[Grécia] 9º Festival do Livro Anarquista e Subversivo de Patras

O Espaço Autogerido Epi ta Proso está organizando o 9º Festival do Livro Anarquista e Subversivo em Patras, nos dias 22, 23 e 24 de maio, na Praça Pantanassa.

De fato, desde maio de 2014, conseguiu se consolidar como um evento de 3 dias, com debates, apresentações, exposições, atividades culturais e promoção de livros e publicações. Este ano, realiza-se a 9ª edição, com o objetivo de confirmar mais uma vez a utilidade de um evento tão periódico para a promoção de publicações e ideias libertárias/anarquistas, do pensamento subversivo e da necessidade de diálogo no espaço público.

O objetivo do festival é destacar a riqueza dos conceitos anarquistas, antiautoritários e libertários, disseminar projetos anarquistas na sociedade e especialmente entre os jovens da cidade em um período em que predomina a propaganda estatal contra aqueles que resistem de forma auto-organizada e de baixo para cima.

Este ano, no festival de 3 dias, realizaremos apresentações de livros, discussões, encontros, exibições de documentários, um show de stand-up comedy, um show de marionetes e noites musicais sobre diversos tópicos.

Nossa lógica é criar um espaço livre do Estado e da mercadoria, um espaço de encontro, discussão e crítica, onde qualquer contrapartida esteja lá para servir ao autossustento financeiro dos vários empreendimentos que compõem o festival.

Todos os 3 dias a partir das 18h com exposição de livros e publicações, impressos do movimento anarquista/antiautoritário e discografia de produtores musicais independentes”.

anarchistbookfairpatras.wordpress.com

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agência de notícias anarquistas-ana
 
O corpo é um caminho:
ponte, e neste efêmero abraço
busco transpor o abismo.

Thiago de Mello

Convocatória 2025: III Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre (RS)

CONVOCATÓRIA DE MATERIAIS AUDIOVISUAIS, FEIRA, OFICINAS E APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS

Envie para o e-mail: festivaldecineanarquistapoa@tutanota.com

Estamos recebendo envios de materiais audiovisuais de cunho anárquico em todas as suas vertentes e também materiais que de alguma forma tenham relação com a luta anarquista. Videoclipes, filmes, curtas-metragens, longas-metragens.

Também recebemos inscrições para apresentações artísticas, banca de materiais e oficinas.

Nós aceitamos propostas de todas as partes do mundo.

COMO ENVIO? – MATERIAIS AUDIOVISUAIS

Envie o material em uma plataforma de drive ou de uma maneira que possamos fazer o download, com uma descrição (sinopse), o trailer se tiver, e um flyer de divulgação.

Se você não estará presente nos dias, pedimos um vídeo – não necessita ser de rosto- para apresentar o material no dia do evento.

Pedimos que os materiais audiovisuais que forem enviados na língua ESPANHOL E INGLÊS que, se possível, já venham com legendas em português. Nós também passamos os materiais que estão na língua PORTUGUÊS para o espanhol, para acessibilizar às pessoas imigrantes e visitantes de outras partes de Abya Yala que possam entender os filmes.

BANCA DE MATERIAIS

Envie o que você vai expor, e se possui ou não mesa. Sinalize se você precisar. Comidas veganas e espaço livre de álcool.

OFICINAS

Envie uma descrição da proposta de oficina, duração, materiais e espaços necessários da organização + um flyer de divulgação.

APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS

Envie uma descrição da apresentação, uma foto de divulgação. Apresentações de 20min.

LEMBRA QUE VAI SER NOS DIAS 19, 20 y 21 DE SETEMBRO DE 2025!

agência de notícias anarquistas-ana

A velha ponte –
No pó ajuntado entre as tábuas,
Brota o capim.

Paulo Franchetti

[Espanha] I Jornadas “Mulheres Livres” (Vigo. Maio e Junho 2025)

Desde a CNT-VIGO apresentamos a primeira edição das jornadas “Mulheres Livres” com a finalidade de dar visibilidade às diversas lutas e problemáticas específicas protagonizadas por companheiras.

Já que um dos objetivos destas jornadas é também fazer um trabalho de difusão histórica da prática organizativa que por diversos motivos consideramos afim, procuramos programar dentro das nossas possibilidades uma escolha daquelas lutas e conquistas organizativas passadas e presentes à margem da sua transcendência e atualidade.

Deste jeito queremos tratar de fazer um trabalho de difusão das lutas e materiais de divulgação de diversas índoles que possam servir para gerar cultura militante e a sensibilidade social necessária para favorecer o apoio e germe destas e outras lutas que esperamos que saiam à luz e sejam protagonizadas e organizadas pelas nossas companheiras.

Nesta primeira edição das Jornadas Mulheres Livres tocaremos diversas temáticas passando pela organização obreira, ou antifranquismo, as problemáticas especificas do carcerário que afetam à população feminina, a atualidade do genocídio e as problemáticas das mulheres na Palestina e a organização revolucionária protagonizada e organizada por mulheres em Rojava.

Desde a CNT-VIGO vos convidamos, pois a difundir e participar destas e futuras Jornadas de Mulheres Livres.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Gota de orvalho
na coroa dum lírio:
Jóia do tempo.

Érico Veríssimo

[Espanha] Publicado o Guia-mapa da Granada Libertária

Descubra a memória viva do anarquismo que existia no povo de Granada, da rebeldia antiautoritária de suas ruas e espaços, da solidariedade e do amor de seus habitantes.

