Não há espaço para mais petróleo na Amazônia

Autorização para perfurar poço exploratório na foz do Amazonas representa a ganância financeira, não soberania. É também um ato de desrespeito aos povos indígenas e ribeirinhos que vivem e dependem das águas e da biodiversidade. Luene Karipuna escreve sobre os impactos do projeto no seu povo.

Por Luene Karipuna | 24/10/2025

Há lugares no mundo que não deveriam ser tocados pela ganância. Lugares que guardam a chama da vida, a memória da Terra e o futuro de todos nós. O meu território, no centro da Amazônia, é um deles. Ainda assim, em nome de um suposto progresso que serve a poucos, o governo brasileiro abre caminho para perfurar o coração do maior bioma tropical do planeta — e chama isso de desenvolvimento.

A liberação da licença para perfuração de um poço de pesquisa exploratória no bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas, não é apenas um erro técnico ou ambiental. É uma contradição perigosa, um passo em direção a um abismo que será irreversível e desastroso para o clima e a biodiversidade. É a velha lógica de tratar a Amazônia como zona de sacrifício: um território de onde tudo se extrai e no qual nada se constrói.

A impressão que tenho é que voltamos a 1500, quando invadiram a nossa casa e usaram manobras para nos destruir. Passaram-se séculos, e, ainda assim, seguimos servindo apenas para estampar fotos quando convém.

Meu pai me ensinou a ser uma mulher de palavra — e hoje vejo que muitos nem essa virtude têm. De nada adianta ir à COP30 fazer discursos bonitos se as ações concretas contradizem suas palavras. Como pode o Brasil, prestes a sediar a COP30 e buscando liderar o debate climático, defender a perfuração de poços que nos empurram mais fundo para a crise climática? Ao invés de propor novas fronteiras de exploração, o governo precisa apresentar um verdadeiro plano de transição energética.

Se houvesse uma barreira que separasse a poluição de nossas florestas, talvez eu dormisse em paz. Aqueles que defendem a exploração de petróleo na Amazônia poderiam beber o próprio petróleo, viver do seu “desenvolvimento econômico” e celebrar essa tal “soberania nacional” sozinhos.

A nossa soberania é outra: é a vida — a vida da floresta, dos rios, dos Karuãnas. Os gananciosos perderam essa conexão há muito tempo e, com isso, perderam o privilégio de sentir o território como parte de si.

A Amazônia não é um vazio a ser explorado. É casa, é cultura, é território sagrado. A crise climática só pode ser enfrentada com soluções que respeitem os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. É hora de estabelecer zonas de exclusão de combustíveis fósseis — e a Amazônia deve ser a primeira delas.

Ninguém pode decidir o futuro de um território que não lhe pertence. Se o Amapá ainda guarda suas árvores e sua biodiversidade, é porque os povos indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas e as comunidades tradicionais as protegem com seu conhecimento e com suas próprias vidas. A floresta não está de pé por benevolência de governos ou empresas — está viva porque nós a defendemos todos os dias. E ainda assim, esses guardiões não foram escutados nem consultados.

Àqueles que defendem explorar petróleo na Amazônia, espero nunca saibam o que é perder tudo — aquilo que sustenta a alma: as lembranças de infância, o banho de rio, a paz dentro de casa. Espero que nunca sintam o desespero de não ter para onde correr, de ver o perigo se aproximar e não poder proteger a própria família. Espero, sinceramente, que nunca conheçam o medo que nós sentimos hoje.

Cada gota de petróleo retirada da foz do Amazonas é uma gota de futuro perdida. O que está em jogo não é apenas uma licença, mas o destino de um país e de um planeta.

Apesar de urgente, a escolha é simples: Amazônia ou petróleo.

Fonte: https://amazoniareal.com.br/nao-ha-espaco-para-mais-petroleo-na-amazonia/

agência de notícias anarquistas-ana

Se equilibra
nas variações do vento
o bem-te-vi

Harley Meirelles

[Indonésia] Atualização e endereço postal dos 43+1 camaradas presos da rede “Chaos Star” em Bandung

Os réus no caso da rede “Chaos Star” (“Estrela do Caos”) podem pegar até 20 anos de prisão

Após as revoltas em massa de agosto de 2025, quando grande parte da população se levantou e atacou a corrupção e a desigualdade básicas do Estado, hoje, 44 camaradas anarquistas estão presos no complexo da polícia paramilitar de Java Ocidental em Bandung. Não há acesso para ninguém além das famílias, e mesmo isso é mínimo. Os detidos foram isolados e estão sendo usados na campanha de manipulação da mídia pelo Estado indonésio. Muitos dos camaradas presos são muito jovens. Todos são acusados de fazer parte da rede individualista-niilista “Chaos Star”, que é uma invenção criada pela polícia com o propósito de fazer a acusação. A polícia afirma que os camaradas presos foram radicalizados por “líderes” e financiados por organizações anarquistas estrangeiras. Os policiais apontam para a existência de faixas, bandeiras, livros, panfletos e música, em posse dos detidos, como itens comumente mantidos que denotam pertencimento a essa organização, a “Chaos Star”.

