[Itália] Placa em Covelli

Em 7 de agosto de 1949, foi inaugurada em Trani (Apúlia, Itália) uma placa em memória do propagandista anarquista e internacionalista Emilio Covelli, nascido nesta localidade. A placa, situada na esquina do Palazzo Covelli, entre a Via Ognissanti e a Via Zanardelli, traz a inscrição: “Non mi vendo ni a gobierne ni ay partite. Lo bramato miserie persecuzioni calunnie. Lo rifiutato tutto. Resto có che sueño. Cos hablano gli anarchici.” (Não me vendo nem a governos nem a partidos. Desejei misérias, perseguições, calúnias. Recusei tudo. Permaneço com o sonho. Assim falam os anarquistas).

Esta placa de mármore apresenta um busto de Covelli; no lado esquerdo há uma tocha, símbolo da anarquia, e no outro lado há um livro, símbolo do conhecimento, fundamento da liberdade e da emancipação. O busto foi gravemente danificado em várias ocasiões durante manobras de alguns veículos pesados, mas após o último acidente grave foi restaurado pelo professor Domenico di Paolo.

ALEN

Fonte: https://pacosalud.blogspot.com/2025/08/placa-en-covelli.html

Tradução > Liberto

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gota de chuva
escorre na parreira
pára na uva

Carlos Seabra

[Espanha] Nova edição: “O Islã como Anarquismo Místico”, de Abdennur Prado

Existe uma convergência paradoxal de interesses entre os inimigos do Islã e aqueles que desejam ser a autoridade no Islã ao padronizar o fato muçulmano, reduzindo-o a uma única leitura, a uma única doutrina, fazendo com que, em última instância, a voz e as práticas da umma (comunidade de crentes) dependam de uma hierarquia estatal ou religiosa. Mas, como indica Abdennur Prado, “o mundo islâmico se caracteriza desde seus primórdios pela proliferação de correntes e modos de entender e viver o Islã, tanto no individual quanto no coletivo”.

O Islã como Anarquismo Místico não é tanto uma interpretação sui generis do anarquismo, mas uma leitura radical e revolucionária do Islã, que não carece de precedentes e está baseada em um profundo conhecimento dos textos. Sem esconder as diferenças entre a religião islâmica e o ateísmo radical do anarquismo, Prado nos mostra que, em aspectos como o antiestatismo, a justiça social ou o apoio mútuo, os textos do profeta Maomé ou de certos intelectuais islâmicos coincidem com a lógica libertária. Nesses termos, quando o autor fala de misticismo ou de “anarquismo místico”, está se referindo a uma espiritualidade livre, sem clérigos nem dogmas, que “antepõe a experiência à crença”, que, longe de se abstrair da realidade, está enraizada na terra e na vida, e que rejeita qualquer mediação ou codificação por parte da religião institucionalizada.

A partir de posições como as de Avempace, o turco Sheikh Bedreddin ou Ibn Khaldun, que “antepôs o ideal ético da ajuda mútua e da cooperação entre os membros de uma comunidade à obediência ao Estado”, este livro relaciona algumas das fontes clássicas do Islã com a lógica antiautoritária e comunista ou coletivista da tradição libertária. Um texto rigoroso que convida à reflexão.

O Islã como Anarquismo Místico

Abdennur Prado

Editora: Virus Editorial

ISBN: 9788417870478

Páginas: 160

Dimensões: 12×17 cm

Ano: 2025

Edição: 2ª

Preço: 12,00 €

viruseditorial.net

Tradução > Liberto

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No parapeito
da velha janela
a gata espreita

Eugénia Tabosa

[Itália] Libertem Alfredo do 41 bis – Assembleia Nacional

Chamada para uma assembleia nacional em solidariedade ao anarquista Alfredo Cospito, diante da expiração do regime do 41 bis no próximo ano e sua potencial prorrogação (Roma, 11 de outubro de 2025)

LIBERTEM ALFREDO DO 41 BIS – ASSEMBLEIA NACIONAL

Há mais de três anos nosso companheiro Alfredo Cospito está preso naquela “tumba para vivos” que é o regime 41 bis. Nesse período, grande parte dos pretextos repressivos usados para aplicá-lo a ele caíram por terra, diante do resultado de processos judiciais que o envolviam junto a outros anarquistas. Até maio do próximo ano, o Ministério deve renovar esse regime por mais dois anos. Dependendo da decisão, a defesa poderá recorrer – um trâmite que pode levar meses até a marcação de uma audiência. É justamente diante desse prazo que, entre diversas individualidades e coletivos anarquistas, apesar das diferenças, sentimos a necessidade de nos reunir para debater e planejar juntos como chegar a essa data.