Olivo del Búho e Corazones Blindados publicaram o Guia-mapa da Granada Libertária, um mapa desdobrável com pontos localizados, juntamente com um livro que explica acontecimentos, episódios, enclaves e, acima de tudo, muita vizinhança e memória, além de uma generosa galeria de imagens de todos os tipos, de um passado ligado ao nosso presente, que este guia reúne em ambos os casos.

O preço é de 6 euros e esperamos que você goste!

Contato: granada [at] cntait.org

agência de notícias anarquistas-ana

Ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante.

Matsuo Bashô

[Rússia] 31 de maio é o aniversário de Vasily Kuksov

De acordo com a mensagem da Anarchist Black Cross Moscou, ele completará 37 anos de idade.

Vasily Kuksov foi condenado a 9 anos de prisão no chamado Caso Rede, acusado de participar das atividades de uma “organização terrorista anarquista” e de posse de armas. Espera-se que ele seja libertado em outubro de 2026.

Enquanto estava em prisão preventiva, Vasily foi diagnosticado com tuberculose. Ele foi submetido a um longo tratamento no hospital da prisão e conseguiu vencer a doença. Atualmente, ele está cumprindo sua sentença em uma colônia correcional de regime geral na região de Nizhny Novgorod.

Vasily trabalhou como engenheiro de design e foi voluntário em abrigos de animais. Desde seus anos de estudante, ele é apaixonado por música, participou do festival de cantores e compositores “Khoper” e se apresentou na Filarmônica Regional de Penza. Ele adora a natureza e fazer caminhadas. Seus pais idosos estão esperando que ele volte para casa.

Endereço para correspondência: Kuksov Vasily Alekseevich, nascido em 1988, Instituição Correcional Federal IK-16 da Federação Russa, vila Prosek, Zavodskaya St., Prédio 50, Região de Nizhny Novgorod, 606246, Rússia.

Observe que os cartões postais e as cartas devem ser escritos em russo – você pode usar ferramentas de tradução on-line gratuitas para isso. O peso máximo das cartas é de 100 gramas.

Dados bancários para apoiar financeiramente os pais de Vasily (somente de dentro da Rússia): cartão bancário 2202 2002 6519 9776 (Sberbank, Alla Sergeevna).

Mais informações sobre o Caso Rede podem ser encontradas em rupression.com.

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/07/12/russia-duas-novas-detencoes-no-ambito-do-caso-rede/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/02/09/russia-sao-petersburgo-piquetes-contra-a-fabricacao-do-caso-de-uma-rede-terrorista/

agência de notícias anarquistas-ana

com um traço
a desenhista faz
o vôo do pássaro

Eliakin Rufino

[Reino Unido] Reclaim The Streets: Uma Retrospectiva

Este ano marca o 30º aniversário da primeira ação de grande destaque do fenômeno festa e protesto na Camden High Street em 1995 e, para marcar o evento, ele estará de volta em 17 de maio.

Anon ~

Embora o Reclaim The Streets (RTS) já existisse de forma embrionária há alguns anos antes de maio de 1995, aquela ação marcou uma escalada nas táticas, no número de participantes e na publicidade.

Várias centenas de pessoas compareceram, e a ação captou o espírito do momento, com uma mistura atraente de anticapitalismo, cultura anti-carro, viajantes new age radicalizados nos cinco anos anteriores e a cena rave/party livre, tudo isso integrado em uma ação direta em uma área urbana. Quando ocorreu o terceiro evento, pouco mais de um ano depois, mais de 5.000 pessoas fecharam a M41 no oeste de Londres com uma festa massiva que rompeu as linhas policiais, danificando notoriamente a superfície da estrada com perfuratrizes escondidas sob um carro alegórico de estilo carnavalesco.

A organização londrina existiu por cerca de seis anos antes de eventualmente se dissolver. Nesse período, a mensagem evoluiu de uma festa de rua que reivindicava o espaço dos carros para uma análise mais ampla do capitalismo e das estruturas de poder. Essa mudança relativamente rápida levou a ações mais confrontativas, como o evento J18 em 1999, cujo objetivo expresso era interromper as atividades da City. A visibilidade do grupo também atraiu organizações de esquerda mais tradicionais e sindicalistas, como os estivadores de Liverpool e os motoristas do metrô de Londres. A construção de pontes entre sindicatos e grupos ambientais mais radicais era inédita na época e, só por isso, o nível de “ameaça” do RTS pelas autoridades foi elevado a severo.

Há muitos motivos por trás do colapso do RTS Londres, e se você perguntar a dez pessoas diferentes, obterá dez respostas diferentes. As tensões entre um grupo central “interno” que sabia onde e quando a ação ocorreria e as reuniões públicas abertas, que repentinamente atraíam um grande número de novos participantes entusiasmados que queriam participar das decisões, mas se sentiam excluídos, nunca foram resolvidas.

Isso é frequentemente apontado como uma razão para a dissolução, mas há outras, incluindo esgotamento, dinâmicas interpessoais e divergências, especialmente sobre táticas, além de um sentimento de falta de direção. O clima pós-11 de setembro de 2001 também teve um efeito desestimulante.

