[EUA] Zines não são um crime!: Libertem Des Revol

Chamada para apoiar Des Revol em Dallas-Fort Worth, TX. Para mais informações, siga os links.

Des Revol, tatuador, pessoa não-branca anarquista, imigrante e uma pessoa querida por todos, está atualmente enfrentando acusações graves relacionadas a um caso maior de repressão política em Dallas-Fort Worth, Texas. Mas Des não é apenas uma vítima de perseguição política fabricada: ele é um artista e amigo amado, que adora experimentar novas receitas veganas, mergulhar em livros, olhar para filhotes de gambás (e às vezes acolhê-los temporariamente) e passar tempo com pessoas queridas. Como vegano de longa data, dedicado à libertação animal, a solidariedade com não-humanos aparece em grande parte da arte de Des, incluindo suas representações divertidas de guaxinins, gatos e outros bichos. Essa solidariedade profunda se estende a tudo: Des é um irmão, filho e amigo amoroso; um sonhador de espírito livre que cuida de todos e de tudo ao seu redor. Agora, preso em uma penitenciária federal, Des continua praticando solidariedade ao desenhar ilustrações para que outros detentos enviem às suas famílias.

Des faz um pozole vegano incrível. A primeira vez que o conheci, ele estava cozinhando na cozinha e literalmente explodiu pimenta vermelha em todo o apartamento novinho em folha, kkk!

– Kourtney

Des fez minhas cinco primeiras tatuagens. Ele é o único artista em quem confio, por seu jeito acolhedor e tranquilo. Sempre se lembrava de mim, apesar da agenda cheia. A cada sessão, tínhamos conversas leves, quase sempre sobre o amor dele por gambás, haha. É uma das melhores pessoas que já conheci. Minha mãe também foi tatuada por ele. Ele sempre foi uma inspiração para nós.

– Emma Grace

Quando conheci Des, estávamos num lugar que parecia o meio do nada. Mas sua presença era calorosa, gentil e aberta. O sorriso dele iluminava o ambiente, tão forte que ainda consigo senti-lo. Lembro da sua bondade, que se expressava de várias formas, oferecendo tatuagens belíssimas com paciência e cuidado, compartilhando risadas, histórias e sua arte. E sempre ouvindo com presença real. Quando penso na expressão “guardar espaço”, lembro de Des. É um dos seus muitos dons. Sentar ao lado dele era como receber um abraço quente.

– Sayyida

Eu só quero todos os gatinhos e donuts veganos.

– Des

Contexto

Em 4 de julho de 2025, cerca de uma dúzia de pessoas se reuniu do lado de fora do ICE Prairieland Detention Center, em Alvarado (Texas), para um protesto barulhento em solidariedade com imigrantes e detidos do ICE. Em algum momento, teria ocorrido uma altercação, após a qual um policial alegou ter sofrido um ferimento leve. Dez pessoas foram presas, e a polícia estadual e federal os acusou de terrorismo e tentativa de homicídio. Desde então, outras sete pessoas foram presas em conexão com o caso. A polícia também passou a aterrorizar amigos e familiares dos detidos, executando mandados de invasão sem aviso, realizando batidas domiciliares e intensificando a vigilância.

Des não estava nesse protesto. Em 6 de julho, após receber uma ligação de sua esposa da prisão (uma das dez presas inicialmente), ele foi seguido e preso pelo FBI em Denton, Texas, sob o pretexto inicial de uma infração de trânsito. Depois, foi acusado de adulteração de provas e obstrução de justiça relacionadas aos réus de Prairieland. A acusação se baseou em uma caixa de zines que ele supostamente transportava em sua caminhonete, zines que poderiam ser encontrados em qualquer casa coletiva ou infoshop. Des foi detido brevemente na Cadeia do Condado de Johnson, mas logo transferido para a prisão federal FMC Fort Worth.

Ele também está sob custódia do ICE e foi publicamente alvo de ataques e exposição nas redes sociais, tanto por fascistas conhecidos quanto pelo próprio ICE. Logo após sua prisão, o FBI fez uma invasão brutal e intimidadora de nove horas em sua casa. A polícia confiscou desde eletrônicos até adesivos e mais zines.

Embora Des não esteja sendo processado junto aos outros réus de Prairieland, suas acusações estão ligadas às deles. Ele é citado em todas as acusações dos outros como suposto responsável por adulteração de provas, e o estado incluiu uma foto da caixa de zines como prova. Mas o processo dele será separado, e ele pode ser o único réu em risco direto de deportação pelo ICE.

De fato, Des não corre apenas o risco de uma longa sentença em prisão federal, o que já seria grave o suficiente. Mesmo que seja solto, ele corre perigo de ser sequestrado pelo ICE e/ou atacado por fascistas.

A forma como o governo federal está enquadrando o caso deve nos preocupar a todos. Trata-se de uma tentativa mal disfarçada de criminalizar a resistência, seja em atos ou em ideias. A criminalização da dissidência, junto da solidariedade e até de simples pensamentos, significa que todos estamos em risco de prisão ou coisa pior, à medida que o estado tenta impor um poder autoritário. Resistir, inclusive por meio de zines, não é crime.

Escreva para Des

Daniel Rolando Sanchez Estrada

\#95099-511

FMC Fort Worth

Federal Medical Center

PO Box 15330

Fort Worth, Texas 76119

EUA

Lembrete: Des está em prisão preventiva. NÃO mencione nada sobre o caso ou as acusações.

Recursos para libertação de Des

Instagram: @free-des-revol, @dfwsupportcommittee

Bottons “Zines Are Not a Crime” (2,5″): https://archive.org/details/not-a-crime-buttons

Zine “Free Des” (1 página): https://archive.org/details/free-des-zine

Fonte: https://itsgoingdown.org/zines-are-not-a-crime-free-des-revol/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

minha sombra
com pernas mais longas
não me afasta

André Duhaime

[Chile] Canal Anarco no YouTube: Escupamos La Historia

D e s c r i ç ã o

Em Escupamos La Historia (Cuspamos na História), vamos falar sobre Anarquismo, história mapuche e também história das lutas operárias. Tudo a partir de um olhar crítico e irreverente. Faremos análises de acontecimentos históricos que talvez não tenham nos contado na escola ou que o Estado e a Igreja esconderam com o objetivo de nos manter replicando seu sistema violento de escravidão e opressão. Vamos nos mergulhar em ideias profundas a partir das quais questionaremos tudo ao nosso redor: a existência do poder, da autoridade, do patriarcado, do patriotismo, do racismo, da competição, da homofobia e tudo aquilo que o sistema, por meio de múltiplos canais, nos impôs como comportamentos normais.

Mari mari kom pu che (mapuzungun: Olá a todas as pessoas), dou as boas-vindas a todos e todas a este canal.

Inscreva-se e ative o sininho para se manter atualizado(a) sobre cada vídeo.

>> Acesse o canal aqui:

youtube.com/@EscupamosLaHistoria/

agência de notícias anarquistas-ana  

Fogueira na rua –
o medo vira cinza,
risos no escuro.

Liberto Herrera

[Alemanha] SMASH CRUISESHIT – Conferência Anti-Cruzeiros

De sexta a domingo, de 12 a 14 de setembro, o porto de Hamburgo sediará os “Cruise Days”, caracterizados por um greenwashing [“lavagem verde”] sem limites. Neste contexto, estamos organizando um programa de eventos de três dias que combina sessões informativas, ações de protesto e encontros de networking. O objetivo é mobilizar um público amplo e elaborar em conjunto estratégias concretas contra a indústria de cruzeiros.

Sexta-feira, 12 de setembro de 2025 – Encontro de rede contra navios de cruzeiro

Começaremos com um encontro de rede aberto, que oferecerá a todos os interessados a oportunidade de trocar ideias, estabelecer contatos e formular os primeiros planos de ação. A participação é gratuita; inscrições para grupos interessados, ONGs etc. em smashcruiseshit@riseup.net

Sábado, 13 de setembro de 2025 – Dia de conferência aberta ao público

O dia central da conferência é totalmente aberto ao público e será realizado nas instalações da AStA Hamburg. Endereço: Von-Melle-Park 5; sala 0029. Neste dia, será oferecido um workshop, várias palestras e um espaço para painéis de discussão que abordarão os impactos ecológicos, sociais e econômicos dos navios de cruzeiro. O programa, incluindo horários exatos e alocação de salas, pode ser encontrado aqui e em nosso site https://kreuzfahrt.nirgendwo.info/smashcruiseshit2025/

Programa

12h: Iniciativa contra os cruzeiros – O lado sombrio da indústria de cruzeiros

13h30: Zeit.Fläche – Uma história crítica dos cruzeiros

15h: Intervalo

16h: TKKG – Protestar, sim, mas como?

18h: Nabu – Indústria de cruzeiros e impacto local

Domingo, 14 de setembro de 2025 – Dia de protesto

No último dia, encerramos os dias de ação com um protesto colorido e acessível. O objetivo é enviar um forte sinal contra a indústria de cruzeiros e os “Cruise Days” associados a ela. O protesto é dirigido a um público amplo e convida todos a participarem ativamente. Encontro para pessoas interessadas no sábado, no âmbito do dia de conferência pública.

