[Reino Unido] Solidariedade | Clifford Harper

Nick Heath escreveu, “Clifford Harper nunca financiou o seu trabalho.” Isso é verdade, embora ele estivesse se referindo ao meu trabalho anarquista. Trabalhei e ganhei a vida por décadas como ilustrador profissional.

No entanto, há alguns anos, fiquei muito doente e, como resultado, passei os últimos três anos e meio acamado e incapaz de andar ou trabalhar. Para poder andar novamente, preciso embarcar em um longo processo de fisioterapia.

Fisioterapeutas são caros e eu não tenho dinheiro. Alguns camaradas organizaram a impressão de duas das minhas ilustrações como impressões limitadas de alta qualidade para venda, o resultado será para pagar a minha fisioterapia, o que espero me permita voltar a trabalhar.

A primeira dessas gravuras, ‘Solidariedade’, já está disponível. A segunda, ‘Woman Thinking’ (Mulher pensando), uma das minhas melhores ilustrações, estará disponível em breve.

Clifford Harper ‘SOLIDARITY’ Silkscreen 100 Limited Edition Print

59 x 33.5 cm

Assinado e numerado pelo artista. Estampado por xpress.

Todo o resultado das vendas desta impressão serão para apoiar a recuperação de Clifford, a sua terapia e cuidados para poder retornar ao trabalho.

Envio postal registrado ao mundo inteiro em tubo para pôsteres. O envio pode demorar uma semana ou mais, caso seja no estrangeiro.

>> Mais infoshttps://cliffordharper.com/product-category/prints/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Canta alegre o sabiá
faz folia o bem-te-vi
— natureza assovia

Rogério Viana

Donos da JBS, petroleiras e mineradoras estão entre os convidados do governo Lula na COP30

Por Leandro Prazeres | 12/11/2025

Executivos de empresas do petróleo, mineração e agronegócio receberam, após indicação do governo brasileiro, credenciais para ter acesso à chamada zona azul da COP30, onde ocorrem as negociações climáticas da conferência que discute o futuro do clima no planeta.

Entre os executivos estão os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, maior produtora mundial de proteína animal. Também há representantes de petroleiras como a Petrobras e Exxon Mobil, e de mineradoras como a Vale e a Samarco.

A informação sobre o credenciamento destes executivos consta de uma lista divulgada pela Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCC) à qual a BBC News Brasil teve acesso.

Embora nem todas as reuniões da conferência sejam abertas, o acesso à zona azul permite o contato com diplomatas, políticos, negociadores climáticos e ativistas.

Os irmãos Batista e outros executivos da indústria do petróleo e mineração aparecem em uma tabela em que constam como host country guest, termo em inglês para designar “convidado do país anfitrião”.

Essa lista tem 1.076 nomes e também inclui ambientalistas, cientistas e lideranças de organizações não-governamentais. Ao todo, a delegação do Brasil (incluindo funcionários do governo) tem 3.085 pessoas.

Ambientalistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que a presença de executivos de empresas vinculadas a setores como o agronegócio, mineração e petróleo nos espaços destinados às negociações climáticas é resultado do poder político e econômico que elas têm no país e no mundo.

Procurado, o governo federal enviou uma nota informando que “está comprometido em garantir que a COP30 reflita a pluralidade da sociedade brasileira” e que a conferência vai contar com a “presença de diferentes setores da sociedade civil e do empresariado”.

>> Leia o texto na íntegra aqui:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/ce8gk461ey8o

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Riacho de pedras
rua dos peixes
rastros de platina.

Yeda Prates Bernis

Pré-venda do livro “Educação Anarquista – Amplitude e Radicalidade (coletânea de artigos do mundo do trabalho -1903 – 1968)”

Com muito amor e subversão abrimos a pré-venda do livro “Educação Anarquista – Amplitude e Radicalidade (coletânea de artigos do mundo do trabalho -1903 – 1968)“, Org. Rogério Nascimento @nascrog e arte gráfica por @cyco.idea

Este importante livro inaugura o selo “Educação Libertária” de nossa Editora *N🖤K*

Sinopse:

O presente volume configura mais um árduo e bem-vindo trabalho de pesquisa, organização e reflexão de um incansável intelectual. Rogério Nascimento já nos brindou com algumas dezenas de artigos e compilações (algumas publicadas no bom e velho esquema punk do faça você mesmo) e agora apresenta uma extensa antologia (abarcando mais de 60 anos de reflexão libertária sobre educação) que, além de incluir alguns militantes e intelectuais relativamente conhecidos do campo do anarquismo (José Oiticica, Lima Barreto e Octávio Brandão, por exemplo), destaca as centenas de pessoas anônimas que ao longo dos artigos resgatados das páginas de periódicos operários centenários, imprimiram suas ideias, angústias e anseios sobre o tema da educação.

Rodrigo Rosa da Silva @rodrigo.ros.a – Professor no Departamento de Educação (UEL) e membro da Biblioteca Terra Livre.

O livro está com 20% de desconto até dia 30/11 e o envio será realizado a partir de 01/12.