Anos após o fim das ações do RTS, incluindo algumas ações remanescentes em espaços ocupados e na praia de Southbank, foi revelada a verdade sobre um de seus principais ativistas, Jim Boyling/Sutton. Boyling era membro da unidade SDS da polícia metropolitana, cujo objetivo era se infiltrar em organizações ambientais, de direitos dos animais e outros grupos de esquerda. Boyling foi um coordenador chave do RTS desde o início, muitas vezes direcionando as conversas para territórios mais radicais e coordenando as ações no dia. Ele também facilitava a entrega e condução de carros antigos usados como artifício publicitário para sinalizar o início de uma manifestação. Outros ativistas nunca desconfiaram da toupeira, apesar de centenas de policiais estarem presentes e preparados exatamente no local da M41 quando os participantes saíram da estação de trem. Boyling também manteve um relacionamento íntimo com uma ativista enquanto estava infiltrado, causando grande trauma quando sua verdadeira identidade veio à tona.

Então, por que, após quase um quarto de século de ausência, o RTS está voltando a Londres? A ideia principal por trás do movimento nunca morreu: de que os carros ocupam muito espaço urbano e que são os carros que causam a interrupção da vida, não os festeiros, e se espalhou pelo mundo como uma franquia, com algumas cidades mantendo uma presença mais permanente do RTS, como Sydney. Os coordenadores dessa ação em Londres para marcar o 30º aniversário de Camden High Street divulgaram um longo chamado, uma versão atualizada de um manifesto anterior, que foi impresso em um “zine pôster” fotocopiado e distribuído em centenas de espaços radicais pela cidade.

O chamado expressa frustração com a cultura do carro, mas também lamenta o afastamento das interações humanas devido à saturação tecnológica, afirmando que a rua é o último lugar livre de cookies e mineração de dados, onde as pessoas podem interagir de forma genuína e libertadora.

Os autores afirmam: “Em alguns aspectos, o mundo é diferente, mas, ao raspar a superfície de várias camadas de libertação e comunidade, por meio das conexões de plataformas tecnológicas altamente regulamentadas e controladas, os problemas subjacentes de isolamento e monetização das relações humanas permanecem os mesmos…”

Muitas coisas mudaram politicamente desde as ações do RTS nos anos 1990. As revisões de 2023 da Lei de Ordem Pública concedem à polícia e aos juízes considerável poder para prender manifestantes que considerem violar a Seção 7, “Interferência com Infraestrutura Nacional Crítica”, que inclui estradas. Outras revisões incluem descrições vagas e discricionárias, como “criar risco de incômodo sério” e “obstrução intencional da via pública”. Essas revisões têm sido usadas para condenar ativistas pacíficos a longas penas de prisão, intensificando a repressão a grupos como Just Stop Oil e Youth Demand.

Ainda assim, é fácil esquecer que um clima semelhante existia nos anos 1990, quando o RTS começou, com a introdução da CJA pelo governo de John Major, que criminalizava estilos de vida alternativos que coexistiam com a sociedade convencional há décadas.

Nos últimos dois meses, um grande número de cartazes e adesivos têm aparecido em espaços públicos promovendo o evento. A primeira parte do dia começará com uma Bicicletada, que se encontrará com a festa de rua mais tarde. Poucos detalhes adicionais foram divulgados até agora, mas há um canal de transmissão no Telegram onde informações serão liberadas, incluindo o local no dia do evento.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/05/11/reclaim-the-streets-a-retrospective/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

na rua deserta
brincadeira de roda
vento se sujando de terra

Alonso Alvarez

[Chile] O legado deste governo será a militarização permanente do Wallmapu

Por Héctor Llaitul Carrillanca

Somos um povoado ocupado política e militarmente. O Chile é um país de natureza profundamente racista e colonial. Na atualidade vivemos a opressão em todas as dimensões. O governo atual é o pior governo que nos coube viver desde a ditadura militar. O representamos graficamente da seguinte maneira: este 18 de maio completa 3 anos ininterruptos do Estado de Exceção, que concretamente significa tanques, blindados, helicópteros, drones e numeroso pessoal militar e policial para a defesa irrestrita das operações e dos interesses dos grupos econômicos que arrasam o Wallmapu com suas políticas extrativistas.

Com a militarização e a repressão se impõem a política do garrote muito fortemente contra a causa mapuche, e a política da cenoura ficando em segundo plano e só vai tratando de cooptar alguns setores mapuche, submetendo-os para desenvolver novos processos de investimento capitalista. Trata-se de políticas econômicas que se submetem ao reacomodamento do grande capital, como já denunciamos.

Em vez de paz e entendimento este governo deixará um legado que será o estabelecimento permanente da militarização no Wallmapu. O que se traduziu na alocação de muitos recursos para as polícias e as forças armadas, instalando um verdadeiro estado de ocupação militar nunca antes visto. E, sem dúvida, se manterá a repressão e perseguição às expressões de resistência.

Por tudo isso, é que voltamos a reafirmar que com este governo o povo Mapuche não conseguirá nenhum avanço pela via legal e institucional, e por isso se sustenta com mais força manter a resistência contra o capitalismo que arremete no Wallmapu histórico.

Por território e autonomia para a Nação Mapuche!

Fonte: https://radiokurruf.org/2025/05/19/el-legado-de-este-gobierno-sera-la-militarizacion-permanente-del-wallmapu/

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

flor amarela,
no vaso, vê o mundo
pela janela

Carlos Seabra

Servidores do Ibama condenam aprovação de plano da Petrobras na Foz do Amazonas: ‘Decisão política’

A aprovação pelo Ibama do Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF), apresentado pela Petrobras para exploração na bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, provocou reação de servidores do próprio órgão ambiental. 
 
