[Itália] Abolamos os exércitos, paremos as guerras, desmascaremos os nacionalismos!

A Federação Anarquista Italiana – FAI reafirma seu apoio à Assembleia Antimilitarista com o objetivo de construir um vasto movimento antiguerra, unido e independente de partidos, contra as políticas belicistas dos sucessivos governos. Daí a importância de apoiar as lutas contra a militarização das escolas e universidades, as lutas contra as instalações [militares], a produção bélica e as bases militares do Friuli à Sicília, do Piemonte à Toscana, as iniciativas dos trabalhadores contra a produção e o tráfico de armas, a solidariedade com os desertores de todas as guerras.

O mundo está mais uma vez se aproximando da catástrofe nuclear, um risco que se tornou novamente atual, antecipado por tantos conflitos e massacres que, mesmo que ocorram em menor escala, ainda assim impressionam por sua natureza trágica. Entre os muitos fatores que levaram a essa situação dramática está a crescente loucura belicista das classes dominantes “ocidentais” e “orientais”, compostas por personagens cada vez mais miseráveis e implausíveis, cujo charlatanismo rivaliza e, às vezes, excede sua ânsia por poder e lucro, este último cada vez mais baseado na indústria da guerra.

Por um lado, no chamado Ocidente, estamos testemunhando elaborações cada vez mais explícitas de políticos e intelectuais da esfera liberal, e não só, que desenham os cenários potenciais de uma nova guerra mundial. Para eles, o chamado “mundo livre”, expressão já utilizada nas décadas que viram o mundo dividido em dois blocos, estaria travando uma batalha existencial contra as autocracias do resto do planeta, identificadas com os novos estereótipos orientalistas como o local de origem das ameaças à nossa “civilização”.  Nessa narrativa tóxica e maniqueísta, nações aliadas que compartilham os valores da democracia liberal, como Ucrânia, Israel e Taiwan, ou mesmo a chamada oposição democrática em países como Mianmar, estariam travando a mesma batalha global dos “mocinhos” contra os “bandidos”. Seguindo a mesma lógica, até mesmo os fundamentalistas do HTS na Síria se alistaram ao lado dos “mocinhos”.

O atual governo italiano está totalmente engajado nessa corrida para o desastre, caracterizando sua política externa em um sentido agressivo. Esse discurso serve, em primeiro lugar, como pretexto para fazer passar o aumento dos gastos militares e a produção da morte como até virtuosos em nome da suposta necessidade de “defesa”, e para descartar o pacifismo e o antimilitarismo como ferramentas obsoletas e inadequadas para resolver as novas urgências “práticas”, claramente, de acordo com uma única narrativa. Em todas as latitudes, a propaganda nacionalista alimenta o conflito e envenena o debate público, erguendo muros entre as classes oprimidas.

No caso da Palestina, isso implica uma constante minimização dos crimes de guerra israelenses e do genocídio em curso em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano, a ponto de até mesmo os governos europeus terem relativizado o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra o criminoso Netanyahu, depois de aplaudirem o mandado de prisão do criminoso Putin.

No que diz respeito à Ucrânia, há claramente um projeto internacional para alistar o mundo da esquerda e os movimentos, incluindo libertários ou autodenominados libertários, na frente de guerra contra o “tirano”. Essa narrativa se baseia na retórica da resistência nacional à invasão, na qual o fim justifica qualquer meio (inclusive a guerra nuclear nos casos mais extremos), com o objetivo de dividir as forças pacifistas e antimilitaristas ao desativar uma das ferramentas de luta que historicamente têm sido mais eficazes nos países ocidentais: a oposição às guerras e aos gastos militares acompanhada de objeção e deserção em relação a lutas sociais mais amplas.

Uma retórica belicista tem sido abundantemente utilizada nos últimos três anos por setores autodenominados antifascistas e antiautoritários, cujos slogans, análises e documentos públicos não se desviam de forma alguma da propaganda de guerra ocidental e liberal e das narrativas nacionalistas locais, na total ausência de quaisquer pontos de qualificação em termos de classe ou de leituras libertárias da situação. Sem reivindicar, de acordo com nossos princípios fundadores, qualquer monopólio do anarquismo, está claro para nós que tais desvios nacionalistas, militaristas e liberais não têm e não podem ter nada a ver com nossa ideia de anarquismo e, portanto, devem ser confrontados como os de qualquer outra força política que se oponha a nós: no reconhecimento de diferentes posições, sem qualquer confusão ou associação formal entre programas e projetos políticos irreconciliáveis.

Do outro lado dessa linha de frente, o projeto de um mundo “multipolar” promovido por alguns governos dentro do BRICS+, que é apenas mais uma agenda imperialista, fatalmente seduziu remanescentes do bolchevismo e setores da esquerda que passaram a considerar ditadores sanguinários como Putin na Rússia, Maduro na Venezuela e vários associados como “camaradas” ou quase camaradas. Pela mesma lógica, há aqueles que legitimam os fanáticos religiosos, misóginos, homofóbicos e assassinos de grupos como o Hamas e o Hezbollah, ou os burocratas de autoridades corruptas mais ou menos “nacionais”, como protagonistas de uma suposta resistência a Israel. Embora a miséria e as contradições desses últimos discursos sejam óbvias, não podemos deixar de reafirmar com veemência o princípio fundamental da coerência de meios e fins, segundo o qual nosso antimilitarismo não pode, em hipótese alguma, ser separado de nossa inspiração antiautoritária, anticlerical, antipatriarcal e anticapitalista.

Em cenários internacionais futuros, certamente não será a instalação de velhas ferramentas reacionárias como Donald Trump que trará uma alternativa à loucura belicista de seu antecessor Joe Biden e da maior parte da classe dominante ocidental. Tampouco um possível sucesso (ou fracasso) militar do mundo “não ocidental” trará mais justiça ou desafiará o capitalismo, a colonialidade do poder ou o imperialismo.