Convidamos cordialmente todos os interessados a participarem desses três dias, a se informarem, a discutirem e a se mobilizarem juntos. Mais informações, atualizações e a inscrição oficial podem ser encontradas em nosso site https://kreuzfahrt.nirgendwo.info/smashcruiseshit2025/ e no endereço de e-mail mencionado. Esperamos ansiosamente por uma cooperação engajada e por enviar juntos um forte sinal contra a exploração humana e ambiental e pelo fim da indústria de cruzeiros marítimos.

kreuzfahrt.nirgendwo.info

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

na verde colina
bem mais que o fruto me apraz
a flor pequenina

Antônio Gonçalves Hudson

[Espanha] Um partido antiestatista?

Leio em certo meio alternativo de esquerda, por assim dizer para que nos entendamos, uma coluna que defende a criação de um partido antiestatista (isso sim, matizando em seguida que “…ou anticapitalista”). Para fortalecer sua proposta, recorre à história mencionando o Partido Sindicalista, que foi fundado pelo bom do Ángel Pestaña e que creio que teve uma breve continuidade nos anos da chamada Transacción (perdão, queria dizer “Transição”). Para quem não saiba, Pestaña foi um anarcossindicalista que em seus anos na CNT, junto a outros militantes, criticava todo “aventureirismo revolucionário” e considerava que era necessária uma preparação durante um tempo antes de chegar ao comunismo libertário. Pode-se dizer que sua decisão final de criar um partido, com o qual ele mesmo chegou a ser deputado, supunha uma continuação de sua visão com a participação aberta no sistema parlamentar e, a priori, sem renunciar à revolução social. Alguns dirão que isso não o diferenciava muito de socialistas ou comunistas, com o fracasso reiterado da via estatista para transformar a sociedade, e teremos que lhes dar razão. Mas, voltemos a essa proposta atual de criar um partido antiestatista. De saída, de algum modo agradece-se o lançar uma crítica ao Estado (ao autoritarismo) em uns tempos em que a esquerda em seu conjunto o identifica uma e outra vez de maneira pueril com os serviços públicos (e, vamos chamá-lo pelo seu nome, com o assistencialismo). Para outro espaço, deixaremos a aprofundação em uns serviços “públicos”, autogeridos pelos próprios trabalhadores (especialistas na matéria) a serviço do conjunto da sociedade, que não se equiparam a serviços estatais (burocratizados, centralizados e hierarquizados, cuja ineptitude estamos vendo uma e outra vez nas diversas crises sistêmicas, neste verão infernal são os malditos incêndios).

Menciona-se também no texto como exemplo, além do histórico Partido Sindicalista, uma força política atual no Chile chamada Izquierda Libertária. Pesquiso um pouco e, efetivamente, trata-se de uma aposta de participação nas instituições para tentar chegar a algo parecido ao comunismo libertário. Vivemos tempos confusos, para não dizer abertamente falsificadores, nos quais o libertário se identifica com os partidários do capitalismo mais desumanizado, enquanto conceitos como comunismo ou socialismo evocam os regimes mais autoritários. Assim, “comunismo libertário” viria a ser para muitos iletrados um oximoro, mas não, é um belo ideal de raiz histórica, com todas as dificuldades para ser levado à prática (e, pela via estatista, permita-me duvidar ainda mais). Os anarquistas clássicos já advertiram do desastre em que ia desembocar usar meios autoritários e as consequências atuais, já antecipou também algum lúcido ácrata, são que grande parte das pessoas odeie o termo “comunismo”. Propõe-se-nos agora, mais uma vez, criar uma força política parlamentar em crítica aberta aos dois demônios do anarquismo (Estado e capitalismo) com o objetivo de desmantelá-los desde dentro do próprio sistema (embora, olho, sempre digo que dentro do sistema estamos todos em aberta tensão com ele). Ou seja, entendo, trata-se de conseguir ter poder suficiente para transferir o poder, político e econômico, ao conjunto da sociedade em vias da desejada autogestão. Isto é possível? Houve algum indício disso na história?

Teríamos que deixar de lado proclamações do tipo “o poder conquista seus conquistadores” (embora tenhamos experiências históricas suficientes para pensar que é assim), suponhamos que um grupo de pessoas honestas assuma esse papel para participar nas instituições, o sistema permitiria realmente essas mudanças radicais? O movimento 15M, com sua evolução posterior descentralizadora com as assembleias de bairros, é o melhor exemplo de uma via para transformar a sociedade a partir de baixo. As próprias dificuldades intrínsecas, junto à criação do Podemos [partido], com seus Círculos supostamente horizontais finalmente esvaziados e sucumbidos à hierarquia, e suas itinerantes estratégias eleitorais, anulou em grande medida o movimento autogerido. Dir-nos-ão que a elite podemita recolhia uma tradição marxista autoritária, que não havia autênticos anarquistas, esses super-humanos capazes de conduzir a sociedade pelo rumo verdadeiro (sim, é sarcasmo e autocrítica). Eu não possuo todas as respostas e, como disse no início e sem estar de acordo de modo algum, seja bem-vinda toda proposta honesta para tentar superar um sistema baseado no poder e no benefício de uma minoria com infinidade de seres humanos sofrendo no planeta. Não sou fanático de nenhum tipo, sempre digo que cada um com o que fizer individualmente em época eleitoral, mas já me parece ir longe demais (nada novo, por outra parte) criar algo como um partido libertário (isso sim parece uma aberta contradição nos termos). À margem de purismos, a via creio que é muito clara para quem quiser empreendê-la, trabalhar na sociedade a partir de baixo de modo horizontal, solidário e propiciando a autogestão. Palavra de ácrata com, de forma paradoxal ou não, forte tendência niilista e individualista.

Juan Cáspar

Fonte: https://exabruptospoliticos.wordpress.com/2025/08/23/un-partido-antiestatista/    

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Manhã inspira
balaio de ideias.
Só fruta verde.

Masatoshi Shiraishi

Uma Autocrítica Anarquista

por Aliança Trans Proletária*

Este texto é fruto do mal-estar que temos sentido no meio anarquista. Ele não é direcionado a nenhuma organização em particular, assim como não deve ser tomado como se fôssemos militantes puros, isentos de erros e portadores da razão. Muito pelo contrário, é a investigação das condições de possibilidade dos nossos erros o que nos conduziu a escrever este texto. A nossa pretensão é sair do Grande Inverno no qual nos encontramos.

7 de Setembro: Grito dos Excluídos

Sejamos diretos: enquanto o Grito dos Excluídos se consolidou como um rito a ser realizado majoritariamente por organizações que querem dizer que fazem algo sem fazer, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), vinculado ao Partido Comunista Revolucionário (PCR), decidiu fazer-se escutar de fato o grito dos excluídos: conhecido pelas ocupações que realiza, esse movimento social iniciou 18 ocupações em 15 Estados diferentes – 3 desses Estados respondendo com bastante brutalidade – neste 7 de setembro.

O Grito dos Excluídos, para quem não conhece, é um conjunto de manifestações populares que ocorrem no Brasil desde 1995. Essas manifestações ocorrem no dia 7 de setembro. Para esclarecer: quando afirmamos que ele se tornou um rito, queremos dizer que talvez nos falte uma ponderação sobre a efetividade da sua realização, qual o saldo, seja positivo ou negativo, temos tirado dele. A sua ritualização, enquanto sinônimo de algo meramente repetido anualmente, não significa que as organizações e movimentos sociais que o compõem provocaram intencionalmente essa ritualização. É bem mais provável que o façam sem se dar conta, o que é bastante preocupante.

Enquanto Esquerda e enquanto pretensa alternativa política ao capitalismo, devemos verificar se os efeitos de nossas ações têm sido produtivos. Isto inclui analisar em que medida nossas ações não seriam, na verdade, meras reações aos refluxos do Capital em vez de uma proposição política que afirme a realização de um outro mundo – impossível, cabe dizer, ao imaginário instituído pelo Capital. Poderíamos nos perguntar e investigar em que medida o Grito dos Excluídos não se tornou um mero ato de agregação de organizações, indivíduos e movimentos sociais, algo mais de ordem quantitativa do que qualitativa. O que queremos ao nos juntarmos no Grito dos Excluídos? Segundo um companheiro especifista: “nós vamos ao Grito dos Excluídos para disputar”. O que, exatamente, ele não soube dizer. Talvez o disse mais por chavão do que por uma compreensão da realidade concreta do proletariado.

Independentemente da discordância ideológica que possamos ter com o MLB e o PCR, concordamos no que diz respeito à luta por moradia. Na data de hoje, durante o Grito dos Excluídos, que ocorria na rua Uruguaiana, fomos interpelados pela notícia de que a ocupação Luisa Mahin – Palestina Livre, que se iniciou hoje, estava sob ataque policial a mando do atual prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro (PL).

Para quem não sofre de amnésia – ou desonestidade política –, o Eduardo Paes é conhecido por remover famílias de suas casas, um ato que por si só já é violento. Afinal de contas, fere um direito básico, que é aquele referente à moradia. Nada novo sob o céu cada vez mais poluído no capitalismo, o que não significa que não encontremos motivo para tentar respirar e tomar os céus. Mas talvez a amnésia – para sermos bem caridosos e esperançosos naquilo que há de possivelmente melhor no meio militante anarquista – tenha afetado inclusive companheiros e companheiras que presenciaram e combateram os desalojamentos e as suas tentativas durante mandatos anteriores do Eduardo Paes: durante o Grito dos Excluídos, a ocupação Luisa Mahin sofria um ataque e os seus gritos eram abafados pela ritualização do Grito dos Excluídos, ocasionando, desta forma, um espantoso ensurdecimento diante do grito dos excluídos e excluídas a não muitos metros de distância do ato. Ensurdecimento este resultante de uma falência múltipla dos órgãos ou, melhor dizendo, das organizações anarquistas, cuja hemiplegia já é perceptível há algum tempo, embora negada por essas mesmas organizações.

