[Grécia] Adeus ao nosso Ignatius

3 de novembro de 2025

Após muitos meses (desde junho) em coma no hospital da Cruz Vermelha, Ignatius abriu os olhos pela primeira vez há alguns dias, durante uma visita de seus companheiros, aparentemente para se despedir de nós, pois hoje, domingo, 2 de novembro de 2025, ele faleceu. Repetidos derrames e cirurgias cranianas difíceis, apesar dos esforços da equipe médica e de enfermagem, levaram ao seu fim irreversível. Ignatios era um camarada anarquista conhecido em todo o movimento por sua participação plural em todas as suas ações e resistências, fossem elas lutas contra a repressão, projetos alternativos autogerenciados ou eventos culturais.

Ele se iniciou na ocupação Karyatidos, em Peristeri, e depois participou de coletivos que administravam o café Zapatista. Nos últimos anos, ele também participou de outros coletivos políticos e sociais, às vezes no Movimento Antiautoritário e no Empros [teatro autogestionado], mantendo uma presença constante no coletivo MEKAREVERSE e, é claro, participando de todos os eventos do movimento. No entanto, foi sua participação de longa data e multifacetada na ocupação do Jardim Botânico de Petroupolis que o marcou. Lá, ele desempenhou um papel de liderança em todas as ações individuais da ocupação, que diziam respeito à rua, ao acolhimento de refugiados e ao grupo de teatro, participando de inúmeras apresentações. Mas o que ajudou a criar o espaço foi o autoestabelecimento de coletivos, especialmente a mercearia, que desempenhou um papel decisivo. Um de seus grandes sonhos que não foi realizado foi a viagem planejada a Chiapas e às comunidades zapatistas para o Encontro Internacional de Resistência e Levante, realizado em agosto no Acampamento Comandanta Ramona, visitando as comunidades zapatistas pela segunda vez. Deixamos a última frase para o que ele mais amava, que era dançar e a respectiva aprendizagem que recebeu nessa área desde a infância. Desejamos que agora, sem restrições estatais, regulatórias e físicas, ele se divirta fazendo círculos e figuras de planeta em planeta e de estrela em estrela, e prometemos que nunca o esqueceremos.

Espaço social gratuito do Jardim Botânico de Petroupolis

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1638271/

Tradução > transanark / acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Fugiu-me da mão
no vento com folhas secas
a carta esperada.

Anibal Beça

Greves na Espanha!

Nossa seção espanhola, a CNT, convocou recentemente várias greves relacionadas com diversos conflitos laborais. Não só se somou à convocatória de greve geral de 24 horas em todo o país, em solidariedade com o povo palestino, mas que segue organizando-se nos locais de trabalho. Assim, seus membros se declararam em greve em Sevilha e Granollers (perto de Barcelona). Extremos opostos da geografia ibérica e setores econômicos muito diferentes, mas uma mesma luta: a da classe obreira.

Aixa Can Mansana é uma empresa com sede na Catalunha que proporciona serviços de arqueologia para as escavações iniciais exigidas pela lei espanhola em muitas construções ou movimentos de terra. Recentemente, a empresa despediu uma parte importante de sua planta fixa e a substituiu por pessoal temporário, substituindo assim os contratos estáveis de longa duração por outros de fixos descontínuos. Ao mesmo tempo, se negou durante os últimos 13 anos a revisar os salários para ter em conta a inflação, não proporciona a equipe de segurança necessária e se negou a discutir outros detalhes dos contratos.

Após um longo período de negociações infrutíferas, os trabalhadores e as trabalhadoras se cansaram e se declararam em greve, a partir de 13 de agosto. Isto significa que estão a mais de dois meses em luta. Uma entrevista completa pode se encontrar aqui¹: “Com a Caixa de Resistência Confederal podemos nos centrar na greve, nos piquetes, sem medo” – Confederação Nacional do Trabalho e uma declaração e uma atualização (em catalão) pode se encontrar aqui²: La vaga d’arqueòlegs de Can Mansana s’apropa als 60 dies mentre l’empresa vulnera el dret de vaga | CNT

Do outro lado do país, GAZC é uma empresa metalúrgica com sede em Sevilha que manufatura peças para fabricantes de aviões a nível internacional. Durante muito tempo, ignorou muitas disposições do convênio coletivo e impôs um clima de terror e repressão sindical, que culminou em várias demissões durante o último verão. A planta, cansada desta situação, se declarou em greve indefinida a partir de 6 de outubro. Há mais informação em³: CNT inicia uma greve indefinida em GAZC Sevilha. Uma de suas principais reivindicações, claro, é a readmissão de seus companheiros demitidos.

Segundo a legislação espanhola, durante as greves não se pagam salários, o que significa que os trabalhadores e as trabalhadoras não receberam (ou não receberão) pagamento algum durante meses. No entanto, o último congresso da CNT aprovou a criação de uma caixa de resistência, de modo que as pessoas que façam a greve receberão dinheiro deste fundo. Esta é a razão principal pela qual os conflitos podem prolongar-se tanto tempo ou continuar indefinidamente (outros motivos são o ânimo combativo e a determinação). Isto significa também que a CNT pode abordar lutas mais duras e ser mais ambiciosa em suas reivindicações, já que está preparada de antemão. Em CIT nos alegra ver que nossa seção espanhola cresce cada dia em número e capacidades! Ânimo!

