Diante do despejo do EOA La Emboscada: Resistir sempre valerá a pena
Esta manhã (30/07), um novo espaço morreu novamente em Tetúan (Madri). Um bairro cada vez mais acostumado a despejos e desocupações. Desta vez, foi a vez do Espaço Okupado Anarquista La Emboscada, localizado na rua Azucenas. A resistência ativa dos solidárixs conseguiu evitar duas tentativas anteriores de irrupção policial, mas hoje às 7h30 da manhã uma grande mobilização policial fez com que esta realidade sucumbisse ao abandono, à destruição interior e muito provavelmente à demolição, para se adaptar às novas e privilegiadas “necessidades de vida” do bairro.
Foram quatro anos de atividades, reuniões e momentos de conspiração coletiva contra o poder. Um lugar longe da regularidade e da constância com que uma vez foi planejado, mas, de qualquer forma, um espaço no qual se pode praticar afinidades e propiciar encontros.
Pode parecer estranho, apenas algumas horas depois de fazer um apelo de solidariedade diante da batida policial, escrever novamente e pedir apoio para a resistência. Mas entendemos que a defesa de um espaço ou as lutas que o sustentam nunca podem terminar com um despejo. Ao contrário, são a semente de um conflito contínuo com o Poder e a Dominação, onde uma série de ideias são abraçadas e praticadas por um número infindável de camaradas que continuam a aguçar a experimentação em cada ato, cada ação, cada palavra, cada grafite, cada pedra, cada barricada, cada expropriação, cada okupação… Que tentam gerar lacunas a partir das quais se pode enfrentar este mundo de miséria e tristeza.
Porque vale a pena resistir ao cinzento monótono da homogeneidade, à perversa “igualdade de oportunidades”, ao diálogo enganoso, à cessão que (se) extorque?
Porque vale a pena resistir a uma rotina em que trabalhamos até a morte em troca de produtos cada vez mais caros, sempre com o pescoço na água, enquanto nos pedem para fazer o último esforço de suas mansões e escritórios nos arranha-céus dos centros financeiros.
Vale a pena, e alegremente, viver uma vida na qual geramos relações reais, baseadas na igualdade, honestidade, desejos e confronto como uma prática consciente para enfrentar a realidade atomizada mediada pelo consumo, competitividade eterna e solidão digital multitudinária.
Resistindo a um mundo que aceita e normaliza mortes em prisões, CIES, fronteiras, delegacias de polícia, centros de detenção juvenil e outras instituições onde os pobres, diferentes ou rebeldes são encarcerados. Resistir à destruição exponencial de vidas em nome do progresso, da democracia, das nações ou de todos ao mesmo tempo.
Vale a pena continuar a gerar espaços de resistência no coração da besta, da cidade do capital. Vale a pena subverter as relações baseadas na propriedade privada, que prioriza os lucros de alguns sobre as necessidades básicas gerais, tais como ter um teto sobre a cabeça.
Resistir vale a pena porque continua a nos proporcionar uma oportunidade de conflituar entre iguais. Procurar um sentido contra a resignação. Porque um despejo não acaba com nada. Continuaremos a liberar espaços. Contra a propriedade, contra a autoridade. Resistir sempre valerá a pena.
Okupação, Resistência, Ação Direta
Em solidariedade com o La Emboscada
P.S: Abraços e força ao camarada Giannis Michailidis, prisioneiro anarquista em greve de fome na Grécia desde 23/5, e a todos aqueles que estão lutando por sua liberdade.
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!