
• Os estudantes e trabalhadores envolvidos na ação direta reiteram que não irão se curvar diante de qualquer ameaça, tentativa de agressão ou espécie de conchavo midiático-eleitoral e institucional na tentativa de desqualificar ações políticas diretas perante a comunidade estudantil, trabalhadores e a sociedade em geral;
• Defendemos, como exposto nas faixas, a bandeira do passe-livre no transporte público, do fim do voto obrigatório e do abandono à farsa eleitoral, fazendo o chamamento ao fortalecimento da política horizontal e descentralizada, localizada em conselhos populares e demais plataformas de atuação direta e efetivamente democráticas.
• Reiteramos, por fim, que não integramos qualquer agrupamento partidário. Nos levantamos contra a farsa eleitoral e chamamos a atenção de todos para a perseguição política institucionalizada a estudantes e trabalhadores independentes que ocorre cotidianamente nas ruas, escolas e universidades do país.
Tome posse!
Não vote!
Em 21 de setembro de 2016.
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