Fonte: https://www.iclcit.org/es/Greves-en-espana/

[1] https://www.cnt.es/noticias/con-la-caja-de-resistencia-confederal-podemos-centrarnos-en-la-huelga-en-los-piquetes-sin-miedo/

[2] https://granollers.cnt.es/2025/10/06/la-vaga-darqueolegs-de-can-mansana-sapropa-als-60-dies-mentre-lempresa-vulnera-el-dret-de-vaga/

[3] https://sevilla.cnt.es/2025/10/cnt-inicia-una-huelga-indefinida-en-gazc-sevilla/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Rosa branca se diverte
Pétalas no vento
Imitam a neve.

Vinícius C. Rodrigues

[Belém-PA] Encerramento da COP30: avaliação do CCLA

Há poucos dias, a cúpula da ONU sobre as mudanças climáticas e as soluções para enfrentar os problemas gerados pela aceleração dessas mudanças foi encerrada com um “acordo mínimo” muito aquém das expectativas dos observadores mais pessimistas.

De fato, enquanto anarquistas e libertáries, não podíamos, até antes de ela começar, esperar muito de um encontro que ao longo dos anos não soube frear minimamente a ganância capitalista e só trouxe como única “solução” concreta ao desregulamento climático a mercantilização de um suposto direito a poluir: o tal de mercado de carbono.

Portanto, havíamos cuidadosamente preparado nosso Centro de Cultura para acolher as mais variadas formas de protesto vindo da Amazônia brasileira (começando por Belém e sua metrópole), da América do Sul e do resto do mundo. Todos os dias, durante aquele circo de vai e vem de delegações oficiais gangrenadas por lobistas do petróleo, propomos atividades culturais, debates e rodas de conversa, refeições solidárias, preparação das marchas populares de protesto, etc.

Apesar dessa preparação e desse planejamento, tivemos a felicidade de conhecer momentos imprevistos e pessoas desconhecidas e de conviver com outras até então frequentadas apenas por meio da internet: assim pudemos participar da ocupação por parte dos povos indígenas da Zona Azul da COP, receber visitantes vindo de muito longe e dialogar com eles, Dràgàn Macko (França), Mário Rui Pinto (Portugal) ou Peter Gelderloos (EUA)… e isso não é tudo: foram momentos lindíssimos, cheios de aprendizagens em termos de práticas de resistência, de trocas de pontos de vista sobre as crises geradas pelos de cima e de compartilhamento de soluções para a gente sair dessas desde a nossa posição periférica.

Para finalizar essas jornadas anarquistas anti-COP30, queríamos deixar a vocês a nossa avaliação sobre essa farsa que foi esta COP, trigésima ocasião perdida para salvar a nossa Mãe Terra (Mother Earth como a chamava Emma Goldman) e as populações que nela sobrevivem, presas a mazelas e tormentos evitáveis.

Já o sabíamos, a coragem para sair dessa trilha de destruição só será a nossa e, quando conseguirmos reverter essa situação desesperadora pelas nossas lutas, deixaremos apenas às elites as roupas de vergonha de quem podia e não tentou para se vestir e andar sob as vaias da humanidade e de todas as criaturas do planeta, finalmente livrado da exploração capitalista e das desigualdades e opressões.

>> Para ler a Carta das Jornadas Anarquistas Anti-COP na íntegra, clique aquihttps://cclamazonia.noblogs.org/files/2025/11/Carta-das-Jornadas-Anarquistas-Anti-COP-CCLA.pdf

Boa leitura!

Centro de Cultura Libertária da Amazônia – CCLA

Rua Bruno de Menezes (antiga Gen. Gurjão), 301. Campina. Belém, Pará, Brasil.

Site: https://cclamazonia.noblogs.org/

Instagram: @cclabelem

agência de notícias anarquistas-ana

Se equilibra
nas variações do vento
o bem-te-vi

Harley Meirelles

Lula, líder climático?

[Itália] Sobre a operação Maistrali em Cágliari

NÃO ABAIXE A CABEÇA DIANTE DO ESTADO E DE SEUS SÚDITOS

CONTRA A GUERRA DOS ESTADOS

CONTRA A PAZ SOCIAL

Há muitas maneiras de matar. Pode-se enfiar uma faca na barriga de alguém, tirar-lhe o pão, não curá-lo de uma doença, enfiá-lo numa casa inabitável, massacrá-lo de trabalho, levá-lo ao suicídio, mandá-lo para a guerra, etc. Apenas alguns desses métodos são proibidos no nosso Estado.

B. Brecht “O Livro das Mudanças”

No dia 21 de novembro, mais uma vez a Digos [Divisão de Investigações Gerais e Operações Especiais da polícia italiana] de Cáglieri e o tribunal lançam uma megaoperação, denominada “Maistrali”, na qual 36 companheirxs são investigadxs por vários crimes e 10 delxs também por associação com fins de terrorismo ou subversão da ordem democrática (o infame artigo 270-bis), pelas lutas anticarcerárias, antimilitaristas e antifascistas, incluindo pichações, realizadas desde 2020 até hoje. Fatos que a polícia e o tribunal costuram de forma bizarra para justificar suas interpretações e seus pedidos. Apesar de o Estado acusar de terrorismo quem luta, a única motivação desta operação é, mais uma vez, disseminar o medo para combater o conflito social emergente em grande parte do planeta.