420 páginas — 1ª edição Editora *N🖤K* (2025)

R$63,92

nigrakorodistro.com

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os raios de sol
iluminam de manhã
o velho farol

Carlos Seabra

COP30 | “O agronegócio, setor que mais devasta, contamina e lucra no Brasil, segue blindado e financiado”

Enquanto o governo Lula se apresenta na COP30 como “líder climático global”, o Ministério da Agricultura libera mais 30 agrotóxicos — no exato momento da conferência. Coincidência? Não. É política de Estado.

O agronegócio, setor que mais devasta, contamina e lucra no Brasil, segue blindado e financiado. E o símbolo disso é o Plano Safra 2024/25, anunciado com festa: mais de R$ 400 bilhões em crédito rural, juros subsidiados com dinheiro público — grande parte indo direto para o agro exportador, que só envenena e concentra terra.

A liberação de venenos, o crédito bilionário e o silêncio diante dos conflitos no campo mostram que o discurso verde é só fachada. Por trás da “transição ecológica”, o que avança é o capitalismo verde, que transforma tudo em mercadoria — até a crise climática.

Falam em “justiça ambiental”, mas não enfrentam o agro. Não enfrentam a bancada ruralista, a fortalecem com emendas. E nem tocam nos interesses das grandes empresas do campo, pelo contrário, são convidadas de luxo para a COP, como a JBS. Por isso, é preciso dizer com todas as letras: o governo Lula é cúmplice da destruição ambiental, da expulsão de indígenas e da intoxicação da população com comida cada vez mais ultraprocessada e contaminada com agrotóxicos proibidos na maioria dos países ditos ‘desenvolvidos’.

A resposta só pode vir de baixo: da auto-organização dos trabalhadores, da juventude, dos povos originários e de quem vive na pele os impactos dessa política de morte. Sem romper com o agro, não há justiça ambiental possível!

esquerdadiario.com.br

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/11/13/governo-brasileiro-coloca-irmaos-batista-da-jbs-em-lista-vip-da-cop30/

agência de notícias anarquistas-ana

o vento afaga
o cabelo das velas
que apaga

Carlos Seabra

[Irã] Viva a liberdade e em solidariedade com os camaradas além das fronteiras

Estamos testemunhando uma escalada alarmante da repressão contra pesquisadores, ativistas sociais e dissidentes políticos no Irã.

As prisões se intensificaram e a atmosfera dentro do país tornou-se profundamente insegura para qualquer pessoa que lute pela verdade, pela justiça ou mudança social.

O camarada Afshin Heiratian, um ativista social e político com tendências anarquistas, está entre os últimos a serem detidos — um das dezenas de camaradas que foram presos nas últimas duas semanas. Diz-se que houve mais de 30.000 prisões desde o início da guerra de doze dias.

Precisamos urgentemente fazer com que nossas vozes sejam ouvidas além das fronteiras do Irã. Seu ato de compartilhar informações, conscientizar e amplificar nossa mensagem não é apenas uma expressão de solidariedade — é uma forma de proteção. Cada palavra que você compartilha aumenta o custo político e social da repressão para o regime islâmico e nos ajuda a permanecer visíveis, conectados e vivos na luta pela liberdade, igualdade e justiça.

Liberdade para Afshin e todos os presos políticos em todo o mundo!

anarchistfront.noblogs.org

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Desfile de máscaras:
os tiranos são palhaços
quando o circo pega fogo.

Liberto Herrera

A COP30 mostrou o que o sistema teme: o povo rompendo o palco.

Enquanto chefes de Estado e executivos discutem o “futuro verde” em salões climatizados, povos indígenas e movimentos sociais ocuparam o espaço que sempre lhes foi negado. Não pediram licença, entraram, porque a Terra já não aguenta esperar. Essa invasão foi o grito real em meio à encenação. A COP30, em Belém, mostrou o abismo entre quem fala em “sustentabilidade” e quem sente o colapso na pele.

Os mesmos governos que fingem defender a Amazônia são os que assinam concessões para mineradoras, constroem portos de exportação, abrem estrada no território ancestral. As mesmas empresas que patrocinam o evento são as que secam rios e queimam florestas para gerar “crescimento”. A COP não é uma cúpula pela vida, é uma feira de negócios fantasiada de esperança. Lá dentro, tudo é negociado: o carbono, a terra, o clima, até a dor dos povos.

E quando os verdadeiros guardiões da floresta atravessam as grades e dizem “nossa terra não está à venda”, o sistema reage com polícia, não com escuta. Porque o que eles chamam de diálogo é um contrato, e o que nós chamamos de vida é desobediência.

Essa ação direta rompeu a narrativa higienizada das conferências. Mostrou que não há solução institucional para uma crise criada pelas próprias instituições. Não se trata de reformar o sistema, mas de derrubá-lo com nossas próprias mãos, com autonomia, solidariedade e coragem.

A Terra não precisa de líderes, precisa de aliados. E a aliança verdadeira é com quem luta, não com quem lucra.