Especulação Imobiliária e Novo Ataque do Estado

Na última quarta-feira, dia 3 de setembro, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a constitucionalidade do absurdo projeto de lei N° 40/2025, proposta pelo governador Cláudio Castro. O projeto prevê a venda de 48 imóveis estaduais. Na sua lista incluem prédios históricos, terrenos, áreas desativadas da segurança pública e até uma ilha. Um exemplo é a possível perda do imóvel que serve de sede para o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, localizado na rua da Carioca, no Centro. Rodrigo Amorim (União), atual presidente da CCJ, quer que a Aldeia Maracanã seja incluída no projeto. Não é nenhuma surpresa esse desejo dele, posto que ele já ameaçou diversas vezes a Aldeia ao passear com seus capangas em torno do território, numa tentativa de amedrontar os integrantes da Aldeia. O Capital não poupará esforços para que esse projeto siga como um trator sobre os movimentos sociais e os corpos daquelas e daqueles que lutam por moradia.

Os gritos de excluídos e excluídas não foram escutados – ou foram, mas ignorados – por outros excluídos, ou que assim se afirmam. Atitude essa que não nos surpreende, mas não deixa de nos causar frustração e tristeza. Claro que, aqui, não estamos “cobrando” que certos segmentos do movimento social e da militância anarquista façam um trabalho para além do que se propõem. Compreendemos as dificuldades presentes na execução das tarefas. As violências do Estado não nos surpreendem, mas sim as que cometemos contra nós mesmos, seja por omissão e silêncio, seja por punitivismo. Apesar das críticas à cultura do cancelamento bastante presentes entre nós, temos observado indivíduos que se ocupam de queimar uns aos outros mediante qualquer situação de discordância ou questionamento referente a decisões tomadas pelas organizações que compõem. Este texto mesmo, muito provavelmente, será lido com o intuito de encontrar de quem é a sua autoria, tratando como secundária ou suspendendo a autocrítica nele presente. Percebam: autocrítica, pois não nos colocamos fora da crítica apresentada. A atitude punitivista e reativa, sim, deveria nos surpreender, pois não reflete em nada os princípios que direcionam nossa luta. Portanto, o mínimo que esperamos é uma coesão entre aquilo que defendemos e aquilo que praticamos. A crítica deve servir para identificar os limites de determinada posição e superá-la, não para simplesmente negá-la. Isso seria ingênuo e confortável demais.

Façamos um trabalho para além do que nos propomos – e nem entraremos na discussão de se as organizações existentes ao menos cumprem ou tentam cumprir aquilo ao que se propõem, o que talvez fosse motivo para um outro texto. Mas, se não estivermos de fato juntos, se não nos preocuparmos uns com os outros, se não exercermos o apoio mútuo, então o que queremos dizer quando empregamos o termo “solidariedade”? A preocupação parece, portanto, ser mais da ordem da linguagem do que de ordem prática e política – não que a linguagem seja dispensável, mas a anulação da prática em prol do emprego de determinados termos por mera convenção é totalmente ineficiente, do ponto de vista político, que é o que nos importa. “Solidariedade” se tornou sinônimo de uma preocupação circunscrita por uma certa afinidade que não a de classe, mas sim pelo círculo de pessoas e coletivos que nos são “próximas”, isto é, que concordam com tudo que digamos. Veja, isto não significa uma defesa de “frentes populares” sem qualquer critério de adesão exceto o apelo a um populismo – o qual, cabe dizer, reforça uma dinâmica interclassista e prejudicial à luta contra o Capital, já que implica na sua conciliação necessariamente –, mas sim uma defesa da solidariedade de classe que se faça verdadeira, não apenas o título de uma nota ou postagem – isto quando há uma nota ou postagem, no melhor dos cenários.

O desalojamento da ocupação Luisa Mahin será a regra, caso não tomemos nenhuma providência coletiva. Não será nenhuma gestão do Estado à Esquerda do capital que impedirá que isso ocorra. Mas também não será a nossa seletividade de solidariedade o que provocará qualquer mudança significativa nessa realidade desgraçada.

Reiteramos: independentemente da discordância ideológica que tenhamos com o MLB e o PCR, a nossa defesa da classe trabalhadora é intransigente e é a ela que nos direcionamos quando pontuamos a falha política das organizações anarquistas – em especial, já que somos militantes anarquistas – em ignorar o que acontecia paralelamente ao Grito dos Excluídos. Sabemos dos problemas existentes no PCR. Contudo, como afirmamos, não é numa defesa da linha ideológica do PCR o que estamos argumentando a favor, mas sim numa defesa do proletariado desalojado, das famílias compostas por mulheres, crianças e idosos que foram espancadas pela polícia militar. Também sabemos dos problemas existentes nas organizações anarquistas no território dominado pelo Estado do Rio de Janeiro e como que muitos desses problemas simplesmente são empurrados para debaixo do tapete por uma condescendência do autoproclamado “movimento libertário”, abafando qualquer possibilidade de autocrítica. Não é somente o Estado o que nos inviabiliza a luta social: há desvios autoritários entre nós anarquistas que nos imobilizam, nos colocando para hibernar no Grande Inverno do neoliberalismo. Quando foi que nos permitimos uma equivalência com os partidos socialdemocratas – não importando quão revolucionários se proclamem – e sindicalistas conciliadores de classe que se ocupam única e exclusivamente de montar seus palanques eleitorais repletos de promessas falsas que direcionam a um futuro inalcançável através da democracia burguesa? Talvez a disputa à qual o companheiro especifista se referiu pudesse se concretizar nessa ação solidária.

Em que medida as organizações não têm se preocupado única e exclusivamente com a sua perpetuação, ignorando, assim, o motivo de existirem? Uma organização que se preze eficiente tem que compreender a finitude da sua existência. Se ela existe para combater um mal, a sua preocupação também deve ser em fazer-se desnecessária. Quando ela perde isso de vista, ela também deixa de se preocupar com a eficiência das suas ações e se ocupa de se manter, ainda que de maneira marginalizada. É preciso dizer que a marginalização parece ser confortável para algumas organizações anarquistas. Isso as isenta de assumirem grandes responsabilidades coletivas. A força de uma organização se encontra no reconhecimento da sua vulnerabilidade, o que não pode coincidir com uma postura vitimista ou melancólica de lamento. Se “juntos somos mais fortes” e esse estar junto não tem nos fornecido forças, não tem nos potencializado, talvez não estejamos realmente juntos, mas apenas agregados num ambiente.

Certo é que, às vésperas da primavera, nós, militantes anarquistas preocupados com uma ação coesa, não pretendemos nos manter nessa glacialização.

A Aliança Trans Proletária (ATP), como o próprio indica, é uma aliança entre pessoas trans proletárias que afirma que as relações sociais de poder dos gêneros, raças, sexualidades, nações, geracionais etc. são precisamente formas particulares de relações de classe.

Fonte: https://transanarquismo.noblogs.org/post/2025/09/07/uma-autocritica-anarquista/

agência de notícias anarquistas-ana

outro assobio
escuto os passarinhos
sem dar um pio

Ricardo Silvestrin

[EUA] Entrevista com Pearson Bolt: “A anarquia é uma rica tapeçaria de vozes, perspectivas e tradições.”

Você poderia compartilhar um pouco mais sobre seu trabalho de organização e mídia?

Sim, olá! Meu nome é Pearson Bolt (ele/elu). Sou escritor, professor, pai, queer e anarquista, entre muitas outras coisas maravilhosas. Atualmente, faço muito trabalho de organização sindical com a AAUP (Associação Americana de Professores Universitários) e trabalho de ajuda mútua com a MADR (Ajuda Mútua em Situações de Desastre). Também reativamos um grupo do Food Not Bombs (Comida, e Não Bombas) em nossa comunidade local no centro-oeste. No que diz respeito ao trabalho na mídia, eu costumava apresentar um podcast chamado Coffee with Comrades (Café com Camaradas), que você pode encontrar em qualquer lugar onde se ouve podcasts. Também estou constantemente escrevendo. Tenho alguns livros de poesia publicados pela Rebel Hearts Publishing e estou sempre trabalhando em um romance de fantasia que (espero) verá a luz do dia em algum momento no futuro.

Como você descreveria suas opiniões/orientação política e por quê? Você tem influência de algum/a/e teórico/a/que ou movimento?

Como eu disse, sou anarquista. Quando observo com sobriedade as ramificações materiais dos sistemas hierárquicos do mundo atual, sou tomado por um desejo irresistível não apenas de derrubá-los, mas de construir alternativas mais criativas, solidárias e centradas no ser humano. O poder é uma força corrosiva no mundo quando é acumulado para benefício próprio. Quando compartilhado, porém, o poder pode ser emancipador e transformar vidas. Sempre nutri uma forte repulsa pela injustiça e uma curiosidade constante que busca a verdade, não importa aonde ela me leve. Como regra geral, acho que as pessoas agem da melhor maneira possível, dadas as circunstâncias em que se encontram. Se construirmos um mundo que incentive e recompense a compaixão, a solidariedade, a justiça e a libertação, em vez da misantropia, do individualismo implacável, da corrupção e das prisões, então a humanidade estará muito mais propensa a buscar maneiras de viver, pensar e ser que estejam em harmonia com este planeta e com todos os seres vivos que o habitam.