Enquanto a opinião pública está atordoada pelas redes sociais e pelos bombardeios midiáticos sobre segurança, os estados e seus exércitos continuam a se armar, com enormes investimentos sem precedentes, empobrecendo trabalhadorxs e exploradxs. Para justificar esta política, precisam criar um inimigo. De fato, a solução mais fácil é classificar a população em amigos e inimigos, identificando como inimigos aqueles que não querem ou não podem cumprir as prescrições de um sistema capitalista direcionado, com determinação crescente, para o aniquilamento do ser humano. Os novos crimes, as medidas preventivas, a prisão, a tortura são um alerta útil para quem ainda não está convencido a ficar do lado do Estado.

Toda vez que o conflito social ganha força, o Estado emana leis que reforçam normas para controlar qualquer dissidência, seja qual for a forma como se manifesta. Normas escritas de forma a dar aos juízes a possibilidade de interpretá-las, variando arbitrariamente o tipo de crime e atingindo mais duramente todxs aqueles que se opõem e todxs aqueles que são solidárixs.

A imposição desenfreada de medidas preventivas para quem tenta lutar nos locais – sejam praças, prisões ou CPRs (Centros de Permanência para Repatriação) – onde o Estado exerce sua violência racista contra pobres e migrantes, tem o único objetivo de proteger esses lugares que servem para separar o proletariado dos poderosos e dos patrões. A contínua colaboração entre forças policiais e exército é útil ao Estado para proteger os exploradores e seus súditos, espancadores fascistas e militares, todos criminosos assassinos quando surge a oportunidade, tanto em tempos de guerra como em tempos de paz.

Estamos convencidos de que a única maneira de protestar contra as regras é infringi-las; quanto mais o sistema tem medo, mais busca incutir medo em quem se opõe, inclusive normalizando o uso da violência contra quem não se adequa. O desejo de liberdade não pode ser detido pelas concessões do poder; a liberdade se toma. Não damos e não daremos nenhum passo atrás em relação às nossas escolhas e às nossas lutas, reafirmando que não serão seus processos, com sentenças que já gostariam de ter escrito, suas ameaças e suas torturas que nos impedirão de estar sempre do lado dos fracos e dos exploradxs que lutam.

TODXS LIVRES

SEMPRE DO LADO DE QUEM LUTA

FOGO AO ESTADO E ÀS PRISÕES

Anarquistas contra a prisão e a repressão

Fonte: https://brughiere.noblogs.org/post/2025/11/25/sulloperazione-maistrali-a-cagliari/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

na rua deserta
brincadeira de roda
vento se sujando de terra

Alonso Alvarez

[Alemanha] Mumia livre – uma hora em solidariedade com os oprimidos do feudalismo norte-americano

Terça-feira, 9 de dezembro – Embaixada dos EUA em Berlim – 18h às 19h00

Na terça-feira, 9 de dezembro de 2025, o jornalista afroamericano Mumia Abu-Jamal, completa 44 anos(!) de prisão por um suposto assassinato de um policial. Como jornalista, décadas atrás, Mumia denunciou o governo corporativo, a repressão autoritária e racialmente motivada e a violência policial mortal nos EUA e os criticou quando seus colegas às vezes se subordinavam voluntariamente ao mainstream. Como ex-porta-voz do Partido dos Panteras Negras, ele sabia e sabe muito bem do que são capazes os representantes da supremacia branca nos EUA.

A atual aquisição tecno-feudal não cresceu da noite para o dia, mas está profundamente enraizada no colonialismo social-darwinista da América do Norte. O assassinato em massa e o etnocídio da população indígena, bem como a escravidão, que continua até hoje de forma modificada, permitiram que a classe dominante nos EUA ignorasse os direitos humanos e afirmasse os próprios interesses sem escrúpulos. Já há muito tempo, as guerras que os EUA vêm travando ou apoiando externamente são um espelho das guerras que travam internamente desde o seu início: expulsão e assassinato de todas as pessoas de cor que não se subordinam aos interesses da exploração. Um judiciário classista e racista garante que o terço inferior da população dos EUA não tenha acesso à justiça e que as corporações possam fazer o que quiserem sem impedimentos. Uma força policial que emergiu das patrulhas escravistas dos antigos estados do sul saqueia e aterroriza impunemente a população pobre do país. Políticos de ambos os principais partidos nos EUA costumam ser lobistas de grandes corporações, especialmente das indústrias de armas e prisões.

Mais de 2 milhões de prisioneiros, maior população carcerária do mundo, geram lucros gigantescos e permanecem em grande parte sem direitos civis, mesmo após a libertação da prisão. Sentenças de prisão excepcionalmente longas e o uso de confinamento solitário ao longo de décadas, o que viola os direitos humanos, fazem parte do programa de tortura estabelecido para manter a população sob controle na chamada “Terra dos Livres”. Nem falamos, ainda, sobre controles policiais racistas e a destruição do estado de bem-estar social. Devastador e apocalíptico, mas os fascistas da tecnologia não estão tão firmemente assentados.

Apoiar aqueles nos EUA que se opõem a tudo isso e defendem uma perspectiva de liberdade e justiça é o mínimo que podemos fazer. Aos 71 anos, ainda preso, Mumia Abu-Jamal continua lutando contra tortura, exploração e guerra, depois de sobreviver a duas ordens de execução da pena de morte. Ameaçado pela cegueira, afetado por inúmeras doenças não tratadas da velhice, ele não deixa de ser a voz dos oprimidos no corredor da morte e nas prisões de isolamento nos EUA. Vamos fortalecer Mumia, vamos fortalecer os prisioneiros combatentes nos EUA!