Alguns dos camaradas são acusados de ações diretas graves, como ataques com molotov, incêndios criminosos, tumultos, destruição de propriedade etc. Por fim, alguns dos camaradas são acusados de instigação, seja online, por seus blogs ou mídias sociais ou por seu papel “proeminente”. Eles estão isolados no complexo paramilitar, e o Instituto de Assistência Jurídica (LBH) em Bandung foi impedido de representá-los. Uma opção é contratar um advogado particular, mas isso custaria dezenas de milhões (de rupias). Pedimos maior atenção a esta situação perigosa. Tortura e abuso estão sendo amplamente usados contra os detidos, o que é confirmado pelas famílias. Os jovens companheiros foram feridos e feridos até darem falsas confissões de que estavam até mesmo nas manifestações ou que faziam parte de organizações específicas, pois foram submetidos à brutalidade da polícia paramilitar. Este é um fato conhecido e uma realidade que precisamos enfrentar. Na esteira da insurreição em toda a Indonésia contra o ex-militar de direita Prabowo Subianto, os jovens e o movimento anarquista foram severamente reprimidos pelo regime. Muitos jovens foram apanhados nas agressões policiais e, independente da suposta “culpa” ou “não culpa”, estendemos nossa solidariedade a eles e a todos aqueles que lutam contra a opressão social, as prisões, a polícia e o Estado.

Publicamos, aqui, os nomes dos nossos camaradas presos e o endereço da prisão do complexo da polícia paramilitar de Java Ocidental, onde os nossos amigos estão detidos. Não deixemos esses camaradas sozinhos e enviemos cartas de solidariedade, cartões postais e nossa mensagem de fogo. Mesmo que o correio de solidariedade seja roubado e bloqueado pelos administradores do abuso, eles saberão que os responsabilizaremos pelo que está acontecendo em Bandung. Vamos lançar luz sobre o que os odiados torturadores policiais e o regime de Prabowo Subianto estão fazendo com nossos jovens camaradas, e onde está ocorrendo e por quem, e vamos lutar contra a polícia e todas as prisões em todos os lugares.

ABC/Palang Hitam [Cruz Negra Anarquista]

Endereço do complexo da polícia paramilitar de Java Ocidental:

(NOME DO DETENTO)

Jl. Soekarno Hatta No.748,

Cimenerang, Kec. Gedebage,

Kota Bandung,

Jawa Barat 40292,

Indonésia

LISTA UM

A. Nomes dos camaradas suspeitos de crimes em geral:

Nome: Aditya Dwi Laksana (A.d) / Nome: Mochamad Naufal (M.n) / Nome: Gregorius Hugo (G.h) / Nome: Rizki Mahardika (R.m) / Nome: Herdi Supriyadi (H.s) / Nome: Rizalussolihin Alias Jalus .(R.s) / Nome: Rhexcy Fauzi Kunaidi (R.f.k) / Nome: Tubagus Andika Pradita (T.a.p) / Nome: Muhamad Jihar Fawak (M.j.f) / Nome: Angga Wijaya (A.w) / Nome: Muhamad Subhan (M.s) / Nome: Eli Yana (E.y) / Nome: Muhamad Vansa Alfarisi (M.v.a) / Nome: Muhamad Sulaeman (M.s) / Nome: Muhamad Rifa Aditya (M.r.a). / Nome: Veri Kurniawan Kusuma (V.k.k) / Nome: Joy Erlando Pandiangan (J.e.p) / Nome: Muhamad Jalaludin Mukhlis (M.j.m). / Nome: Jatnika Alang Ramdani Septiawan (J.a.r.s). / Nome: Ariel Octa Dwiyan (A.o.d). / Nome: Angga Friansyah (A.f). / Nome: Putra Riswan Anas (P.r.a). / Nome: Zanief Albani Yusuf (Z.a.y). / Nome: Wanda Abdurrahman (W.a). / Nome: Wawan Hermawan (W.h). / Nome: Reyhan Fauzan Akbar (R.f.a)

LISTA DOIS

B. Suspeitos de crime cibernético:

Nome: Arfa Febrianto Bin Dodo Sujana (A.f) / Nome: Rifal Zhafran Bin Rohman Maulanarifal Zhafran Bin Rohman Maulana (R.z) / Nome: Muhibuddin Bin Maemun (M.d) / Nome: Muhammad Zaki Bin Bambang Priono (M.z) / Nome: Arya Yudha. (A.y). / Nome: Azriel Agung Maulana Als Gama Bin Jabidin. (A.a) / Nome: Rifa Rahnabila Bin M Suparman ( R.r) / Nome: Marshall Andy Kaswara Bin Nandang Koeswara (M.a.k) / Nome: Yusuf Miraj Bin Tata Rohmana (Y.m) / Nome: Moch Sidik Als Acil (M.s) / Nome: Deni Ruhiat Als Deni Sumargo Bin Rudik (D.r) / Nome: Cheiza Bin Tatang Hernayadi (C.z / Anak) / Nome: Rizky Fauzi Als Arab Bin Hasan (R.f)

Nome: Muhammad Ainun Komarullah (M.a.k)

Muhammad é acusado de ser o Admin do Instagram @Blackbloczone e do site Https://blackbloczone.noblogs.org/.

Nome: Andi Muh. Ashabulfirdaus (A.f)

Andi é acusado de ser Admin do Instagram @Blackbloczone.

Nome: Dana Ditya Pratama (D.d)

Dana é acusada de ser Admin do Instagram @Blackbloczone e proprietária da conta de e-wallet.