Desde sua transferência para a ala 41 bis da prisão de Bancali, nasceu uma mobilização que foi crescendo progressivamente, atingindo seu ápice bem depois do início da greve de fome iniciada por Alfredo em outubro de 2022. Diversos são os processos fabricados hoje pelo Estado contra companheiros que participaram de diferentes formas dessa mobilização que, mesmo com seus limites, conseguiu restituir credibilidade e visibilidade às ideias e práticas anarquistas.

Mas até hoje o companheiro segue trancafiado, e continuamos a sentir a responsabilidade de não deixá-lo sozinho nesta luta. Por isso convocamos individualidades e grupos anarquistas para dois dias de debate e discussão.

O encontro ocorrerá em Roma, no CSA La Torre (Via Bertero, 13), a partir das 15h do sábado, 11 de outubro, com possibilidade de continuar a assembleia na manhã do dia seguinte.
Para chegar de transporte público:

Linha 341 a partir de Ponte Mammolo (metrô linha B)
Linha 311 a partir de Rebibbia (metrô linha B)
Descer no ponto final de Via E. Galbani.

Tradução > Liberto

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Flores silvestres
pequeninas e sem brilho
à espera de abelhas…

Goga

800 prisioneiros executados no Irã em menos de oito meses

ROJHILAT – Os mulás iranianos executaram pelo menos 800 pessoas desde o início do ano de 2025, informa a ONG curda Hengaw, que alerta para o alarmante aumento das execuções em todo o Irã.

A República Islâmica do Irã executou pelo menos 800 pessoas desde o início do ano de 2025. Isso representa uma média de 100 execuções por mês, de acordo com as estatísticas registradas pelo Centro de Estatísticas e Documentação da Organização de Defesa dos Direitos Humanos, Hengaw.

Entre as pessoas executadas nos últimos oito meses estavam pelo menos 30 prisioneiros políticos e ideológicos. Durante o mesmo período, pelo menos 22 mulheres e um menor infrator – uma pessoa condenada por um crime cometido quando era menor de idade – foram mortos em prisões iranianas.

As minorias étnicas e nacionais foram afetadas de forma desproporcional. Entre as pessoas executadas, havia 116 curdos, 107 lores, 92 baluchis e 82 turcos. Além disso, pelo menos 46 afegãos foram executados durante esse período.

A Hengaw alerta para a escalada alarmante das execuções em todo o Irã e apela aos governos democráticos, organizações internacionais e grupos da sociedade civil para que adotem uma posição firme contra o recurso sistemático à pena de morte pela República Islâmica.

Fonte: https://kurdistan-au-feminin.fr/2025/08/20/800-prisonniers-executes-en-iran-en-moins-de-huit-mois/

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Coral de sapos –
na lagoa sem mestre,
até o coaxar é livre.

Liberto Herrera

Parte 4 | O Século do Aço e Sangue: O Estado Brasileiro e a Ditadura do Massacre (1950-2000)

Se os séculos anteriores ensinaram que o Estado brasileiro é uma máquina de triturar pobres, o período de 1950 a 2000 provou que ele opera com eficiência industrial. Sob a fachada de “desenvolvimento” e “democracia”, a lógica do terror não só persistiu — robotizou-se. Ditaduras e governos “eleitos” compartilharam o mesmo manual: onde houver resistência, enviem tanques, caveirões e esquadrões da morte. Este é apenas um apanhado geral — a lista completa exigiria um livro de lágrimas e balas.