@anarquia_e_cogumelos

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Casulo vazio
Borboletinha no ar
Ficou o enfeite

Nurisilva Dias Fernandez

[EUA] Novo panfleto sobre o prisioneiro político anarquista Hridindu Roychowdhury

Hridindu Roychowdhury é um anarquista de Madison, Wisconsin, que foi condenado a 90 meses em prisão federal por atacar um prédio com um coquetel molotov após o vazamento do rascunho da decisão no caso Dobbs v. Jackson Women’s Health Organization, que revogou Roe v. Wade.

Ele escolheu o alvo porque o prédio era ocupado por uma organização antiaborto (Wisconsin Family Action). Hridindu reconheceu ter pichado a frase “Se o aborto não é seguro, você também não está” na fachada do edifício. Ninguém estava no local no momento do ataque. Ele se declarou culpado em 1º de dezembro de 2023 e foi condenado a pagar quase US$ 32.000 em restituição, sendo então enviado para a FCI Marion para começar a cumprir a pena de 7 anos e meio.

Em maio de 2025, Hridindu foi levado de volta a Wisconsin para depor diante de um grande júri. Ele recusou-se a delatar ou cooperar e, por isso, foi mantido em desacato civil federal na mesma cadeia onde estivera antes do julgamento. Durante três meses manteve-se firme, deixando claro que não cederia. Foi então que o juiz ordenou sua libertação do desacato, após a apresentação de uma moção Grumbles, e ele foi devolvido à prisão federal. No entanto, o tempo que passou preso em Wisconsin por desacato não contará para a redução de sua pena.

Originário do sudoeste dos Estados Unidos, Hridindu é um acadêmico dedicado e apreciador de quebra-cabeças linguísticos. Durante a detenção federal, manteve-se ocupado fazendo cursos de matemática avançada, dando aulas particulares a outros presos para os exames do GED (equivalente ao ensino médio) e participando de um programa de treinamento de cães.

As cartas significam muito para um prisioneiro político. Vamos garantir que Hridindu saiba o quanto é apoiado. E lembre-se sempre: toda correspondência enviada a prisioneiros políticos é monitorada.

Liberdade para Hridindu! Liberdade para todos os prisioneiros políticos!

Tradução > Contrafatual

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Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh’alma.

Teruko Oda

[Reino Unido] Feira do Livro de Manchester e Salford: Antifa, Clifford Harper e escassez vegana

Houve uma excelente organização e uma grande variedade de visitantes.

Coletivo de resenhas da Feira do Livro

A feira anarquista do livro de Manchester e Salford aconteceu no sábado, 8 de novembro, no People’s History Museum, às margens do rio Irwell.

Entre as bancas, e seus muitos lembretes de que mundos mais vivíveis e libertos são possíveis, pela primeira vez houve uma banca dedicada a Clifford Harper, vendendo suas gravuras e livros em solidariedade. Foi um pedido de última hora do lendário anarquista, e arrecadou algum dinheiro para ele, esses gestos de solidariedade ajudam muito e nos aproximam.

Os participantes puderam assistir a excelentes palestras e oficinas, que abordaram temas como Solidariedade, não caridade, Selvagem e bem-estar, Planejamento antifascista, Como enfrentar tendências reacionárias, uma reflexão sobre o legado de Colin Ward, e uma conversa com Eric King, ex-presidiário federal norte-americano e abolicionista prisional.

Aqui, como em outros lugares, a corajosa primeira tentativa de realizar uma oficina híbrida levou a muito drama técnico, mas uma solução improvisada de última hora salvou o dia.

O People’s History Museum conseguiu fornecer café suficiente para atender aos anarquistas cansados. Por outro lado, o simpático café do local ficou aquém na diversidade de bolos veganos, e acabou ficando totalmente sem opções veganas.

No geral, foi um excelente evento, muito amigável e acolhedor. Obrigado a Manchester e Salford por organizarem um dia tão movimentado.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/11/09/manchester-and-salford-bookfair-antifa-clifford-harper-and-vegan-scarcity/  

Tradução > Contrafatual

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estou meio tonto
descobri, ontem, dormindo
que morre-se e pronto

Bith

[França] Traduzir e divulgar em árabe “Dez Questões sobre o Anarquismo”

por Editions Libertalia

|| Com 1200€: tradução + ampla distribuição em e-book gratuito e aberto; Com 1700 €: adicionamos um livro de papel. ||

O pequeno livro Dez perguntas sobre o anarquismo, publicado em francês pela Libertalia em 2020, despertou interesse além da França. Foi traduzido para o grego, português e inglês. Hoje, os camaradas libaneses estão pedindo sua tradução para o árabe, acreditando que o livro pode encontrar seu público no Magrebe, bem como no Mashrek.