LISTA TRÊS

C. Suspeitos de ter papel de liderança:

Nome: Reyhard Rumbayan

Eat foi preso em Makassar em 23 de setembro de 2025. Eat havia estado na prisão antes, por um ataque da FAI-IRF contra um banco em solidariedade com o camarada anarquista Luciano Tortuga, no Chile, em 2011. Eat foi acusado de ter papel de liderança na rede “Chaos Star” e de ser líder dos agitadores anarquistas. Eat está em isolamento solitário e não tem permissão de receber visitas. Eat teve audiência pré-julgamento em 16 de outubro e o período de investigação do caso de Eat vai até 20 de novembro de. Eat tem questões de saúde graves e um braço paralisado após acidente de moto, anos atrás, quando um camarada morreu. Eat precisa de cuidados médicos contínuos.

Nome: Bima Satria Putra

Bima é um anarquista preso por 10 quilos de maconha, conhecido pelo projeto de sindicato de prisioneiros, traduções e escritos desde que foi preso em 2021. Bima foi transferido do centro de detenção da cidade de Palembang para Bandung, onde os 43 réus da rede “Chaos Star” estão detidos. Não está claro quais acusações foram feitas contra ele devido à falta geral de informações. Muito provavelmente, instigação e atribuição de um papel de liderança devido aos seus escritos públicos. No entanto, Bima não faz parte de nenhuma rede anarquista individualista nem niilista ou de qualquer célula egoísta.

As acusações contra todos os suspeitos incluem violações dos artigos 187 e/ou 170 e/ou 406, e/ou do artigo 1º (1) da Lei de Emergência nº 12 de 1951, com pena máxima de prisão de até 20 anos.

Além disso, podem ser enquadrados nos termos do artigo 45.º-A, n.º 2, em conjugação com o artigo 28.º, n.º 2, da Lei n.º 1 de 2024, que altera a Lei n.º 11 de 2008 sobre Informações e Transações Eletrônicas (ITE), e/ou o artigo 170.º do Código Penal, e/ou o artigo 406.º do Código Penal, e/ou o artigo 66.º da Lei n.º 24 de 2009 sobre a Bandeira Nacional, Idioma, emblemas e hino nacional. A punição pode ser de até 6 anos de prisão.

Por provocação, também podem ser acusados nos termos do artigo 45a (2) em conjunto com o artigo 28 (2) da Lei nº 1 de 2024, que altera a Lei nº 11 de 2008 sobre ITE, com pena máxima de 6 anos e/ou multa de até IDR 1.000.000.000 (um bilhão de rúpias).

Fonte: https://darknights.noblogs.org/post/2025/10/25/urgent-update-and-postal-address-for-the-431-chaos-star-imprisoned-comrades-in-bandung-indonesia/

Tradução > CF Puig

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/09/19/indonesia-somos-todos-titereiros/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/09/18/perseguicao-e-repressao-contra-anarquistas-na-indonesia/

agência de notícias anarquistas-ana

A lei é um caco
e vidro—nós pisamos
descalços, e sangramos.

Liberto Herrera

[Portugal] Jornal MAPA 47 nas ruas

A edição 47 do Jornal MAPA destaca na sua capa (ilustrada por Inês Pucarinho) a resposta popular e auto-organizada perante os incêndios do verão passado, assim como a urgência de uma nova paisagem florestal. Nesse âmbito, damos conta da história política e ambiental dos incêndios em Portugal e do que era outrora o papel do uso do fogo nas nossas serras. Mas outras matérias se destacam na última edição trimestral do MAPA: o anticiganismo patente de Norte a Sul no acesso à habitação, uma questão que faz ponte com a memória da periferia de Lisboa contada nas visitas guiadas de Noz Storia. Depois, duas entrevistas que são incríveis testemunhos de vida: José Paulo Viana recorda a sua participação nas Brigadas Revolucionárias e na luta contra a ditadura; Luís Mendão revela-nos o seu percurso pessoal e como surgiu o Grupo de Ativistas em Tratamento nas lutas por uma saúde comunitária.

E outro tanto há para ler neste MAPA: da atualidade da revolta na Sérvia à memória de Mário Castelhano ou ao refletir sobre a urgência de se passar da Internet para a rua, passando pelas propostas de um anarquismo social na vizinha Galiza. Para lá de diversas recensões a livros vários, terminamos esta edição celebrando a continuidade do espaço da Disgraça em Lisboa!

E desta vez não são apenas as habituais 40 páginas. Acompanha-as um novo suplemento em papel das Outras Economias, uma publicação digital sobre economia e alternativas económicas editada pelo Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral – CIDAC.

Já o vosso apoio continua a ser crucial. Precisamos de mais assinantes! Um gesto solidário e simples que pode ser feito no formulário em jornalmapa.pt.

agência de notícias anarquistas-ana

Burocracia: teia
de aranha morta—o povo
varre com a risada.

Liberto Herrera

[Croácia] Condenados a multas de até 3000 euros quatro ativistas por protestarem durante desfile militar em Zagreb 

Na semana passada, ocorreu em Zagreb o julgamento dos quatro manifestantes que protestaram durante o desfile militar conhecido como Mimohod na mesma cidade no final de julho. A intenção do protesto era mostrar, através da ação direta pacífica, a rejeição à crescente militarização da sociedade e sua glorificação com fins propagandísticos. Os ativistas, acusados de crimes de perturbação da ordem pública, foram condenados a multas que, na maioria dos casos, atingem 3.000 euros. Está previsto que a sentença seja recorrida no Tribunal Supremo da Croácia.