Venha para o comício no 44º (!) aniversário de sua prisão em frente à Embaixada dos EUA em Berlim: Pariser Platz 2, perto do Portão de Brandemburgo, das 18h às 19h00.

FREE MUMIA – FREE THEM ALL!

>> Mais infoshttps://freiheit-fuer-mumia.de/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Pra que respirar?
posso ouvi-la, fremindo,
maciez de noite.

Soares Feitosa

Do DOI-CODI à Favela: O Estado Genocida e Sua Nova Máscara

Dada a conjuntura atual, mais do que nunca, é necessário que abramos os olhos e rompamos o véu enganoso da “redemocratização” no território dominado pelo Estado Brasileiro! Eles nos vendem a farsa de que a ditadura militar acabou, mas nós, das ruas e das lutas sociais, sabemos a verdade sangrenta: o monstro apenas trocou de pele. Torturas, prisões, sequestros, assassinatos, delação, censura – os mesmos instrumentos de terror que assombraram o Brasil sob os gorilas fardados continuam a ser a política de Estado contra os pobres, os negros, os indígenas e os militantes. A pergunta que ecoa das favelas aos quilombos é: a ditadura realmente acabou ou apenas mudou de nome?

Eles trocaram os porões do DOI-CODI pelas operações de “Garantia da Lei e da Ordem” nas periferias. A tortura saiu dos quartéis e se instalou nas abordagens policiais, nas violações de autos de resistência, nas humilhações cotidianas do sistema prisional. O sequestro de corpos negros segue uma lógica industrial, seja no extermínio pela polícia, seja no encarceramento em massa que arranca milhares de suas comunidades. O método é o mesmo: o terror como ferramenta de controle social e a aniquilação daqueles que o sistema marca como indesejáveis.

O aparato de perseguição política foi modernizado e recebeu roupagem “legal”. As prisões preventivas, as delações premiadas coagidas e a criminalização dos movimentos sociais são as novas facetas do arbítrio. A Lei de Segurança Nacional, herança maldita da ditadura, é brandida contra quem ousa criticar os poderosos. Eles não precisam mais de AI-5 quando têm um Judiciário conivente e uma mídia mercenária que legitima a perseguição, construindo narrativas que transformam militantes em “terroristas” e protestos em “atos de guerra”.

A censura não morreu; tornou-se digital, algorítmica e estrutural. Ela se disfarça de “política de comunidade” nas redes sociais, de “combate à desinformação” que silencia vozes dissidentes, e da monopolização midiática que mantém o povo intoxicado pela ignorância. A violência do Estado agora é transmitida ao vivo, mas a mesma máquina que a exibe tenta justificá-la como “necessária”. O genocídio negro, o etnocídio indígena e a repressão aos pobres são a prova viva de que o Estado brasileiro mantém sua essência autoritária.

E a farsa eleitoral? Trocar os generais por políticos profissionais não altera a natureza do Estado. Enquanto o poder permanecer nas mãos das elites econômicas, das corporações militares e de um Judiciário de exceção, a democracia seguirá sendo uma piada de mau gosto. O mesmo sistema que financiou a ditadura segue no poder, renovando sua maquiagem a cada pleito para preservar seus privilégios. A “Nova República” não passou de um pacto de elites para manter o povo sob jugo, agora com métodos mais “sofisticados” de repressão.

Portanto, a resposta é clara: a ditadura nunca acabou, apenas se recombinou. Ela agora é civil, militar, jurídica e midiática. Mas nossa resistência também se reinventa. Não depositaremos fé em salvadores da pátria ou nas instituições podres desse Estado genocida. Nossa luta é pelo fim da polícia, dos exércitos, pelo fim do sistema prisional, pelo fim da justiça de classe e por uma verdadeira desagregação desse Estado assassino (e de seu irmão, o Capital). A memória dos torturados e assassinados nos grita: não passarão! Pela liberdade de todos e pelo fim de TODAS as ditaduras, ação direta e luta nas ruas!

Pela anarquia.

Liberto Herrera.

agência de notícias anarquistas-ana

lerdamente,
a água empurra a água
e o rio flui.

Alaor Chaves

[Itália] Lançamento: O Comandante Anarquista e Suas Batalhas no Coração do Século XX

Emilio Canzi: Vida, Luta e Memória

Com documentos e fotografias inéditos

Emilio Canzi, Comandante Único da XIII Zona Partigiana, atravessou os principais eventos da primeira metade do século XX, e neste volume surge sua figura de dimensão internacional. Sua atuação não se limita ao contexto nacional, onde, além de ter combatido na Primeira Guerra Mundial e na Resistência, teve um papel de destaque na formação dos Arditi del Popolo e na atividade antifascista clandestina, sofrendo repetidas prisões e a confinação policial em Ventotene. Suas façanhas também incluem a experiência da guerra civil na Espanha entre 1936 e 1937 – sendo um dos primeiros italianos a correr em auxílio dos republicanos espanhóis – e os acontecimentos do antifascismo anarquista no exílio na França, de 1922 a 1940. Com a chegada dos alemães a Paris, foi capturado e passou pelas prisões do Terceiro Reich e pelo Campo de Concentração de Hinzert antes de sua extradição para a Itália. Pela primeira vez, sua trajetória como combatente em mil batalhas é vista também através de seus relacionamentos familiares, o amor por seus filhos Bruna e Pierrot, e o encontro com outras personalidades que o tornaram uma referência. Contribuindo para criar uma lenda em torno dele, está a incrível história de sua morte. Ele ainda nos espera lá em cima, na montanha.