Em nota divulgada nesta terça-feira 20, a Ascema (Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente) manifestou “profundo protesto e indignação” diante da decisão, que classificou como uma “ruptura com os pareceres técnicos da casa” e um “grave retrocesso institucional”.
 
O aval ao plano da estatal foi emitido na segunda 19, mesmo após a área técnica do Ibama ter apontado falhas no documento. Segundo o parecer, o plano de emergência apresentado pela Petrobras não garante condições mínimas para conter um eventual vazamento de óleo na região. 
 
Apesar dos alertas, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, aprovou o conceito do plano, autorizando a passagem para a última etapa do processo de licenciamento: a Avaliação Pré-Operacional (APO), uma simulação de resposta emergencial in loco que será conduzida pela Petrobras.
 
A Ascema critica o conteúdo da decisão e a forma de como foi tomada. A associação afirma que houve um “verniz técnico” para dar aparência de respaldo científico a uma escolha motivada por pressões externas. 
 
“Repudiamos tal modo de operação, lembrando que expedientes similares foram empregados no passado para emissão de licenças ambientais controversas e que se revelaram catastróficas quando da implementação dos empreendimentos”, afirma a entidade.
 
“A substituição do conhecimento técnico por decisões de cunho político ou administrativo fragiliza a credibilidade institucional do Ibama e representa grave retrocesso na proteção socioambiental do país”, diz a Ascema.
 
Fonte: https://www.cartacapital.com.br/politica/servidores-do-ibama-condenam-aprovacao-de-plano-da-petrobras-na-foz-do-amazonas-decisao-politica/
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Um ventilador
espalha o calor
e as notas da sinfonia
 
Winston

Cadê os anarquistas esquerdistas que fizeram o duplo L de Lula Liberal?

“Quando se trata dos interesses do capital, esquerda e direita caminham lado a lado”

A última eleição presidencial revelou, mais uma vez, o jogo de ilusões que sustenta a polarização entre esquerda e direita. A vitória do candidato de esquerda foi construída sobre o discurso de ruptura com o governo anterior — assumidamente conservador e marcado por ataques aos povos indígenas e à natureza. Prometeram-se reparações, devolução de territórios, escuta às vozes silenciadas, contenção do agronegócio. Mas, uma vez no poder, as promessas viraram protocolo. A criação de um ministério exclusivo, ocupado por uma figura indígena, funcionou mais como vitrine simbólica do que como instrumento de transformação real. Os territórios continuam negados, saqueados, destruídos — agora com a chancela de um governo que se diz progressista.

Quando se trata dos interesses do capital, esquerda e direita caminham lado a lado. A defesa conjunta da exploração de petróleo na Amazônia, sob o pretexto falacioso de “desenvolvimento nacional”, revela o pacto silencioso entre diferentes rostos do mesmo sistema. O planeta grita por cuidado e recusa — e o Estado responde com mais veneno, mais destruição. É urgente recusar o teatro eleitoral e desmontar a farsa institucional que transforma justiça em ornamento e devastação em política de Estado. A possibilidade de outro mundo pulsa na desobediência, na auto-organização dos povos e na recusa ativa ao progresso imposto. Comecemos por denunciar, nas ruas, nos territórios, nas redes de solidariedade, o projeto de destruição que querem nos empurrar.

Anticop30: contra o mundo do petróleo!
Pela vida, pela Amazônia, pelo planeta!!!
 
A N A R Q U I S T A S

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/11/29/petroleo-na-foz-do-amazonas-lucro-para-poucos-devastacao-para-todos/

agência de notícias anarquistas-ana

olhos de gato
luz dos faróis na noite
pulo no mato

Carlos Seabra

Ibama aprova simulações para exploração de petróleo na Foz do Amazonas

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovou nesta segunda-feira (19/05) um plano de prevenção a emergências proposto pela Petrobras como parte de seu projeto para prospectar petróleo na bacia da foz do rio Amazonas, em águas profundas do Amapá.

Para Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, uma organização da sociedade civil, a decisão do Ibama desta segunda-feira é “pontual, mas traz todas as evidências de que essa licença sairá”.

Ela acredita que o licenciamento deve ser aprovado ainda neste ano.

“É uma decisão relevante considerando os documentos mais recentes do processo”, disse Araújo à BBC News Brasil por telefone, lamentando a aprovação da nova etapa, devido a preocupações com seus impactos sociais e ambientais.

“Daquilo que o Ibama tinha listado nas últimas demandas para Petrobras, parece que falta pouca coisa.”

A próxima e última etapa do processo envolverá vistorias e simulações no local para verificar como a petrolífera responderia em caso de uma emergência. Por exemplo, será testado o resgate a animais afetados pelo derramamento de óleo.

Suely Araújo, falando em nome do Observatório do Clima, diz que vários elementos não foram analisados de forma satisfatória pelo Ibama.

“A região é bastante frágil, não estudada, principalmente em relação ao grande sistema recifal. Não há no processo avaliações consistentes sobre os efeitos de um eventual acidente sobre o sistema recifal”, aponta.

“O bloco 59 é como uma porteira, que é isso que a Petrobras quer. É isso que o setor de energia do governo quer. É uma porteira que vai ser aberta para facilitar o licenciamento de muitos outros blocos na bacia sedimentar da foz do Amazonas”, acrescenta a ambientalista, criticando que projetos de exploração de petróleo estejam avançando em meio à crise climática.

Fonte: BBC News Brasil

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agência de notícias anarquistas-ana

No azul do mar
golfinhos saltam –
parecem brincar

Eugénia Tabosa

[Grécia] Memória | Vídeo | O que seria da Anarquia sem emoção, poesia e revolta?