Durante o percurso ao longo da Vukovarska ulica — naquela que foi a maior cerimônia militar desde a existência do Estado croata — os manifestantes pularam a cerca que separava o percurso do desfile do público, interpuseram-se entre os tanques e, a modo de performance, deixaram-se cair simulando sua morte. Eles usavam camisetas tingidas de vermelho simbolizando sangue, como forma de protesto. Rapidamente foram removidos pelas forças de segurança para um lado da estrada, detidos e algemados, apesar de não oferecerem resistência nem mostrarem atitude violenta em momento algum. Mais tarde, foram levados para delegacias de polícia, onde permaneceram até serem apresentados à justiça na manhã seguinte.

A data do julgamento, inicialmente marcada para 1º de setembro, foi adiada para 13 de outubro devido a erros processuais. Soube-se de atitudes hostis por parte do judiciário, onde foi considerada a possibilidade real de os acusados serem enviados à prisão preventiva por 15 ou até 30 dias. Também se tentou marcar a data do julgamento com a máxima antecedência possível, comprometendo a capacidade dos acusados de dispor de tempo suficiente para preparar a defesa. Anteriormente, durante a detenção e no período até sua liberdade, eles sofreram vexações e maus-tratos policiais, sendo detidos por períodos prolongados, algemados por mais tempo do que o necessário e colocados em uma cela em condições anti-higiênicas e com restos de excrementos.

É evidente que este tipo de prática é executado com o objetivo de criminalizar o direito legítimo de protesto. No contexto croata atual, ativistas envolvidos em mobilizações pela causa palestina, pelos direitos do coletivo LGTBIQ+, pela defesa do meio ambiente ou contra a tomada do espaço público por fundamentalistas católicos, entre outras instâncias, têm sido submetidos a detenções arbitrárias, violência policial e exaustivos processos judiciais. Em alguns casos, pelo simples motivo de segurar uma faixa. Esta estratégia de assédio e demolição contra quem protesta, longe de ser uma exceção, nos remete a uma realidade onde a criminalização do manifestante se consolida como um modus operandi cotidiano.

O desfile comemorava o 30º aniversário da Operação Tempestade, consistindo em uma ofensiva militar em agosto de 1995 por parte das forças croatas para retomar a região da Krajina, ocupada por separatistas sérvios durante a guerra dos Bálcãs. A ofensiva resultou em numerosas violações de direitos humanos, crimes de guerra, mortes e um êxodo massivo de população sérvia contabilizado em mais de 200.000 pessoas. Dentro da narrativa ultranacionalista promovida pelo Estado croata, o episódio é celebrado como um momento representativo do processo de liberação nacional, diante do qual qualquer tentativa de crítica é vista como um insulto ao orgulho pátrio. Aproveitando, o desfile servia também para mostrar em todo o seu “esplendor” o processo de modernização militar promovido pelo atual executivo, com o aparecimento de novos tanques, drones de combate e veículos de infantaria recentemente adquiridos. A espetacularização do militar como ferramenta para propagar o ódio e obter lucro político constitui a base desta narrativa do “nós contra eles”, promulgada sem disfarces a nível estatal pelo governo do HDZ (União Democrata Croata).

Este tipo de relato, funcional aos discursos reacionários que por sua vez promove a ultradireita, contribui para a polarização social, construindo o sentido de identidade nacional croata com base em uma fantasia bélica que romantiza formas extremas de violência e exclusão. A isso soma-se também a proximidade ideológica com movimentos de tendência filo-nazista, mais encorajados em tempos recentes diante da despreocupação com a qual podem operar. Destaca-se nesses últimos o olhar nostálgico para uma época em que a Croácia esteve sob controle da Ustasha, organização terrorista nacionalista e fantoche da Alemanha nazista. Promotor do fanatismo religioso, do racismo e da normalização da tortura e do assassinato como fórmula para a formação de um Estado croata independente, hoje o regime goza de plena saúde e legitimidade histórica no imaginário coletivo de uma parte da população. Cantos, pichações, bandeiras e demais parafernálias, visíveis nas ruas de Zagreb, atestam o ressurgimento de um estado de espírito que fetichiza o abominável e reivindica o terror como elemento unificador do modelo de país ao qual aspiram: uma Croácia fascista.

Nesse sentido, e sem deixar de ser tremendamente doloroso, não deve nos surpreender tanto a plena internalização por parte dos cidadãos presentes no desfile deste fanatismo patriótico e sua materialização violenta. Pessoas agredindo ativistas já detidos, vexações, vaias, ameaças, gritos de “que a estuprem!” ou “joguem-nos no rio Sava!”, entre outras gentilezas, nos dão uma medida de quão rápido pode disparar o mercúrio do termômetro nacionalista.

Assim sendo, e aproveitando também o impulso do militarismo mundial dos últimos tempos, o atual governo croata vem consolidando um aumento progressivo dos gastos públicos dedicados à defesa e segurança. Após aumentos recentes, trabalha para que esta rubrica orçamentária alcance 3% do PIB em 2030. Entre os duvidosos “feitos” do executivo, destacam-se a venda de armas para Israel no valor de 1,5 milhão de euros em 2024, a assinatura de um acordo de coordenação em segurança regional com a Albânia e o Kosovo — o qual, como era de se esperar, antagonizou a Sérvia, que por sua vez respondeu tecendo alianças com a Hungria de Orbán –, a aquisição de 8 sistemas de mísseis HIMARS e 12 caças Rafale, investimento no desenvolvimento de inteligência artificial dedicada à defesa… Como coroamento, está previsto que em 2026 entre em vigor na Croácia a reintrodução do serviço militar obrigatório para jovens entre 18 e 27 anos aprovada este ano, sob o pretexto de “melhorar a segurança nacional”.