A anarquia é uma rica tapeçaria de vozes, perspectivas e tradições. Não existe uma concepção monolítica do que a anarquia deve ser ou significar. Isso torna a anarquia única nos espaços de esquerda, já que muitas tradições radicais de esquerda tendem a traçar sua linhagem ideológica até uma pessoa específica ou um pequeno grupo de pessoas. Gosto de pensar no anarquismo como esporos fúngicos, propagando-se e transformando os resíduos mortos do mundo em algo novo e belo. Como tal, há muitos teóricos ou filósofos que me vêm à mente. Mas, para fins de conversa, listarei alguns dos meus favoritos antiautoritários: Albert Camus, Ursula K. Le Guin, Gilles Deluze, Robin Wall Kimmerer, Francisco Ferrer, Carla Joy Bergman, Paulo Freire, bell hooks, etc. Dito isso, muitas vezes procuro meus amigos e companheiros em busca de inspiração e conhecimento, pois a melhor análise para os dias de hoje é frequentemente forjada no cadinho da luta mútua pela emancipação universal.

Em quais projetos anarquistas (incluindo seu podcast) você participou e como foi essa experiência? Quais experiências você considerou significativas e produtivas, e por quê?

Nossa, são tantas que nem consigo contar. Sempre acho estranho e um pouco presunçoso “exibir” toda a minha credibilidade anarquista nas ruas, mencionando todos os diferentes encontros, mobilizações, projetos e comunidades que frequentei (além disso, há vários que simplesmente não devo relatar publicamente aqui). Mas fico mais do que feliz em falar sobre as experiências que foram pessoalmente significativas e produtivas, na esperança de que elas possam ressoar em outras pessoas e inspirar ações, análises ou a construção de comunidades.

A grande experiência que me vem à mente é o MADR. Tendo crescido na Flórida, éramos constantemente assolados pelo horror dos furacões. A magnitude da destruição pode ser aterrorizante de se ver no silêncio após a passagem do furacão. Mas uma das coisas que o MADR faz é organizar ajuda para as pessoas afetadas pelos furacões. Como eu mesmo precisei de ajuda quando era jovem, senti-me atraído por esse trabalho. Poucas coisas são tão gratificantes e enriquecedoras quanto ouvir as necessidades das pessoas e ajudar a atendê-las com um pequeno grupo de companheiros. Também acho a ideia de “solidariedade, não caridade” especialmente edificante.

Qual foi a ação ou projeto mais recente do qual você participou e como foi essa experiência?

Bem… para ser sincere, tem sido bastante decepcionante.

O estado de Ohio aprovou recentemente uma legislação abertamente fascista que visa privar professores e alunos de seus direitos e dar poder à direita reacionária para perseguir professores com assédio e possível demissão, sob o pretexto de um projeto de lei do Senado “anti-woke” e “anti-DEI”. A administração da nossa universidade tem sido (na melhor das hipóteses) totalmente covarde ou (na pior das hipóteses) ativamente cúmplice diante desses acontecimentos, optando por se curvar ao estado em vez de proteger nosso corpo docente e nossa comunidade estudantil.

Eu me envolvi com o grupo Food Not Bombs (Comida, Não Bombas) de Orlando, Flórida, quando tinha 15 ou 16 anos, logo depois que a polícia prendeu alguns companheiros do FNB por compartilhar comida com moradores de rua sem permissão. A desumanidade de tal ato me chocou e me levou às ruas. O FNB continuou seu bom trabalho, desafiando as autoridades e escolhendo a convicção moral em vez da legislação mesquinha do estado. As fileiras da filial cresceram. A repressão da polícia saiu pela culatra de forma espetacular, fortalecendo a filial e criando um verdadeiro senso de solidariedade entre pessoas com casa e em situação de rua daquela comunidade. Embora a justificativa da administração para isso seja: “Oh, temos que seguir a lei, caso contrário perderemos nosso financiamento”, qualquer pessoa com dois neurônios funcionando sabe que isso é apenas uma desculpa conveniente para abdicar de qualquer responsabilidade pela proteção da vida, educação e interesses de pesquisa dos professores e alunos no campus. Além disso, a administração não está apenas “cumprindo” a lei. Ela está se apressando para cumprir e, em muitos casos, excedendo o cumprimento da lei para apaziguar o Conselho de Curadores, que é composto por conservadores idiotas nomeados para seus cargos pelo governador conservador de Ohio. Junte isso a um ano de negociações incrivelmente difíceis, enquanto tentávamos elaborar um novo CBA (acordo coletivo de trabalho) com a administração, e o resultado foi… um ano bastante adverso!

Para ser sincero, oscilo entre a raiva e a desilusão. Embora tenha sido encorajador ver muitos dos meus colegas e camaradas unirem-se à causa dos direitos dos professores e dos estudantes, simplesmente não éramos suficientes. Na imaginação popular dos liberais e outros idiotas de direita, a universidade é um bastião da ideologia esquerdista. Como alguém que leciona há mais de uma década no sistema universitário público dos Estados Unidos, eu ficaria feliz em desmistificar essa noção tola e insípida para qualquer um dos seus leitores, mas acho que estaria apenas pregando para convertidos. A realidade, como todos sabemos, é que o “ensino superior” há muito foi capturado pela classe capitalista e é usado não como uma instituição de exploração, educação e crescimento, mas como uma ferramenta para explorar impiedosamente as pessoas com mensalidades altíssimas. Digo tudo isso para enfatizar que não existe uma grande conspiração marxista na academia. Na verdade, a universidade é composta principalmente por liberais e progressistas bem-intencionados que muitas vezes carecem de uma análise crítica real do capitalismo. Embora isso esteja mudando à medida que mais e mais pessoas — de todas as classes sociais — se radicalizam pelas contradições atuais de nossos tempos contemporâneos, simplesmente não éramos suficientes para impedir o estado de aprovar essa lei incrivelmente impopular, muito menos para impedir a administração de ceder covardemente.


Então, é. Não tão bom.

Que conselho você daria para novos anarquistas ou para aqueles que estão em dúvida se querem se envolver?

Não gostaria de terminar com um comentário negativo, então vou pegar emprestada uma ideia dos camaradas da CrimethInc. “Para mudar tudo”, diz seu elogiado tratado anarquista, “comece em qualquer lugar”. Acho que muitas vezes esquecemos que o anarquismo não é apenas uma ideologia política. A beleza disso, na minha opinião, é que a anarquia nos pede para repensar nossa relação com todos os seres (humanos e não humanos) e nos entender como semelhantes. A anarquia é um convite para derrubar muros, como observou Ursula K. Le Guin em Os Despossuídos, e derrubar hierarquias sociais. O patriarcado, a cisheteronormatividade, a supremacia branca, o colonialismo, o capacitismo, o etarismo e uma série de outras hierarquias sociais invadem nossas vidas, de forma generalizada e muitas vezes devastadora. Mas é nossa obrigação moral, como anarquistas, lutar contra essas estruturas onde quer que elas apareçam e derrubá-las antes que possam cuspir veneno em nossos olhos e nos roubar a capacidade de ver um amanhã mais brilhante surgindo no horizonte.

Fonte: https://debatemebro.substack.com/p/interview-with-pearson-bolt

Tradução > transanark/acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Paira no ar por um instante
A figura de um menino,
Saltitante.

Sérgio Sanches

[Reino Unido] Pré-venda: “Anarquia em Alifuru: A História das Sociedades Sem Estado nas Ilhas Maluku”, de Bima Satria Putra

Nos vastos mares das Ilhas Maluku encontra-se uma história esquecida: não de reis e sultões, mas de pessoas que viveram sem eles.

Anarquia em Alifuru resgata as histórias das sociedades sem Estado do leste da Indonésia, revelando um mundo no qual a autoridade política era conquistada, não herdada, e as comunidades prosperavam por meio do consenso, em vez do comando. A partir de antigos relatos de viagem europeus, folclore oral e antropologia anarquista, Bima Satria Putra nos convida a entrar em um reino onde o poder era compartilhado e a hierarquia era opcional. Esta obra inovadora inverte o roteiro da historiografia indonésia convencional. Em vez de se concentrar em sultanatos como Ternate e Tidore, explora o Mundo Alifuru: um mosaico vibrante de sociedades insulares descentralizadas que escolheram a autonomia no lugar da submissão. Com relatos vívidos de deliberações comunitárias e liderança igualitária, Putra ilustra como essas sociedades resistiram tanto à construção do Estado islâmico quanto à conquista colonial europeia, se recusando serem governadas.

Anarchy in Alifuru é uma meditação sobre a liberdade e o desejo humano de viver sem dominação. Para os leitores de James C. Scott e David Graeber, este livro oferece um poderoso testemunho da engenhosidade de sociedades tanto descartadas como primitivas. Em um mundo cada vez mais moldado pelo poder centralizado, a história dos Alifuru nos lembra que outra forma de organizar a vida não só já existiu, como prosperou.

Bio: Bima Satria Putra é escritor, pesquisador e tradutor. Tem interesse no estudo de história, antropologia e ecologia. Entre suas obras estão: Perang yang Tidak Akan Kita Menangkan: Anarkisme & Sindikalisme dalam Pergerakan Kolonial hingga Revolusi Indonesia (1908-1948) [A guerra que não vamos vencer: anarquismo e sindicalismo, do Movimento Colonial até a Revolução Indonésia] e Dayak Mardaheka: Sejarah Masyarakat Tanpa Negara di Pedalaman Kalimantan [Dayak Mardaheka: história de uma sociedade sem Estado no interior de Kalimantan]. Atualmente, ele está realizando pesquisa sobre o Projeto Tribos do Fogo e continua comprometido com a escrita enquanto cumpre pena de 15 anos de prisão.