No entanto, não podemos esquecer as outras centenas de conflitos que ainda estão em andamento em nível global, especialmente no Sul Global, incluindo, como nossos companheiros do Brasil e da América Latina nos lembram, a guerra genocida que vem sendo travada há mais de 500 anos em suas partes contra as mulheres, contra os pobres e contra as comunidades indígenas e afrodescendentes. Embora reconheçamos a necessidade contínua de ações anticoloniais e decoloniais, é importante deixar claro que isso não deve, de forma alguma, levar a novas formas de nacionalismo, comunitarismo ou essencialismo de civilização. O conceito de indivíduo permanece central contra qualquer tendência a essencialismos étnicos, raciais e culturais, mesmo que se baseiem na ideia de “povos”, entidades estas sempre caracterizadas internamente por dinâmicas de desigualdade e opressão em termos de classe, gênero e todas as formas possíveis de discriminação e marginalização.

Apesar de todas as dificuldades, há espaços importantes para a ação e a organização de baixo para cima, onde nossa contribuição pode ser decisiva na construção da oposição social à guerra e ao militarismo. Um ponto central de nossa ação tem sido o apoio às greves gerais do sindicalismo conflitivo e de base, que, nos últimos anos, têm se caracterizado pelo fato de associarem as lutas sociais e salariais a uma abordagem antimilitarista contra as guerras e a economia de guerra, o que é coerente com nossa premissa de que uma perspectiva antimilitarista está intimamente ligada a uma perspectiva de classe.

Também é necessária uma iniciativa cultural importante para combater a propaganda militarista que é veiculada diariamente, de forma mais ou menos explícita, nas escolas e na comunicação pública em uma base cada vez mais ampla, e pronta para explorar locais de educação e treinamento para tornar mais eficaz um discurso que apresenta a suposta “boa” face das forças armadas do Estado como se fossem empresas humanitárias.

Nesse sentido, nosso apoio à objeção, à deserção, à evasão do serviço militar obrigatório em todas as frentes de guerra e ao derrotismo revolucionário continua sendo fundamental, especialmente em um momento em que, para mencionar apenas uma das frentes mais conhecidas, os próprios comandantes militares russos e ucranianos reconhecem a deserção como um problema real que prejudica seus respectivos programas de morte. Esse apoio é desenvolvido dentro da estrutura de nosso compromisso internacionalista, em particular no contexto da Internacional de Federações Anarquistas, que deve ser desenvolvido por meio da promoção de novas iniciativas para desconstruir fronteiras e desafiar qualquer ideia de nacionalismo e soberania territorial do estado-nação ou de qualquer outra entidade que aspire a sê-lo, substituindo-a por novos mecanismos de solidariedade internacional e fraternidade universal.

Precisamos de um diálogo, no âmbito de ações realizadas consistentemente de baixo para cima e fora dos partidos e do controle das instituições, com todos os grupos e movimentos que compartilham nossa intransigência antimilitarista, construindo alianças funcionais com objetivos bem definidos e coerentes com todas as premissas que expressamos neste documento. Somente desenvolvendo e generalizando ações de baixo para cima, com base nessas premissas, será possível renovar verdadeiramente a esperança em um mundo de liberdade e igualdade, em vez do mundo de morte, destruição e guerra permanente que o capitalismo e o Estado nos impõem cada vez mais descaradamente.

XXXII Congresso da Federação Anarquista Italiana – FAI, Carrara, 3-6 de janeiro de 2025

Fonte: https://federazioneanarchica.org/archivio/archivio_2025/2025010306carrara.html

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Teu azul profundo,
nos olhos do cristal tímido,
cintila o mundo

Fred Matos

[México] Comunicado Ante a Publicação da Sentença da Suprema Corte de Justiça da Nação

Em 6 de novembro de 2024 passado, realizou-se a sessão onde a Suprema Corte de Justiça da Nação divulgou, em termos muito gerais, a resolução sobre o amparo direto em revisão (um recurso extraordinário na Justiça mexicana) promovido no caso de Miguel Peralta Betanzos, indígena mazateco, anarquista e defensor comunitário de Eloxochitlán de Flores Magón, Oaxaca. Posteriormente, em 28 de novembro a Corte tornou pública dita resolução onde pudemos conhecer de maneira detalhada sua decisão.

Como já havíamos mencionado, ainda que pudesse ter sido pior, estamos bastante inconformados com esta determinação. A Suprema Corte de Justiça da Nação poderia ter outorgado a Miguel sua liberdade plena e ter detido a perseguição política contra ele. Não o fez. Em lugar disso, sob um discurso de multiculturalismo e respeito aos direitos indígenas, devolveu o caso ao Tribunal Colegiado de Oaxaca que resolveu o amparo direto em 2023, ordenando-lhe vagamente que tomassem certas considerações ao emitir uma nova sentença.

Em sua resolução, a Corte fez uma espécie de repreensão ao Tribunal por não ter considerado a identidade indígena de Miguel, pois não garantiu seu direito a uma pessoa intérprete (uma saída fácil da Corte e desnecessária neste caso) e não levou em conta os costumes e especificidades culturais da comunidade. Também lhe disse que devia estudar se foram respeitados os direitos à livre determinação, a autonomia e o acesso à jurisdição do Estado. Este último dá oportunidades de defesa.

A revogação da sentença de amparo direto que havia ditado o Tribunal de Oaxaca significa que este deverá estudar novamente o assunto de Miguel, evitando reenviar o caso à Huautla e resolvendo de fundo: que é inocência, que a comunidade se viu ameaçada em seu exercício à livre determinação e autonomia, que o contexto é de perseguição política por seu trabalho de defesa do território e por enfrentar o mandante local e que, há um desequilíbrio de poder entre quem acusa e os que são acusados.

É lamentável que a Suprema Corte não tenha considerado nada do aportado pela família, a comunidade, as cartas de organizações civis nacionais e internacionais, nem os Amicus Curiae que apresentaram organizações e pessoas antropólogas. Não resolveu com perspectiva intercultural, só repetiu direitos que estão na Constituição.

Nos sentimos preocupados também por alguns meios de comunicação –próximos e não- que, depois da audiência de 6 de novembro na Suprema Corte deram a entender de diferentes maneiras que Miguel havia ganhado sua liberdade plena, o que com esta resolução sua liberdade plena estava às portas. Lamentavelmente não é o caso.

Sejamos claros. A perseguição política contra Miguel Peralta continua. O sistema judicial de Oaxaca, que caminhou lento em seu caso durante dez anos, volta a ter este expediente em sua jurisdição. O sistema judicial em todo o país está passando por uma séria transformação, incluindo a eleição de juízes federais este ano, o que só poderia atrasar ainda mais a resolução no caso de Miguel.

Enquanto isso, Miguel continua deslocado de sua comunidade, vivendo sob a constante ameaça de ser capturado pelo Estado. Sua família segue sem pai, sem filho, sem irmão, sem sobrinho, sem primo. Sua comunidade segue dividida, perseguida, criminalizada. As feridas provocadas por dez anos de repressão caciquil e estatal seguem abertas e sem cicatrizar.

Além de tudo isso, Elisa Zepeda Lagunas, figura central da família caciquil Zepeda Cortes em Eloxochitlán de Flores Magón – responsáveis da criminalização de Miguel e outros membros da comunidade – recebeu o cargo político de deputada local no atual congresso LXVI do Estado de Oaxaca. Nem sequer teve a capacidade de ser “eleita popularmente” – que de todo modo sabemos que são só eleições compradas e vendidas pelos aparatos dos partidos políticos – mas que, o cargo de três anos lhe foi outorgado diretamente pelo partido político MORENA, partido que atualmente está no poder federal e estatal. Sabemos que tem conexões com a gente do poder, juízes, promotores, polícias, políticos, administradores universitários, inclusive com a presidenta do país.

Neste contexto, seguimos chamando à agitação e solidariedade exigindo a liberdade absoluta de Miguel Peralta. Animamos a todos a baixar, imprimir e distribuir os diferentes materiais que temos relacionados com seu caso, que se pode encontrar na página de arquivo:  https://archive.org/details/@miguelperaltalibre. Também chamamos a organizar ações, eventos, arrecadar fundos, pendurar faixas, pintar grafites, escrever cartas, mostrar uma solidariedade ativa e permanente com Miguel Peralta e a comunidade de Eloxochitlán. Tiremos o sono aos donos da “Justiça”, sejamos criativos e espontâneos à luz do sol e sob a sombra da lua.

Liberdade plena para Miguel Peralta!

Liberdade plena para todos os perseguidos e processados de Eloxochitlán de Flores Magón!

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh’alma.

Teruko Oda

[Espanha] Palavras do prisioneiro anarquista Abel por causa da marcha a Brians

Me aproximo dos 8 meses de prisão neste centro penitenciário. Quase 8 meses de ódio e raiva, mas também de amor e solidariedade. Pensava sair de licença em maio deste ano, que é quando cumpro a 1/4 parte e segundo o regulamento penitenciário é o momento de acessar benefícios sempre que a junta de tratamento formada pela equipe de tratamento (psicóloga, educadora, jurista e direção) seja favorável. Desta maneira, mediante a chantagem nas permissões, te obrigam a fazer o programa de tratamento quando segundo o mesmo regulamento é voluntário e rechaçá-lo não pode supor nenhum castigo.

Não lhes deve ser suficiente encarcerar-te, também vão te reeducar. Devido a que tenho que fazer 3 cursos do programa individual de tratamento, estão me atrasando as permissões de maio até o 3º trimestre de 2025. E tudo sem ter nenhum expediente disciplinar o qual alargaria ainda mais o processo.

Se comenta que os cursos são subvencionados e por isso há tanto interesse em que todo o mundo passe pelo aro, o qual é um negócio. Eu penso que a parte é uma maneira de justificar o trabalho dos burocratas da repressão desde a equipe de tratamento ao Tribunal de Vigilância Penitenciária que para permissões de mais de 48h terá que dar sua aprovação.

Não é muito tempo o que levo encarcerado, mas neste período já soube de duas mortes: uma no módulo 12 deste CP e outra no módulo de mulheres de Brians 1. Nos dois casos a causa da morte segundo a direção foi o suicídio. No caso de Maria, seu companheiro está no mesmo módulo em que eu estou e me comentou que de modo algum a via com intenção de tirar a própria vida, se viam cara a cara, trocavam cartas e se chamavam habitualmente. Não o deixaram velar o cadáver, lhe deram pastilhas e ativaram o protocolo anti-suicídios contra ele, obrigando-o a estar acompanhado a todo momento. Há que imaginar estar em uma situação assim e que além de tudo tenha que compartilhar cela com quem não tens nada em comum.

É difícil manter um bom estado de ânimo aqui dentro, entre o encarceramento, viver sob um regime disciplinar, a exploração laboral… e isto um dia e outro e saber que teu futuro está completamente submetido a esta trama de carcereiros e demais funcionários. Ainda assim, tento manter-me forte e alegre, e nisso tem muita responsabilidade toda a solidariedade que estou recebendo. O cárcere te converte em um autômato medicado sem personalidade.

Espero que para a marcha do ano que vem possa estar do outro lado e encorajá-los a fazer muito ruído para que transpasse os muros.

Um forte abraço, os quero, saúde e liberdade.

Abel Mora Campos

Janeiro 2025, C.P. Brians 2

Fonte: ÈGIDA

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Brilho da lua se move para oeste
a sombra das flores
caminha para leste.

Buson

[Espanha] 8F: Caminho à manifestação em apoio às 6 de La Suiza

A convocatória de manifestação em Madrid do próximo sábado 8 de fevereiro supõe o ponto culminante da campanha de apoio implementada pela Plataforma Madrid com as 6 de La Suiza, outra mostra da solidariedade e o apoio mútuo que vem se desenvolvendo desde o começo, com grandes demonstrações como as doações recebidas no crowdfunding.

Em consonância com a escalada de ações em resposta ao périplo judicial e dado o último giro nos acontecimentos do caso, com o indeferimento por parte do Tribunal Constitucional, consideramos indispensável que se redobrem os esforços e se demonstre a máxima solidariedade possível através desta manifestação.

No dia 8 de fevereiro esperamos uma manifestação que encha as ruas de solidariedade e apoio mútuo com nossas companheiras. Para dizer uma vez mais que não estão sós, que seguimos com elas e que têm toda nossa ternura, e de um montão de gente que está se organizando.

A manifestação de 8 de fevereiro é o ponto culminante de uma série de atos e encontros em Madrid que começam no domingo 26.

Domingo, 26 de janeiro

Vermú solidário às 13:00 no CSO La Rosa, C/ del Bastero, 1

Sábado, 1 de fevereiro

Roots Rebel Dance. Sound System nas mãos de Echo Chamber Roots Hi-Fi a às 18:00 no local do sindicato, Paseo Alberto Palacios,2

Terça-feira, 4 de fevereiro

Ato central. Mesa redonda com diversas organizações e coletivos. Às 19:00 no  Teatro do Barrio, C/ Zurita, 20

Sábado, 8 de fevereiro

MANIFESTAÇÂO

12:00

Atocha-Benavente

Te esperamos, porque não estão sós, porque somos mais de seis.

Fonte: Comarcalsur.cnt.es

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Tarde de sol,
o armador da rede
range devagar.

Luiz Bacellar

[Chile] Semana de Agitação. Chew muley Julia Chuñil Catricura? Está desaparecida há 88 dias!!!

Desde 8 de novembro de 2024 não aparece junto com seu cachorro Cholito. Mulher mapuche defensora da terra, mãe de cinco filhos e avó de 10 netos.

“Se acontecer algo comigo vocês já sabem quem foi”, em mais de uma ocasião Julia disse isto se referindo a Juan Carlos Morstadt Anwanted. Latifundiário que desde 2018 até 2024 ameaçou e perseguiu Julia Chuñil Catricura. Há quase 3 meses de seu desaparecimento, os familiares de Julia Chuñil Catricura criticaram os poucos avanços que tiveram por sua busca.

“Peço a pessoa que a tenha que veja isto e que tenha piedade de nós e diga até aqui chegou o sofrimento, até aqui vou ter esta senhora e a deixo ir. Nós esperamos vê-la com vida ainda”, comentou o filho de Julia, Pablo San Martín, em uma entrevista com o jornal El Ciudadano.

A promotoria em Los Ríos não outorgou informações suficientes sobre se conseguiu achar alguma pista, devido a que este caso se mantém com reserva, mas os familiares temem que aconteça o mesmo que com o caso de Tomás Bravo, o menino assassinado do qual não se sabe nada dos culpados há mais de 3 anos do ocorrido, devido a grosseiros erros na investigação.

Familiares apresentaram uma queixa criminal contra os que são responsáveis pelos supostos delitos de sequestro, homicídio e possível feminicídio, pois temem o pior devido aos nulos avanços.

Se faz um chamado a todos os territórios em resistência a mandar mostras de afeto, solidariedade, preocupação e de presença, porque não vamos ficar calados nem de braços cruzados ante o desaparecimento possivelmente forçado de uma lamien [irmã]. Desde onde seja, como seja e com o que tenhas.

A acionar pelas vidas de Julia e Cholito!

VIVA A LEVARAM, VIVA A QUEREMOS!

A SOLIDARIZAR DESDE TODOS OS TERRITÓRRIOS EM RESISTÊNCIA!

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

selva de pedra
condor solitário
vôo triste

Manu Hawk

[EUA] Leonard Peltier “será recordado como um guerreiro por seu povo”: Mumia Abu-Jamal

Leonard Peltier “será recordado como um guerreiro por seu povo”, escreveu em 21 de janeiro passado o preso político Mumia Abu-Jamal, após a notícia de que o agora ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, outorgou clemência executiva ao ativista que permaneceu injustamente no cárcere durante quase 50 anos.

É algo maravilhoso e alegre escutar que Leonard Peltier passará seus últimos dias fora da jaula de ferro, essa jaula que o reteve durante quase cinco décadas. Respirará o ar que respirou quando era jovem. Estará rodeado, com um pouco de sorte, por suas netas, bisnetas e bisnetos. Viverá entre sua gente em Dakota do Sul, onde vivia em sua juventude como integrante do Movimento Indio-Americano. E será recordado como um guerreiro por seu povo, um artista fantástico, e um integrante amoroso da tribo humana, um homem que se manteve fiel a si mesmo apesar das enfermidades do tempo e da idade. Já sabem, as boas notícias às vezes chegam quando menos as esperamos. Este é um bom dia.

Com amor, sem medo, sou Mumia Abu-Jamal.

21 de janeiro de 2025

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agência de notícias anarquistas-ana

quantos pirilampos
posso contar esta noite?
caminho enluarado

José Marins

[Alemanha] Sete antifascistas procurados pela Hungria se entregam

Maja T. recebe oferta de 14 anos em acordo judicial por ataques no ‘Dia de Honra’ neonazista

~ Juju Alerta ~

Sete dos antifascistas que estavam foragidos desde os eventos do ‘Dia de Honra’ em Budapeste se entregaram às autoridades alemãs, informou o ABC Dresden [Cruz Negra Anarquista] em 20 de janeiro. Os ativistas, cujas identidades não foram reveladas, são acusados de lesão corporal grave e participação em uma organização criminosa após ataques a neonazistas alemães, poloneses e húngaros durante o encontro da extrema direita em fevereiro de 2023.

Entende-se que vários deles também são acusados de tentativa de homicídio. Gino, outro antifascista procurado no caso, foi recentemente preso na França e está lutando contra sua extradição para a Hungria.

Enquanto isso, apoiadores relataram que Maja T., uma ativista não-binária também acusada no caso, está sendo pressionada a aceitar 14 anos de prisão em troca de uma confissão. Extraditada para a Hungria em uma operação descrita pelos apoiadores como de ‘noite e neblina’, Maja pode enfrentar até 20 anos de prisão se o caso for levado a julgamento.

O Escritório Federal do Procurador Geral da Alemanha e o serviço de segurança interna têm cooperado com as autoridades húngaras na busca de dois anos pelos ativistas. Familiares e amigos deles também foram alvos de vigilância intensa, incluindo mais de vinte buscas domiciliares. Durante a investigação, a agitação generalizada de neonazistas húngaros e alemães ganhou destaque na imprensa. Assim como no caso Antifa-Ost, “cenários absurdos de ameaça de uma nova RAF e de terrorismo de esquerda foram propagados”, afirmou a ABC de Dresden.

“A vontade potencial de nos extraditar é uma expressão de uma caça transnacional a antifascistas”, disseram os sete em um comunicado. Eles descreveram a acusação de tentativa de homicídio levantada contra alguns deles como “uma escalada politicamente motivada” que serve “para dissuadir e legitimar as ações contra a prática antifascista. É óbvio que o movimento antifascista atual não tem como objetivo matar nazistas”.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/01/27/seven-anti-fascists-wanted-by-hungary-turn-themselves-in/

Tradução > Contrafatual

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agência de notícias anarquistas-ana

luar na relva
vento insone
tira o sono das flores

Alonso Alvarez

[Itália] Acusações de terrorismo retiradas contra a revista ‘Vetriolo’

Juíza rejeita processo contra o preso anarquista Alfredo Cospito e outros 11 por incitação e subversão

~ Sonia Muñoz Llort ~

Uma juíza na Itália recusou-se a indiciar doze anarquistas associados à revista insurrecional ‘Vetriolo’ por várias acusações de incitação e subversão. Alfredo Cospito e Michele Fabiani, junto com outros dez, enfrentavam agravantes de terrorismo em quase todas as acusações solicitadas pelo Ministério Público.

Cospito e sua companheira Anna Beniamino estão presos há anos, assim como outros camaradas acusados de ações clandestinas. Em 2013, Cospito foi condenado a dez anos e oito meses de prisão por ter disparado contra a perna de Roberto Adinolfi, um gerente da empresa de engenharia Ansaldo. Já estando na prisão, em junho de 2006, ele também foi condenado por ter colocado dois dispositivos explosivos em frente a uma escola de formação da polícia Carabinieri no norte da Itália.

Em 2022, ele foi transferido para a prisão de Bancali, na Sardenha, e submetido ao regime restritivo de isolamento conhecido como 41 bis, que organizações de direitos humanos condenaram como tortura. Isso levou a uma campanha generalizada por sua libertação e o fez iniciar uma greve de fome em protesto.

O processo contra a revista Vetriolo começou em novembro de 2023. No entanto, na audiência de 15 de janeiro, a juíza anunciou que a acusação solicitada pelo Ministério Público de Perugia não prosseguiria.

Durante a audiência, os acusados fizeram declarações espontâneas para esclarecer suas posições sobre todo o caso contra eles, bem como pela abolição do regime 41 bis. Cospito alertou que seu processo perturbador, por supostamente ter um “papel de liderança” em uma organização anarquista, “abre amplamente as portas do 41 bis para qualquer um que perturbe o poder”, descrevendo o caso como “fundamentalmente um ataque à liberdade de pensamento e de imprensa”.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/01/22/italy-terrorism-charges-dropped-against-vetriolo-magazine/

Tradução > Contrafatual

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agência de notícias anarquistas-ana

Fina chuva inútil
fundo musical
a flauta casual

Winston

[Argentina] Convocatória a participar da 7ª edição do Festival Internacional de Cinema Anarquista em Buenos Aires a realizar-se em 3 e 4 de maio

> 3 de maio no Espaço Cultural Bonpland em Caba (Buenos Aires)

> 4 de maio no Espaço Galpon B em Caba (Buenos Aires)

Bases e condições

Estamos recebendo material audiovisual realizados sob qualquer técnica e equipamento: Documentários, curta metragens, vídeo performance, etc.

– Não é um festival convencional de cinema onde se compete. Não há categorias, não há jurado, não há prêmios.

– Para participar com teu trabalho não necessitas pagar, de todas as formas podes colaborar com a gestão se o desejas.

– Arquivo, sinopses, cartazes e se tens trailer.

– Recebemos material de conteúdo crítico (antiespecista, dissidente, saúde mental, anticarcerário, em defesa da terra, etc.).

– De 2022 à atualidade.

– Sem financiamento do Estado.

– A data limite de entrega é fins de março.

– Se o arquivo está em outro idioma, é necessário que envies a legenda em espanhol.

O dia 4, domingo, é só de projeções com a presença de seus realizadores, esclarece em teu correio se você é de Buenos Aires ou virás de longe para participar.

É uma atividade aberta a todo público, estás convidado a participar, assistir e conhecer outras formas de fazer cinema.

O festival de cinema anarquista se gestiona com o apoio dos companheiros e das pessoas que assistem em cada edição, esperamos seu apoio para poder seguir insistindo ano a ano.

Escreve a festivaldecinea@gmail.com

agência de notícias anarquistas-ana

Frases compostas
no sol que passeia
sob minha caneta.

Jocelyne Villeneuve

[Alemanha] Manifestações gigantescas contra a extrema direita

Mais de 300.000 pessoas nas ruas de Berlim, centenas de barcos em Colônia, uma maré humana em Hamburgo.

No sábado, 1º de fevereiro, uma demonstração de força contra a extrema direita ocorreu em toda a Alemanha. Na capital, o enorme cortejo partiu da sede da CDU, o principal partido de direita que governa o país em alternância com os social-democratas.

Em 29 de janeiro, a CDU quebrou um tabu ao votar com o partido neonazista AfD (Alternativa para a Alemanha) em uma moção anti-imigração. Essa quebra do “cordão sanitário”, em um país há muito assombrado pelo espectro do nazismo, foi a primeira desde 1945. O fim de uma era.

Essa votação conjunta normaliza a extrema direita, que está fazendo um avanço eleitoral impressionante antes das eleições gerais daqui a três semanas.

Os deputados da AfD no parlamento alemão saudaram o voto xenófobo com aplausos estrondosos. Um deles declarou: “Este é realmente um momento histórico […] Uma nova era está começando aqui e agora e essa era será liderada pela AfD”.

Em resposta: uma indignação maciça nas ruas, mas inofensiva, sem slogans revolucionários e, em grande parte, impulsionada pela social-democracia.

Um ano atrás, no final de janeiro de 2024, mais de 1,4 milhão de pessoas se manifestaram contra a extrema direita naquele fim de semana na Alemanha. A imprensa tinha acabado de revelar a existência de uma reunião secreta entre membros da AfD, um identitário austríaco chamado Martin Sellner e empresários ricos, com o objetivo de deportar vários milhões de pessoas consideradas não integradas à Alemanha.

Um ano depois, a mesma coisa aconteceu novamente. Devido à sua história, ainda existe uma rejeição maciça ao fascismo na população alemã. No entanto, essas grandes comunhões “pela democracia” não atacaram as raízes do fascismo: desigualdades crescentes, retórica militarista e racista, falta de perspectivas emancipatórias…

Fonte: contre-attaque.net

agência de notícias anarquistas-ana

tomando banho só
no riacho escondido –
cantos de bem-te-vis

Rosa Clement

[Chile] Fevereiro Anti-extrativista “Em todos os territórios”.

As lógicas extrativistas do capital são empregadas nos diferentes aspectos do que nos impõem como existência.

A usurpação dos territórios e sua posterior extração, não só ataca a terra em si, ataca também a vida vegetal e animal modificando e exterminando os eco sistemas, ataca as comunidades que habitam os territórios, extraindo seus conhecimentos, história e práticas culturais para capitalizá-las, destrói as práticas autônomas e impõe uma dependência econômica.

O extrativismo monopoliza as possibilidades de sustento destas comunidades, destruindo as práticas ancestrais de sobrevivência e intercâmbio, para impor seus trabalhos tornando cúmplices da devastação as próprias pessoas que os habitam.

O extrativismo, motor central da manutenção e reprodução do capitalismo (hoje pintado de verde e sustentável) inunda os territórios com devastação e miséria.

Hoje os territórios historicamente colonizados são obrigados a sustentar a chamada transição energética que saqueia e devasta em nome da sustentabilidade, da eletromobilidade e da vigilância extrema.

Os grandes capitais da indústria mineira e florestal avançam apropriando-se da terra com a ajuda dos governos de turno e de toda a casta política, ignorando e silenciando os posicionamentos e decisões coletivas das comunidades afetadas.

Este fevereiro nos convida a apagar a máquina de destruição, a que em cada território ameaçado se implementem ações que impeçam por todos os meios a imposição e funcionamento dos projetos de devastação.

A crueldade do capital e seus executores não dá trégua, hoje com Julia Chuñil desaparecida, com Emilia Milén, com Macarena Valdés na memória e com a longa lista de assassinados por defender a terra, nos cabe atuar.

Não ao sistema da devastação. Sejamos sua pedra no sapato, seus obstáculos, seus inimigos.

Por Bau a 4 anos de seu assassinato liberando o lago Riñihue dos oligarcas.

Fora mineradoras

Fora Florestais 

Pela liberação animal e da terra

Fora extrativistas de Abya Yala

#febreroantiextractivista

Fonte: https://lazarzamora.cl/febrero-antiextractivista-en-todos-los-territorios/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Paira no ar por um instante
A figura de um menino,
Saltitante.

Sérgio Sanches

5ª Conferência Internacional de Geógrafxs e Geografias Anarquistas

Departamento de Geografia, FFLCH, Universidade de São Paulo (USP), 9-12 dezembro 2025

PRIMEIRA CHAMADA DE TRABALHOS (até 31 de março)

Depois das quatro Conferências Internacionais de Geógrafxs e Geografias Anarquistas  organizadas em Reggio Emilia (Itália, 2017), Rabastens (França, 2019), Oaxaca (México, 2021) e Córdoba (Argentina, 2023), a quinta acontecerá na cidade de São Paulo (Brasil) em 2025.

Esta localização é muito significativa porque São Paulo, a USP e mais geralmente o Brasil, têm uma tradição de reflexão e organização de conferências internacionais sobre figuras históricas da geografia anarquistas.

Assim, os Colóquios Internacionais sobre Elisée Reclus (2011) e sobre o Centenário do falecimento de Peter Kropotkin (2021), foram organizados pela Biblioteca Terra Livre com o apoio do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.

Para esta quinta edição, convidamos a enviar propostas de resumos principalmente (mas não exclusivamente) sobre os seguintes eixos temáticos:

1) Práticas de lutas libertárias e espacialidades emancipatórias

2) Pedagogias anarquistas e outras práticas libertárias de educação

3) Povos originários, movimentos negros, indígena e desafios da decolonialidade

4) Colapso ambiental e outras relações entre sociedades e naturezas

5) Corpo-território. Gênero, espaço e sexualidade

6) Contra-cartografias

7) Geografias da abolição: Prisões, fronteiras, Estados

8) Outras histórias da geografia

9) Outras histórias e geografias do anarquismo

10) Espaço nas lutas de classes e espaços das lutas de classes

11) Perspectivas transnacionais e internacionalistas das geografias anarquistas

>> Mais informações em:

https://reclus.hypotheses.org/files/2020/09/CIGGA-CFP-2025.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

chuva lá fora –
os pássaros, molhados,
foram embora

Carlos Seabra

Nasce a Okupa Uru’bu

O grande pássaro negro dá nome e ânimo na nova Okupa. Se alimentando das entranhas duma sociedade moribunda, transforma essa carne podre em força pra transformar, criar outras formas de viver. Depois de meses desterritorializados, desde a enchente, agora tomamos um novo espaço, abrimos mais uma chaga no capital especulativo imobiliário, mais um espaço pra incendiar com o ideal Anarquista, na base da autonomia, espaço pra fermentar ações, ataques, expandir a solidariedade insubmissa. Da Pandemia fica a relação com o Guahyba, aprimorada com as lições aprendidas.

Viva a Okupa Uru’bu, protetor dos céus para os Mbya Guarani. Viva a Anarquia!

agência de notícias anarquistas-ana

rápido encontro —
no banquinho do parque
duas folhas secas

Seishin

[Espanha] Obrigada, companheiras

Desde a CNT, expressamos nosso mais profundo agradecimento a todos os sindicatos filiados à Confederação Internacional do Trabalho (CIT) que responderam a nossa chamada e se uniram a nossa campanha de crowdfunding. Sua generosa contribuição transcende fronteiras e demonstra, uma vez mais, a força da solidariedade internacional e o compromisso compartilhado pela defesa dos direitos dos trabalhadores. Graças a seu apoio, poderemos dar um passo significativo para a defesa de nossas companheiras de La Suiza.

Esta campanha foi um claro exemplo de como a união faz a força. Juntas, demonstramos que a solidariedade não é só uma palavra, mas uma prática que transforma vidas.

Queremos destacar a importância de cada uma das doações recebidas. Graças a seu pequeno ou grande aporte, conseguimos alcançar uma meta que parecia inalcançável. Sua confiança em nosso projeto nos enche de orgulho e nos motiva a seguir trabalhando incansavelmente.

Nestes tempos difíceis, onde os direitos dos trabalhadores estão constantemente ameaçados, sua solidariedade é um bálsamo que nos reconforta e nos impulsiona a seguir adiante. A CNT se compromete a utilizar estes fundos de maneira transparente e responsável, sempre a serviço dos interesses da classe trabalhadora.

Uma vez mais, agradecemos a todos os sindicatos da CIT que tornaram possível esta conquista. Juntas, estamos construindo um futuro melhor para todas e todos.

cnt.es

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

até que enfim
não dei em nada
dei em mim

Rubens Jardim

Resposta ao texto “Uma crítica ao anarco primitivismo” de Gilson Moura Henrique Junior

Esta é uma resposta ao texto “Uma crítica ao anarco primitivismo¹” de Gilson Moura Henrique Junior, publicado em 2014 e citado pelo canal História Anarquista num vídeo de 2024 chamado “Primitivismo não é Anarquismo. Uma crítica ao primitivismo²”.

O anarco-primitivismo surgiu nos anos 80 do século XX e produziu uma vasta quantidade de material, incluindo duas revistas anarquistas: a Green Anarchist (Reino Unido, 1984-2001) e a Green Anarchy (EUA, 2001-2008), assim como outras publicações. Este movimento difundiu a crítica à civilização no meio anarquista, inspirando diversos coletivos e fomentando discussões sobre história, antropologia e psicologia.

Gilson Moura diz concordar com a crítica à civilização, mas discorda da forma como os anarcoprimitivistas “rejeitam a tecnologia” e “louvam o primitivo”, o que, no entanto, não é uma acusação informada. Ele ainda afirma, equivocadamente, que o anarcoprimitivismo se associa ao evolucionismo social e que estabelece uma divisão hierárquica entre civilização e primitivo. A crítica se foca em John Zerzan, um dos principais autores do anarco-primitivismo, e na sua antropologia, que o autor considera “etnocêntrica” e comparável às ideias de Rousseau. Moura também aponta o uso problemático do termo “tribos” e a classificação de etnias como “caçadoras/coletoras”, considerando tais conceitos anacrônicos e inadequados.

O autor sugere o uso do termo “etnias não-ocidentais”, o que não se refere à mesma coisa. A divisão entre ocidente e oriente é muito mais recente do que o processo histórico que visamos criticar com o conceito de “civilização”. Por isso, não faz sentido falar de “civilização ocidental” ou de “civilizações não-ocidentais” no contexto da teoria anarcoprimitivista. Zerzan não está ignorando a globalização e o capitalismo no processo de assimilação e destruição dessas culturas, pelo contrário. Moura sugere que devemos absorver valores de culturas ancestrais sem classificá-las como “primitivas” e sem descartar todos os valores da cultura ocidental, visto que a anarquia é um desses valores. Isso sim é etnocêntrico.

As críticas de Moura são, como pretendemos demonstrar, bastante problemáticas. A crítica à tecnologia, presente no anarcoprimitivismo assim como em outras linhas de pensamento, não é uma rejeição simplista dos meios tecnológicos, mas uma teoria crítica do sistema técnico dominante e no modo como o pensamento tecnológico contribui para a alienação e dominação da natureza. O conceito de “primitivo”, que também não é utilizado apenas por anarcoprimitivistas, não é uma atribuição de inferioridade, como disse o autor, mas sim uma diferença estrutural, já que compreendem a civilização como uma estrutura opressiva. Os anarcoprimitivistas rejeitam o darwinismo social e não veem as sociedades civilizadas como superiores ou mais evoluídas. Trata-se na verdade de uma crítica radical ao mito do progresso, que no contexto da ideologia civilizatória/colonial significa “mais parecido com a Europa”.

Zerzan não se baseia em Rousseau e não considera os povos originários ingênuos. Ele critica os efeitos da alienação social e ambiental, que, segundo ele, têm raízes no patriarcado e na divisão do trabalho, de maneira similar aos impactos do capitalismo nas sociedades industriais. O uso de “tribo” como uma classificação genérica para os modos de vida não-civilizados é problemático, mas ainda é um termo muito usado nos EUA. Além disso, a expressão “caçador-coletor” continua sendo usada em artigos científicos para descrever modos de subsistência que não dependem da agricultura ou criação de animais, sem conotações pejorativas.

Moura diz discordar da interpretação anarcoprimitivista de Pierre Clastres, dizendo que Clastres não colocava esses modos de vida no plano do “primitivo”. No entanto, o uso do termo “civilização” como oposto de “primitivo”, indicando superioridade, é justamente o que os anarcoprimitivistas questionam. Para Zerzan, a civilização é definida pela domesticação de seres humanos e da natureza, e a domesticação é um processo violento e opressivo.

Anarcoprimitivistas não idealizam as culturas ancestrais, e muito menos as consideram atrasadas ou pertencentes ao passado. Eles se focam na sua capacidade de viver de modo mais ecológico e com menos hierarquia. Se já vivemos desse modo antes, podemos viver novamente. Como, exatamente, seria esse modo de vida, ninguém sabe. Embora a base antropológica de Zerzan seja realmente problemática, ela foi revisada por anarcoprimitivistas posteriores, muitos deles com formação em em antropologia, e por isso a crítica a Zerzan não invalida o movimento como um todo.

Moura acusa o anarco-primitivismo de não dialogar com povos indígenas e de defender um ludismo simplista, mas essa crítica é injusta. Anarcoprimitivistas estão, de fato, em diálogo com movimentos indígenas e criticam o pensamento etnocêntrico que ignora os custos do “desenvolvimento” tecnológico e cultural. Não são ludistas, mas é importante notar a ressignificação do ludismo no anarquismo contemporâneo.