208 páginas

Formato: 16×23 cm

ISBN: 9791280648-49-5

Preço de lançamento: € 21,5 (Frete normal gratuito)

shop.riccardoravizza.com

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

o jornaleiro espantado
que eu queira comprar
o jornal de ontem

André Duhaime

A COP30 acabou. E qual foi o resultado?

Por Gi Stadnicki | 25/11/2025

A COP30, como todas as anteriores, não findou com decisões com impacto efetivo diante da urgência climática. Há muita expectativa, mas COPs não têm poder de obrigar ninguém a nada. Lá se produzem acordos voluntários, sem mecanismos reais de punição caso tais expectativas não se concretizem.

Então, o padrão se repete: países prometem, multiplicam-se as selfies, e tome discursos e mais discursos, páginas e mais páginas de textos com ideias pra soluções, intencionalmente rasas. Com metas e mais metas traçadas que dificilmente serão cumpridas.

E pra piorar, bem pouca transparência pra que a população, a sociedade, entenda minimamente do que é tratado ali. Porque no capitalismo, há contas que nunca fecham. Afinal, as grandes economias continuam ditando as regras. E a regra fundamental delas é: crescimento econômico acima da vida. Isso significa manter petróleo, gás e mineração funcionando enquanto falam de “transição energética justa”…

Grandes negócios foram fechados. As mineradoras, as petroleiras e claro, o agro, foram as estrelas da festa, com toda liberdade, conforto e aval estatal pra priorizarem seus lucros.

O Brasil, inclusive sob o governo Lula, não rompe com esse modelo. Tudo se resumiu a “discursos bonitos”, a alguma presença indígena simbólica nos espaços VIP, mas:

• A realidade é que expandiu a extração e comércio de petróleo o ano todo;

• Defendeu “transição energética justa” sem tocar no lucro das petroleiras;

• Não apresentou plano concreto para extrair menos.

Ou seja: continuou jogando o jogo.

Os povos originários, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, comunidades periféricas seguiram tendo que lutar cada vez mais, pressionando por direitos básicos, e sem participação à altura nas mesas oficiais.

Precisaram como sempre produzir um evento à parte, a Cúpula dos Povos, pois só assim tem a voz e o protagonismo que merecem, como os reais protetores do meio ambiente!

E que esse ponto aqui fique definitivamente bem esclarecido: qualquer avanço real pros povos indígenas e quilombolas, quando vem, vem à custa da forte e incessante pressão/luta histórica desses povos por seus DIREITOS, e não porque líderes políticos brancos decidiram fazer-lhes algum favor! Todo mérito é deles, que sempre souberam se organizar, enfrentar e resistir ao fim do mundo!

Infelizmente, diante de tudo isso, nos resta entender que o sistema internacional de proteção climática é construído para não funcionar. Por exemplo, as principais causas da emissão de gases de efeito estufa são: o agronegócio, o uso de agrotóxicos que destrói a biodiversidade, afeta o regime de chuvas e equilíbrio da natureza e o uso do petróleo no transporte individual.

Essas três causas apareceram no documento final? Foi elaborada alguma proposta concreta para enfrentar esses problemas? Não. Isso porque exigir medidas de proteção reais significa mexer em:

▪️ lucro de corporações,

▪️ modelo colonial de exploração,

▪️ consumo do Norte Global.

E eles não vão cortar voluntariamente o próprio privilégio.

A COP30 serviu para produzir manchetes, reforçar narrativas de compromisso e manter o teatro diplomático. Não alterou os fundamentos do problema: um sistema mundial movido pela lógica de extração infinita num planeta finito.

Nada de estrutural foi realmente resolvido, os combustíveis fósseis sequer foram mencionados nos documentos, portanto é de se concluir que realmente, as COPs não foram desenhadas para resolver e sim pra fazer o que o capitalismo faz de melhor: transformar absolutamente tudo e todos em espetáculo e produto.

agência de notícias anarquistas-ana

Sombra no mato
passarinho assovia —
avencas ao vento.

Mô Schnepfleitner

Governo mantém benefício a usinas a carvão em MP do setor elétrico

“Faça o que eu digo, não o que eu faço.” No início de novembro, o presidente Lula sugeriu que a COP30 deveria propor um mapa do caminho para eliminar os combustíveis fósseis. No mesmo dia em que a conferência do clima em Belém terminou sem mencionar o roteiro em qualquer texto da “Decisão de Mutirão”, no sábado (22/11), disse, na Cúpula de Líderes do G20 [na África do Sul], que o grupo deveria discutir o tema. A lição de casa, porém, mais uma vez, não foi feita.

Ontem (25/11), em despacho no Diário Oficial da União, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, informou os vetos à Medida Provisória nº 1.304/2025, que tenta organizar o setor elétrico. O texto recebeu “jabutis” (matérias estranhas ao tema) de deputados e senadores, um deles beneficiando termelétricas a carvão, um dos piores combustíveis fósseis no que diz respeito a emissões de gases de efeito estufa. E este “jabuti” foi mantido na legislação.

Na prática, isto significa que até 2040 haverá a compra compulsória da eletricidade produzida por usinas a carvão com contratos vigentes em 31 de dezembro de 2022 e com previsão de término não superior a 31 de dezembro de 2028. É o caso de Candiota 3, planta instalada no Rio Grande do Sul pertencente à Âmbar Energia. Para ligar o nome às pessoas, a Âmbar é controlada pela holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, também donos da JBS – e que tiveram trânsito livre dado pelo governo na Zona Azul da COP30.