Informações para pedidos no Reino Unido (enviar email para encomendas internacionais) Disponível direto na Minor Compositions (no Reino Unido) pelo preço especial de £10.

Pré-encomendas do livro em agosto e setembro de 2025. Quem fizer a pré-encomenda direto à Minor Compositions receberá uma versão especial do livro sem código de barras. 50% dos lucros das vendas do livro serão destinados ao apoio a companheiros anarquistas presos na Indonésia.

Você também pode baixar aqui: Anarchy in Alifuru (https://archive.org/details/anarchy-in-alifuru).

136 pages, 5.5 x 8.5, paperback
UK: £16/ US: $21
ISBN 978-1-57027-395-7

O lançamento do livro no mercado será em 1º de fevereiro de 2026

minorcompositions.info

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Vento invernal:
canção nos galhos desnudos
traz a chuva aos olhos

O Livreiro

Observatório Ecopolítica. Ano XI, N° 154, Agosto, 2025.

Neste número: 

  • COP30 Brasil-Amazônia: uníssono 
  • Um passeio…
  • Brazil ou Brasil, tanto faz
  • A cobiça geral: financiamento climático (isso não é um pecado)
  • Qual oposição? sustentabilidade e protagonismo dos povos da Amazônia, do Brasil
  • Radar

COP30 Brasil-Amazônia: uníssono 

A COP30 da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém do Pará. O Brasil foi escolhido como o país sede do evento em dezembro de 2023, durante a COP28, em Dubai. Todavia, apenas em agosto de 2025, a três meses do início da Conferência das Partes, as buscas cibernéticas sobre a COP30 dispararam entre os internautas brasileiros, crescendo 440%, conforme dados divulgados pela Google. Em sua maioria, os curiosos tardios estão ou vivem no estado do Pará.

Alguém, que acompanhe as notícias e decisões acerca da Conferência, pode supor que o aumento das buscas por COP30 se vincule à ênfase midiática nos exorbitantes valores da hotelaria paraense, alvo de queixas das delegações de países pobres e de brasileiros que pretendem viajar a Belém no período do evento, e razão pelo qual certos países-membros chegaram a solicitar à ONU a transferência da cidade-sede. Mas esse tema aparece somente como o sétimo mais procurado. Tampouco foi a fugaz proibição de alimentos tradicionais da Amazônia brasileira — como o açaí, o tacacá e a maniçoba — dos menus oficiais da COP30 pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), sob justificativa sanitária de “risco de contaminação”. Em geral, a maioria dos brasileiros que lançou no buscador da Google “COP30” cruzou o nome do evento com perguntas como: ‘o que é COP30?’, ‘qual o significado de COP?’ ou ‘quando vai acontecer?’.

>> Para ler o informativo na íntegra, clique aqui:

agência de notícias anarquistas-ana

O brilho do salto
do peixe na cascata,
lâmina de prata.

Luiz Bacellar

Comunicado de solidariedade da Persaudaraan Pekerja Anarko Sindicalis (PPAS-AIT) sobre a resistência popular na Indonésia em agosto e setembro de 2025

5 de setembro de 2025

Dedicamos este comunicado de solidariedade àqueles que foram assassinados pelo Estado: Affan Kurniawan, Andika Lutfi Falah, Iko Juliant Junior, Muhammad Akbar Basri, Rheza Sendy Pratama, Rusdamdiansyah, Saiful Akbar, Sarina Wati, Septinus Sesa e Sumari. Que seus nomes sejam eternos e nunca sejam reduzidos a meros números.

A ilusão da representação popular através do parlamento entrou em colapso. A DPR [Câmara dos Representantes da República da Indonésia], com suas mãos temerárias, forja incessantemente políticas que destroem a população, ao mesmo tempo em que aprofunda o abismo da desigualdade social. Enquanto cada vez mais de nós sofremos a condenação de viver sob o sofrimento e a exploração do Estado e do capitalismo, a DPR revela sua verdadeira natureza como parasitas, vivendo do suor do povo, recebendo salários obscenos com nossos impostos, somas inimagináveis para a imensa maioria.

A polícia, da mesma forma, revelou-se nada mais do que os cães de guarda das elites dominantes e do Estado, respondendo à legítima raiva popular com brutalidade crua. O assassinato do entregador de mototáxi Affan Kurniawan em 28 de agosto de 2025 (uma faísca lançada na caixa de madeira de uma fúria há muito acesa pelo Estado) foi respondido não com justiça, mas com cassetetes, punhos, gás lacrimogêneo e balas, deixando corpos mortos e mutilados em questão de dias.

O envio da polícia e do exército, armados com seu arsenal de armas e violência, aproxima o Estado da repressão fascista. Ao mesmo tempo, o Estado busca monopolizar a “verdade”, atacando a liberdade de imprensa e restringindo as redes sociais que divulgam notícias sobre a raiva popular e a podridão do Estado e de suas elites. Essa repressão é seguida por prisões arbitrárias de ativistas rotulados como provocadores da raiva do povo, pela detenção de centenas de manifestantes e pelo desaparecimento de dezenas de pessoas cujo paradeiro é desconhecido.

Por meio deste comunicado, a PPAS condena veementemente cada instrumento de repressão estatal. Choramos, honramos e nos enfurecemos por todos aqueles que foram mortos pelo Estado durante os levantes de 25 de agosto a 3 de setembro de 2025. Permanecemos firmes em solidariedade com as vítimas de prisões arbitrárias e com todos os desaparecidos.

Por tudo isso, a PPAS levanta a voz e pede justiça, exigindo:

1. Retirar do Parlamento seu falso mandato representativo;

2. Fim das prisões forçadas de ativistas e manifestantes;

3. Liberdade para aqueles que estão presos;

4. Devolução dos companheiros desaparecidos;

5. Retirada do financiamento policial e militar e desarmamento;

6. Esmagamento do fascismo estatal em todas as suas formas de repressão.

Que a justiça seja devolvida àqueles a quem é devida. Exijamos o impossível! Porque, no final, restam apenas dois caminhos: o da vitória dos oprimidos e explorados sob o Estado e o capitalismo ou o caminho do triunfo do fascismo.

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

Borboleta azul
raspa este céu de mansinho
insegura e frágil.

Eolo Yberê Libera

Notas sobre a luta de classes na Indonésia – de Paul O’Banion

06 de setembro de 2025

Menos de um ano após assumir o cargo, o presidente indonésio Prabowo Subianto enfrenta os protestos antigovernamentais mais combativos dos últimos anos. As recentes manifestações de rua são causadas pela incrível desigualdade do país e pelo domínio de uma classe política entrincheirada. A desigualdade na Indonésia é extrema, e a diferença entre ricos e pobres só aumenta. Enquanto a classe média encolhe, a elite fica cada vez mais rica e arrogante. Recentemente, o parlamento aprovou um aumento substancial nos subsídios mensais de moradia, elevando sua renda mensal total para mais de 100 milhões de rúpias, ou seja, mais de 6 mil dólares. Enquanto isso, o salário médio mensal dos trabalhadores em fevereiro de 2025 era de 3,09 milhões de rúpias, menos de US$ 200. A taxa de desemprego do país oscila em torno de 15%, sendo maior entre os jovens, e a mais alta do Sudeste Asiático.

Na manhã de quinta-feira, 28 de agosto, sindicatos se reuniram pacificamente em frente ao prédio do parlamento para pedir salários mais altos, reforma tributária e cumprimento das leis trabalhistas existentes. Depois que os trabalhadores se dispersaram, estudantes se reuniram em torno do prédio, exigindo o cancelamento dos novos subsídios de moradia dos políticos e a dissolução do parlamento. Naquela noite, Affan Kurniawan, motorista de Ojek (serviço online de entrega/táxi por motocicleta) de 21 anos, foi atropelado e morto por um canhão de água da polícia de 14 toneladas e um veículo de controle de distúrbios. Um colega seu sofreu fratura em uma perna.

Probowo, que foi um dos generais mais poderosos, há 30 anos, demitido do cargo por seu envolvimento no desaparecimento de ativistas estudantis pró-democracia, o presidente agora afirma estar “chocado e surpreso” com a morte do motorista de Ojek. Ele pede calma e ordenou uma investigação sobre questões “éticas” relacionadas à morte de Affan. A súbita eclosão de ações em toda a península o obrigou a visitar a família do motorista assassinado e prometer que receberiam apoio do governo pelo resto da vida. O cortejo fúnebre de Affan foi composto por centenas de motoristas de motocicleta Ojek vestindo uniformes verdes.

Esses trabalhadores marginalizados enfrentam diariamente a desigualdade gritante da Indonésia. Pegam comida em shoppings luxuosos e entregam em casas de classe média. A sua situação financeira é tão precária que, em 8 de dezembro de 2024, Darwin Mangudut Simanjutak morreu de fome em Medan enquanto esperava pelo pedido de um cliente. Na noite anterior à sua morte, havia reclamado a um amigo que não tinha comido porque não tinha dinheiro. Seis meses depois, em 20 de maio de 2025, milhares de motoristas que trabalhavam para a plataforma online Gojek foram às ruas em 18 cidades. O Sindicato dos Motoristas Online da Indonésia informou que pelo menos 12 morreram por fadiga, pois os trabalhadores às vezes ficavam 18 horas por dia no trabalho. Esses motoristas representam milhares de outras pessoas privadas dos benefícios do desenvolvimento econômico do país. Por muitos anos, lutaram por melhorias dos salários e das condições de trabalho, mas acabaram sofrendo com os recentes aumentos de impostos e reduções salariais.