Durante os movimentos populares de 2011-2013, os debates sobre o significado e o propósito da revolução encorajaram a disseminação – particularmente no Egito, Líbano e Tunísia – de obras anarquistas. Em seu estudo “Colonialismo, Transnacionalismo e Anarquismo no Sul do Mediterrâneo” (2020), a pesquisadora Laura Galián cita a circulação de três traduções árabes: Colin Ward, Anarquismo, uma introdução curtíssima (2004); Noam Chomsky, Sobre o Anarquismo (2005); Daniel Guérin, O Anarquismo. Da Doutrina à Ação (1970).

Dez Perguntas sobre o Anarquismo propõe uma abordagem mais moderna e transnacional, em particular sobre anti-racismo, anti-imperialismo, ecologia, feminismo…

A tradução será confiada a um profissional, ele próprio de sensibilidade comunista libertária. Quanto à distribuição, dependerá da assinatura.

>> Apoiar: https://www.helloasso.com/associations/editions-libertalia/collectes/pour-la-traduction-et-la-diffusion-en-arabe-de-dix-questions-sur-l-anarchisme

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Na pálida luz
da lua de primavera
um pássaro grita.

Tânia D’Orfani

Governo brasileiro coloca irmãos Batista da JBS em “lista VIP” da COP30

Por Isabel Seta, Bruno Fonseca | 11/11/2025

Mr. Joesley Mendonça Batista e Mr. Wesley Mendonça Batista. Assim estão os nomes dos irmãos bilionários donos da J&F holding, que entre outras empresas é dona da marca JBS, na “lista VIP” da COP30, que garante acesso à zona azul da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. E quem colocou os dois nessa seleção foi o Brasil. Isso mesmo, os irmãos Batista são convidados do anfitrião, no caso, o Estado brasileiro.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) publicou a lista preliminar dos participantes da conferência nesta segunda-feira, 10 de novembro. Nela, constam os nomes de Wesley e Joesley Batista como “convidados do país anfitrião”, representando a JBS.

Existem várias formas de ser credenciado para a Zona Azul, a área restrita da COP30, onde são realizadas as negociações diplomáticas entre os quase 200 países que assinaram a Convenção da ONU sobre mudanças climáticas. O país anfitrião tem direito a um número limitado de convidados – lista na qual estão os irmãos Batista, além de representantes da indústria petrolífera, como Petrobras e ExxonMobil, da mineração, como Vale, Samarco, Sigma e o Instituto Brasileiro da Mineração.

A lista de convidados do Brasil também inclui representantes de organizações da sociedade civil, como Instituto Alana, voltado para educação, e de povos indígenas e comunidades tradicionais, como a associação Yanomami Hutukara e o Conselho Indígena de Roraima. Contudo, quilombolas vêm se queixando há semanas pelo baixo número de credenciais para seus representantes no evento – e a lista liberada agora mostra que eles conseguiram apenas cinco credenciais indicadas pelo Brasil.

O Brasil também pode indicar uma série de pessoas para serem party overflow, que, assim, passam a integrar a delegação brasileira, ainda que não atuem como “negociadoras” (que são chamadas de “partes”). Nesse grupo estão desde representantes de ONGs e associações de comunidades tradicionais a empresas.

A Pública apurou que Wesley e Joesley não estavam na lista da COP anterior, realizada no Azerbaijão, apesar da JBS estar com três nomes de representantes credenciados. Por telefone, a reportagem foi informada que os empresários não estão participando da COP nesta terça-feira, mas não foi desmentido que eles foram credenciados.

JBS: multas ambientais e a crise climática

A JBS, dos irmãos Batista, a maior produtora de carne bovina do mundo e principal empresa do setor agropecuário, tem impacto direto no clima — e vem sendo cobrada e multada por isso.

Segundo a Pública apurou, apenas neste ano, a JBS SA foi alvo de quatro multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Juntas, as quatro multas passam dos R$ 660 mil, por infrações no estado do Pará, no Mato Grosso do Sul e em São Paulo. A multa mais cara, justamente no Pará, está ligada a mais uma etapa da Operação Carne Fria, que vem apurando desmatamento e criação de gado ilegais na Amazônia.

Neste ano, a Pública mostrou que a JBS pode ter exportado para a União Europeia carne bovina e couro produzidos com gado proveniente de fazendas ilegais no Pará. Relatório da Human Rights Watch (HRW) apontou que o gado irregular afeta a Terra Indígena Cachoeira Seca, lar do povo Arara, e o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa.

Em 2024, a Pública mostrou que um levantamento da ONG norte-americana EIA (Agência de Investigação Ambiental, na sigla em inglês) encontrou registros que a JBS teria comprado gado criado em fazendas ilegais na Terra Indígena Apyterewa, no próprio estado do Pará.

Além das irregularidades, as produtoras de carne representam um impacto direto no aquecimento global: se fossem um país, as 45 maiores empresas que produzem carne e laticínios – com a JBS nessa conta – seriam o nono maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, mostrou levantamento divulgado às vésperas da COP30.