Dentro desta estratégia, preocupa também o crescimento da securitização como elemento chave, particularmente no que diz respeito aos processos migratórios, afetados pela crescente militarização das fronteiras. Isto se traduz em um aumento significativo da presença policial e militar em zonas de travessia, a estreita colaboração com a Frontex, o uso de tecnologia militar para tarefas de rastreamento e vigilância, controles arbitrários e múltiplas violações de direitos humanos — as provas e testemunhos de torturas sofridas por migrantes na fronteira entre Croácia e Bósnia são de uma cotidianidade chocante — para citar algumas. Dizer que a política de fronteiras na Croácia só pode ser descrita como selvagem e atroz é praticamente ficar aquém.

Assistimos, pois, a um processo de normalização da violência, edificado sobre narrativas belicistas que apelam a um rançoso sentimento nacional para se autojustificar, e motivado por razões de natureza política e financeira. Fundamental a este respeito, a progressiva insensibilização social a nível cidadão permite, por sua vez, legitimar os interesses empresariais do complexo industrial-militar, que antecipa receitas sempre em alta com o apoio a esta economia da morte. Impõe-se a paisagem desoladora de uma sociedade insensibilizada frente ao mais básico sentido de empatia e humanidade, e cuja conivência garante a estabilidade de um regime empresarial e estatal cruel: a guerra como negócio.

Diante da situação, torna-se imprescindível denunciar o julgamento da semana passada pelo que sem dúvida é: uma manobra de perseguição política destinada a dificultar o direito legítimo de protesto e a desencorajar futuros atos similares. Resumindo, uma farsa. A sentença, parcial e subjetiva, revela uma clara intencionalidade dissuasória através de uma leitura dos fatos que pretende impor a força da ideologia acima de qualquer princípio de racionalidade e proporcionalidade. O recurso a um princípio problemático — se não diretamente falacioso — para determinar o que constitui uma perturbação da ordem; amparar-se em uma suposta falta de clareza sobre se a performance constituía uma forma legítima de protesto ou se sua encenação a tornava compreensível como tal; multas desproporcionadas; alusões fraudulentas ao suposto caráter irrecorrível da sentença; em definitivo, evidências claras de que a pretensão de inserir este julgamento dentro daquilo que alguns chamam de justiça é pura fantasia.

Parece cada dia mais claro que permanecer indiferentes quando o sequestro de direitos básicos e a intimidação por parte do Estado são realizados com total impunidade implica ser cúmplice da barbárie. Há quem pense que outra sociedade, onde a dor alheia nos comove e nos mobiliza, ainda está ao alcance. Para isso, urge parar de uma vez por todas de virar a cara.

Fonte: https://ellokal.org/condenados-a-multas-de-hasta-3000e-cuatro-activistas-por-protestar-durante-el-desfile-militar-en-zagreb/  

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

As palmas do campo
Orquestradas pelo vento
Acenam…e acenam…

Mary Leiko Fukai Terada

[EUA] Illinois: ALF Liberta todas as raposas da Fazenda de raposas Aeschleman

14 de outubro: Nem sequer uma cerca protegia o celeiro da Aeschleman Fur Company (1574 County Road 1600 E Roanoke, IL 61561), de onde já podíamos ouvir os gritos de angústia das raposas. Será que elas sentiam nossa presença? Talvez tenham sentido o cheiro, ou nos ouvido cavando a parede do celeiro? Ou talvez elas apenas gritassem todas as noites, esperando que alguém as ajudasse a escapar deste inferno que não fizeram nada para merecer.

Nós ouvimos vocês!

Estamos chegando!

Finalmente fizemos um buraco grande o suficiente para entrar no celeiro. Era grande, com centenas de gaiolas, mas fileiras inteiras estavam vazias. Será que esse comerciante de peles havia passado por tempos difíceis, ou já tinha assassinado a maioria de seus prisioneiros até agora, no final de outubro? Esperávamos pelo primeiro, mas os cativos restantes eram tudo que importava agora. Começamos a trabalhar garantindo que eles teriam mais de uma saída. A grande porta deslizante do celeiro não se mexia, mas felizmente era feita de chapa metálica maleável que conseguimos dobrar para fora o suficiente para fazer um buraco do tamanho de uma raposa. Na outra extremidade, vendo que a porta da frente não tinha alarme, simplesmente a abrimos e deixamos entrar o ar fresco da noite.

Quando finalmente nos aproximamos da primeira gaiola, a raposa lá dentro reagiu agressivamente, rosnando e mordendo nossos alicates de corte. Se estivéssemos em sua posição, sem dúvida faríamos o mesmo, mas esta noite você aprenderá que nem todos os humanos são escória que abusa de animais. Abrimos a gaiola e a agressão rapidamente se transformou em curiosidade. Abrimos a próxima, e a próxima… até que todas as aproximadamente 80 raposas estivessem livres.