Apesar do apelo do presidente à calma, as pessoas se recusaram a obedecer. Após o assassinato de Affan, grafites com a palavra “Pembunuh” (assassino) apareceram repentinamente nas ruas de muitas cidades. Uma importante organização estudantil convocou todos os cidadãos a se juntarem a eles nas ruas, observando que “uma instituição que deveria proteger se transformou em carrascos uniformizados, pisoteando a dignidade dos cidadãos civis”.

Manifestações e protestos aconteceram na sexta-feira, 29 de agosto, em todo o arquipélago. Os prédios dos parlamentos regionais foram incendiados e o parlamento nacional, em Jacarta, foi cercado e sitiado. Dezenas de estações de ônibus e metrô foram destruídas, assim como pedágios de rodovias e prédios da polícia cuidadosamente selecionados. O subsolo e o primeiro andar de uma grande delegacia de polícia a leste de Jacarta foram fortemente danificados pelo fogo. Centenas de manifestantes se reuniram ao lado de fora da sede da Brigada Móvel (Brimob) da Polícia de Jacarta, unidade responsável pela morte de Affan, jogando fogos de artifício enquanto a polícia respondia com gás lacrimogêneo. Um grupo determinado de manifestantes, gritando “Pembunuh”, tentou derrubar os portões da famosa unidade e arrancou uma placa da parte externa do prédio. Os protestos se espalharam para outras grandes cidades, incluindo Bandung, em Java Ocidental, Semarang, em Java Central, Surabaya, em Java Oriental, e Medan, em Sumatra do Norte. Em Yogyakarta, as pessoas cercaram a sede da polícia regional por cinco horas. Diversos veículos do governo, um centro de atendimento policial e um posto de trânsito foram incendiados. Barreiras de água também foram atacadas, forçando o fechamento do anel viário norte.

No dia seguinte, sábado, 30 de agosto, a raiva do povo continuou a se expressar. Grandes edifícios que abrigavam o parlamento regional e a câmara municipal em Makassar, Sulawesi, foram incendiados. Três funcionários do governo ficaram presos nos edifícios e saltaram do terceiro andar, encontrando a morte. Outra pessoa foi confundida com um espião da polícia e morreu, atacada pela multidão. Em Solo, cidade natal do ex-presidente Jokowi, o prédio do parlamento também foi incendiado. Em Jambi, a residência oficial do vice-governador, foi queimada. Em Martaram, manifestantes incendiaram o enorme parlamento regional. Em todo o país, dezenas de motocicletas, carros e ônibus foram queimados.

Em coletiva de imprensa televisionada, 30 de agosto, o chefe da polícia do país e o comandante do exército se recusaram a pedir desculpas pela violência estatal assassina. Em vez disso, culparam os anarquistas. Ao amanhecer, cidadãos atônitos observaram dezenas de carros queimados cercados por pedras e fragmentos de garrafas em muitas áreas urbanas. Enquanto as equipes de noticiários de televisão avaliavam os danos causados pelas brigas de rua, suas manchetes declaravam uniformemente: “anarquistas prejudicam o bem público”.

A arrogância da elite provoca a reação popular

Depois que os estudantes pediram a dissolução do parlamento, Ahmad Sahroni, influente membro do parlamento, chamou essa perspectiva de “mentalidade tola… Esse tipo de pessoa é a mais estúpida do mundo”. Depois de repetir seu comentário, Sahroni partiu para Cingapura. Enquanto estava fora, centenas de pessoas indignadas invadiram a sua residência particular. Elas a saquearam enquanto os soldados ficavam parados, implorando para que não queimassem a casa. O exército assistiu enquanto as pessoas levavam a banheira, a geladeira, a máquina de lavar, os móveis e bolsas de grife caras. Um relógio avaliado em mais de US$ 300 mil estava entre os itens apropriados. Dólares e rúpias liberados foram jogados ao ar para que todos pudessem compartilhar o dinheiro expropriado.

Eko Patrio, outro membro do parlamento e influente nas redes sociais, foi DJ de uma festa dançante no parlamento após a aprovação dos aumentos salariais. A comemoração ostensiva levou as pessoas a se reunirem na sua residência. Ele interagiu com os manifestantes, alegando que “todos produzem conteúdo”. Depois de partir para a China, sua residência foi saqueada. As pessoas também invadiram a casa da ministra das Finanças, Sri Mulyani, e de Uya Kuya, levando todos os seus pertences.

Declarações públicas grosseiras feitas por altos funcionários do governo indonésio têm sido constantemente notícia. Quando o ministro do Desenvolvimento Humano, Pratikno, foi questionado por um jornalista sobre um grande verme que matou uma criança, ele riu publicamente. Pratikno apontou para os “olhos cansados” antes de cair na gargalhada. A criança de cinco anos, chamada Raya, tinha sido diagnosticada com tuberculose. Uma vez no hospital, um verme começou a sair pelo nariz. Após a morte, foram encontradas tênias com aproximadamente um quilo dentro do corpo. O ministro da Saúde do país afirmou posteriormente que a causa da morte tinha sido uma infecção, e não os vermes.

Embora ninguém saiba o que acontecerá a seguir, equipes de limpeza trabalham em ritmo frenético para limpar as ruas de veículos queimados e reparar a infraestrutura de transporte público. Das mais de 500 pessoas feridas, dezenas ainda hospitalizadas, conforme a Organização de Paramédicos de Rua. Negociações para a libertação de mais de 600 pessoas presas e para a punição dos policiais envolvidos na morte de Affan estão em andamento. Uma testemunha ocular do assassinato de Affan afirmou publicamente que o veículo da Brimob “de repente acelerou no meio da rua sem prestar atenção à multidão reunida”. Autoridades detiveram sete policiais da Brimob por questões “éticas” relacionadas à morte do motorista. Não é de surpreender que os investigadores do governo ainda nem tenham determinado quem estava ao volante.

Reformas políticas de pouca importância para os pobres foram rapidamente divulgadas. Probowo suspendeu os novos subsídios de moradia. Eko foi suspenso do cargo de secretário-geral do Partido Mandato Nacional (PAN). Aparentemente, a gota d’água foi quando as pessoas criticaram os membros do parlamento por dançarem para comemorar o aumento do subsídio de moradia. Eko postou um vídeo zombando das pessoas irritadas com a dança. Ahmad Sahroni também foi suspenso do parlamento pelo seu partido NasDem, alegando que suas declarações “ofenderam e feriram os sentimentos do povo”. Outra integrante do partido, Uya Kuya, foi mostrada dançando com uma legenda dizendo: “apenas dancem, vocês achavam que 3 milhões de rúpias por dia era muito”. Ela também foi suspensa.

Novas medidas repressivas também foram promulgadas. Probowo alertou que os protestos poderiam ser considerados “traição e terrorismo”. Agora, Jacarta é patrulhada por três patrulhas móveis recém-criadas, compostas por centenas de policiais fortemente armados. O chefe de polícia do país ordenou que os policiais atirassem com balas de borracha em qualquer pessoa que entrasse na sede da Brimob. A Universidade da Indonésia suspendeu todas as aulas presenciais e as substituiu por formatos online, pelo menos pela próxima semana. Ao mesmo tempo, relatórios preliminares indicam que os protestos continuam a eclodir em todo o arquipélago.

É evidente que as recentes manifestações nas ruas e os saques alimentaram o medo entre a elite e a classe média. A revolta também proporcionou nova energia e orgulho aos motoristas de Ojek e aos cidadãos marginalizados, uma mudança palpável que pode ser um dos seus resultados mais importantes. Prabowo cancelou uma viagem a Pequim, onde há muito planejava participar de uma cúpula de líderes de países que se opõem às ações imperialistas dos Estados Unidos. Embora tenha expressado simpatia pela família de Affan, ele também prometeu que respostas firmes serão dadas aos “atos anarquistas”, danos a instalações públicas e saques de propriedades públicas e privadas. Muitas pessoas temem que, se os protestos militantes continuarem, a violência estatal possa se tornar ainda mais assassina.

Fonte: https://voidnetwork.gr/2025/09/06/notes-on-class-struggle-in-indonesia-by-paul-obanion/

Tradução > CF Puig

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

Num atalho da montanha
Sorrindo
uma violeta

Matsuo Bashô

Abolir o Parlamento! Atualização sobre a onda de rebelião na Indonésia

Esta onda de rebelião, que começou no final de agosto de 2025, foi causada pelo acúmulo de raiva em relação a questões políticas e econômicas. Não foi somente um problema. Tudo piorou com um aumento maciço dos impostos para habitação em toda a região, devido ao déficit orçamentário do governo. Ao mesmo tempo, os membros do parlamento receberam um aumento equivalente a dez vezes os salários. Isso foi exacerbado por declarações muitas vezes arbitrárias dos funcionários. Por exemplo, o Regente de Pati disse que os impostos não seriam reduzidos, mesmo que ocorresse manifestação em massa de 50.000 pessoas. Pati foi a primeira cidade a explodir com uma participação de cerca de 100.000 pessoas em 10 de agosto de 2025. Os protestos contra o aumento de impostos se espalharam para a cidade de Bone e depois a outras. Em manifestação em Jacarta, um trabalhador do transporte foi morto após ser atropelado por um veículo da polícia. No dia seguinte, as manifestações se espalharam por muitas cidades e continuam até hoje, enquanto atualizamos. Pelo menos dez civis foram mortos, as casas de muitos funcionários foram saqueadas e alguns escritórios da Câmara dos Representantes foram parcial ou totalmente queimados. Estávamos confiantes de que essa rebelião diminuiria, mas a raiva do público não.