A década de 1950 já sangrava sob a máscara da democracia. Em diversas favelas, que nesta época se expandiam, pobres eram mortos todos os dias e enterrados em cemitérios clandestinos, sob as mãos dos grupos de extermínios. Mas foi em 1955, com o Massacre de Formoso, também conhecido como o Massacre de Trombas e Formoso, que ocorreu na região do norte de Goiás (hoje Tocantins), envolvendo conflitos entre camponeses organizados e fazendeiros apoiados por forças policiais e jagunços, que, entre vários mortos, um aviso foi dado: reforma agrária seria guerra.

Com a ditadura instalada em 1964, o terror virou ciência de Estado. O Massacre do Araguaia (1972-1975) sintetiza a barbárie: mais de 70 camponeses, guerrilheiros e indígenas executados e desaparecidos na selva. Nas cidades, a Operação Condor financiava caçadas transnacionais, enquanto a polícia fazia trabalho sujo. Em 1969, o Massacre da Chácara São Bento (SP): 15 presos políticos executados com tiros na nuca. Em 1973, o Massacre de Quintino (RJ): 7 favelados metralhados por policiais em uma casa.

O ápice da crueldade institucional veio em 2 de outubro de 1992: o Carandiru (SP). 111 presos assassinados pelo Batalhão de Choque — muitos executados a sangue frio, de cócoras, com requintes de crueldade. O Estado não escondia mais: o massacre era espetáculo midiático. Nem mesmo a “redemocratização” freou a engrenagem. Em 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás (PA), 21 sem-terra foram executados pela Polícia Militar. Corpos mutilados, crânios estourados por cassetetes. O governo de Fernando Henrique Cardoso chamou de “incidente”.

Este apanhado superficial (1950-2000) escancara, uma vez mais, a mentira da “exceção” ditatorial. Do AI-5 à Constituição de 1988, o terror foi regra. Se em 1700 os bandeirantes matavam por contratos de terra, em 2000 eram jagunços, PMs e juízes que assinavam sentenças de morte. O Estado — democrático ou não — manteve sua função histórica: garantir, pela bala e facão, que os de baixo jamais desafiem a pirâmide de sangue e privilégios. Os nomes mudam (Araguaia, Carandiru, Eldorado), mas a vítima é sempre a mesma: o povo. Quinhentos anos não bastaram. Seguiremos contando os mortos até que a última pedra dessa máquina de moer gente seja reduzida a pó. A memória é nossa trincheira.

Liberto Herrera.

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agência de notícias anarquistas-ana

Sentado no banco
o gato finge
que é uma esfinge

Alvaro Posselt

[Reino Unido] Lançamento: Hostilidades Anarquistas ao Capitalismo Verde – Volume 1

Esta pequena coletânea trata daqueles que identificaram o problema do capitalismo verde, suas tecnologias, e agiram contra eles. Relembrando ao mundo o que é a hostilidade, esta coletânea, que abrange territórios ocupados por Alemanha, Suécia, Itália, Chile e Estados Unidos, está longe de ser completa (daí o “Volume I”) e representa apenas uma amostra de ações e análises realizadas por anarquistas e autonomistas. Os textos aqui reproduzidos demonstram a recusa ao capitalismo verde, mas também denunciam a divisão política popular entre combustíveis fósseis e as chamadas energias renováveis, uma divisão cultivada por políticos, assessorias de empresas e teóricos da mentalidade estreita do “capitalismo fóssil”.

Rupture Press e Active Distribution, maio de 2025, livro formato A5, 148 páginas, £4,00, activedistributionshop.org

Tradução > Contrafatual

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Geada no campo –
a capivara boceja:
Frio demais pra mim

Pedalante

[Canadá] Defensores da floresta: um filme de cinco anos em produção sobre a resistência indígena ao desmatamento colonial no chamado Quebec

A Amplifier Films relata sua cobertura recente sobre as lutas indígenas contra o desmatamento e seu novo projeto cinematográfico, Defensores da Floresta.

Não é segredo que os povos indígenas estão na linha de frente da luta contra a destruição ambiental e as mudanças climáticas. É por isso que dediquei tanto do meu tempo para amplificar suas lutas, porque, além dos esforços das ONGs (a maioria das ONGs, na minha experiência, são bastante ineficazes em parar a destruição), os defensores indígenas da terra têm o maior interesse nesta luta. Eles sabem exatamente por que estão resistindo: pela terra, pelas futuras gerações, por seus filhos e netos. Esta visão, enraizada no cuidado de longo prazo e na conexão com a terra, é o que os impulsiona a lutar com todas as forças.