Além de uma energia suja, essa eletricidade é desnecessária para suprir a demanda brasileira, e muito mais cara que aquela gerada por fontes renováveis. A ABRACE, associação que reúne grandes consumidores de energia, calcula que o benefício vai custar quase R$ 1 bilhão por ano nas contas de luz, informa a Folha de S. Paulo. Sem falar no custo climático das emissões.

Fonte: ClimaInfo

agência de notícias anarquistas-ana

Nem uma brisa:
o gosto de sol quente
nas framboesas

Betty Drevniok

Justiça climática REAL é… ACABAR com todos os exércitos e a indústria bélica!!!

|| O setor militar é um dos maiores consumidores de energia, cujas emissões de gases com efeito de estufa contribuem significativamente para a crise climática. ||

Não é de se estranhar que ninguém levante a questão das emissões produzidas pelos exércitos, atividades militares e equipamentos bélicos nas COP´s. Na COP30, em mais uma rodada de negociações internacionais sobre mudanças climáticas, o tema sequer foi abordado no “documento final”. Os exércitos estão isentos dos protocolos e tratados internacionais, inclusive de informar sobre suas emissões. Estima-se que, se fossem um país, seriam o quarto maior emissor, atrás dos Estados Unidos, China e Índia, e à frente da Rússia.

• Atualmente, os exércitos respondem por 5,5% de todas as emissões globais, de acordo com um estudo realizado em parceria pela Scientists for Global Responsibility (SGR) e a Conflict and Environment Observatory (CEOBS).

• O setor não está vinculado a nenhum acordo climático internacional: as atividades militares foram deixadas de fora do Protocolo de Kyoto de 1997 e do Acordo de Paris sobre o Clima de 2015. O argumento usado é o de que dados sobre o uso de energia pelos exércitos poderiam minar a segurança nacional.

• Nos raros casos em que há divulgação, as informações não são confiáveis ou, na melhor das hipóteses, estão incompletas, segundo cientistas, acadêmicos e ativistas.

• A guerra, os conflitos armados no mundo, não só tem um impacto devastador nos meios de subsistência das pessoas em zonas de conflito, como também causa estragos no meio ambiente, na natureza.

• De acordo com o livro “A Guerra Contra o Clima”, a guerra entre Israel e Gaza produziu o equivalente a 32,2 milhões de toneladas de CO₂ em apenas 15 meses.

• Em três anos, a invasão da Ucrânia pela Rússia também produziu o impressionante equivalente a 230 milhões de CO₂.

• As forças armadas, exercícios militares entre diferentes forças (Exército, Marinha e Aeronáutica), produzem emissões massivas de gases de efeito estufa, especialmente em aeronaves, tanques e navios, devastam ecossistemas e deixam para trás resíduos tóxicos que envenenam comunidades por gerações.

• As forças armadas dos EUA são os maiores consumidores de petróleo do mundo e, consequentemente, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. As emissões de gases de efeito estufa do Pentágono equivalem a mais de 59 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano. Se fosse um Estado-nação, as forças armadas dos EUA seriam o 47º maior emissor do mundo, com emissões superiores às de Portugal, Suécia ou Dinamarca.

Portanto, combater as mudanças climáticas é, entre outras ações reais urgentes, DESMILITARIZARACABAR com todos os exércitos e a indústria bélica!!!

agência de notícias anarquistas-ana

Boêmio da noite
no portão enferrujado.
Morcego dormindo.

Fanny Dupré

[Alemanha] “Prefiro morrer como uma leoa do que viver como um cachorro.” Sobre a repressão contra a 2ª Reunião Internacional em Hamburgo, contra o serviço militar e pela rejeição de todas as formas de militarismo

Prefiro morrer como uma leoa…” Com essas palavras, em 1917, Emma Goldman se opôs ao militarismo que se espalhava pelo mundo e se manifestou contra o serviço militar obrigatório. Mais de um século depois, estamos enfrentando outro período de militarização massiva, caracterizado por novas e contínuas guerras e genocídios. No último fim de semana, de 14 a 16 de novembro de 2025, anarquistas de diferentes países se reuniram pela segunda vez por ocasião de um intercâmbio internacional para analisar, discutir e aprofundar ainda mais as lutas antimilitaristas. Contribuições de camaradas da Grã-Bretanha, Grécia, Israel, Palestina, Itália, França, Finlândia e Alemanha foram apresentadas, propostas no local, por vídeo ou por escrito. Como você pode facilmente imaginar, os inimigos da liberdade e seus seguidores certamente não estão entusiasmados com um momento internacional como esse. Além da vigilância em torno da nossa reunião, gostaríamos de divulgar um episódio:

Na noite de sexta-feira, um grupo de cinco companheiros anarquistas de Milão foi parado pela Polícia Federal Alemã no aeroporto de Hamburgo, imediatamente após descerem do avião. Eles foram submetidos ao controle e, então, policiais fardados tentaram interrogá-los, fazendo perguntas sobre a reunião e, de modo geral, sobre as atividades anarquistas. Depois de nos resignarmos à não cooperação dos nossos companheiros e após algumas horas, ficou claro que eles seriam negados no país sob o Artigo 6.