Algumas das gaiolas estavam presas com fechos e precisaram ser cortadas, outras tinham uma simples trava. Algumas das raposas faziam barulho no início, mas uma vez que a porta da gaiola era aberta, todas exibiam uma curiosidade silenciosa. O que está acontecendo? Ouso pular para fora? Para onde vou depois disso? À medida que mais gaiolas eram abertas, notamos raposas correndo pelo celeiro. Depois de abrir a última das gaiolas, nós mesmos saímos. Ali no campo atrás do celeiro, uma linda raposa branca solitária correu ao nosso redor de maneira quase brincalhona. Ela permaneceu e nos observou como se dissesse obrigada; um comportamento verdadeiramente surpreendente vindo de uma que só conhecera aprisionamento e abuso. Um momento mágico que não ousamos parar para apreciar. Você não precisa nos agradecer, vê-la deixar este lugar horrível é todo o agradecimento que precisamos. Agora é hora de correr!

Nós, a Frente de Libertação Animal, prometemos às raposas e minks deste mundo há décadas que destruiríamos esta indústria vil. Estamos muito, muito atrasados no cronograma e, no entanto, ela está tão perto do colapso. Permitimos que ela cambaleasse à beira do precipício por anos, quase como se a estivéssemos desafiando a recuar e voltar ao que era há 30 anos; uma era dourada das peles contra a qual inúmeros ativistas lutaram tanto para acabar. Caro leitor, isso é algo que você quer ver acontecer?

Porque se não, saiba que você é a peça final que precisamos para empurrar esta indústria desprezível do precipício de uma vez por todas. Sua inação só serve aos criadores de peles. Eles estão contando com isso.

Faça-os contar gaiolas vazias.

Fonte: https://animalliberationpressoffice.org/NAALPO/2025/10/22/alf-liberates-every-last-fox-from-aeschleman-fox-farm-illinois-usa/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

À sombra, num banco,
folha cai suave
sobre meu cabelo branco

Winston

Milhares de crianças correm risco de morte em cidade sitiada no Sudão

Milhares de crianças estão enfrentando um risco iminente de morte, à medida que as taxas de desnutrição disparam na cidade sitiada de al-Fashir, na região sudanesa de Darfur, informaram quatro agências da Organização das Nações Unidas nesta quinta-feira.

Mais de um quarto de milhão de civis, cerca de metade deles crianças, ficaram sem acesso a alimentos e assistência médica na cidade durante um impasse de 16 meses, disseram as agências.

“As instalações de saúde entraram em colapso, e milhares de crianças que sofrem de desnutrição aguda grave estão agora sem tratamento”, disseram as agências.

Al-Fashir, atingida pela fome, é o último reduto do Exército sudanês na vasta região ocidental, enquanto luta contra as paramilitares Forças de Apoio Rápido em uma guerra civil que começou em abril de 2023.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM), a agência de refugiados Acnur, a organização infantil Unicef e o Programa Mundial de Alimentos disseram que seus representantes haviam visto uma devastação generalizada em Darfur e em outras partes do país durante as visitas.

As taxas de desnutrição também estavam aumentando em todo o país, disseram as agências.

“A fome foi confirmada em partes do Sudão no ano passado e a situação da fome continua catastrófica, com as crianças entre as mais atingidas”, disseram as agências.

As pessoas que retornaram à capital este ano, depois que o Exército retomou Cartum, encontraram bairros devastados.

“Encontrei pessoas voltando para uma cidade ainda marcada pelo conflito, onde as casas estão danificadas e os serviços básicos mal funcionam”, disse Ugochi Daniels, diretor-geral adjunto de operações da OIM.

No total, mais de 30 milhões de pessoas, incluindo cerca de 15 milhões de menores, estavam precisando urgentemente de ajuda, disseram as agências.

Apenas um quarto dos US$4,2 bilhões solicitados no Plano de Resposta Humanitária da ONU para o Sudão de 2025 foi financiado até o momento, acrescentaram.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

Vendaval. Nas nuvens,
veloz desfila o falcão:
um surfista no ar.

Ronaldo Bomfim

Uma charge…

Democracia é farsa! Escrotos! Abaixo o militarismo!

DEMOCRACIA É FARSA!

No dia 23 de outubro passado, enquanto o presidente brasileiro Lula se reunia com o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto (ex-general militar, acusado de abusos de direitos humanos e crimes de guerra durante os dias sombrios do regime de Suharto), em Jacarta, dezenas de anarquistas estão presos naquele país após as revoltas em massa em agosto de 2025. Os companheiros podem pegar até 20 anos de prisão!!!

ESCROTOS!

Em reunião, os dois presidentes pediram a implementação de um acordo de cooperação em defesa entre as duas nações. “Além de pedirem a implementação do Acordo de Cooperação em Defesa, Lula e Subianto se mostraram satisfeitos com a participação recíproca em feiras e exposições do setor [leia-se mercado da morte, da repressão, venda e compra de armas] e também com o fortalecimento da cooperação entre as indústrias de defesa de ambos os países.” – Fonte: agências de notícias.

ABAIXO O MILITARISMO!

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agência de notícias anarquistas-ana

O cogumelo nasce
no tronco podre do Estado—
vida após a morte.

Liberto Herrera

[França] Saint-Nazaire. Biblioteca feminista e anarquista

Abre no primeiro sábado de cada mês, em Saint-Nazaire (Loire-Atlantique), nas instalações “autogeridas” do Amies de May, boulevard de la Renaissance.