Este verão nos levou através de territórios, do lendário local de resistência em Kanehsatake, até o recém-batizado Acampamento Soberania no quilômetro 133 do Chemin Parent. Lá, o chefe do território Nehirowisiw Robert Echaquan, junto com sua família e apoiadores, interrompeu as operações de desmatamento. Eles agora estão preparando um segundo bloqueio para pressionar o governo de Quebec a reconhecer sua soberania e chegar a um acordo justo sobre o manejo florestal.

Também visitamos poderosos bloqueios ferroviários em Wemotaci e Mashteuiatsh, onde defensores impediram que produtos florestais e toras brutas passassem por seus territórios—parte da crescente resistência ao Projeto de Lei 97 e ao regime florestal colonial mais amplo no chamado Quebec.

A partir deste trabalho de linha de frente, estamos criando um novo filme: Defensores da Floresta (https://amplifierfilms.ca/forest), um documentário de base cinco anos em produção. Começamos a filmar no inverno de 2021, quando este movimento estava nascendo, bem no meio da pandemia, e enquanto eu também trabalhava em Yintah. Agora, estamos no impulso final. O filme está sendo feito em estreita colaboração com defensores da terra Nehirowisiw (Atikamekw) e Innu, e será lançado gratuitamente online entre meados de setembro e início de outubro para apoiar a organização, exibições e arrecadação de fundos liderada pela comunidade.

Também documentamos uma conversa poderosa para nosso próximo projeto Uma estrada vermelha para a Cisjordânia. Rehab Nazzal, uma artista palestina que hospedou Clifton durante sua visita à Cisjordânia em 2016, conseguiu deixar a Palestina durante uma janela rara quando o espaço aéreo se abriu. A trouxemos para Kanehsatake, onde ela se encontrou com Clifton e a defensora da terra Mohawk Ellen Gabriel para um diálogo anticolonial entrelaçado, ligando lutas da Ilha Tartaruga à Palestina.

Agora estamos buscando urgentemente $5.000 USD para completar a pós-produção de Defensores da Floresta: edição, som, cor e combustível para viagens. Graças a um patrocinador fiscal baseado nos EUA, doações dedutíveis de impostos de $5.000 ou mais agora são possíveis. Se você ou alguém que conhece pode doar nesse nível, entre em contato conosco diretamente. Isso nos permitiria focar na produção cinematográfica essencial, em vez de constantemente perseguir $20 aqui e $30 ali (embora sejamos gratos por esses também!).

Fonte: https://itsgoingdown.org/defenders-of-the-forest-a-film-five-years-in-the-making-about-indigenous-resistance-to-colonial-logging-in-so-called-quebec/

Tradução > Contrafatual

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Flor esta
De pura sensação
Floresta.

Kleber Costa

[São Bernardo do Campo-SP] 1ª Feira do Livro Anarquista do ABC

P R O G R A M A Ç Ã O

12h – Abertura: Apresentação do PMMR

13h – Contação de histórias: Anônimas contam “As Pegadas da Comandanta Ramona” e “A História do Olhar”

14h – Teatro: “Barraca de luxos comunais (uma feira com produtos da Comuna de Paris)” com Cibele Troyano

14h – Fazendo arte com materiais reutilizáveis (Josú Ferropoética e LEA – Laboratório de Educação Anarquista)

15h – Debate/roda de conversa: “Possibilidades do Anarquismo Hoje” com Andreza – Cultive a Resistência, Mayumi – Biblioteca Terra Livre e Julio Guató – COLIBRI

15h30 – Oficina de stencil para crianças e adultos com Willie 77

17h30 – Apresentação musical: Ktarse Rap Combativo

18h10 – FIM

E X P O S I T O R E S

Artee.stampa (Fernando serigrafia e geração de renda) / Centro de Cultura Social-SP / Biblioteca Terra Livre / Cultive Resistência / Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri / Organização Socialista Libertária / Faísca Publicações Libertárias / Ateliê Canudos (camisetas e bolsas) / Rosanegra Ação Direta e Futebol / Deu Zebra / Júlio Guató e COLIBRI Coletivo Libertário de Resistência Indígena

F A N Z I N E S

Thina Curtis e UZINAGEM (Rodrigo Dias)

C O M I D A

O Hangü

Onde: Projeto Meninos e Meninas de Rua

Local: Rua Jurubatuba, 1610, São Bernardo do Campo-SP

Organização: Mix-LEA/Rosanegra ADF e Carlão/CCS-SP/NELCA)

Contato da organizaçãoflordeliberdade@gmail.com

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Escola sem muros:
o saber é rio que flui
para todo berço.