Após passar a noite numa cela da delegacia, a polícia federal procedeu a alterar a reserva do voo, os colocando em um voo que partiria na manhã seguinte. Os documentos foram entregues ao piloto e eles foram enviados de volta à Itália, onde foram recebidos pela polícia italiana e posteriormente libertados. Nos documentos entregues aos nossos camaradas, a reunião do ano passado contra o serviço militar e a rejeição de todas as formas de militarismo foi indicada como a razão dessa ação repressiva. Segundo relatos, durante os dias do ano passado houve uma manifestação violenta, durante a qual uma faixa com as palavras “Contra o militarismo, não à Bundeswehr” foi exibida, um escritório do SPD foi destruído, estradas bloqueadas, slogans foram escritos nas paredes e policiais que chegaram ao local foram atacados.

Consideramos essa repressão como uma mensagem dirigida à nossa iniciativa internacional antimilitarista e enviamos a nossa solidariedade aos camaradas presos e impedidos de participar da reunião. Nossas lutas não pararão diante das suas leis ou fronteiras, nem daqueles que, fardados ou não, defendam um sistema que lucra com guerras e genocídios por todo o mundo. Com as próximas lutas contra a militarização e a reintrodução do serviço militar obrigatório, haverá mais intervenções repressoras. Já ouvimos falar de estudantes perseguidos nas escolas por se oporem à propaganda do exército alemão.

Com essas palavras, também queremos expressar nossa solidariedade com o camarada anarquista Stecco na Itália, que se juntou à greve de fome da iniciativa “Prisioneiros pela Palestina”.

Liberdade para todos os prisioneiros! Contra todas as formas de militarismo!

Hamburgo, novembro de 2025

Fonte: https://lanemesi.noblogs.org/post/2025/11/21/preferisco-morire-da-leonessa-piuttosto-che-vivere-come-un-cane-sulla-repressione-contro-il-2-incontro-internazionale-di-amburgo-contro-il-servizio-militare-e-per-il-rifiuto-di-ogni-forma-d/

Tradução > CF Puig

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/11/11/alemanha-segundo-encontro-internacional-contra-o-servico-militar-e-pela-recusa-de-todo-militarismo/

agência de notícias anarquistas-ana

Sobre a folha seca
as formigas atravessam
uma poça d’água

Eunice Arruda

[Itália] Turim. Ataque à ENI. A paz deles é a nossa morte.

ENI colonialista, ENI genocida.

A Eni, gigante energética sob controle do Ministério da Economia italiano, realiza saques coloniais pelo mundo afora. A Entidade Nacional de Hidrocarbonetos, que treina contingentes da Carabinieri [polícia] para fins de espionagem, dita a política externa do Estado italiano, que defende os empreendimentos da Eni com missões militares, chamadas de paz.

Em 29 de outubro de 2023, três semanas após o início do primeiro genocídio transmitido ao vivo, em Gaza, o Ministério de Energia do Estado de Israel concedeu à Eni uma licença para saquear os depósitos de gás natural ao largo da Faixa.

Enquanto os drones massacram a população prisioneira, um pouco mais adiante as perfuradoras escavam, protegidas pelo exército, para roubar o novo ouro.

Em outubro de 2024, a Eni assina um acordo com a britânica Ithaca Energy, cuja acionista majoritária é a israelense Delek, gigante da energia sionista. A Delek apoia ativamente a colonização e o saque da Cisjordânia e fornece gasolina e diesel ao exército israelense.

Hoje a Eni se prepara para repartir bilhões com a reconstrução dos escombros de Gaza. A Itália está pronta para fazer sua parte, diz o governo, que junto com a Eni também enviará a Carabinieri para construir a paz eterna. É um réquiem que estão compondo.

Esta noite em Turim, protegidos dos olhares indiscretos das câmeras, atingimos alguns carros Fiat 500 da Enjoy, o serviço de car sharing da Eni.

A paz deles é a nossa morte.
Mas ainda estamos vivos e, se não há túneis, encontramos os cantos escuros.

21 de novembro de 2025

Fonte: https://lanemesi.noblogs.org/post/2025/11/24/attacco-a-eni-la-loro-pace-e-la-nostra-morte-torino-21-novembre-2025/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

lavrando o campo
a nuvem imóvel
se foi

Buson

[Alemanha] Leipzig: Um carro da Vonovia pichado, com vidros quebrados e pneus furados!

Neste fim de semana, danificamos um carro do grupo imobiliário Vonovia, no bairro de Connewitz, em Leipzig, e o tornamos inutilizável. O carro foi pichado por fora e por dentro, seus vidros foram quebrados e os quatro pneus foram furados. Por quê? Porque somos da opinião que os atores da gentrificação, dos despejos por causa de renovações e da explosão dos aluguéis são um alvo legítimo para a resistência e que também devem ser designados como tal.

Você pode ler nesta brochura uma explicação detalhada dos motivos pelos quais é legítimo atacar a Vonovia: https://de.indymedia.org/sites/default/files/2022/01/VONOVIA-Broschuere-WebLQ.pdf. Concordamos com esses argumentos.

Solidarizamo-nos com as casas despejadas durante as Jornadas de Ocupação Autônoma (AbeTa).

Foda-se a Vonovia e todos os outros oportunistas da explosão dos aluguéis!

