[Salvador-BA] Saiu o primeiro número da revista anarco-feminista A Inimiga da Rainha

A p r e s e n t a ç ã o

Livros Clandestinos: Anarquismo não é Terrorismo

Parece que desde 2013, o Governo Brasileiro está desesperadamente tentando achar justificativa pra criminalizar movimentos autônomos organizados que visam drásticas mudanças sociais. O sensacionalismo da mídia e os defensores do status quo pintaram uma imagem da ideologia anarquista em geral como interessada somente em completo caos e destruição. Walter Maierovitch, em seu pedante discurso no Fantástico [da Rede Globo], acusa anarquistas de ter o principal interesse de destruir a paz e a ordem social, e difundir o medo. Em que planeta o sujeito vive que ele genuinamente acha que temos ordem e paz nesse sistema governamental?, um sistema genocida que se, por sinal, oficialmente decidir criminalizar uma ideologia política será incontestavelmente fascista.

Publicações ilegalizadas e prisioneiros políticos serão fortemente contestados localmente e internacionalmente, não passará levemente. Nosso movimento político permanecerá forte e unido, porque não somos influenciados pela mentira e manipulação da mídia, ou pelo terror difundido pelo governo e pela polícia. Terror, medo e caos são interesses deste governo corrupto que rouba, prende e mata em nome da elite. Na revista A Inimiga da Rainha discutimos exatamente esse tópico e não temos nada o que esconder, ali está claramente o que o Anarquismo significa para nós, como aplicamos nossa ideologia, e porque lutamos para gerar drásticas mudanças sociais.

Desde quando a lei é venerada por alguém nesse país? Os que formatam e reforçam leis (políticos, juízes, advogados, e polícias) são os que mais a desrespeitam. Enquanto a aplicação da lei se mantém seletiva, injusta, violenta e fascista, manteremos nosso direito de protestar estes problemas, e lutar pra achar e aplicar soluções.

Assim como os nativos foram demarcados bichos selvagens pra justificar sua exploração, também são aqueles que buscaram guerrilhas sociais, terroristas, ou traficantes de drogas, ou qualquer que seja o termo atual da arte.”(Piero Gleijeses, como descrito por Noam Chomsky)

Uma situação anárquica não é terror. Terror é a situação desse Governo.

[Um] documento supostamente secreto de 1969 forjado pela CIA chamado “A situação no Brasil” descreve a continuidade de manipulação política dos Estados Unidos, e elogia o desenvolvimento econômico trazido pela ditadura militar. Eles (apoiadores do documento, que de fato eram todos homens) descrevem os sintomas preliminares de insurgência como “terrorismo urbano esporádico”, executado por “fanáticos revolucionários” “desorganizados” e “fracos”. Ao mesmo tempo, a “desmoralização”, “censura”, e “opressão” da oposição é considerada apenas uma estratégia eficaz de prevenir a ascensão de um símbolo de resistência” (Artigo Sobre o terrorismo do Estado, e sua ferramenta genocida de controle social nA Inimiga da Rainha)

Agora mais do que nunca acredito que devemos alcançar uma audiência mais abrangente, manter espaços, e apoiar uns aos outros. Com isso podemos mostrar que esses termos usados contra nós (quadrilha, terrorista) são claramente tentativas de demarcação pra justificar o ato fascista de abafar e aprisionar uma força de oposição.

A Inimiga da Rainha

A Inimiga da Rainha é uma nova revista anarco-feminista interseccional, autogestionada, e baseada em Salvador (apesar de ter contribuidores em outras partes do mundo). O nome é um tributo ao [jornal] Inimigo do Rei¹, e uma ênfase na presença feminina no anarquismo, porque não só homens são revolucionários da mesma forma que não só homens são reacionários.

Valorizamos a irmandade entre mulheres, e acreditamos no apoio entre feministas. Mas também achamos importante apontar a nossa oposição a um certo feminismo reacionário, que é uma apropriação neo-liberal do termo, exemplificado pela Rainha. Preferimos abolir hierarquias e cultivar a Rainha dentro de cada uma de nós.

Visamos um feminismo que apoia e incorpora a luta da comunidade trans, pobre, e negra. Lutamos contra o ‘feminismo’ cooptado pelo Capitalismo e pelo Estado. Não basta lutar contra o Estado, lutamos também contra o patriarcado, a supremacia branca, Capitalismo e o neo-colonialismo.

ainimiga.noblogs.org

> Para baixar ou leitura online da revista:

https://ainimiga.noblogs.org/files/2017/10/INIMIGA-para-ler.pdf

> Para adquirir a revista em papel:

https://malocalibertaria.loja2.com.br/8260087-A-Inimiga-da-Rainha-Num-01

> Contato:

diyworkshop@riseup.net

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Inimigo_do_Rei

agência de notícias anarquistas-ana

Sobre o telhado
um gato se perfila:
lua cheia!

Maria Santamarina