Liberto Herrera

[Galícia] Vigo presta homenagem a Ricardo Mella, figura chave do anarquismo galego, no centenário de sua morte

Ele voltou a Vigo após seu “exílio” para dirigir a empresa de bondes

Mais de cinquenta pessoas comemoraram nesta quinta-feira (07/08) o centenário da morte do anarquista Ricardo Mella, defensor dos direitos trabalhistas, topógrafo, projetista e gestor da rede de bondes de Vigo, segundo informou o sindicato CGT, organizador do evento.

A homenagem foi realizada diante do mausoléu erguido no cemitério de Pereiró em honra a Mella, um intelectual e ativista autor de cerca de vinte obras, várias delas traduzidas para mais de uma dezena de idiomas. Representantes da CGT, entre eles o seu secretário-geral na Galícia, Miguel Ángel Cuña, participaram na comemoração, incluindo uma sobrinha-neta do anarquista e intelectual, que terminou com uma oferta floral no mausoléu erguido pelo escultor galego Francisco Asorey. Mella “influenciou muito o movimento anarcossindicalista galego e espanhol”, explicou Cuña em conversa telefônica com a EFE, na qual destacou que, após sua “condenação ao exílio” da Galícia em 1882, ele esteve em Madri, Andaluzia, Catalunha e Astúrias, onde continuou seu trabalho ativista, antes de retornar à sua cidade natal, Vigo, onde se dedicou exclusivamente à direção da empresa de bondes.

O dirigente da CGT destacou que Mella ainda é uma figura influente do movimento anarquista, do qual foi “um dos principais ideólogos”, a ponto de, em Pontevedra, todos os dias 1º de maio, prestarem-lhe homenagem lendo sua obra publicamente. O sindicalista precisou que o homenageado, nascido em Vigo em 23 de novembro de 1861 e falecido em 6 de agosto de 1925, escreveu uma obra sobre a revolta operária de Chicago (EUA) em 1896, que marcou o início da adoção em vários países dos limites da jornada de trabalho, de 8 horas diárias, e a celebração do Dia Internacional dos Trabalhadores, uma fonte de inspiração.

Fonte: https://www.farodevigo.es/sociedad/2025/08/07/vigo-homenaje-anarquista-ricardo-mella-120434326.html

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Orquestra mágica
Balanço sussurrante das árvores
A maestria do vento.

Clície Pontes

[Espanha] “Aqui tendes um lar para a revolução cultural”: La Pantera Rossa conclui com sucesso sua campanha de financiamento

Mais de 300 pessoas sustentam a livraria centro social, referência do ativismo cultural e político em Zaragoza, garantindo a continuidade deste espaço feminista e autogerido frente às ameaças econômicas

Por Iker González Izagirre | 25/07/2025

Sob o lema “Todo o impossível com você”, no último dia 1º de Maio, a La Pantera Rossa lançou uma campanha de crowdfunding para enfrentar os “altos e baixos econômicos” que “nos arrastam a um risco permanente”. O objetivo era claro: defender um projeto coletivo, autogerido, crítico e popular frente à precariedade.

A resposta foi contundente. Um total de 324 pessoas apoiaram financeiramente esta livraria centro social, integrada na economia solidária aragonesa, através da plataforma Goteo, especializada em iniciativas de impacto social. Ao todo, 22.723 euros, bem acima da meta mínima estabelecida (16.428 euros) e também superior à meta ideal (22.428 euros).

Nem neutra, nem passiva: cultura de combate

Desde sua fundação em 2010, La Pantera Rossa tem sido muito mais que uma livraria. Localizada na rua San Vicente de Paúl, 28, é um ponto de encontro para a dissidência cultural, um refúgio para movimentos sociais e uma trincheira de pensamento livre.