Fonte: https://de.indymedia.org/node/553177

agência de notícias anarquistas-ana

chuva de primavera
até borboletas
viram pétalas

Maria Nardi

[Espanha] Lançamento: “Vivir la fuerza. Simone Weil y la Columna Durruti”, de Xavier Artigas

Este livro aborda a figura da filósofa francesa Simone Weil em sua dimensão política, desmantelando o mito que dominou a projeção de seu pensamento durante décadas, e que descreve Weil como uma pensadora transcendente e apolítica. Uma rigorosa investigação histórica reconstrói a breve, mas intensa participação de Weil na Guerra Civil espanhola e oferece uma nova perspectiva que reivindica o compromisso revolucionário da filósofa.

“Vivir la fuerza” reconstrói com precisão a evolução política de Weil e documenta seu percurso desde o sindicalismo revolucionário francês até posições libertárias, o que permite explicar de maneira coerente sua participação na Guerra Civil. Esta experiência foi decisiva para o desenvolvimento de seu conceito de “a força”, que articularia posteriormente em um dos textos mais importantes de sua trajetória filosófica: “La Ilíada o el poema de la fuerza”. A Ilíada ou o poema da força.

“Vivir la fuerza” não só recupera a figura de Weil como pensadora política comprometida, mas também aporta um olhar novo sobre um momento histórico chave e contribui para reimaginar as possibilidades de emancipação social.

Xavier Artigas

Vivir la fuerza

Simone Weil y la Columna Durruti

Prólogo de Myrtille Gonzalbo

Epílogo de Amador Fernández-Savater

352 págs. |  21 x 14,5 cms.

978-84-10476-32-5

PVP: 23,90€ | Preço web: 22,70€

pepitas.net

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Ao redor do fogo
conversa fiada
tecendo o tempo!

Tânia Diniz

[Argentina] Promessa e abraços do inimigo

Nós trabalhadores, nestes últimos anos temos tido cada vez mais, as piores condições laborais e também longos períodos de desemprego ou excesso de trabalho, sendo estes uns dos maiores problemas em todo o território. Neste período em que nosso salário se pulveriza cada vez mais e as necessidades básicas da vida como moradia, alimentos e roupa são inacessíveis para qualquer família trabalhadora, temos várias gerações que para chegar ao fim do mês têm que trabalhar em excesso.

Em diferentes estatísticas e estudos sobre emprego e desemprego no último semestre, são apresentados números que ninguém acredita ou, pelo menos, que não correspondem à realidade dos que andam pelas ruas. Dizem que CABA [Buenos Aires] é o menos afetado em desemprego ou perda de postos de trabalho, e que os setores mais prejudicados são os empregados dos setores públicos, obras públicas, comércios e alguns setores de transporte.

Hoje as ruas da Cidade de Buenos Aires estão repletas de famílias vivendo na rua, onde sofrem os desalojos e a mão dura de um governo que quer “limpar as ruas” com campanhas nefastas do “antes e depois” festejando o fato de tirarem os colchões e as poucas coisas que estas pessoas têm. Vemos negócios desfeitos ou seus espaços para alugar por causa do baixo consumo, o transporte já é um luxo, pelo que não se pode evitar de pular catracas e o aumento do uso de bicicletas. O acesso ao aluguel é quase impossível pelo negócio imobiliário e assim podemos continuar com uma lista enorme de ajustes.

Nos últimos meses, o epicentro da Argentina está marcado por repressão e hostilidade para com os trabalhadores. Ninguém pode negar o que vivemos dia a dia, tendo maior carga laboral para chegar à primeira quinzena do mês. Com sorte!

Com o abraço do inimigo Ianque e a dívida que se incrementa às custas do nosso trabalho os meios de desinformação nos enredam em diferentes armadilhas, uma delas as reformas, laboral, previdenciária e tributária que surgem para o nosso povo. Hoje não se teme a reforma laboral já que somos um país que desde os anos 90 trabalhamos mais de 10h por dia, com horários rotativos, salários abaixo dos estipulados em acordos, contratos falsos (não registrados, monotributo, fora dos acordos, etc.) HOJE A REFORMA LABORAL NÃO ASSUSTA O TRABALHADOR! Já está naturalizada em nosso povo pelos anos de precarização nos quais vivemos e pela cumplicidade da cúpula sindical.

Muitas mais linhas poderiam seguir nesta nota, mas nosso desafio será voltar às bases, discutir com cada um de nossos compas que a realidade na qual estamos vivendo não pode seguir legitimada. Que a ingerência dos Ianques ou de qualquer governo com seus planos econômicos não é garantia de oportunidade, mas de maiores penúrias e fome para nós. E para quem hoje não tem a oportunidade de falar em seu local de trabalho, busquemos uma forma, nos organizando e atuando dentro das Sociedades de Resistência. Estas ferramentas, embora não sejam novas em termos históricos, sim, são novas para um movimento obreiro que neste século se cansou de ver um modelo sindical autoritário, corrupto e ineficiente.

O imperialismo, em qualquer de suas versões (Ianque, Criolo, etc.) não faz mais que perpetuar sistemas sociais com desigualdade. Nos negamos a colaborar com esta mentira. Seguimos crendo na solidariedade de classe e no porvir de um mundo sem oprimidos nem opressores. Certamente este discurso parece utópico, mas para nós, utópico é crer que este sistema perverso funcione de maneira justa.

Fonte: https://organizacion-obrera.fora.com.ar/2025/11/13/promesa-y-abrazo-del-enemigo/  

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Manhã já vai alta —
Os beija-flores em bando
revoam no jardim…

Guin Ga Eden