As imagens desse vídeo falam por si. São momentos de encher os olhos e acelerar o coração, pura adrenalina. O vídeo é de uma manifestação ruidosa de anarquistas e imigrantes, legais e ilegais, que saem em passeata por várias ruas da cidade portuária de Patras até a prefeitura da localidade, realizada em 21 de maio de 2009. O protesto começa com mais ou menos 300 pessoas, e termina numa espécie de espiral com mais de mil manifestantes. É encantador ver dezenas de imigrantes com bandeiras anarquistas, aos gritos contra o racismo, a xenofobia, as fronteiras, os fascistas… São 10 minutos de transmissão que revelam sentimentos e revoltas. Lindo!

>> Veja o vídeo aquihttps://www.youtube.com/watch?v=0kUYuyjOxMg

agência de notícias anarquistas-ana

Toda a beleza
do muro verde da montanha
traz saudade

David Rodrigues

[Chile] Encontro do livro anarquista – 24 de maio, Temuko

Este primeiro de maio viu novamente ondular bandeiras anarquistas em Temuko e em diferentes ruas do território dominado pelo Estado $hileno. Após aparições intermitentes de nossa parte e de um contexto repressivo que está aumentando, da parte de um governo autodenominado “ecologista”, “feminista” e de “esquerda”, não podemos continuar recuados no anonimato. Em uma região onde o discurso pós-fascista tem sido a tônica, desde antes de seu auge atual no território “nacional”, o anarquismo deve multiplicar-se e fazer frente a todas as arestas do poder e aos que buscam aumentar as injustiças sociais.

Por tudo isto, é um prazer para nós convidá-los ao encontro do livro anarquista a realizar-se na cidade de Temuko em 24 de maio, com a ideia de criar um espaço de (re) encontro, entre individualidades e piños, um espaço de discussão e intercâmbio de ideias, aberto a análise do contexto atual fora de bandeiras ultrapassadas e fora da realidade, um espaço de difusão de projetos, textos, alternativas e mundos diferentes já existentes.

Na feira haverá arrecadação para os presos, mesas redondas, apresentações de livros, oficinas, banquinhas de difusão, vendas de livros, música e os sempre necessários e muitas vezes esquecidos, espaços infantis.

Saúde e liberdade!

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

velhinhos na praça
só a tarde
não envelhece

Alonso Alvarez e Camila Jabur

[Grécia] Feira do Livro Anarquista dos Balcãs | Eles mostraram quão viável é a auto-organização

A 17ª Feira do Livro Anarquista dos Balcãs (BAB2025), com duração de quatro dias, de 15 a 18 de maio, e realizada em Tessalônica, foi concluída com grande sucesso: tanto em termos de público como de muitas participações de coletivos de todas as geografias dos Balcãs e da Europa, e toda a Grécia, quanto em termos de discussões, contatos, preparações de posições e ações.
 
Houve mais de 500 participantes de fora da Grécia e muitos locais nos eventos e ações. Eles demonstraram vontade de encontrar companheiros e companheiras, de se conhecerem e de se auto-organizarem, superando as diferenças. E especialmente em uma era de política de morte, renúncias e pessimismo. Eles mostraram quão viável é a auto-organização.
 
No sábado, 17 de maio, rolou uma passeata (foto) internacional contra o capitalismo, o militarismo, o patriarcado e as guerras, como parte da BAB2025. “Nenhuma fronteira nos divide, nenhuma nação nos une”, estava entre os lemas gritados pelos manifestantes, assim como aqueles sobre o genocídio em Gaza. Uma passeata enorme e dinâmica com a participação de pessoas de toda a geografia europeia.
 
As conclusões e o conteúdo do que foi discutido na BAB2025 serão anunciados e publicados em breve (bab2025.espivblogs.net), assim como o local da próxima Feira do Livro Anarquista dos Balcãs.
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/09/grecia-construindo-o-impossivel-feira-do-livro-anarquista-dos-balcas-2025/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
chuva torrencial
sob a laje de concreto
um casal de pardais
 
Jorge Lescano

[Chile] Santiago: apresentando o livro “Reconstrucción libertaria en Chile y anarquismo europeo (1973-1994)”

No próximo sábado 24 de maio, desde as 16:00 horas estaremos na “Biblioteca Autónoma Laín Díez”, situada em La Bandera #9780 (Población La Bandera, Comuna de San Ramón, Metrô San Ramón), apresentando o livro “Reconstrucción libertaria en Chile y anarquismo europeo (1973-1994)”, junto a seu autor, Eduardo Godoy Sepúlveda.

Este trabalho de investigação constitui um significativo marco na reconstrução da memória do anarquismo na região chilena de um período histórico sobre o qual quase nada se escreveu e do qual só existem referências fragmentárias e difíceis de encontrar.

O livro tem um preço de $7.000.

agência de notícias anarquistas-ana

Sobe a piracema –
ano que vem outros peixes
nadarão de novo.

Anibal Beça

 “Buscamos nos organizar a partir de nossas tradições populares antiautoritárias”

A ANA entrevistou a Associação de Trabalhadores de Base (ATB) do Rio de Janeiro (RJ), confira a seguir.
 