Existem muitas organizações, redes e grupos formulando demandas. Cada cidade tem as próprias demandas exclusivas. Há duas demandas revolucionárias: a primeira, do Perserikatan Sosialis (PS) e outra, livre, informal e descentralizada, que emitiu a Declaração da Revolução Federalista Indonésia de 2025, que pede a dissolução do Estado unitário e do sistema DPR e pede sua substituição por um Confederalismo Democrático de milhares de conselhos populares para a estabelecer democracia direta. Os liberais progressistas pedem um apelo mais reformista, a demanda 17 + 8. Anarquistas insurrecionais, individualistas e pós-esquerdistas se concentram em ataques e confrontos de rua, pedindo a destruição do Estado e da civilização, mas sem se preocupar com uma plataforma ou programa. Não há frente única, mas evitamos o sectarismo ideológico excessivo.

Embora não haja questão única, o discurso se concentra simultaneamente em três: aumento de impostos, violência policial e, o mais importante, a dissolução da Câmara dos Deputados. Nós, da Perhimpunan Merdeka ainda não nos posicionamos, mas participamos de todas as manifestações nas respectivas cidades, usando-as para expandir a rede. Convocamos a solidariedade dos movimentos populares globais para apoiar a nossa luta na Indonésia por meio de uma variedade de táticas e métodos.

Viva a revolução!

Perhimpunan Merdeka

Fonte: https://perhimpunanmerdeka.org/2025/09/02/statement-august-2025-protest/

Tradução > CF Puig

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

Vermelho e negro
nas asas da andorinha:
cores sem fronteira.

Liberto Herrera

[Reino Unido] Utopias do futebol: dentro e fora do campo com o Republica e o Cowfolk

As equipes compartilham uma amizade única, baseada em prioridades antifascistas e ativistas, propiciando ambiente acolhedor para identidades que não se encaixam na trajetória esportiva típica.

Alice Hoole ~

Os Easton Cowboys and Cowgirls (Cowfolk) e a Republica Internationale foram fundados há 40 anos em Bristol e Leeds, respectivamente. Alguns dos membros originais eram punks, anarquistas, socialistas e squatters (membros de ocupações); identidades que oscilavam nas margens da sociedade, e nem sempre associadas ao esporte. Os fundadores queriam rejeitar muitas das características tóxicas do futebol, como a hipermasculinidade, a homofobia, o racismo, o nacionalismo, o capitalismo e a mentalidade esportiva típica de manter o domínio a todo custo.

Com a experiência em organização faça você mesmo, DIY, as equipes estamparam e costuraram os próprios uniformes, produtos e faixas; criaram os próprios torneios celebrando a amizade, a solidariedade e o amadorismo com troféus artesanais; e combinaram as identidades das equipes com as cenas políticas e musicais locais DIY.

Cada equipe tem história e cultura únicas, já documentadas por Mick Totten, Beth Simpson e Michael McMahon. Mas o que ambas têm em comum é a amizade singular baseada em prioridades antifascistas e ativistas, propiciando lar seguro para identidades que não se encaixam na trajetória esportiva típica.

Embora os fundadores de ambas as equipes sejam homens, muitas mulheres e jogadores de gênero diverso assumiram funções organizacionais importantes e ajudaram a construir esses clubes até o que são hoje. Como organizadora da Republica, tive o privilégio de entrevistar algumas dessas vozes para a minha pesquisa. Ao representar as suas vozes, podemos começar a corrigir o desequilíbrio representativo de mulheres e jogadores de gênero diverso nas discussões sobre futebol radical.

Como foi dito a mim por participante: “Você pode estar em um espaço de futebol, um espaço punk, um espaço anarquista e, às vezes, uma merda de clube só para homens. Mas se você se levantar, coletivamente, como no DIY, o “faça-junto” (Do It Together), dá para mudar isso. Nós também nos organizamos bem, às vezes, até melhor, e talvez possamos ajudar a tornar esse espaço um pouco melhor para todes” [gênero atribuído pela tradução].

Ativismo e cuidado

O ativismo é parte integrante do clube. Desde apoiar equipes formadas por refugiados, organizar refeições comunitárias e campanhas de arrecadação de roupas de inverno até manifestações antifascistas e bailes Queer para arrecadar fundos, esses grupos radicais de esquerda estão envolvidos em muito mais do que só futebol. “A política do clube”, diz um dos organizadores, “é a que somos um grupo de pessoas unidas porque todos queriam jogar futebol e, assim, um grupo de pessoas podia tomar medidas alinhadas a essas crenças”.

Além do ativismo comunitário local, tanto o Cowfolk quanto o Republica têm longa história de solidariedade internacional. Mais notavelmente, ambos os clubes fizeram diversas viagens juntos para a Palestina para mostrar solidariedade em face à ocupação. Um organizador comentou: “Assim como na viagem à Palestina, usamos o futebol para quebrar as barreiras entre nós. Obviamente, a vida das mulheres na Palestina é muito diferente da nossa vida aqui, mas usar essa partida de futebol é uma forma de dizer ‘isso é algo que todos nós amamos fazer e vamos fazer juntos’. Ou mesmo para dizer: ‘estas são algumas das dificuldades que enfrentamos como mulheres que tentam jogar futebol na Palestina’. Respondemos: ‘ah, sim, nós também temos esses problemas’. Encontramos semelhanças, boas ou ruins”.

Além do ativismo voltado para o exterior, alguns organizadores me falaram sobre o trabalho de gênero na criação de comunidades de cuidado. Como argumenta Ewa Majewska, as comunidades de cuidado e o trabalho emocional da ação antifascista e anarquista muitas vezes não são valorizados da mesma forma. “Se a história fosse contada por quem desempenhava os papéis, ela poderia parecer um pouco diferente”, aponta um organizador. “Mas isso não significa dizer que foram essas pessoas que fizeram o trabalho emocional”.

Documentar e celebrar esses atos de cuidado foi considerado tão importante quanto criar uma comunidade radical. Dentro dos clubes, isso foi vivenciado por meio do cuidado coletivo das crianças, do cuidado físico ou da entrega de pacotes quando as pessoas estavam fisicamente ou mentalmente indispostas, do apoio mútuo em eventos pessoais e profissionais e do acompanhamento dos ciclos menstruais ou das mudanças da menopausa umas das outras. Como comentou uma organizadora:

“É a alegria da comunidade e esse tipo de união das Cowgirls. Às vezes, sinto que as Cowgirls, especialmente quando envolvemos as pessoas, somos quase como um clã. Somos um bando de bruxas. As bruxas eram as ‘outras’, sempre intergeracionais, alternativas e sempre cuidando das pessoas”.

Torneios e locais seguros

Tanto o Cowfolk quanto o Republica se desenvolveram em uma rede internacional de clubes de esquerda semelhantes, que se reúnem todos os anos para torneios. Esses torneios estão mais para festivais autônomos de três dias, com atmosfera carnavalesca de bandas punk, DJs e outros entretenimentos, com tanta importância quanto o futebol.

“Para mim é como criar um pequeno mundo independente, muito diferente da vida normal”, disse um dos organizadores. “Você tem muitas pessoas muito mais velhas e amizades intergeracionais, há algo definitivamente reconfortante nisso. Muitas vezes sinto que é isso que posso fazer para continuar me atuando assim pelo resto da minha vida, e tudo bem.”

Outro organizador comentou: “O torneio em rede é como se você estivesse em uma utopia. Para mim, é uma comunidade utópica, como uma bolha, e quando saio dela, penso: ‘Ah, estou na sociedade normal novamente'”. Muitos organizadores defenderam que as vozes das mulheres e das pessoas Queer fossem centrais na organização desses espaços.

Um organizador disse: “Acho que algumas das questões de espaços anarquistas mais seguros que surgiram anteriormente foram que as únicas regras são ‘não seja babaca’, ou seja, historicamente, principalmente os homens. Agora tem pessoas com mais diversidade de gêneros chegando, e precisa explicar melhor, o que significa não ser ‘babaca’ hoje em dia?”

“Acho importante ter vozes femininas mais velhas e mais altas em um espaço antifascista, porque acho que muitos homens cis consideram esse espaço garantido. Nunca enfrentaram as mesmas barreiras no futebol. Por isso, acho que há muito empoderamento em usar o espaço como veículo para a mudança social.”

Para muitas das organizadoras com quem conversei, fazer parte das comunidades de futebol mudou suas vidas. Para a maioria, jogar futebol pela primeira vez foi um ato político e queer-feminista, mas também repleto de alegria. Esse sentimento de orgulho e alegria foi o que sustentou o seu ativismo duradouro.

Foto superior: Republica jogando contra um time feminino da Palestina da Universidade Diyar em 2017

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/08/25/football-utopias-on-and-off-the-pitch-with-republica-and-the-cowfolk/

Tradução > CF Puig

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

No meio da grama,
Surge uma luz repentina.
Vaga-lume acorda.