O império dos irmãos Batista vai além da JBS. O grupo J&F também possui a produtora de celulose Eldorado, a mineradora Lhg Mining, a prestadora de serviços financeiros PicPay e a Âmbar, produtora de energia, que inclusive comprou termelétricas no Acre neste ano. Outro ativo da companhia é a usina de Candiota III, no Rio Grande do Sul, movida a carvão, o pior entre os combustíveis fósseis. A usina foi a maior emissora de gases do efeito estufa entre as térmicas do país (incluindo as movidas a gás e a diesel) em 2024, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Além disso, Candiota III registrou a maior taxa de emissão por eletricidade gerada: 1.205 toneladas de gás carbônico equivalente por gigawatt hora. Mesmo assim, recebeu um subsídio estatal pela compra de carvão mineral, conforme a Pública mostrou.

Fonte: https://apublica.org/nota/joesley-e-wesley-batista-brasil-convida-bilionarios-para-cop30/

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Folhas do ciclame
ao vento pra lá e pra cá –
um coração pulsa.

Anibal Beça

[Espanha] Punk é aqui e agora. Steve Ignorant Band

No passado dia 3 de maio de 2025, pela primeira vez, a STEVE IGNORANT BAND — a banda liderada pelo que foi vocalista da mítica banda inglesa CRASS — visitou o Estado espanhol.

Foi um concerto antirrepressivo que ficará na história.

Para quem esteve lá, agora chega a oportunidade de reviver toda a intensidade e emoção daquela noite.

E para quem não pôde comparecer, esta é a ocasião perfeita para desfrutar da potência daquele show único.

O áudio desse show histórico foi gravado, e as gravadoras Kasba Music, El Lokal e Kamilosetas Muskaria decidiram lançá-lo em um belo vinil de 12 polegadas.

A partir de hoje, 10 de novembro, você já pode reservar sua cópia através do link do nosso site (botiga.ellokal.org). Distribuidoras, lojas e outros pedidos para: distrimusica@ellokal.org

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criado mudo
fica quieto
mas vê tudo

Carlos Seabra

Se o evento fosse bom mesmo e resolvesse alguma coisa não era chamado de “cop”

COP30: uma vitrine do colonialismo

Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) | 10/11/2025

Hoje, 10 de Novembro de 2025, em Belém do Pará foi sediado o primeiro dia da 30ª edição da Conferência das Partes (COP30), encontro sobre mudanças climáticas promovido pela ONU, que até então conta com a participação de 148 países.

Será a quarta vez que esse evento chega a América do Sul, primeira vez no Brasil. Alardeado com grande pompa pelo governo Lula(PT)/Alckmin(PSB) e Helder Barbalho (MDB), a “conquista” de trazer a COP para região amazônica (para o Brasil) tem sido vendida pela garantia de muitos legados que deixará.

GOVERNANDO PARA A MINERAÇÃO

O governo federal/estadual sustenta uma imagem de enfrentamento a crise ambiental, entretanto no primeiro meandro de rio, os fatos desflorestam essa imagem, vejamos alguns legados.

Em 2021, Helder Barbalho assinou um “protocolo de intenções” com seis mineradoras, incluindo a canadense Belo Sun, que comprou terras da reforma agrária de forma irregular no município de Senador José Porfírio, no estado do Pará, para o controverso “Projeto Volta Grande”, que pode se tornar a maior mina de exploração de ouro a céu aberto do país.

MARCO TEMPORAL E O GARIMPO

As políticas neoliberais adotadas por governos estaduais, federal e o congresso só tem agravado a questão ambiental.

O marco temporal das terras dos povos originários é exemplo explicito disso, que culmina agora no projeto que regulamenta a pesquisa e o garimpo nessas terras (PL 1.331/2022), plano associado a uma mão de obra abundante, pois o desemprego e a baixa renda que afetam os municípios, incentivam os jovens a buscar sustento nos garimpos e nas madeireiras na região.

A privatização dos serviços de água e esgoto em todo o Brasil via o marco do saneamento, especialmente na região amazônica que vem experimentando em várias cidades, resulta em grandes concessões foram ou estão sendo realizadas para empresas privadas, principalmente a Aegea Saneamento.

A privatização dos rios da Amazônia (Madeira, Tocantins e Tapajós) no Programa Nacional de Desestatização (PND) para a concessão do uso para a construção de hidrovias ameaça a vida e os territórios dos povos originários, quilombolas e tradicionais que dependem dos rios para sua subsistência.

QUEIMADAS E SECA

Exemplo mais perto de começar é a detonação do Pedral do Lourenço para a implantação da hidrovia Tocantins-Araguaia que prevê pelo menos dois anos e meio de explosões, acabando com habitar de várias espécies de peixes, consequência letal para várias comunidades.

Durante 2023, cidades do Norte e algumas do Centro-Oeste sofreram com a fumaça decorrente de queimadas na Amazônia. Manaus registrou a segunda pior qualidade do ar do mundo, além de enfrentar uma severa seca que afetou diversos municípios de toda a região amazônica.

FOME, SEDE E AR INSALUBRE

Tal seca causou insegurança alimentar e problemas de saúde devido ao consumo de água não potável por comunidades ribeirinhas, quilombolas e povos originários da região. Esse cenário se repetiu com maior força em 2024.