Louise Michel, Christine Delphy, Alexandre Berkman… Nenhum retorno literário às aulas aqui, nenhum best-seller político nem romances de estação de trem. “Oferecemos livros difíceis de encontrar em outros lugares, só em algumas bibliotecas autogeridas”, diz Corine Cadren. Com Yann Perry, ela está na origem da nova biblioteca “feminista e anarquista”.

A partir deste fim de semana, está aberto todo primeiro sábado do mês, das 14h às 18h, no Boulevard de la Renaissance. Fica nas instalações do Amies de May, inaugurado há um ano, que acolhe diversas atividades ativistas: oficinas de Slam, conferências etc.

“Nenhum feminismo de direita ou extrema direita nas nossas prateleiras”, adverte Corinne Cadren. Ela cuidou desse aspecto, solicitando publicadores e doadores. Há trabalhos abordando correntes feministas internacionais, como o “Afrofeminismo”, nascido contra a opressão das mulheres negras. A biblioteca também oferece obras políticas sobre o anarquismo, vários movimentos de luta, para gays, lésbicas e transgêneros, a emancipação das minorias contra a sociedade patriarcal.

“Ao aderir (por 5€), assina-se uma carta de valores que corresponde ao espírito das nossas instalações autogeridas”, explica Yann Perry. “Sem subsídio, tudo é financiado por nós. Estamos empenhados em desenvolver uma visão social da vida, para fornecer uma história diferente daquela frequentemente escrita pelos vencedores!”

Todos podem pegar três livros emprestados por mês. “Também temos um pouco de literatura, fundamentos, livros raros para consulta”, diz Michel Perraud.

ladm.noblogs.org

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

mar não tem desenho
o vento não deixa
o tamanho…

Guimarães Rosa

[Espanha] Volta o Tattoo Circus de Sevilha

Bem-vindos…

Nos dias 28, 29 e 30 de novembro estaremos, mais uma vez, lembrando daqueles que continuam privados de sua liberdade, falando e refletindo sobre a luta anticarcerária enquanto tatuamos.

Como sempre, também haverá palestras, cartas para presos e presas, distros, apresentações, discotecagem, comida e confeitaria vegana.

Lembrar-vos que será um espaço livre de drogas e de toda atitude de merda!

Guardem a data, que mais tarde publicaremos toda a programação em detalhes. Se você quiser fazer parte do Tattoo Circus, pode entrar em contato conosco através do Instagram @tattocircus_sevilla ou do e-mail tattoocircussevilla@gmail.com.

Fogo às prisões e à sociedade que as precisa! Abaixo os muros das prisões!

Lugar
CGT Sevilha
C. Afonso XII, 26, Sevilha
Data
28, 29 e 30 de novembro

tattoocircusevilla.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

O rio não segue
o mapa do engenheiro—
ele inventa seu leito.

Liberto Herrera

[Chile] A via eleitoral não é o caminho, a única forma é a de outubro – Rede de Luta e Propaganda

Toda a classe política tentou apagar ou minimizar as razões que deram origem à revolta de outubro [2019, “Estallido Social”].

Hoje, os mesmos setores que então se esconderam após discursos de ordem e governabilidade distribuem o poder em um espetáculo miserável. Um teatro no qual as disputas entre partidos apenas maquiam a continuidade do mesmo modelo, enquanto nos impõe, democraticamente, a obrigação de legitimar este circo com o voto.

Os governos, sejam de direita ou progressistas, junto com a constituição e o modelo neoliberal, converteram o território em um negócio. A terra, a água e os bens comuns são entregues ao bloco corporativo-extrativista: mineradoras, madeireiras, bancos e fundos de investimento que lucram com tudo. O Estado atua como sua garantia, assegurando que este país siga funcionando ao ritmo do capital e não das pessoas nem do planeta, ao mesmo tempo em que reprime – desaparece e assassina – os que se levantam contra este sistema para defender a terra e a vida, nas cidades, a alimapu, lafkenmapu e Wallmapu.

A revolta de outubro revelou que existe uma raiva generalizada e coletiva contra a classe política, mas também nos mostrou a armadilha: ofereceu uma saída institucional para desativar a força da rua, um tratado que pretendia canalizar a raiva e neutralizá-la, para devolver-nos a ordem da obediência, concedendo meses de luta ao processo eleitoral, que bem conhecemos só consolidou a frustração.

O sistema soube absorver, mas também soube golpear: os presos, os traumas oculares e os assassinados são prova disso.

Hoje a insegurança e a imigração são usadas pelo poder para justificar mais controle, mais polícias e mais cárceres. O medo se converte na nova moeda de governabilidade. Mas a insegurança real não está na rua, está no endividamento, no colapso mental, nas zonas de sacrifício, nas extensas jornadas laborais, no negócio que fazem com nossas vidas. Essa é a violência cotidiana com a que nos mantêm fragmentados, fechados em casas vigiadas, endividados e cansados.

As promessas da transição democrática estão obsoletas faz muito tempo, e as últimas revoltas a nível mundial nos confirmam que a luta não se dá nos parlamentos nem nas urnas, mas nas ruas, nos territórios, nos corpos que resistem e nas comunidades que se organizam.