Agência de Notícias Anarquistas-ANA > Contem um pouco o que é a Associação de Trabalhadores de Base (ATB), como surgiu, histórico…
 
ATB < A Associação de Trabalhadores de Base (ATB-RJ) é uma organização sindical e popular autônoma, anticapitalista, antirracista e antissexista para trabalhadores de todas as configurações de gênero, etnias e raças. Reivindicamos a tradição que articula as experiências da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864), das Bolsas de Trabalho e do sindicalismo revolucionário.
Sobre o seu surgimento, podemos dizer que, de certa forma, a Articulação de Grupos Autônomos (AGA), que promoveu feiras de economias coletivas entre outras atividades no Rio de Janeiro a partir de 2015, foi uma das precursoras da movimentação que veio a gerar a ATB. Mas podemos afirmar que o evento crucial para a criação da Associação de Trabalhadores de Base foi o I Seminário Autonomia e Organização, ocorrido nos dias 2 e 3 de março de 2018, no Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do RJ (SEPE) e no Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ).
A esse seminário seguiu-se outro, intitulado Autonomia e Organização: Diálogos com a Confederação Nacional do Trabalho (CNT-Espanha) em 26 e 27 de abril de 2019. Tais eventos tiveram participação do Coletivo FormigAção (valorosa empreitada da militância do Morro da Formiga), grupo Sindiscope autônomo (Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II-SINDSCOPE), RALE (Rede Autônoma de Luta pela Educação – SEPE), Coletivo Roça (da Favela da Maré), grupo Inimigos do Rei (categoria petroleira – SINDIPETRO-RJ) entre mais gente envolvida. A criação da ATB-RJ, no entanto, foi inspirada em iniciativas correlatas em outros estados. Naquela época tínhamos notícias de esforços nesse sentido no Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia. Com o pessoal de Salvador chegamos a conversar inúmeras vezes sobre a necessidade de ações mais coordenadas. É nossa intenção retomar essa rede federada o mais breve possível.

ANA > Vocês estão envolvidos em alguma luta trabalhista concreta?
 
ATB < Entre nossos/as membros/as temos pessoas ligadas à luta sindical na Educação (SINDSCOPE e SEPE), na Petrobrás e Justiça. Além disso, temos participação direta em movimentos sociais, o que priorizamos muito, como ocupações em favelas do Rio de Janeiro (Morro da Formiga e Maré), em bibliotecas (como a Biblioteca Engenho do Mato, de Niterói) e no Quilombo Cafundá-Astrogilda (Zona Oeste do Rio de Janeiro), onde inclusive foi formalizada a fundação da ATB, entre outros movimentos de classe importantes no Rio de Janeiro.
Durante a pandemia (COVID-19) optamos por uma atuação mais discreta, mas bastante efetiva, nas periferias. Renunciamos à propaganda mais explícita do nosso trabalho para um mergulho nas ações de distribuição de cestas básicas e outros auxílios materiais e logísticos. Nessa época iniciamos as nossas cotizações entre os filiados que foram muito importantes para a realização prática dessa nossa linha de atuação, uma vez que possibilitaram a acumulação de recursos financeiros para o posterior investimento em ações na periferia obedecendo ao nosso programa.
Passado esse período de grandes dificuldades, iniciamos então um debate importante sobre a questão cooperativista, já com uma iniciativa concreta nessa direção, na modalidade de ação conjunta na prestação de serviços. Esse aspecto é para a ATB de grande relevância, uma vez que é imprescindível para a consecução do autossustento, premissa sem a qual corremos o risco de estagnar na dependência exclusiva de apoios externos. Entendemos igualmente que os nossos futuros núcleos devem surgir de ações cujo protagonismo precisa ser das pessoas mais diretamente envolvidas. Tais aspectos só podem existir para nós combinados, sem hierarquia entre eles, de forma complementar e articulada.
Nessa mesma direção, estamos nos relacionando com outras organizações (os “Invisíveis” mais objetivamente) que atuam em apoio a pessoas terceirizadas, empregadas em autarquias e instituições direta ou indiretamente ligadas ao Estado. Prestamos solidariedade aos precarizados de forma ativa, quer em protestos nos locais de trabalho, quer no diálogo propositivo para encontrar vias mais adequadas para o encaminhamento das suas demandas. Valendo lembrar que essas pessoas vivem um cotidiano do mais violento assédio por parte dos empregadores e que os órgãos para os quais “prestam serviço” não os amparam de forma nenhuma.
Por força dessas importantes questões estamos dando prosseguimento à nossa campanha de formação de novos núcleos, em diferentes partes do RJ, com vistas a expandir as nossas atividades e conseguir ampliar o diálogo com as inúmeras experiências populares. Tal etapa é fundamental, uma vez que não se trata apenas da criação nominal de outros núcleos ou seções da ATB, mas da nossa capacidade de articular isso com as cooperativas, formas de produção de origem popular e criação de espaços de formação política.

ANA > Em um contexto social marcado por estruturas hierárquicas e de poder centralizado, quais são os maiores desafios que a ATB enfrenta para manter uma organização horizontal e não coercitiva? Como lidam, por exemplo, com pressões de instituições ou grupos que buscam cooptar ou criminalizar suas ações?