Orquestrado pelo AGRO-BUSINESS-POP, principalmente em municípios do chamado arco do desmatamento, a região registrou números recordes de focos de queimadas, a fumaça gerada chegou até cidades do centro sul e sul do país, intensificando o processo de poluição do ar, causando várias doenças respiratórias na população.

AMAZÔNIA EXPLORADA PELA ELITE

Agora mais recentemente a liberação para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas custará a existência de ecossistemas únicos e essenciais para o planeta, como os manguezais e recifes que ali estão.

O risco de vazamento de óleo é muito alto, os impactos na segurança alimentar e econômica de comunidades pesqueiras e tradicionais só reafirmará a posição da Amazônia como uma região de exploração de comanditeis pelas elites nacionais subservientes ao capitalismo fóssil, aprofundará o cenário de fome e miséria da região, agravando a crise ambiental global.

ANTICAPITALISMO, ANTES QUE OS RICOS QUEIMEM O MUNDO!

Não nos deixemos enganar pelo conto do capitalismo verde amplamente defendido pelos líderes dos Estados-nação, sabemos bem que catástrofe climática é um fenômeno político e econômico, pois é graças ao sistema capitalista internacional, aliado aos interesses econômicos dos Estados nacionais e suas elites locais, que o extrativismo predatório e o agronegócio fincam suas garras nos territórios para sugar até o último tostão que possam arrancar da terra.

Por isso gritamos QUE OS RICOS PAGUEM PELA CRISE CLIMÁTICA, já que são suas as empresas que invadem e exploram a terra, devastam florestas e poluem as águas.

Que os ricos paguem pela destruição impulsionada para manter seu parasitismo, seus caprichos, a concentração de poder, bens e capital em suas mãos. Que possamos arrancá-los de seu conforto diante do fim de mundo que nos impuseram!

cabanarquista.com.br

agência de notícias anarquistas-ana

de manhã: mia, mia, mia
só depois de comer,
mia um bom dia

Alonso Alvarez

COP30: Lula 3, que posa de “salvador do clima”, sabe qual o impacto ambiental dos navios de cruzeiro?

Para a COP30 em Belém (PA), o governo Lula 3 contratou a peso de ouro (quase 300 milhões!) os navios de cruzeiro MSC Seaview e Costa Diadema para funcionar como hotéis flutuantes, oferecendo cerca de 3.900 cabines e capacidade para até 6 mil pessoas.

Será que o senhor Lula sabe que esses navios de cruzeiro são grandes poluidores do mar e do ar? Que podem agravar as mudanças climáticas? Que essas “cidades flutuantes” provocam ruídos que afetam a vida marinha? Que esses gigantes queimam tanto combustível quanto cidades inteiras? Que um navio de cruzeiro de porte médio pode emitir tanta matéria particulada quanto um milhão de carros.

Esses navios consomem tanto combustível quanto cidades inteiras. Eles consomem muito mais energia do que os navios de contêineres e, mesmo quando queimam combustível com baixo teor de enxofre, ele é 100 vezes pior do que o diesel utilizado em veículos como caminhões e ônibus“, palavras de um ativista alemão anticruzeiros.

Assim como a COP30 é uma far$a, Lula 3 “salvador do clima” é outra!

agência de notícias anarquistas-ana

Selva de concreto:
as raízes quebram tijolos
para ver a lua.

Liberto Herrera

[EUA] Atualização sobre Marius Mason

por Panagioti Tsolkas

Fifth Estate # 417, Inverno de 2025

Marius Mason, anarquista, ativista ambiental/dos direitos dos animais, vegano e ativista trans, teve sua cirurgia de afirmação de gênero negada pelo governo Trump e foi transferido para uma prisão feminina. A campanha do candidato republicano gastou US$ 27 milhões em anúncios condenando a cirurgia de afirmação de gênero para pessoas presas, e o Departamento Federal de Prisões (BOP) rapidamente transferiu os detidos de volta para prisões correspondentes ao seu gênero designado ao nascimento.

Marius está cumprindo quase 22 anos de prisão por atos de danos à propriedade realizados em defesa do planeta. Depois de ser ameaçado com prisão perpétua em 2009 por atos de sabotagem, ele se declarou culpado de incêndio criminoso em um laboratório da Universidade Estadual de Michigan que pesquisava organismos geneticamente modificados para a Monsanto e de outros doze atos de danos à propriedade. Ninguém sofreu danos físicos nessas ações. Na sentença, o juiz federal aplicou o chamado “agravante de terrorismo”, acrescentando quase dois anos a uma pena já extrema solicitada pela acusação, totalizando 22 anos de prisão e uma multa multimilionária. Esta é a punição mais severa imposta a qualquer pessoa condenada por sabotagem ambiental.

Marius foi preso inicialmente na Unidade Administrativa de alta segurança do Centro Médico Federal Carswell, em Fort Worth, Texas. A unidade era destinada a abrigar prisioneiros “com histórico de fugas, problemas crônicos de comportamento, incidentes repetidos de agressão ou comportamento predatório, ou outras questões especiais de gestão…”, de acordo com o pacote de informações de Carswell. Marius não tinha antecedentes de violação das regras da prisão, mas era evidente que estava sendo mantido nessa unidade por causa de suas convicções políticas.

Por meio do constante trabalho da defesa, em 2017, Marius foi finalmente transferido para uma unidade mais próxima da população carcerária em geral. Em 2019, seu pedido de transferência para ficar mais perto da família e dos amigos foi atendido e ele foi enviado para a penitenciária federal em Danbury, Connecticut.

Enquanto está na prisão, Marius continua estudando, fazendo arte e contribuindo para o bem-estar de seus companheiros de prisão. Suas pinturas tiveram várias exposições e ele escreveu artigos para a Fifth Estate, incluindo um nesta edição. Devido ao tempo de boa conduta acumulado, ele tem mais um ano e meio para cumprir sua pena. O próximo passo no apoio de longo prazo é reunir recursos para a vida após a libertação.

Sua luta pelos direitos de pessoas trans

Marius revelou-se como transgênero aos amigos, familiares e conhecidos em 2014. Anteriormente conhecido como “M**** Mason” [1], ele mudou de nome, usa os pronomes ele/ele e iniciou um processo para obter um diagnóstico médico que lhe permitisse procurar cirurgia de afirmação de gênero e terapia hormonal.

O BOP diagnosticou Marius com disforia de gênero e providenciou roupas e acomodações na cantina de acordo com sua política estabelecida. Posteriormente, Carswell realizou exames médicos para verificar se ele estava saudável o suficiente para receber os cuidados que solicitava. Finalmente, em 2016, Marius recebeu sua primeira injeção do hormônio “T” (testosterona). Em 2021, ele venceu sua luta para ser transferido para a seção masculina em Danbury.

Mason foi aprovado pelo BOP para uma cirurgia de afirmação de gênero em 2022. Ele foi transferido da instalação masculina de Danbury, após viver lá por dois anos, para uma instalação médica prisional federal em Fort Worth, onde seria submetido à cirurgia. Esse foi o culminar de um processo de 10 anos que começou em 2013, quando Mason solicitou ser considerado para a nova política médica trans do BOP, após uma ação judicial ter criado um caminho para a transição médica.

Mas em janeiro de 2025, no primeiro dia de Trump, seu governo de extrema direita emitiu uma ordem executiva antitrans negando cuidados médicos de afirmação de gênero a prisioneiros trans, entre outros atentados que serviram de bode expiatório. Como resultado, Marius teve sua cirurgia negada e foi transferido de volta para a unidade feminina em Danbury

Advogados da ACLU e de outras organizações contestaram a ordem, argumentando que ela violava a 8ª e a 14ª Emendas. Em fevereiro de 2025, uma liminar foi concedida em um caso em Washington, D.C. Isso deveria ter restringido o BOP e preservado o status quo, o que significa que todos os prisioneiros trans, incluindo Marius, deveriam ter permanecido onde estavam e continuado a receber os cuidados de saúde que já recebiam. Mas ela não foi aplicada de forma consistente, e uma série de processos judiciais continua tramitando nos tribunais. Resta saber se o atual governo se preocupará com o cumprimento das ordens judiciais.

Sua história no ativismo

Sua história como ativista    Marius tem uma longa história de ativismo que remonta aos seus anos de ensino médio. Nascido em 1962, seu ativismo inicial incluiu organizações antigerra e ambientais, bem como trabalho antinuclear e artigos para o Fifth Estate. À medida que Marius aprofundava seu envolvimento em campanhas ambientais e pelos direitos dos animais, ele organizava campanhas de ação direta de desobediência civil não violenta, incluindo campanhas para proteger terras públicas, protestos em árvores contra o desmatamento e manifestações contra o uso de pele de animais.

O trabalho de Marius também envolveu a colaboração com muitos grupos de conservação e direitos humanos que lidam com questões relacionadas à apropriação de água e pobreza, enquanto lutava para criar espaços locais, como hortas comunitárias. Seu trabalho abrange muitas organizações, como Earth First!, Sweetwater Alliance, Food Not Bombs, ADAPTT (Animais Merecem Proteção Hoje e Amanhã) e a Anarchist Black Cross Books for Prisoners. Ele foi ativo em questões relacionadas aos direitos dos trabalhadores, principalmente por meio do envolvimento com a Industrial Workers of the World (IWW) por quase duas décadas.

Marius precisa da nossa ajuda mútua durante o tempo que ainda lhe resta na prisão e para quando for finalmente libertado.

As doações podem ser feitas através do Venmo (@Fifth-Estate). Por favor, inclua um comentário indicando que a sua doação é para Marius. Os fundos podem ser enviados por cheque ou ordem de pagamento, à ordem de Julie Herrada ou Peter Werbe, com “Marius Mason” na linha de assunto, e enviados para: Support Marius Mason, PO Box 201016, Ferndale, MI 48220.

Além disso, escrever cartas é uma das coisas mais importantes que você pode fazer. Cartas são uma tábua de salvação para aqueles que estão dentro das paredes da prisão. Como prisioneiro federal, Marius não conseguiu efetivar sua mudança de nome por meios legais, por isso é importante que as cartas sejam endereçadas a “Marie (Marius) Mason” no envelope, juntamente com seu código de prisão. Veja seu endereço abaixo e as orientações para escrever cartas em supportmariusmason.org

Outra forma de apoiar Marius é organizando tanto o Dia de Ação dos Prisioneiros Trans, em 22 de janeiro, quanto o Dia Internacional de Solidariedade com Marius Mason e Todos os Prisioneiros Anarquistas, em 11 de junho de cada ano.

Escreva para Marius em:

Marie (Marius) Mason #04672-061
Federal Satellite Low
33 1/2 Pembroke Rd. Rte. 37
Danbury CT 06811 – EUA

Assim como todos os presos políticos e ambientais, eles estão lá por nós; nós estamos aqui por eles.

Panagioti Tsolkas é ex-editor da Earth First! Journal e Prison Legal News, e atual membro do grupo de trabalho editorial da Agência.

Mais sobre:

Visite o site de apoio a Marius Mason em http://www.supportmariusmason.org/

[1] Nota do tradutor: omitimos o nome antigo de Marius na tradução.

Tradução > transanark/acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

através das árvores
carregando um lampião
quantas mariposas

Nenpuku Sato

[Itália] A educação como espaço político: Relato do 15º Congresso Internacional de Pedagogia Crítica

De 13 a 17 de outubro ocorreu em Reggio Emilia o 15º Congresso Internacional de Pedagogia Crítica (criticalpedagogycongress.org), ligado ao Freire Project (freireproject.com).


Participaram 47 pessoas vindas dos Estados Unidos, Canadá, Singapura, Grã-Bretanha, Espanha, Itália, Holanda, Brasil e Grécia.

O Congresso e o Projeto Freire trabalham na criação de uma comunidade crítica internacional que promove a justiça social em uma variedade de contextos sociais e culturais, apoiando o ativismo e a pesquisa crítica nos âmbitos cultural, juvenil, comunitário e midiático. Ambos os projetos visam desmantelar práticas e estruturas hierárquicas para construir uma imaginação social e política contra-hegemônica, coletiva e participativa.

Dentro desse quadro teórico-prático, os encontros anuais do Congresso não seguem a estrutura clássica das conferências acadêmicas, baseadas em hierarquias de pessoas, conteúdos e tempos (palestras plenárias, apresentações em PowerPoint etc.), mas se fundamentam na participação dialógica, em continuidade com a abordagem freiriana da pedagogia como instrumento de diálogo, conscientização, transformação e libertação.

Os dias em Reggio Emilia foram estruturados em diversos momentos de encontro, tanto com realidades locais — visita a uma escola que aplica a abordagem de Malaguzzi, a uma cooperativa educativa, ao Centro Malaguzzi e ao Círculo Anarquista Berneri — quanto com docentes da Faculdade de Educação da Universidade de Reggio – Unimore.


Na universidade, dois dias inteiros foram dedicados a trabalhos e discussões em grupo sobre três temas fundamentais:

·         Pedagogias de paz e guerras: discursos sobre o poder

·         A pedagogia crítica está envelhecendo? Nossa herança e a de Paulo [Freire], Pato [Jesús Gómez] e Joe [Kincheloe]

·         Ativismo comunitário: fazer a diferença

Os encontros realizados no Círculo Anarquista Berneri foram especialmente significativos para o público estrangeiro. Na manhã de segunda-feira, dia 13, Gianandrea Ferrari começou relatando a história do movimento anarquista italiano e do próprio Círculo Berneri, mas as inúmeras perguntas transformaram rapidamente a reunião em um intenso intercâmbio e compartilhamento de ideias.


Na noite de terça-feira, dia 14, houve um jantar no Círculo — com um agradecimento especial a Alessandra Convertino, Jacopo Coppola e Andrea Corghi — seguido do concerto de Riccardo Dodi, que tocou e cantou canções anarquistas e libertárias em italiano, espanhol e inglês, envolvendo as/os participantes nos cantos.

Outro momento muito apreciado foi a visita às antigas Officine ReggianeMichele Bellelli apresentou a história das Officine, enquanto Gianandrea narrou seus acontecimentos políticos — da ocupação das fábricas em 1926, ao enterro da bandeira anarquista Spartaco durante o fascismo, até as lutas operárias e sindicais das décadas de 1970 e 1980. Também ali, as/os participantes fizeram muitas perguntas, gerando momentos de reflexão e comparação entre as realidades dos diferentes países, onde as estruturas hegemônicas de poder reproduzem os mesmos padrões de exploração e opressão.

Paola Giorgis

Fonte: https://umanitanova.org/leducazione-come-spazio-politico-report-dal-15-congresso-internazionale-di-pedagogia-critica/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

há colcha mais dura
que a lousa
da sepultura?

Millôr Fernandes