Outubro evidenciou a forma: panelas comuns, assembleias territoriais, redes de assembleias, redes feministas, barricadas, coordenadoras de solidariedade com os presos, brigadas de saúde, atividades contraculturais, violência de rua, hortas coletivas, meios de contrainformação; projetos que só se sustentam fora dos partidos e da lógica eleitoral. Assim se tece outra alternativa: a da organização horizontal, autônoma, solidária e combativa. Aí pulsam as possibilidades de outros paradigmas de vida.

Não necessitamos que ninguém nos dirija.

A organizar-nos, defender-nos, cuidar-nos e multiplicar as práticas que constroem a autonomia e fortalecem a luta!

Rede de Luta e Propaganda

17 de outubro de 2025

Fonte: https://lapeste.org/la-via-electoral-no-es-el-camino-la-unica-forma-es-la-de-octubre-red-de-luta-y-propaganda/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Semente rebelde
brota no cemitério
dos reis e papas.

Liberto Herrera

[EUA] Dia nacional americano contra a brutalidade policial

Todos os anos, em 22 de outubro, comunidades nos Estados Unidos observam o Dia Nacional de Protesto pelo fim da Brutalidade Policial, da Repressão e da Criminalização de uma Geração. Estabelecido em 1996 pela Coalizão 22 de Outubro, o dia chama a atenção para a violência policial sistêmica e a contínua falta de responsabilização por má conduta da polícia.

As estatísticas se mantêm alarmantes. Dados do Mapping Police Violence mostram que, em 2024, a polícia dos EUA matou 1365 pessoas, maior número já registrado. Além disso, negros americanos continuam a ser mortos pela polícia quase três vezes mais do que americanos brancos. Apesar de décadas de esforços para reformas, a frequência da força letal não diminuiu e as disparidades estruturais na aplicação da lei entre as jurisdições persistem.

Os eventos de 22 de outubro incluem vigílias, passeatas, palestras e ações de coleta de dados que documentam a violência do Estado e defendem as famílias afetadas. O dia também reforça a importância do trabalho jurídico e comunitário de base sustentado e de abordagens equitativas para a segurança pública que vão além de respostas militarizadas.

O Centro de Defesa das Liberdades Civis reconhece o dia como um momento essencial para examinar os padrões de repressão e apoiar as demandas nacionais americanas por transparência, responsabilidade e libertação; além de lutar contra a repressão do Estado em todas as formas. O nosso cliente preso, Malik Muhammad, exemplifica por que esse trabalho é tão crítico.

Para quem está começando a conhecer o CLDC, Malik foi submetido a uma transferência retaliatória da Prisão Estadual de Oregon em Salem, para a Instituição Correcional de Snake River em Ontário, Oregon (extremo leste de Oregon; mais perto de Idaho do que Portland ou Eugene). Antes da transferência, Malik foi submetido a torturas cruéis e incomuns na prisão; alojado em confinamento solitário por mais de 250 dias, às vezes forçado a dormir no chão sem suprimentos de higiene ou qualquer pertence, nem mesmo livros. Esse abuso e negligência por parte do O.D.O.C. foi feito apesar de Malik ser veterano de guerra com síndrome de estresse pós-traumático.

Malik lutou contra a repressão do Estado, dentro ou fora da prisão, e foi forçado a se envolver com o sistema por meio de greves de fome; não só para protestar a própria punição cruel e incomum, mas também melhorar a vida e as condições dos companheiros de prisão. Malik continua a lutar, sem máscaras, pelos direitos e dignidade das pessoas. Infelizmente, esse movimento do Departamento de Correções somente piorou a situação, e foi arrancado da família e do sistema de apoio e enviado para as fronteiras entre Oregon e Idaho.

Para ler mais sobre Malik, veja a página de blog (malikspeaks.noblogs.org). Se tiver interesse em escrever, certifique-se de ler estas instruções sobre como se comunicar com um prisioneiro em Snake River primeiro (penmateapp.com).

Malik Muhammad #23935744

Snake River Correctional Institution

777 Stanton Blvd

Ontario, OR 97914-8335

EUA

“Meu nome é Malik Farrad Muhammad. Eu sou muçulmano, pansexual, preto e palestino, tenho 26 anos (sim, muito confuso). Sou anarquista antifascista, abolicionista antirracista (sim, policiais e prisões) pelo meu amor à liberdade! Meu primeiro protesto foi no ensino médio: uma greve apresentada após o assassinato de Treyvon Martin. A partir daí, nunca mais me tornei ativo até ‘Bernie or Bust’ e, é claro, a revolta de George Floyd. Viajei pelo país, organizei, lutei e acabei sendo sequestrado, resgatado e, agora, mantido prisioneiro aqui no OSP.

Tenho um filho lindo e uma família amorosa em casa no Centro-Oeste. Também sou veterano de guerra, no exército era tripulante de tanque; e não, eu não tenho orgulho de ter feito parte da máquina assassina, portanto, não me agradeça pelo meu serviço [N.T.: os americanos, em geral, agradecem ao serviço de qualquer pessoa que afirme ter servido]. Eu amo música mais do que qualquer coisa, sou guitarrista e aspirante a pianista, de todos os gêneros.

Não há muito mais a dizer, exceto que sou amante da liberdade, da equidade e da igualdade, e que lutarei por elas até o último suspiro. Ao contrário daqueles que podem se arrepender de algo que fizeram para serem condenados ou daqueles que moderaram as ações por medo das consequências, eu não me arrependo de nada, mesmo de não ter feito mais antes de ser pego. