Lançamento dos zines: Expondo Fascistas & Notas Sobre Autodefesa Antifascista

Saludos amigues, sou p1x0, tradutor e anarquiste de vila, interessado na superação do Estado das coisas como estão. Estou lançando meus primeiros zines, textos que entendo que vem pra fortalecer nossos movimentos.
 
EXPONDO FASCISTAS: Um Guia de Boas Práticas“, serve como uma breve introdução ao tema do monitoramento de indivíduos e organizações fascistas, sejam em espaços digitais ou analógicos; (12 páginas, 08 R$)
 
NOTAS SOBRE TREINAMENTO EM AUTODEFESA ANTIFASCISTA“, traz em forma de lista, os ensinamentos da antifa russa, que durante os 2010 combateu e venceu a extrema direita local; (20 páginas, 12 R$)
 
Para encomendar seu exemplar, você pode me contatar por qualquer uma das redes sociais abaixo, ou pelo e-mail: librosparaninxslibres@riseup.net
 
https://ayom.media/@kaiju_haiku
https://bsky.app/profile/p1x0.bsky.social
https://www.instagram.com/p1x0_pelotas
 
Um pouco mais sobre mim: Há mais de três anos contribuo pra diversos sites de contrainformação e de viés libertário, além de manter meu blog pessoal (https://hiperobjeto.noblogs.org/) com foco em guias e manuais práticos de autodefesa comunitária, cultura de segurança e afins.
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
As folhas secas
caem com a ventania
sobre o riacho
 
Antonio Malta Mitori

Cineclube da UAF-FACA em Cachoeiro de Itapemirim-ES!

No dia 11 de junho de 2025, às 20h, a União Anarquista Federalista (UAF) e a Federação Anarquista Capixaba (FACA) promovem mais uma edição do Cineclube Anarquista, desta vez com a exibição do filme Nós que aqui estamos por vós esperamos, no município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

A sessão é aberta ao público e tem como objetivo fomentar a reflexão crítica sobre o tempo, a memória e os sujeitos invisibilizados pela lógica destrutiva do capital e da história oficial. A escolha do filme não é por acaso: trata-se de um mergulho poético e político nas engrenagens que moem vidas em nome do progresso e do esquecimento.

Mais do que um simples encontro cultural, o cineclube é uma trincheira. Um espaço para o pensamento insurgente, para o diálogo entre companheiras e companheiros dispostos a romper com a normalidade imposta. Diante de um mundo que insiste em nos silenciar, ocupar a arte e o cinema com nossas perguntas é também uma forma de resistência.

Convidamos todas, todos e todes a se inscreverem pelo e-mail fedca@riseup.net e somarem-se a essa construção coletiva que afirma: existimos, lembramos e lutamos.

União Anarquista Federalista (UAF)

Federação Anarquista Capixaba (FACA)

uafbr.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

dois amigos na janela
a lua
encontra o pinheiro

Ricardo Portugal

[Chile] Rede Radial 11 de Junho | Dia Internacional em Solidariedade com Marius Manson e os Presos Anarquistas de Longa Duração.

No próximo 11 de junho as rádios livres e anarquistas de todos os territórios se enlaçam na Rede Radial 11 de Junho, no contexto do Dia em Solidariedade com os Presos Anarquistas de Longa Duração, instância gerada para solidarizar com o companheiro anarquista Marius Manson e todos os companheiros sequestrados nas prisões.

Marius Manson companheiro anarquista trans masculino, encarcerado e condenado a 22 anos de prisão por ações contra a propriedade da Frente de Liberação da Terra, também teve que enfrentar os ataques transodiantes da institucionalidade yankee que violou constantemente sua identidade de gênero.

Ante sua situação e a de todos os nossos companheiros presos, esta rede busca visibilizar e atualizar a informação sobre eles, liberando suas vozes, compartilhando experiências sobre o isolamento, a agudização do controle e a vigilância e como nos enfrentamos aos diversos alcances do castigo do poder na sociedade carcerária.

ESCUTA NO PRÓXIMO 11 DE JUNHO EM QUALQUER DAS RÁDIOS ENLAÇADAS (LOGO MAIS INFORMAÇÃO).

Acompanhemos os meninos que estão presos, não os deixemos sós, mas para isso, temos que tomar uma decisão. Somos ou não somos?” Luisa Toledo Sepúlveda.

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana
 
a luz do poente
escala a alta montanha;
no cume será a noite.

Alaor Chaves

[Espanha] Concentração de apoio a Las 6 de La Suiza

Em 5 de junho de 2025, Gijón foi cenário de uma nova concentração em apoio às seis sindicalistas conhecidas como ‘Las Seis de La Suiza’, condenadas a três anos e meio de prisão por coações ao proprietário de uma padaria. A manifestação, que reuniu centenas de pessoas na Plaza Mayor, se realizou sob o lema “Facer sindicalismu nun ye delitu” (Fazer sindicalismo não é delito).

A concentração de 5 de junho foi mais uma mostra do amplo apoio social e sindical que recebeu o caso. Os manifestantes portavam cartazes com mensagens como “Liberdade às 6 de La Suiza” e “Não estão sós”, denunciando o que consideram uma sentença injusta e desproporcional, destinada a desalentar a ação sindical legítima.

Organizações sindicais como CCOO, UGT, CSI, SUATEA, CGT, USO, ISA e SF mostraram sua solidariedade, convocando manifestações e denunciando uma ofensiva contra o direito sindical. Uma manifestação sob o lema “Fazer sindicalismo não é delito” está prevista para 29 de junho em Gijón, com o objetivo de reivindicar a ação sindical como um direito fundamental e exigir a revogação de leis que criminalizam o protesto social.

O caso de ‘Las Seis de La Suiza’ reavivou o debate sobre a criminalização do protesto e a ação sindical na Espanha, convertendo-se em um símbolo da luta pela defesa dos direitos laborai e a liberdade sindical.

cnt.es

Tradução > Sol de Abril

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Longe um trinado.
O rouxinol não sabe
que te consola.

Jorge Luis Borges

Brasil não renunciará à exploração de petróleo para seu desenvolvimento, diz Lula

Presidente repete discurso desenvolvimentista do século passado para defender exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas.

Mesmo diante de exemplos tão claros, no Brasil e em todo o mundo, de que os combustíveis fósseis geram concentração de renda e riqueza para poucos e prejuízos sociais e ambientais para todos, principalmente para a população mais pobre. E ele ainda minimiza os imensos riscos ambientais de se explorar petróleo na foz do Amazonas.

Em entrevista ao jornal francês Le Monde, Lula defendeu o direito do Brasil de explorar seus recursos naturais – leia-se “petróleo”. Segundo o presidente, o Brasil não renunciará a uma riqueza importante para o seu desenvolvimento, enquanto outros como França, Reino Unido, Noruega e Estados Unidos o fazem.

Para piorar, ao ser indagado sobre explorar petróleo na foz, Lula minimizou os impactos e riscos operacionais do poço que a Petrobras quer perfurar no bloco FZA-M-59.

Sem ser especialista em meio ambiente, o presidente disse que se houvesse o menor risco seria o primeiro a se opor à perfuração. E voltou a repetir a falácia de que o bloco 59 é “muito longe da foz do Amazonas”. Como se o estrago ambiental e climático se resumisse à saída do rio. “A perfuração ocorrerá a 500 quilômetros do Delta do Amazonas e não haverá problemas. E se houvesse o menor risco, eu seria o primeiro a me opor a tal projeto!”, disse.

Segundo Lula, a Petrobras possui expertise reconhecida internacionalmente em exploração de águas profundas e jamais enfrentou um acidente grave, o que é uma inverdade: lembremo-nos do vazamento de 1,3 milhões de litros de óleo combustível na Baía de Guanabara no ano 2000, do derrame de quatro milhões de litros de petróleo no rio Iguaçu no mesmo ano, da perda total da P-36 em 2001 e do recente Incêndio na plataforma PCH-1 de abril deste ano, entre muitos outros.

Lula repete a visão míope focada apenas na perfuração de um poço de exploração. Mas a foz do Amazonas, com correntes fortíssimas, já fez a petroleira não conseguir perfurar um poço em área próxima ao bloco 59 – portanto, “a 500 km do delta do Amazonas”, como disse o presidente. A tentativa provocou vazamento de fluidos no mar da região. Vazamento pelo qual a Petrobras nunca pagou. Sem falar no histórico de multas e no recorde de acidentes em instalações marítimas de exploração e produção.

Mas a pressão política pelas supostas megarreservas de petróleo da foz, comandada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e com o apoio de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mexeu também com os ritos do IBAMA.

A direção do órgão ambiental usou um parecer alternativo para autorizar a petroleira a realizar no bloco 59 a Avaliação Pré-Operacional (APO), espécie de simulação de vazamento de petróleo e medidas de contenção e resgate da fauna. Algo que técnicos do IBAMA não recomendaram.

Pessoas que acompanham o assunto afirmaram à Folha que a contradição não desrespeita a burocracia interna do órgão, mas a tramitação foge do usual. A íntegra da tramitação do processo revela que, para liberar a APO, o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, lançou mão de um novo parecer, assinado por uma diretoria e uma coordenação do órgão, como apontou o Sumaúma.

O documento chega a citar o entendimento anterior do corpo técnico, que recomendou a rejeição do plano da Petrobras, mas conclui pela aprovação, em uma decisão classificada como “alternativa”. Resultado: além de aprovar o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF), em detrimento da recomendação técnica, Agostinho autorizou a APO – que a Petrobras quer fazer em 14 de julho.

Em tempo: Ontem (4/6), o IBAMA realizou a vistoria da sonda NS-42, plataforma contratada pela Petrobras para perfurar o poço no FZA-M-59, na foz do Amazonas, informam Agência Infra e eixos. Em abril, o navio passou por limpeza para a desincrustação de coral-sol na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. É uma medida obrigatória para a navegação em áreas onde esta espécie invasora não está instalada, como na costa do Amapá, onde está o bloco 59.

Fonte: ClimaInfo

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Antes que algum nome
nos designasse, já rias,
pequena cascata.

Alexei Bueno

[Porto Alegre-RS] Troca de ideia na Feira Anarquista da Praça do Aeromóvel: Inteligência Artificial

Era compas! Como sempre buscamos fazer nas feiras anarquistas, rolou uma leitura e conversa sobre um tema atual e relevante pra nós. A partir da tradução de um artigo intitulado “Contra a Máquina”, falamos sobre Inteligência Artificial e como nos impacta e acelera o processo tecnocrata na sociedade. Passamos pela estratégia das grandes empresas de tecnologia de apresentar a IA como recurso, “apoio” ou até brincadeira, um filtro, uma foto modificada, e como isso resulta numa aceitação quase irrestrita do seu uso. Mas somos anarquistas, se não fazemos uma oposição ao atropelo tecnológico o que estamos fazendo?

Precisamos fazer a crítica contundente ao que vem por trás dessa faceta amiga, que escreve o texto pra ti, que faz o desenho que tu achas que não consegue fazer. Por trás disso tem a brutal exploração de pessoas e da natureza, o extrativismo pra retirar os minerais necessários pra manter os servidores funcionando, pois, esse sistema não é uma nuvem, são computadores gigantes, que consomem absurdas quantidades de água e diversos outros recursos cada vez que alguém envia uma foto, uma pergunta, um texto. Também acelera o processo de emburrecimento, o isolamento, a falta de confiança em cada indivíduo, a máquina quer te fazer acreditar que é uma companheira, ao invés de conviver com pessoas tu conversa com a coisa, sim, coisa, nunca vai ser “ela”, “ele” ou “elu”. Tenta eliminar a beleza que é a diversidade de saberes e fazeres, ao invés de trocar com alguém que tem a manha de desenhar, de compor uma música, tu te jogas na solidão e na máquina.

Diante de tudo isso não podemos deixar passar, não podemos ajudar esse processo, cada uso que se faz da IA mais afiada a coisa fica, não basta ser cientes das explorações desde as quais nasce a IA precisamos ser cientes de que cada vez que a usamos a alimentamos com informações valiosas sobre o que é ser humano, e essa informação só joga contra nós. Precisamos fortalecer o que é nossa base, o faz tu mesmx, a tentativa, o erro, o original.

A IA não é uma ferramenta pra nós, é uma armadilha, precisamos firmar posição contra esse processo, já que sabemos que o que conhecemos dessa tecnologia não é nada comparado ao uso que o capital e os estados fazem realmente, é um catalisador de guerras e perseguição. Não colaborar com a exploração, devastação e controle da IA é o passo básico, e significa não usá-la. Passar para a luta, como segundo passo é tentar sabotá-la.

Viva a Inteligência Anarquista! Foda-se a Burrice Artificial!

(A)

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Vendaval. Nas nuvens,
veloz desfila o falcão:
um surfista no ar.

Ronaldo Bomfim

“Anarquismo é prática de existência”

É mais fácil encontrar anarquistas que se auto intitulam como tal, mas que, de fato, não o são, ou pessoas comuns que carregam o espírito e a ação direta anarquista como uma expressão natural de seu senso de justiça, apurado pelas próprias experiências?

Por anos de observação prática, percebo que a maior parte daqueles que se dizem anarquistas não amadureceram a vida em função da ideia. Em vez disso, afirmam-se por uma simples concordância com ela, sem uma revolução íntima. E nada adianta se afirmar antes de um processo que o torne consciente. Por isso, muitos que se denominam anarquistas passam a maior parte do tempo apontando dedos, criticando sem construir.

Digo isso para trazer à luz como as palavras são voláteis e como o Espírito vem antes da ideia expressa em palavras. Espírito é aquilo que se realiza. Espírito é a vontade que vem da fonte. Em uma palavra: Entusiasmo. Aquilo que, em si, manifesta as qualidades da ação genuína. Sua potência criativa!

O que mais temo no meio anarquista é um tipo de ortodoxia, por assim dizer — um pensamento tradicionalista e vanguardista. Precisamos, de fato, olhar para além da realidade. Todo anarquista declarou que estamos estudando a VERDADE, para saber onde a realidade se encaixa bem na ORDEM NATURAL. Não por religião ou por filosofia a partir de teorias, mas por se deparar com o espírito da vida e captar dela a prática que ela propõe.

Rizoma Kairós
Retirado do livro “ingovernáveis”

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Será que foi sonho…
Escutei nesta noite
um grilo cantar.

Hazel de S.Francisco

[EUA] Declaração de Marius Mason para 11 de junho de 2025

Declaração de Marius Mason para marcar o 11 de junho, Dia Internacional de Solidariedade com Marius Mason e com todos os/as prisioneiros/as anarquistas de longa sentença.
 
Saudações e gratidão à minha comunidade,
 
Quero começar agradecendo a todas as pessoas que escreveram cartas de apoio ou participaram de eventos solidários neste último ano, muito obrigado! Sei que a solidariedade de vocês conecta quem resiste atrás das grades com muita força e amor. Gostaria de ter respondido a cada carta que recebi, e vou adicionar vários novos contatos à minha lista de correspondência e escrever de volta o máximo que puder…
 
Este ano foi difícil para mim. Minha jornada de doze anos por uma cirurgia de afirmação de gênero foi abruptamente sabotada por uma administração cujo único objetivo tem sido o ódio e a divisão. Às vésperas da cirurgia, já integrado com sucesso há anos em uma população carcerária majoritariamente masculina, fui sumariamente sequestrado e jogado na solitária (SHU), em decorrência de uma Ordem Executiva que tornou minha identidade de gênero ilegal e apagou meus direitos como cidadão.
 
Desde então, fui transferido para uma prisão com população predominantemente feminina, a Federal Satellite Low, em Danbury, Connecticut. Tem sido uma adaptação socialmente, mas minha comunidade aqui tem sido bastante acolhedora e afirmativa. Trabalho como apoio de pares em um programa integrado de tratamento de trauma e dependência. Isso tem muito significado para mim, já que tantas pessoas perdem o controle de suas vidas, e frequentemente suas próprias vidas, por problemas de dependência não tratados. Acredito profundamente que a epidemia internacional tem como núcleo esse sentimento de desespero e alienação que tantas pessoas sentem hoje.
 
Tem sido um ano intenso para todas as comunidades de resistência, seja no foco contra a guerra em Gaza, seja na luta contra a guerra aos imigrantes. Temos enfrentado grandes dificuldades para oferecer apoio às pessoas entre nós que têm sido feridas pelos ataques cada vez mais violentos contra mulheres, imigrantes, bem como pessoas trans e queer. Os últimos seis meses foram como uma marcha militar para trás na evolução humana, com acordos sociais básicos sobre direitos individuais sendo violados repetidamente. Direitos garantidos desde a assinatura da Magna Carta, e que estavam no centro do conflito entre a Inglaterra e suas ex-colônias, estão sendo sistematicamente desmantelados.
 
Diz-se que, se não aprendermos com a história, estaremos condenados a repeti-la. Já vimos o surgimento do fascismo antes, e devemos reconhecê-lo agora. Estes tempos são, portanto, um desafio para qualquer pessoa que deseje liberdade real, que defenda com paixão a justiça e que honre e respeite a dignidade humana, e que persista na crença de que somos responsáveis uns pelos outros e com os outros, e com nosso lar comum: a Terra. A força para enfrentar esse desafio virá da solidariedade… essa é sempre nossa arma secreta contra as brutalidades vis do fascismo.
 
Persistir e resistir!
Com amor e solidariedade,
 
Marius Mason
 
Escreva para:
 
Marie Mason #04672-061
FCI Danbury
Route 37
Danbury, CT 06811
EUA
 
Tradução > Contrafatual
 
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Um grande silêncio —
Nuvens escuras se acumulam
Sobre a terra seca.
 
Paulo Franchetti

[Grécia] Novo vídeo do protesto em massa que se transformou em uma feroz batalha de rua (Exarchia, 6 de dezembro de 2024)

Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Atenas na sexta-feira, 6 de dezembro de 2024, para comemorar o 16º aniversário do assassinato policial do adolescente de 15 anos Alexandros Grigoropoulos, o assassinato de um jovem pela polícia que desencadeou os mais graves distúrbios na Grécia em décadas, em 2008.
 
A marcha anual, que ocorre desde então, não serve apenas como um lembrete dos trágicos eventos daquela noite de 6 de dezembro, mas também como um protesto contra a violência policial e estatal nos dias de hoje.
 
Após o protesto dinâmico no centro de Atenas e em frente ao parlamento grego, uma violenta revolta eclodiu no bairro de Exarchia, local onde Alexis Grigoropoulos foi fatalmente baleado pela polícia em 2008, com manifestantes encapuzados encurralando a tropa de choque sob uma chuva de pedras lançadas dos prédios e ataques em solo vindo de diferentes lados.
 
A memória da morte de Grigoropoulos continua a ressoar profundamente na Grécia. Seu assassinato em 6 de dezembro de 2008 por um policial gerou semanas de protestos e distúrbios, não apenas na Grécia, mas também em diversos países, alimentados por frustrações mais amplas com a crise econômica e recorrentes casos de brutalidade policial.
 
O vídeo é dedicado a Despina, que nos deixou tão cedo, porque foi ali que ela viveu, por onde caminhou, onde atuou, e essas ruas sempre estarão repletas da sua memória.
 
>> Assista o vídeo aqui:
 
https://www.youtube.com/watch?v=IoaUu8wenjQ
 
Tradução > Contrafatual
 
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voltando com amigos
o mesmo caminho
é mais curto
 
Alice Ruiz

[Chile] Reivindicação de ação realizada em Juan Gómez Milla, Ñuñoa. Santiago, Maio Negro 2025.

16 anos após a morte em ação do companheiro anarquista Mauricio Morales, que faleceu após a detonação acidental do artefato explosivo que levava em direção à escola de administração penitenciária, a luta antagônica contra a prisão continua, e o companheiro segue vivo na memória combativa, presente no aprofundamento do conflito.
 
Durante a tarde, reunidos por afinidade, protagonizamos uma prolongada jornada de combate, acendendo barricadas em uma das principais vias da cidade, somado ao enfrentamento contra a polícia, com o uso de mais de uma centena de coquetéis molotov e artefatos, que responderam de forma eficiente às investidas dos carros policiais e colocaram em fuga os covardes COP que tentavam se aproximar a pé.
 
Durante a ação, houve um cuidado especial com a disseminação de propaganda que expressasse as ideias que, naturalmente, caminham lado a lado com nossas ações. Assim, não houve cadeado ou barreira de proteção que não pudéssemos romper ou cortar para colocar nossas faixas. Da mesma forma, conseguimos neutralizar todos os “protocolos” da “segurança” interna do campus para aproveitar ao máximo o território, incluindo telhados, varandas e portões, tudo a nosso favor em prol do combate e da segurança da ação.
 
Em pleno confronto, diante dos espectadores da ação e estudantes que se encontravam no local, foi realizada a leitura de um discurso; ao mesmo tempo, foi distribuída aos mesmos espectadores uma edição intitulada “Façamos das ideias uma ameaça real”, publicação impressa durante o mês pela autodenominada “cooperativa de antagonistas”, a qual é um convite à reflexão sobre o sistema carcerário. E, como foi dito no momento, longe de querer reunir massas para esperar eternamente atrás de uma mesa pelo tão falado poder popular, propõe nutrir e construir a luta anárquica a partir da tensão permanente e do conflito contra o poder.
 
Apostamos em encher nossa luta de força e conteúdo significativo, rejeitando completamente o conformismo, o reformismo e o escapismo, para nos lançar à luta auto-organizada, à ação direta, às ruas, à sabotagem das fontes do capital, mas, acima de tudo, à coerência entre palavra e ação.
 
“Aqui, na ofensiva, encontramos o desenvolvimento, a expansão e a generalização do conflito, combinando a crítica tanto às estruturas específicas quanto ao Estado, à sua repressão e à sua violência.”
 
Desde esta trincheira, também queremos enviar uma saudação cúmplice aos companheiros Francisco Solar, Aldo e Lucas Hernández, aos/as companheiros/as do caso 6 de julho, aos PPM do caso Quilleco e a cada preso/a anarquista, subversivo/a e mapuche.
 
O chamado é sempre a seguir multiplicando a auto-organização em cada espaço e território, afirmando a autonomia e tornando a liberdade uma realidade palpável, construída com nossas próprias mãos e com nossa inquebrantável vontade de resistir. A continuar multiplicando a solidariedade, o combate e a ação contra o poder, suas prisões e quem as sustenta.
 
Até que tudo exploda, morte ao Estado e viva a anarquia!

Afinidades em conflito.
 
Tradução > Liberto
 
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Voo rasante
no espelho do lago —
Uma libélula.
 
Eber Mingardi

A Justiça Burguesa e a Farsa do Combate ao Fascismo: O Caso Carla Zambelli

A recente fuga de Carla Zambelli para a Europa, após sua condenação pelo STF por crimes como invasão ao CNJ e perseguição armada a um homem, expõe a fragilidade da justiça burguesa diante do fascismo. Enquanto o Estado se gaba de punições exemplares, a deputada bolsonarista escapa impune, protegida por sua cidadania italiana e pela estrutura de poder transnacional que sempre acolheu reacionários. A justiça capitalista, burocrática e seletiva, não passa de um teatro para legitimar a ordem vigente, incapaz de tocar nos verdadeiros pilares do fascismo/capitalismo: a propriedade privada, o autoritarismo estatal e a violência institucionalizada.

O caso Zambelli revela a cumplicidade histórica entre Estado e fascismo. Apesar de condenada, ela operou livremente dentro das instituições, usando seu mandato para ataques ao Judiciário e à democracia burguesa, até que a pressão popular a tornou inconveniente. O STF, que agora a persegue, é o mesmo que tolerou seu projeto autoritário enquanto servia aos interesses da elite. A justiça burguesa só age quando o fascismo ameaça desequilibrar seu próprio jogo de poder, nunca quando oprime os de baixo. A prisão de Zambelli seria, no máximo, um acerto de contas entre facções dominantes, não um freio ao avanço reacionário.

A falência do sistema penal fica ainda mais clara ao vermos a deputada se declarar “intocável” na Itália, onde promete articular a extrema-direita europeia. Enquanto o Estado brasileiro se perderá em pedidos de extradição e burocracias da Interpol, o fascismo se reorganiza em escala global, aproveitando-se das mesmas fronteiras e acordos que o capitalismo criou para proteger seus interesses. As leis, feitas para manter a dominação de classe, são inúteis contra quem as usa como arma. Zambelli não é uma exceção, mas a regra: o fascismo sempre encontra brechas no sistema que supostamente o condena.

Portanto, a solução não está em confiar nas instituições, mas em destruí-las. A história mostra que o fascismo só é derrotado pela ação direta dos oprimidos, não por decretos presidenciais ou decisões judiciais. Movimentos anarquistas, como os que combateram Mussolini na Itália ou Franco na Espanha, entenderam que o Estado jamais será aliado nessa luta. Zambelli fugiu, mas sua ameaça permanece porque o fascismo é estrutural — e só cairá quando o povo, organizado ocupar ruas, fábricas e terras, desmontando o aparato que alimenta a reação.

Enquanto a esquerda institucional pede mais leis e mais STF, nós, anarquistas, lembramos: o fascismo é filhote do capital e do Estado. Zambelli é só mais um sintoma. A verdadeira resistência virá de baixo, sem partidos, sem polícia, sem hierarquias. Que sua fuga seja o último aviso: a justiça dos ricos nunca nos salvará. Só a revolução social, horizontal e libertária, erradicará o fascismo da Terra.

Liberto Herrera.

agência de notícias anarquistas-ana

Chuva batendo
No batente
Som dormente

Ângelo Amarante

[Espanha] Homenagem a Emilio Pedrero: “Vida e retorno de um médico anarquista”

Conheces a história de Emilio Pedrero Mardones? Era um médico anarquista leonês que foi assassinado pelo fascismo mediante um pelotão de fuzilamento em Valladolid.

Querias conhecer um pouco mais sobre sua história? Te convidamos a participar em um ato de homenagem organizado em conjunto pela CNT de Valladolid e a CNT de León que acontecerá no sábado, 7 de junho, no cemitério de León (Avda. San Froilán) às 12 h, no qual realizarão intervenções familiares, políticas e artísticas.

Esse mesmo dia, às 17h, se realizará a apresentação do livro “Hasta que la tierra habló“, pela mão de sua autora Elisabet Lacasa Falcó, ato que se desenvolverá no local do sindicato CNT de León (calle Fruela II, 9) aberto a qualquer interessado e que se aprofundará em aspectos da vida deste médico anarquista.

Os esperamos

Que a terra nunca deixe de falar!

leon.cnt.es

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Ah…chuvas de outono…
Os cachorros se espreguiçam
bocejam e dormem…

Guin Ga Eden

Mais de 60 caciques do Oiapoque repudiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Em uma manifestação histórica, mais de 60 caciques dos povos indígenas Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na e Palikur Arukwayene, do Oiapoque (AP), divulgaram uma carta exigindo a imediata suspensão do processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, e de todos os blocos incluídos no próximo leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), previsto para 17 de junho.
 
Reunidos no Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO), as lideranças denunciam que nunca foram consultadas sobre a exploração de petróleo na região — como determina a Convenção 169 da OIT e a Constituição Brasileira. Mesmo com os impactos socioambientais já sentidos nas aldeias, os territórios indígenas ficaram fora do Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela Petrobras.
 
A carta denuncia os graves riscos socioambientais da atividade petrolífera, como poluição, destruição da biodiversidade e ameaça à subsistência dos povos indígenas, além de condenar a disseminação de desinformação e a perseguição a lideranças indígenas. O CCPIO exige a suspensão imediata de qualquer projeto de exploração na região e convoca o apoio de organizações indígenas, entidades de direitos humanos e da sociedade brasileira em defesa da vida dos povos originários e da proteção da Amazônia.
 
>> Leia a carta na íntegra aqui:
 
https://350.org/pt/wp-content/uploads/sites/12/2025/06/Nota_de_repudio_Final.pdf
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
café da tarde—
na mangueira em flor
farra de pardais
 
Nete Brito

[Espanha] Solidariedade com ‘Lxs 6 de La Suiza’: Basta de perseguição! Fazer sindicalismo não é crime!

Em mais um ataque contra o sindicalismo, o juiz titular da Vara Criminal nº 1 de Gijón, Lino Rubio Mayo, negou o pedido das defesas para evitar a execução da condenação de três anos e meio de prisão imposta aos Seis de La Suiza. A condenação é por sua suposta autoria em “um crime continuado de coação grave” e por um “crime contra a administração da justiça”.

O juiz rejeitou o pedido da defesa de separar as duas penas e também negou a suspensão da pena de prisão. Vale lembrar que essas ações de protesto contra o assédio patronal a uma trabalhadora grávida contavam com autorização governamental e foram realizadas de forma pacífica e sem incidentes. No entanto, entre outros argumentos, o magistrado sustenta que os proprietários foram levados a fechar o negócio devido à campanha de hostilização que se teria desenvolvido com essas ações — uma teoria que contradiz qualquer lógica em relação ao direito à ação sindical e que é falsa, já que o local já estava em processo de venda antes dos protestos mencionados.

De forma mesquinha, o tribunal também nega a possibilidade de que as fianças impostas ao sindicato CNT sejam pagas de forma coletiva, pois acredita que isso não demonstra “arrependimento” por parte das pessoas condenadas, que deveriam pagar individualmente.

Desde a CGT, expressamos toda a nossa solidariedade com as Seis de La Suiza, com suas companheiras e companheiros, com suas famílias, com o Grupo de Apoio Sofitu e com a CNT. Podem contar com todo o nosso apoio, com nossa capacidade de denúncia, com nossos braços. Acreditamos que o que está acontecendo com essas companheiras e companheiros é um caso claro de desprezo e repressão contra o sindicalismo e o apoio mútuo. É inadmissível que em um país que se diz “democrático”, onde a ação sindical deveria ser valorizada como fator de progresso, algo assim esteja ocorrendo.

Entendemos perfeitamente o que esta sentença — e as anteriores — significam: trata-se de intimidar e punir a solidariedade da classe trabalhadora. A situação em que ficam as companheiras e o sindicalismo combativo em geral é muito difícil, mas deixamos claro que não estamos aqui para desistir.

A justiça sempre esteve a serviço das elites, e esta é uma demonstração clara de que isso não mudou. Saibam que não vamos desistir, vamos continuar lutando por justiça social e pelo direito de fazer sindicalismo. Seguiremos denunciando publicamente situações injustas como a que sofreu a companheira de La Suiza, e como a que agora sofrem as pessoas solidárias que exerceram a ação sindical.

Desde a CGT, nosso compromisso com a solidariedade e com as lutas da classe trabalhadora é inquebrantável.

Companheiras e companheiros, vocês não estão sós. Fazer sindicalismo não é crime. Solidariedade com Lxs 6 de La Suiza!

Fonte: cgt.es

Tradução > Liberto

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A Brisa Que Sopra
É O Melhor Refresco
Neste Dia Quente

Leonardo Natal

Antifa International | Feliz aniversário para nós!!!

Onze anos atrás, neste mês, alguns antifascistas no Tumblr começaram a trocar mensagens para criar uma conta coletiva dedicada a relatar atividades antifascistas ao redor do mundo, apoiar antifascistas e promover os princípios do antifascismo da forma que pudessem.

Desde junho de 2014, a Antifa International se expandiu e passou a alcançar mais de 142 mil pessoas todos os meses, em nove plataformas de mídia social diferentes. Nesse período, também arrecadamos dezenas de milhares de dólares para ajudar antifascistas em dificuldades.

Também organizamos alguns projetos de colaboração antifascista internacional dos quais nos orgulhamos muito. Este mês de junho também marca o 10º aniversário do Fundo Internacional de Defesa Antifascista, que iniciamos em 2015 para fornecer apoio emergencial a antifascistas que enfrentam sérios problemas como resultado direto de seu ativismo. Ao longo da última década, o Fundo de Defesa distribuiu mais de 270 mil dólares para ajudar mais de 800 antifascistas em 26 países diferentes.

Outro destaque é o Dia Internacional de Solidariedade com Prisioneiros Antifascistas: todo 25 de julho, convocamos antifascistas ao redor do mundo a demonstrarem solidariedade com nossos camaradas presos pelo “crime” de se oporem ao fascismo e à intolerância. Recebemos contribuições para prisioneiros antifascistas e suas famílias o ano todo, e todo 25 de julho garantimos que esses fundos cheguem a eles, para tornar suas vidas um pouco menos difíceis durante o tempo de prisão.

Também mantemos o site Death To Fascism, um espaço onde antifascistas podem encontrar recursos e materiais para apoiar seu trabalho: arte, panfletos, zines, guias práticos, tudo disponível para leitura, download, impressão e compartilhamento!

Fazemos tudo isso (e mais) de forma totalmente voluntária, sem pagamento ou financiamento. Você também pode fazer parte disso! Há muitas maneiras de apoiar e promover o antifascismo. Aliás, aqui está uma lista com 30 ações antifascistas que você pode começar a praticar. Nenhuma te agrada? Então aqui vão mais 40!

Se quiser nos ajudar a celebrar nosso(s) aniversário(s), realize uma ação antifascista este mês e dedique-a a nós! Ou faça uma doação para o Fundo Internacional de Defesa Antifascista! Ou para o Fundo de Apoio a Prisioneiros Antifascistas! Ou ainda, apoie um coletivo antifascista específico adquirindo uma camiseta deles no link abaixo!

https://antifainternational.tumblr.com/post/785157597265281024/happy-birthday-to-us-eleven-years-ago-this

Tradução > Contrafatual

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planta com mil flores
uma é roubada –
ninguém notou…

Rosa Clement

[Espanha] Contra o atual desdobramento de megaprojetos renováveis e em defesa da vida

Onde estamos?

Estamos atravessando uma crise ecológica e social muito profunda. No nível ecológico, nossos campos estão se empobrecendo devido ao monocultivo, nossos rios contaminados fluem com menos volume e a neve está desaparecendo do Gorbea e dos Pireneus. No nível social, cada vez mais pessoas têm dificuldade para chegar ao fim do mês, passam frio, calor e vivem na penumbra porque não conseguem pagar as contas de luz e gás. Enquanto isso, a guerra se espalha pelo mundo. Milhares de pessoas em busca de refúgio morrem no Mediterrâneo. A extrema-direita e o militarismo ganham força em toda a Europa. O modelo de sociedade do País Basco está em questão. O inconcebível tornou-se cotidiano, e a crise é agora nossa nova normalidade.

Como chegamos até aqui?

A aposta no crescimento econômico, na mercantilização de todos os bens e serviços, nos combustíveis fósseis e na globalização capitalista falhou. Além disso, criou um modo de vida estruturalmente injusto e insustentável. Hoje, o País Basco do Sul é um enorme digestor fóssil e industrial. Sua “boa saúde” depende de uma circulação incessante de mercadorias em nível global e de uma distribuição desequilibrada dos benefícios. Nossa riqueza, monopolizada e distribuída de forma desigual, seria impossível sem o extrativismo e a opressão no Sul global, sem a logística e o transporte internacional baseados em combustíveis fósseis baratos e poluentes, sem a destruição ecológica causada pelos processos industriais e sem a exportação permanente de bens de consumo, como o automóvel (protagonista na crise climática e que representa mais de 25% do PIB do nosso país).

Tudo isso nos torna dependentes e vulneráveis. Dependentes porque esse modo de vida é impossível sem todas as pessoas e territórios que exploramos. E vulneráveis, pois qualquer desestabilização dessas gigantescas cadeias impediria sustentar as demandas, que não necessidades, do nosso território e de seus habitantes. Por sua vez, esse modo de vida é injusto e insustentável. Injusto porque nunca poderá ser generalizado globalmente nem sustentado sem uma relação hierárquica entre homens e mulheres, nem com os outros povos do mundo; sem mencionar a exploração e a desigualdade social internas, cada vez maiores. E insustentável, já que nossa obsessão pelo crescimento não é separável de uma necessidade voraz por cada vez mais energia, nem de uma destruição ecológica cada vez mais acelerada (climática, mas não só).

Que soluções nos são oferecidas?

Por todos os lados ouvimos falar de transições verdes e digitais, mudanças tecnológicas que deixariam intactos esses modos de vida e, ao mesmo tempo, nos tirariam do atoleiro em que nos encontramos. Ao ritmo dessa música, no País Basco do Sul, conglomerados empresariais, oligopólios energéticos e partidos políticos prepararam seu próprio plano de adaptação e o plasmaram em Leis Autonômicas de Mudança Climática. Primeiro no parlamento de Navarra e, recentemente, no de Vitoria-Gasteiz. Partindo de um diagnóstico que, até certo ponto, poderíamos compartilhar, nos propõem soluções parciais, reducionistas e enganosas, ao estabelecer como ponto de partida a manutenção de níveis de consumo que ultrapassam em muito a biocapacidade do nosso planeta. Falam-nos de descarbonização quando, na realidade, se referem à eletrificação da economia e à externalização das emissões poluentes para outras latitudes onde suas consequências não sejam percebidas. Basta arranhar um pouco para ver que os compromissos de redução do consumo energético não são reais, não vêm acompanhados de mecanismos concretos, e o objetivo de descarbonização se reduz às emissões líquidas, limitadas ao âmbito autonômico ou estatal. Tudo se reduz, na prática, a uma carta branca para o desenvolvimento de megapolígonos renováveis e sua infraestrutura associada por parte dos poderes econômicos.

Esse desenvolvimento alimenta o mito de que as renováveis industriais permitem substituir outros usos energéticos, ao mesmo tempo em que mantêm os níveis de consumo atuais. Por enquanto, funcionam mais como uma extensão da produção fóssil do que como uma substituição real das fontes de energia primária. Assim, ficam fora do debate e dos planos de transição qualquer menção explícita às mudanças estruturais que devem acompanhar o desenvolvimento tecnológico, assim como qualquer menção às alavancas mais poderosas para materializar seus objetivos: os modelos de alimentação e transporte; só este último é responsável por mais de 40% do consumo energético do nosso território.

Em resumo, enquanto se perpetuam os privilégios de uma elite econômica, nos prometem falsas soluções sem assumir que estas exigiriam questionar radicalmente a oligarquia empresarial energética, romper com o imperativo do crescimento econômico, transformar profundamente nosso modelo produtivo e energético e aprofundar a democratização dos nossos territórios.

O que propomos?

Precisamos parar de nos enganar e iniciar urgentemente um processo de decrescimento organizado de baixo para cima. Só assim seremos capazes de fazer simultaneamente três coisas que precisamos: a) frear a crise climática através de uma descarbonização e desfossilização real da nossa produção; b) trabalhar pela regeneração ecológica enquanto reintegramos nossa economia na biosfera; e c) garantir vidas justas, igualitárias e autônomas para nosso povo e todos os povos do mundo.

Entendemos que nossa responsabilidade não é perguntar como vamos garantir que as empresas continuem consumindo energia e materiais e acumulando capital. Ou como vamos sustentar os consumos energéticos e de materiais de grandes aglomerações urbanas que, de forma insustentável, concentram cada vez mais população, consequência das decisões políticas que silenciosamente vão sendo tomadas. A principal responsabilidade que temos como movimento popular e habitantes do País Basco é outra: defender a vida e o território.

Consideramos que a única possibilidade de enfrentar a atual destruição capitalista é nos reorganizarmos socialmente para sair da armadilha em que caímos. Temos que reconstruir modos de vida que deixem de pensar em quanto território é necessário para cobrir os desejos capitalistas atuais e entender que o que precisamos é mudar esses desejos para que caibam em nossa terra. Por isso, ao desenvolvimento cego de megaprojetos renováveis corporativos, propomos um modelo em defesa da vida, um modelo de decrescimento para o País Basco que se baseie nos seguintes eixos de intervenção:

  1. Partir das capacidades do nosso território para depois pensar que tipo de vidas ele pode sustentar. A base da nossa economia deve ser o aproveitamento dos fluxos renováveis e a produção de alimentos, escapando da atual dependência fóssil e mineral. Devemos estabelecer estratégias de transformação dos nossos modos de vida que efetivem a redução do nosso consumo com justiça redistributiva, um forte impulso da agroecologia e uma aposta em garantir e priorizar o autoconsumo universal, comunitário, democrático e em pequena escala. Isso necessariamente colocará em questão o atual modelo urbano e industrial e começará a trabalhar por sua transformação.
  2. O atual desenvolvimento renovável não busca substituir o papel dos fósseis. Os megaprojetos renováveis saturam os nós da rede e exigem grandes linhas de transmissão para escoar a energia produzida. Isso, por sua vez, contribui para gerar um grande mercado energético para acomodar qualquer tecnologia que possa competir em custo, desde as nucleares francesas até os ciclos térmicos de Marrocos. Diante disso, para abandonar os combustíveis fósseis, propomos uma relocalização produtiva em equilíbrio com os recursos locais, mas diversificando as estratégias energéticas além da eletrificação. A eletricidade terá um papel chave na descarbonização de alguns setores, mas o atual plano de desenvolvimento não é capaz de resolver a urgente e necessária descarbonização de setores como o alimentar, o industrial e o transporte.
  3. Qualquer novo marco energético deve ser compatível com uma urgente e profunda regeneração ecológica, um pilar fundamental para enfrentar os efeitos da crise climática. Essa tarefa ainda está pendente. Apesar de discursos ambíguos que apontam a necessidade de cobrir essa dupla vertente, os planos energéticos atuais se reduzem acriticamente ao desenvolvimento de grandes megaprojetos. Assim, a atual transição energética se reduz à promoção de enormes extensões fotovoltaicas e torres eólicas de mais de 200 metros coroando nossos montes. Isso implica um impacto direto na avifauna e uma ameaça à biodiversidade causada pela fragmentação direta dos ecossistemas.
  4. Muitos argumentam que o desenvolvimento de um modelo de grandes instalações renováveis nas mãos de empresas transnacionais é compatível com o autoconsumo de base comunitária. Embora possa haver uma coexistência anedótica, as necessidades de infraestrutura elétrica e os investimentos que requerem, assim como as instituições para sua governança, são incompatíveis a médio prazo. Atualmente, a evidente assimetria no desenvolvimento do modelo de megaprojetos em relação ao comunitário nos leva a denunciar esse discurso como funcional ao modelo de megaprojetos corporativos, priorizando os interesses do capital sobre os da cidadania.
  5. A urgência pela descarbonização está levando a assumir que não podemos priorizar entre a redução do consumo, o desenvolvimento de instalações renováveis de grande escala e o fomento do autoconsumo. Consideramos que isso é um grande erro. Na ausência de um programa político de prioridades, os atuais mecanismos de planejamento energético e os recursos disponíveis para os diferentes atores reduzem a transição a um desenvolvimento ilimitado dos megaprojetos corporativos. Dessa forma, o desenvolvimento do autoconsumo fica limitado à iniciativa individual, e a necessidade de reduzir o consumo, a mero discurso. Diante dessa evidência, defendemos a necessidade de novos mecanismos de planejamento que partam de uma limitação territorial do consumo e de um fomento do autoconsumo de diferentes escalas como eixo central da política energética no nosso povo.
  6. É importante que a transição ecológica não seja feita, como atualmente, à custa da democracia, mas que sirva para impulsioná-la. Em vez de negar as vozes dos municípios e conselhos, como faz a Lei Tapia, os PSIS em Navarra ou a Diretiva Europeia de Aceleração de Projetos, devemos colocá-las no centro. A democracia não pode ser um arranjo cosmético para desenvolvimentos em grande escala que são impostos em forma e número. Diante disso, propomos uma consulta prévia livre e informada das comunidades afetadas como meio vinculante; assim como a aplicação efetiva do princípio de precaução frente a qualquer desenvolvimento.
  7. Nosso atual modo de vida imperial está na base da situação atual, mas não podemos esquecer que a responsabilidade não está igualmente distribuída. Enquanto muitas pessoas se esforçam para chegar ao fim do mês (sendo as mulheres um dos grupos não hegemônicos mais afetados), as empresas energéticas e os bancos acumulam lucros recordes e continuam a monopolizar a dívida futura com o financiamento do European Green New Deal. Diante dessa distribuição desigual de responsabilidades, é preciso questionar essa organização estrutural e as relações assimétricas que a sustentam e frear imediatamente a destruição do território, base da vida, nas mãos de atores políticos e empresariais.
  8. A transformação socioeconômica que a atual situação de crise nos impõe deve ser entendida como uma oportunidade para colocar a cidadania em sua base. Esse potencial democratizador não pode ser um acréscimo ao atual modelo energético, mas este deve ser transformado para que seja um princípio orientador. Isso nos leva a questionar a pertinência dos atores, procedimentos e instituições do sistema energético. Apostamos em uma relocalização da produção que aproxime a produção do consumo. Isso é fundamental para responsabilizar e empoderar a cidadania em relação ao modelo energético que deseja para seus territórios.
  9. O impacto ambiental está condicionado pelo tipo de desenvolvimentos: diferentes tecnologias têm impactos diferenciados. Além disso, os desenvolvimentos corporativos em grande escala têm um impacto qualitativamente diferente e, concentrados em partes do território, implicam seu sacrifício. Os desenvolvimentos em menor escala permitem distribuir os impactos, aproximando-os dos modos de consumo que os justificam, sendo uma base muito mais sensata e eficiente para uma transição energética justa.
  10. O desenvolvimento de megaprojetos renováveis corporativos às vezes é justificado em nome da soberania energética. É fundamental não esquecer que os megaprojetos impõem o papel central das linhas de alta tensão para seu escoamento. Essas linhas de alta tensão são operadas externamente pela Red Eléctrica de España, que impõe as condições de operação; enquanto o MIBEL (Mercado Ibérico de Eletricidade) estabelece as condições de exploração econômica. A exploração, controle e gestão são exercidos externamente com o objetivo de maximizar o benefício econômico da energia, que é reduzida a mera mercadoria. Qualquer projeto de transição energética que busque construir soberania deve promover redes de baixa tensão que permitiriam uma gestão local da energia e contribuir para a desmercantilização da mesma.

Fonte: https://megaproiektumanifestua.blogspot.com

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

chuva e sol,
olhos fitando os céus –
arco-íris ausente.

Rosa Clement