ATB < Os desafios que a ATB enfrenta para manter uma organização horizontal, desierarquizada, não são pequenos. Pois corremos sempre o risco de nos contaminarmos pelo modo de operar da maioria das organizações sindicais (conformadas a partir da legislação autoritária varguista) e também pelo sistema capitalista, que impõe práticas competitivas e de subjugação. Para nos preservarmos disso, buscamos nos organizar a partir de nossas tradições populares antiautoritárias criando nossos documentos (carta de princípios, estatuto etc.) e nos pautarmos por eles. Isso porque a anomia, longe de gerar liberdade, é uma fragilidade diante de eventuais tentativas de cooptação ou domínio de grupos opressores. Contra tentativas de subjugação, recorremos a nossos princípios, documentos e alianças criadas com outras organizações de cunho popular, dentro da lógica de autodefesa e denúncia permanente das ameaças sofridas por qualquer uma das nossas aliadas. Um procedimento que nos resguarda igualmente, além é claro de reforçar a dimensão política dos grupos com os quais temos relações. Contra a criminalização de qualquer militante, usamos o apoio mútuo, em harmonia com o que aqui já foi dito.

ANA > A ética anarquista valoriza a mutualidade e o apoio comunitário. De que forma a ATB constrói alianças ou redes de solidariedade com outros movimentos sociais, sindicatos ou comunidades sem reproduzir relações de dominação ou dependência?


ATB < Buscamos construir laços com movimentos populares, sindicatos e comunidades sempre sem paternalismo, sem pretensão de sermos portadores da verdade, mas tendo a compreensão de que as experiências comunitárias já existentes sempre têm a nos ensinar. Isso está em consonância não só com a ética anarquista, mas também com outras tradições populares que não necessariamente carregam esse nome. O que importa é a associação funcionar de acordo com princípios como democracia direta, independência de classe etc., rejeitando relações de dominação, seja de uma parte ou de outra.
A nossa experiência acumulada em relações políticas com sindicatos oficiais tem demonstrado que a nossa autonomia se afirma na mesma medida em que somos capazes de identificar as nossas pautas com as causas populares. Ou seja, os sindicatos percebem com alguma facilidade que nos dedicamos a setores com os quais eles não possuem nenhuma relação concreta e que, no mais das vezes, desconhecem quase que completamente. Em assim sendo é possível atuar com relativa unidade e algum sucesso em questões de corte racial sem que a entidade sindical tenha qualquer condição de subordinar a ATB à sua esfera político-administrativa. O impedimento de qualquer processo de cooptação já se encontra no fato de termos perspectivas completamente distintas no que diz respeito à ação em favelas e subúrbios. Em suma, tratamos preferencialmente de assuntos periféricos aos quais os sindicatos oficiais encontram-se historicamente alheios. 

ANA > Para vocês, qual é o papel da educação e da formação política na construção de uma consciência de classe anticapitalista e antiautoritária? Como a ATB enxerga o caminho para uma transformação social radical sem cair em vanguardismos ou modelos de revolução centralizados?

ATB < Para a ATB a educação tem um papel importante na disseminação de consciências críticas – anticapitalistas e antiautoritárias. Sabemos que a educação, sozinha, não tem como conduzir à autogestão social, pois com as péssimas condições materiais que o Capitalismo impõe ao povo, a própria educação não tem como se realizar plenamente. Mas, por outro lado, negligenciar práticas e experiências pedagógicas libertárias, considerando que uma revolução social futura magicamente ensinará tudo a todos, é um materialismo mecanicista típico de vanguardas autoritárias, que a História já demonstrou o quanto são nefastas à autonomia popular.
Vale acrescentar ainda que a nossa Associação tem em seus quadros filiados número significativo de pessoas diretamente ligadas à Educação, seja como ofício mais objetivamente ou em ações cotidianas e continuadas em espaços periféricos. Entendemos assim a formação como um fenômeno dentro do qual a formalidade ocupa apenas uma parte dos nossos esforços. Nesse sentido as nossas atitudes são igualmente pedagógicas, bem como os processos que ajudamos a estabelecer em territórios quase completamente abandonados pelo chamado “poder público”. Por força desse fato, os esforços realizam-se invariavelmente na lógica federada, com a observância da plena autonomia local e coesão ditada pela solidariedade de classe. Aspectos, aliás, que repetimos quase como um mantra em todas as partes por onde passamos.

ANA > Mesmo com sorteio de carros, shows com cantores midiáticos, o 1º de Maio em São Paulo das “grandes” centrais sindicais teve público reduzido. Podemos dizer que o sindicalismo oficial no Brasil hoje é um “cadáver ambulante”?
 
ATB < O que percebemos é que com a ascensão deste governo de coalizão ao poder, houve uma diminuição das ações sindicais no sentido de não desgastar Lula e seus aliados “à esquerda”, se é que assim podemos chamar. Um exemplo é a educação, pois o MEC, sob os auspícios de Camilo Santana, tem se aliado ao empresariado, na figura do “Todos pela Educação”, Fundação Lemann e afins. Saímos de um governo reacionário, com um MEC sob o comando de pastores e fascistas, para retornar ao um Ministério sob a liderança de um secretário ligado aos tubarões da educação. No meio de tudo isso, tivemos a reforma do ensino, da qual o atual governo buscou minimizar os danos, mas que continua sendo prejudicial aos/às estudantes. Os sindicatos precisam despertar para a luta de classes, não apenas classista de seus membros e membras. Isso independente de quem esteja no governo da democracia burguesa.
No plano ideológico, é preciso sempre ter em conta que somos adeptos do sindicalismo revolucionário e das tradições que o antecederam. Em assim sendo, a nossa oposição ao sindicalismo tradicional é mais que inevitável. Denunciamos sempre que possível as insuficientes iniciativas desses órgãos que se apresentam invariavelmente burocráticos. Contudo, as nossas investidas são sempre prioritariamente contra as instâncias mais objetivamente gestadas pelo capitalismo. Entendemos que existe uma rivalidade entre nós e os sindicatos corporativos, mas de nenhuma forma confundimos estes com as empresas privadas e a estrutura estatal que oprimem diretamente a classe trabalhadora. Estas últimas, as temos como inimigas. Sobre esse ponto, é necessário também sublinhar que na nossa dimensão estratégica os sindicatos corporativos não ocupam lugar significativo. São inclusive obstáculos, a depender da sua configuração ideológica. Mas nas nossas apostas táticas eles podem até se apresentar como agentes ou “parceiros” eventuais em iniciativas mais amplas, isso quando estiverem desenvolvendo algum trabalho nas periferias e territórios de resistência nos quais estivermos.

ANA > Vocês ficaram surpresos com a revelação de uma fraude bilionária no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) envolvendo sindicatos e associações de aposentados?

ATB < As fraudes não são novas e menos ainda a ingerência sobre os pecúlios da classe trabalhadora da parte dos governos. Isso é aspecto saliente da heteronomia patrocinada pelo Estado e grupos aos quais se associa para a espoliação dos produtores. O estelionato não se esgota nas urnas ele se apresenta através de procedimentos dos mais variados e com diferentes níveis de crueldade. Uma Seguridade Social gerida por um ente dos mais suscetíveis às pressões de grupos diretamente ligados ao grande capital jamais estará livre, não apenas dos escândalos financeiros, como ainda da ação especulativa de quem se apresenta para administrar seus fundos.
Temos hoje um passivo de razoáveis proporções nas mãos de grupos sindicais na forma de “fundos de pensão”, privados e semiprivados ou ainda semipúblicos. Uma verdadeira “ciranda financeira” que sustenta os apetites mais vorazes das burocracias encasteladas em sindicatos oficiais. Esses “gestores” são parte dessa engrenagem que tritura a classe trabalhadora e, particularmente nesse caso, com um cinismo escandaloso. São agentes do capital e agem como “vestais” no “Interesse dos contribuintes”. Uma tragédia legada pelo advento do sindicalismo corporativo dos anos de 1930 e que se reinventa, sempre contra a classe trabalhadora.
Por tudo isso temos tentado criar no âmbito da ATB cooperativas que venham a nos auxiliar a superar isso ou, pelo menos, mitigar os efeitos dessa política previdenciária nefasta para quem de fato carrega nas costas esse Estado em parceria com o qual a burguesia brasileira renova e garante o sistema de exploração.

ANA > Qual a opinião de vocês sobre o governo Lula atual, o “Lula 3”?
 
ATB < Mais recuado do que nunca, está refém de um congresso extremamente reacionário e fisiologista. Temendo o retorno de Bolsonaro e de seus aliados ao Executivo no governo federal. O governo vai se equilibrando entre as escassas vitórias no plano social e as estrondosas capitulações frente ao grande capital.
Os fatos só fazem confirmar a fisionomia desenhada por um dos quadros históricos do Partido dos Trabalhadores, segundo o qual o PT é hoje um partido de centro esquerda à frente de um governo de centro direita. Uma constatação que, aliás, não esconde o cinismo de quem a sustenta. Avaliamos que não há o que esperar do atual cenário e que, se de fato existe uma distinção entre o PT e seus adversários políticos, esta não resulta em diferença significativa para a situação da classe trabalhadora. Não há proveito substantivo para a massa de explorados, ainda que na retórica os atuais gestores da “coisa pública” reafirmem o compromisso com a elevação dos indicadores sociais.
No mais, o que assistimos é a execução de políticas raciais, que pouco incidem sobre os privilégios; ações de igualdade de gênero, que ignoram a diversidade social e o reconhecimento de identidades sexuais que não conseguem vencer os estigmas de um tecido social abandonado ao fundamentalismo religioso. Para o projeto genuinamente popular a fórmula não sofre alteração, fica cada vez mais evidente a necessidade da luta de classes e de estarmos prontos e organizados/as para uma futura revolução social antissistêmica e que tenha por princípio um viés anticapitalista. Para a consecução desse objetivo, o “Lula 3”, assim como os anteriores, não tem nada a nos dizer.

ANA Algum recado final? Valeu!

ATB < Agradecemos à ANA o espaço que nos foi oferecido generosamente e desejamos loga vida ao esforço empreendido pelas/os compas a ela vinculadas/os.  Nos interessa ainda sublinhar que a ATB não tem pretensões de substituir o sindicato oficial, menos ainda de o combater ferozmente, uma vez que entendemos que tratamos de uma categoria de trabalhadoras/es que estes sindicatos já abandonaram faz muito tempo. O nosso objetivo é ajudar a organizar a periferia, dar estrutura mínima para que iniciativas populares possam responder a problemas concretos que venham a se apresentar e reclamem por soluções coletivas. Queremos dialogar com o povo que existe abaixo dos “radares da receita federal”, dos que trabalham anonimamente e exercem profissões completamente desconhecidas. Sim, desconhecidas das entidades que estão vivendo no conforto dos descontos das margens consignadas de contracheques de trabalhadoras/es que ainda vivem na formalidade.
Para finalizar, convidamos as pessoas que tiverem interesse em entender melhor a nossa proposta a lerem os nossos documentos e postagens nos seguintes endereços: https://atbrj.wordpress.com/sobre/ e https://www.facebook.com/profile.php?id=100063463837497

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agência de notícias anarquistas-ana

Trezentos quilômetros
Para não vos contemplar –
Mangueiras da minha infância!


Paulo Franchetti