O autor sugere que, em vez de louvar um “primitivismo mitificado”, deveríamos “dialogar com outras civilizações” para revisar os males da civilização ocidental. No entanto, a crítica anarcoprimitivista não se limita a louvar o primitivo, mas sim a criticar a colonização e o progresso civilizatório, que inclui criticar o uso do termo “civilização” como sinônimo de “sociedade organizada” ou “avançada”. O movimento defende um uso de civilização num sentido anticolonial, isto é, como processo histórico comparável à colonização, e não como forma de organização social.

Moura sugere que o anarcoprimitivismo rejeita ideias feministas em favor de uma visão patriarcal, o que é infundado. Zerzan e outros anarcoprimitivistas consideram o patriarcado como um dos fundamentos da civilização, que eles rejeitam. Um dos textos mais citados do Zerzan, traduzido por uma feminista e publicado numa publicação feminista, é uma crítica ao patriarcado enquanto domesticação.

Referências como Ailton Krenak e Davi Kopenawa oferecem uma crítica à civilização que ressoa com as ideias anarcoprimitivistas, enfatizando a necessidade de uma relação menos hierarquizada entre humanos e a natureza. Moura acusa o anarcoprimitivismo de operar no plano metafísico, ignorando a ação concreta. No entanto, anarcoprimitivistas defendem e participam das mesmas ações diretas e organizações que outros anarquistas. Não as rejeitam nem propõem substituições. A crítica anarcoprimitivista apenas adiciona questões que não estavam sendo tratadas no meio anarquista ainda, mas que se aproximam de algo que sempre esteve no anarquismo, como a ideia de Kropotkin sobre a naturalidade do apoio mútuo. Anarcoprimitivistas defendem que as relações humanas voltem a ser prevalentemente não-mediadas pelas instituições civilizadas.

Por fim, a crítica de Moura ao anarco-primitivismo como não sendo anarquismo é rasa e infundada. O anarquismo ganhou e tem a ganhar com o aprofundamento das críticas à civilização, que em grande parte vieram do anarcoprimitivismo. É bom lembrar que o termo “primitivista” foi atribuído pejorativamente a pessoas como Zerzan, e que elas o adotaram criticamente, tal como alguns anarquistas adotam o rótulo de “baderneiro”. Vale lembrar também que o anarcoprimitivismo não está de modo algum relacionado ao movimento artístico ou literário conhecido como “primitivismo”. Nas palavras de Zerzan: “Primitivo é um termo bastante inútil. O divisor de águas é o fato de as pessoas praticarem ou não alguma domesticação”. Anarcoprimitivistas não acham que as culturas ancestrais são atrasadas ou pertencem ao passado, e sim que elas são o futuro, já que as instituições civilizadas irão cair junto com o estado e o capitalismo. Por isso mesmo não estão defendendo um retorno ao passado, mas sim a superação ou abolição de uma estrutura social relativamente recente que se espalhou por violência colonial e assimilação cultural, que chamamos de “civilização”.

Eu pesquiso sobre anarcoprimitivismo desde que conheci pessoalmente o Zerzan, em 2006, num evento anarquista, e antes disso já escrevia sobre crítica à civilização. A princípio, eu também estava muito desconfiado dessas ideias, mas eu tive a oportunidade de tirar minhas dúvidas diretamente com Zerzan e outros autores. Desde então eu me tornei, aparentemente, um dos poucos tradutores e articuladores da crítica anarquista à civilização no Brasil, mesmo não me considerando como anarcoprimitivista. Meu objetivo sempre foi levantar o debate sobre crítica à civilização no meio anarquista. Fica então o convite para todos os anarquistas que não gostam de Zerzan nem de anarcoprimitivismo a ter uma conversa aberta sobre isso, em vez fazer vídeos ou textos taxativos para fechar o diálogo, deixando de responder aos comentários.

O texto de Moura e o vídeo do canal História Anarquista fazem outras acusações que não correspondem ao que o anarcoprimitivismo defende, ou já foram respondidas por outros anarcoprimitivistas, mas vou deixar para responder essas em outro momento. Fica o convite para quem leu este texto dizer se conhece o anarcoprimitivismo, como conheceu e se concorda com o que foi dito aqui.

[1] https://www.anarquista.net/uma-critica-ao-anarco-primitivismo/

[2] https://www.youtube.com/watch?v=zn6FO5T8SVo

Fonte: https://contraciv.noblogs.org/resposta-ao-texto-uma-critica-ao-anarco-primitivismo-de-gilson-moura-henrique-junior/

agência de notícias anarquistas-ana

sonolento
o cão sente
a leveza do vento

Jurandir Junior

[EUA] “Finalmente acabou, vou para casa”: Leonard Peltier

Hoje, o presidente Joe Biden outorgou clemência executiva a Leonard Peltier e comutou o resto de sua sentença. A decisão do presidente é o resultado de décadas de organização de base no território indígena e da revelação de quantidades cada vez maiores de evidência de má conduta dos promotores e violações constitucionais durante o processo do caso de Peltier.

“Finalmente acabou, vou para casa”, disse Leonard Peltier. “Quero demonstrar ao mundo que sou uma boa pessoa e de bom coração. Quero ajudar as pessoas, tal como me ensinou minha avó”.

“A liberdade de Leonard Peltier hoje é o resultado de 50 anos de resistência, organização e defesa intergeracional”, disse Nick Tilsen, fundador e diretor executivo do NDN Collective. “A liberação de Leonard Peltier é nossa liberação: o honraremos trazendo-o de regresso a sua terra natal para que viva o resto de seus dias rodeado de seus seres queridos, sarando e reconectando-se com sua terra e sua cultura”.

“Que a liberdade de Leonard seja uma lembrança de que todo o chamado Estados Unidos está construído sobre as terras roubadas aos povos indígenas, e que os povos indígenas resistiram com êxito a todas as tentativas de oprimi-los, silencia-los e coloniza-los”. continuou Tilsen.

“A vitória de liberar a Leonard Peltier é um símbolo de nossa força coletiva e nossa resistência nunca se deterá. Todos os que estamos aqui hoje nos apoiamos em três gerações de ativistas que lutaram pela justiça para Leonard Peltier. Hoje é uma vitoria monumental: o dia em que Leonard Peltier finalmente volta para casa”, acrescenta Tilsen.

19 de janeiro de 2025

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

O amanhecer,
Só cinco folhas douradas
No topo da Árvore

Rodrigo Vieira Ribeiro