Aviso: Esta carta, no dia 11/12, foi entregue presencialmente, à diretoria do Partido dos Trabalhadores na ocupação da sede estadual em Fortaleza, Ceará. Hoje, dia 13, estamos publicando para que o povo entenda cada vez mais as razões que levam à 1º Ocupação em Defesa da Casa Comum (ODCC) realizar tal ação. Em torno das 11h do dia 12 o governador Elmano se comprometeu em receber uma comissão das organizações como consta na nota da equipe de comunicação da ODCC. O povo está vigilante e atento! A luta continua!
Senhor presidente Lula,
Somos pessoas simples, trabalhadoras, que lhe escrevem agora esta carta. Um documento parecido com este foi enviado à ex-governadora Izolda Cela, hoje integrante do Ministério da Educação, e ao governador Elmano de Freitas, depois de inúmeras tentativas frustradas de conseguirmos fazer com que eles nos recebessem. Chegamos a realizar grandes lutas com este intuito, mas fomos enganados em todas elas. Marcaram as audiências, para, em seguida, cancelarem-nas na nossa cara.
O Ceará tem sido palco de projetos que adoecem e massacram nosso povo, além de devastarem impiedosamente a natureza. O agronegócio e a mineração recebem todo tipo de benefício do Estado para envenenar nossa gente. Grandes barragens, que expulsam comunidades inteiras, são construídas, e cursos de rios são desviados para que não falte água a estes grandes empreendimentos. Projetos que causam fome, muita fome!, e agravam a crise climática já bastante sentida no mundo inteiro.
No litoral, as usinas de energia eólica e os grandes hotéis privatizam a praia, e agora manobram para privatizar também o mar. O nosso mar! Isso acontece sobre áreas de proteção ambiental, territórios de comunidades tradicionais. E o pior, presidente: tudo feito com muito dinheiro público; de nosso suor, custando nosso sangue! Recurso que poderia ser investido em um outro modelo de desenvolvimento. Sim, porque, apesar de toda perseguição, nossas comunidades e o povo em geral são mestres na construção de alternativas. Veja a produção de alimentos saudáveis, sem veneno! Por que não destinar prioritariamente água, terra e recurso público para esta prática?
Nas cidades do Ceará, os problemas do povo não são tão diferentes. O que ocorre no mato repercute no asfalto, e vice-versa. Entre tantas dificuldades que passamos, algumas nos afligem mais que tudo: a falta de moradia, de trabalho digno e a carestia. Temos certeza que o senhor entende que estamos falando de vida ou morte! Depois, no maior e cruel cinismo, ainda apresentam cadeias desumanas como solução para problemas sociais criados por criminosos de colarinho branco, com gordas contas bancárias nos paraísos fiscais do exterior.
Para piorar, por defenderem a vida, trabalhadores e trabalhadoras têm recebido constantes ameaças de morte. Somente no município de Fortim, somos aproximadamente vinte, com preços estipulados por cabeça abatida e por informações fornecidas. O senhor bem sabe que o Estado e seus governantes, porque deveriam encaminhar a solução dos problemas, mas não o fazem, possuem responsabilidade em tudo isso. Saiba também o senhor que o assassinato de qualquer um, qualquer uma de nós, depois de tantos alertas e denúncias, ungirá as mãos de todos os governantes de sangue, inclusive a vossa.
Lutamos cotidianamente para derrotar o fascismo/bolsonarismo. Eles foram “vencidos” nas eleições para o executivo federal. Agora é chegada a hora de ir além! A tão falada democracia não pode servir de maquiagem à continuidade dos projetos de morte e nem colorir de brilho o permanente impedimento do povo de participar das decisões que afetam sua vida.
Por isso, senhor presidente, estamos realizando a 1° Ocupação em Defesa da Casa Comum, porque temos preocupação com o hoje e com o amanhã.
Por esse motivo, senhor presidente, ocupamos a sede do partido que governa o Ceará e o Brasil e a Barragem Fronteiras, em Crateús, para denunciar a implantação desses projetos que ameaçam a vida humana em nossa Casa Comum, o Planeta Terra; e para requerer uma audiência imediata com o governador Elmano de Freitas e seus secretários, e representantes do governo federal que tenham poder de decisão sobre as problemáticas apresentadas. As comunidades possuem uma pauta propositiva e esperam ser ouvidas. Sem enganação, desta vez.
Desde já agradecemos a atenção.
Fortaleza, 11 de dezembro de 2023.
Assinam esta carta aberta:
Organização Popular – OPA / Organização Terra Liberta / Articulação Povos de Luta do Ceará – ARPOLU / Articulação Antinuclear / Teia dos Povos do Ceará
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