Renata Paccola

Solidariedade insurrecional com a Indonésia

Comunicado da FAI Indonésia:

Desde o dia 25, as chamas da rebelião têm queimado as forças opressoras na Indonésia, acendendo uma revolta feroz contra um regime que prospera com a violência e a subjugação. Este não é um momento passageiro; é o batimento cardíaco pulsante da resistência daqueles a quem há muito são negados os seus direitos. A perda de dez vidas nesta luta apenas aprofunda nossa determinação de enfrentar o Estado e seus capangas.

À medida que o governo desencadeia a brutalidade militar, sequestra ativistas e se envolve em uma sinistra guerra cibernética, somos lembrados: “A insurreição é a arma mais lógica das massas“. É hora de agir – nossa fúria deve se unir como uma força além das fronteiras!

Camaradas de todo o mundo, levantem-se! Ataquem os interesses indonésios onde quer que eles estejam. Interrompam a máquina da opressão com cada ato de desafio.

Juntem-se ao confronto, amplifiquem as vozes dos oprimidos e deixem claro: nossa resistência não conhece limites.

Juntos, podemos desmantelar a civilização tecnoindustrial!

Federasi Informal Anarkis

Conteúdos relacionados:

agência de notícias anarquistas-ana

É quase nada
a cara da libélula:
somente olhos. 

Chisoku

Novidade editorial: “Revolução, crime político e loucuras: os discursos criminológicos e o anarquismo no Brasil (1890-1930)”

Este será o primeiro livro publicado pela Editora Ácrata, marcando o início de seu projeto editorial.

Revolução, crime político e loucuras: os discursos criminológicos e o anarquismo no Brasil (1890-1930)

Eram loucos os anarquistas?

Por que foram vistos como perigosos, doentios, criminosos e degenerados sociais?

No livro, Bruno Corrêa de Sá e Benevides mostra como médicos, psiquiatras, juristas e magistrados da Primeira República brasileira construíram teorias que criminalizavam e patologizavam o anarquismo, a ideia de revolução e, num sentido mais amplo, o comportamento de insubordinação política.

Editora Ácrata

Contato: editora.acrata@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/p/DOIlfEKDlQd/?img_index=1

agência de notícias anarquistas-ana

Mata devastada

Vence a luta pela vida

Cachos do Ipê roxo

Kiyomi

[Chile] Santiago: Jornada de Comemoração por Claudia López – 6 de setembro

CLAUDIA LOPEZ
A 27 ANOS DO TEU ASSASSINATO


Neste 11 de setembro completam-se 27 anos da morte de Claudia Lopez pelas mãos da polícia (yuta), que covardemente atirou em suas costas enquanto ela participava, em 1998, de ações em La Pincoya que comemoravam os 25 anos do Golpe Militar.

Claudia foi assassinada justamente enquanto agia reivindicando a luta que sustentaram todos e todas que confrontaram a ditadura. Sua ação era contra o esquecimento, no meio de uma “transição” que fingia que um golpe era um governo militar, e que aqueles que se opunham a ele eram uns criminosos.

Nossa memória é negra, e não buscamos fazer da morte cerimônias solenes, mas manter vivas na ação as ideias insurgentes daqueles que morrem combatendo.

Abandonamos todo vitimismo, tampouco buscamos eleger mártires ou ídolos, nem mesmo aspiramos às migalhas daquilo que chamam de justiça. Lembramos nossos mortos e nossas mortas assumindo uma prática antagonista, com tudo o que isso implica.

Nossa memória é negra porque persegue sempre a liberação, resistindo àqueles discursos que buscam moldar bons cidadãos. Mais ainda, não apelamos para a memória como forma de definição identitária, pois a história não cai sobre nós como uma condena que nos reduz a ser produto.

Pelo contrário, a reivindicamos na medida em que nos abre caminhos de luta e rebeldia contra um esquecimento forçado. Esse esquecimento que pretende sobrescrever com sua história oficial de marcos e heróis todo rastro insurgente, para gerar bons cidadãos amantes da pátria, da democracia e do Estado.

Por tudo isso comemoramos Claudia, por sua vida de confrontação em momentos de pós-ditadura onde se buscava silenciar toda dissidência. Ergueremos seu nome nos territórios que habitou, para nos lembrar que a partir das periferias emerge o fogo da insurreição.

AS RUAS POR ONDE ANDASTE NÃO TE ESQUECEM

Fonte: https://lapeste.org/santiago-jornada-de-conmemoracion-por-claudia-lopez-6-septiembre/

Tradução > Liberto

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/09/08/chile-valparaiso-jornada-comemorativa-claudia-lopez-presente-9-setembro/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/08/22/chile-santiago-danca-para-a-subversao-jornada-artistico-cultural-e-antiautoritaria-em-homenagem-a-claudia-lopez/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/06/28/chile-a-25-anos-do-assassinato-de-claudia-lopez-nem-um-minuto-de-silencio-toda-uma-vida-de-combate/

agência de notícias anarquistas-ana

no mesmo banco
dois velhos silenciam
no parque deserto

Carol Lebel

[Itália] Contra a cidade dos patrões

Casa, solidariedade, acolhimento, autogestão

As lutas vivas vão às ruas

Cortejo H12 da Piazza Duca d’Aosta a Porta Venezia

No sábado, 6 de setembro, iremos às ruas contra o despejo do Leoncavallo para reivindicar o instrumento da ocupação e porque acreditamos que defender a memória militante do Leoncavallo significa defender os espaços e as lutas de hoje.

O encontro às 14h em Porta Venezia não pode ser suficiente. Como lutas vivas desta cidade, queremos apontar o dedo CONTRA A CIDADE DOS PATRÕES. Contra a arrogância deles, sua violência libertícida, sua sede de poder e dinheiro.

Queremos demonstrar que Milão não é toda como eles gostariam: uma cidade cinza de concreto, aço e vidro, feita sob medida para ricos. A Milão que convocamos para as ruas é viva, colorida e multitudinária. A Milão dos Espaços Sociais, uma Milão capaz de dizer em voz alta e sem medo: “De quem você acha que é esta cidade?”

Ocupar espaço na cidade de Milão é de vital importância, diante de um modelo de cidade cada vez mais excludente, transformado por décadas de violência especulativa e aumento dos aluguéis, de grandes eventos e agora acelerado pelas próximas Olimpíadas de Inverno. Diante do uso de zonas vermelhas, CPRs (Centros de Permanência para Repatriamento), deportações, exploração para expulsar a golpes de perfilamento e classismo pessoas racializadas e marginalizadas.

Ocupamos espaço para destacar as responsabilidades do governo Meloni, além da Junta Sala e de todas as Juntas do Mattone (construtoras), um governo que lança um ataque frontal contra as experiências essenciais de luta social e autônoma, único sujeito real capaz de propor uma alternativa concreta a um mundo feito de opressão e abusos.

Ocupamos espaço, então, para deter a violência da Direita, da Guerra, do Colonialismo, do liberalismo extrativista que em todo o mundo encontram frentes de Resistência.

Ocupamos espaço para lutar pelo direito à moradia, diante de aluguéis insustentáveis e habitações sem dignidade. Para denunciar quem vendeu as habitações populares, do alto de sua poltrona na Região da Lombardia ou na MM (Metrô de Milão), e não tem intenção de destinar as existentes.

Ocupamos espaço contra o “Modelo Milão” da junta Sala e das juntas anteriores, que avança com a especulação movida a propinas e subornos.

Ocupamos espaço contra a militarização de nossas cidades, e contra um governo que quer gerir as necessidades sociais com repressão e o DL Segurança (Decreto-Lei Segurança), criminalizando quem reivindica direitos e luta por uma vida digna para todos e todas.

Ocupamos espaço para socializar, estar juntos e praticar esportes, sem sempre ter que gastar dinheiro, sem ser servido nem servir, mas construindo comunidades autogeridas, onde qualquer pessoa possa se envolver, dar uma mão ou receber ajuda.

Ocupamos para subtrair espaço e dinheiro dos patrões da Cidade, que lucram com aluguéis breves e privatizam a Cidade Pública, contribuindo para a metrópole vitrine do turismo de luxo e dos proprietários.

Ocupamos espaço autônomo de partidos e de poderes que alimentam, em vez de combater, a exploração, o racismo, a violência de gênero e a transformação de nossos territórios em mercadoria da qual somos excluídos.

Ocupamos espaço para falar de luta anticolonial, em todos os idiomas em que quisermos fazê-lo.

Ocupamos espaço para organizar a solidariedade ativa às resistências do mundo, a partir das lutas pela liberação da Palestina: enquanto a Palestina não for livre, ninguém será.

Ocupamos espaço para dançar, mas sobretudo viver e existir sem ser molestadx, drogadx, estupradx.

Ocupamos espaço com nossos corpos para recomeçar a partir do desejo, feroz e irreprimível, para imaginar o inimaginável e virar tudo de cabeça para baixo.

Ocupamos o presente que querem nos tirar, para determinar nosso futuro sob o signo da solidariedade e do acolhimento, da ajuda mútua e da comunidade.

Ocupamos contra a cidade dos patrões.

Ocupamos para construir uma cidade diferente, uma alternativa real; ocupamos para que todos e todas possam viver bem.

Aqui estamos e aqui permanecemos.

Espaço social ocupado e de alternativa cultural.

Fonte: https://cox18.noblogs.org/post/2025/09/03/contro-la-citta-dei-padroni/

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

agência de notícias anarquistas-ana

depois de horas
nenhum instante
como agora

Alexandre Brito