Por suas salas passaram centenas de lançamentos, exposições, debates, oficinas e campanhas vinculadas ao feminismo, à memória democrática, ao antirracismo, à diversidade sexual e aos movimentos antimilitarista e ecologista.

O sucesso desta campanha não apenas garante a sobrevivência do espaço, mas também envia uma mensagem clara: frente aos ataques à cultura crítica e à mercantilização da vida, o apoio mútuo segue sendo uma ferramenta poderosa.

“Sentimo-nos muito orgulhosas de permanecer em vossos corações rebeldes”, afirmou a La Pantera Rossa em comunicado de agradecimento. “O apoio mútuo é a chave para nos defendermos e para melhorar o mundo”, acrescentaram.

“Nos vemos entre livros e nas ruas”

Num contexto de cortes, censura institucional e expulsão de projetos incômodos do centro urbano de Zaragoza, o caso da La Pantera Rossa coloca novamente em destaque a necessidade de sustentar espaços autogeridos. O que se defende aqui não é apenas um local, mas uma forma de fazer política a partir da cultura, de baixo para cima e entre iguais.

“Obrigada, rossas. Aqui tendes um lar para a revolução cultural. Nos vemos entre livros e nas ruas, rugindo com esperança”, conclui o comunicado. Mais uma vez, Zaragoza demonstra que suas redes sociais não apenas resistem, mas também constroem o futuro.

Fonte: https://arainfo.org/la-pantera-rossa-culmina-con-exito-su-campana-de-financiacion/

Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/10/30/espanha-la-pantera-rossa-centro-social-e-livraria-em-zaragoza/

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Na calma do lago
um bufo entre a canarana:
peixe-boi respira.

Anibal Beça

Semana Internacional de Solidariedade com xs Anarquistas Presxs 2025 Porto Alegre (RS)

Sábado 23 de agosto, 15h00, Utopia e Luta, escadaria da Borges, centro histórico

16h00: Roda de conversa: Das múltiplas expressões de luta pela libertação de Saco e Vanzetti nos anos 20 no mundo e em Porto Alegre, à agitação atual por nossos companheirxs sequestradxs pelos Estados.

17h30: Atividade anticarcerária: Escrita de cartões postais para companheirxs presxs.

Mais: Bancas com publicações e zines, Pandemia Distro e Biblioteca Anárquica Kaos.

Um movimento que esquece seus presxs está fadado ao fracasso!

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/08/18/chamada-para-a-semana-internacional-de-solidariedade-com-prisioneiros-anarquistas-2025/  

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Burocracia queima
no fogão coletivo.
Fumaça: poesia.

Liberto Herrera

[EUA] Incêndio criminoso contra fabricante de drones, subsidiária da Boeing

Nas primeiras horas da manhã de 23 de julho, uma van da Insitu foi incendiada enquanto estava estacionada em um terreno vazio em frente ao escritório da empresa em Hood River, Oregon. Este incêndio foi provocado porque o crescimento do aparato de segurança nacional representa uma ameaça existencial para todos aqueles que sonham com um mundo livre. Agimos em total antagonismo contra aqueles que possibilitam e lucram com o militarismo, policiamento e vigilância.

A Insitu, uma subsidiária integral da Boeing, desenvolve e fabrica tecnologia de drones para uso militar e de aplicação da lei. Os drones de vigilância Boeing Insitu RQ-21 Blackjack e MQ-27 ScanEagle foram integrados aos sistemas de armamento operados pela Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Os UAVs ScanEagle estão sendo ativamente utilizados pelas forças da coalizão liderada pela Arábia Saudita como parte de sua intervenção militar contínua na guerra civil do Iêmen.

Em 2023, a agência de Proteção de Alfândega e Fronteiras começou a conduzir avaliações tecnológicas dos drones Blackjack e ScanEagle para fins de vigilância na fronteira EUA-México. Em 2011, a Insitu introduziu o Inceptor, um pequeno helicóptero não tripulado projetado para caber no porta-malas de carros policiais. Isso demonstra ainda mais que a tecnologia desenvolvida para intervenções militares no exterior sempre será reconstituída para contrainsurgência doméstica e repressão através do policiamento e aplicação de controle fronteiriço.

Enquanto Israel continua sua guerra genocida contra o povo de Gaza, não esqueceremos que a Boeing está entre os maiores fabricantes de munições e equipamento militar para as IDF, incluindo Jatos de Combate F-15 e Helicópteros de Ataque Apache. A Boeing está fornecendo a Israel as armas e tecnologia que tornam este genocídio possível. Fizemos esta ação como um gesto modesto de solidariedade à resistência palestina contínua ao colonialismo e apartheid, de dentro e fora dos territórios ocupados, do rio ao mar.

Para aqueles que queimam

alguns anarquistas

Fonte: https://pugetsoundanarchists.org/arson-against-drone-manufacturer-boeing-subsidiary/

Tradução > Contrafatual

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o peão avança,
entre folhas de manacá —
rainha e rei caem

Pedalante

[Porto Alegre-RS] Agosto Negro. Em memória dxs compas Luciano Pitronelo, Belém e Lupi

Respondendo ao chamado que compas desde $hile fizeram voar para todxs os ácratas, aproveitamos a feira anarquista para fazer uma sucinta atividade na qual compartilhamos o chamado, falamos dxs compas lembrados e da importância de estar pelos compas que marcam nossas trilhas de ação e agitação.

Logo penduramos uma faixa no centro histórico da cidade com os dizeres:

De um lado ao outro da cordilheira, Viva a Anarkia Tortuga, Belén, Lupi presentes!

Com cumplicidade e afinidade, saudamos o ímpeto dxs compas que desde o território em conflito com o estado chileno mandam até nós: agitação permanente, valorização consequente dxs companheirxs e marcar mais e mais dias de agitação anárquica nos calendários!

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/15/chile-chamado-para-um-agosto-negro-em-memoria-dxs-companheirxs-lupi-tortuga-e-belen/

agência de notícias anarquistas-ana

Cultivado o medo
no inverno
aves não cantam

Pedalante

[América Latina] Convocatória Revista Rompendo Filas 2025

A RAMALC faz um chamado para ser e fazer parte da Revista “Rompendo Filas”

Tema: O negócio das violências e da insegurança

As contribuições devem abordar o tema das relações entre forças armadas, militarização, comércio de armas, medo e insegurança social, bem como a sensação de aumento da violência criminal, seja ela organizada ou não. Cada contribuição pode tratar todos esses aspectos em conjunto, apenas parte deles ou focar em um único subtema.

O tratamento deve partir de uma perspectiva antimilitarista e crítica, e essa perspectiva crítica deve se aplicar também aos poderes e às violências.

Estilo: Livre, com a única exigência de que possa ser publicado em formato PDF. Serão bem-vindos artigos, desenhos, poemas, ensaios, pesquisas, colagens etc., desde que atendam aos critérios temáticos.

Extensão: Até 8 páginas, tamanho A4. Tamanho de fonte de referência: 12 ou 11 em Calibri.

Formato: Digital, PDF. Será publicado no site da RAMALC e em outros espaços parceiros.

Envio das contribuições para o e-mail: ramalclatam@gmail.com
Data limite para envio: 10 de setembro de 2025

ramalc.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

a cigarra canta
enquanto orquídeas florescem:
cada um na sua

Gustavo Felicíssimo

Mercado da Morte-Repressão | Exportações de produtos bélicos e de defesa atingem recorde em 2024

O Ministério da Defesa informou que as exportações de produtos relacionados à segurança e defesa nacional atingiram o maior valor, em dólares, desde o início da série histórica, há dez anos. Entre janeiro e outubro de 2024, este valor atingiu US$ 1,6 bilhão, o que iguala o melhor resultado desde o início da contagem anual, que foi registrado em 2021. Atualmente, a indústria de defesa nacional comercializa para cerca de 140 países em todos os continentes.

Apesar disso, na visão do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, o setor ainda passa por um momento de dificuldade financeira. Atualmente, cerca de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil é destinado para este segmento. Uma proposta defendida pelo ministério é aumentar essa participação para 2% da receita corrente líquida do país, que ainda deve ser discutida no Congresso Nacional.

Mesmo assim, o principal ponto de estresse relatado pelo ministro é a falta de previsibilidade orçamentária. “Estamos tomando providências, o presidente (Lula) tem se preocupado, estamos com uns projetos nas mãos da Câmara e do Senado para que possam oxigenar nossas finanças e sanar este problema”, afirmou o ministro.

Múcio esteve presente na cerimônia que confirmou um acordo de cooperação técnica da pasta com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na prática, a entidade disponibilizará informações levantadas pelo Observatório Nacional da Indústria, que conta com uma extensa base de dados, utilizada para antecipar movimentos do mercado e ser apoio para o fomento de soluções.

Com o acordo, o ministério ainda busca identificar oportunidades para a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) no mercado nacional e internacional. O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressaltou a importância do acordo e destacou que ainda há muito espaço para a expansão da indústria nas áreas de segurança cibernética, satélites e aeroespacial.

“São setores estratégicos para o país e para a nossa soberania. Este acordo vai ajudar a indústria nacional a aproveitar mais e melhor as oportunidades no mercado global, fortalecendo a nossa competitividade”, destacou Alban.

Além do compartilhamento de dados, a parceria também prevê a identificação de atividades de maior demanda na área da defesa, listadas por meio da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). Diante disso, será possível o mapeamento das carências no setor e as tecnologias de maior interesse no mercado.

Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), destacou que o segmento cresceu em exportação nos últimos anos.

“A indústria de Defesa exportou em 2022 R$ 648 milhões. Em 2023, foram R$ 1,4 bilhão, e em 2024, R$ 1,7 bilhão. Nós estamos tendo um crescimento já há dois anos da exportação da Indústria da Defesa, e a tendência é termos ainda um crescimento forte”, afirmou o vice-presidente.

Fonte: agências de notícias

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Num atalho da montanha
Sorrindo
uma violeta

Matsuo Bashô

Conheça o artista e anarquista ucraniano morto em combate na linha de frente

O artista e militante anarquista ucraniano David Chichkan, conhecido por uma obra profundamente crítica às estruturas de poder e marcada por ideais de justiça social, morreu em 10 de agosto de 2025, um dia após ser gravemente ferido durante a defesa de uma posição contra o avanço de tropas russas na frente de Zaporizhzhia. Para ele, a invasão russa representava “o fascismo moderno”, e sua decisão de se alistar refletia a coerência entre sua prática artística e seu engajamento político. Chichkan, de 38 anos, deixa esposa e um filho pequeno, tornando-se um entre os mais de 200 intelectuais, artistas e figuras culturais ucranianas mortos desde o início da guerra em larga escala.

Nascido em Kiev, em 1986, Chichkan vinha de uma família de artistas, incluindo seu bisavô Leonid Chichkan, pintor socialista cujas obras foram saqueadas por tropas russas em 2022. Autor de uma produção intensa e provocadora, definia-se como “desenhista” e não artista, usando a imagem como ferramenta de comunicação de ideias emancipatórias e antiautoritárias. Inspirava-se tanto na escritora feminista Lesia Ukrainka quanto no revolucionário anarquista Nestor Makhno, mas enfrentava resistência feroz de setores conservadores. Em 2017, sua mostra “Lost Opportunity” foi atacada por militantes de extrema direita, e, já em 2024, uma exposição prevista para o Museu Nacional de Arte de Odessa foi cancelada após campanhas de difamação.

Impedido de servir em 2022 por questões de saúde, Chichkan dedicou-se a apoiar o exército por meio de sua arte até conseguir se alistar, optando por atuar como operador de morteiro em uma unidade de combate. Segundo companheiros de frente, recusava privilégios e participava de todas as tarefas, da escavação de trincheiras ao manejo de armamentos, mantendo sempre a disposição de transmitir aos colegas sua visão de mundo, seu conhecimento de história e literatura ucraniana e seu pensamento político. Para amigos próximos, sua passagem do ateliê ao campo de batalha foi apenas a continuação lógica de uma vida em que criação e luta eram inseparáveis.

Fonte: https://dasartes.com.br/de-arte-a-z/conheca-o-artista-ucraniano-morto-em-combate-na-linha-de-frente/

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no aconchego da terra
a semente
vive a espera

Eugénia Tabosa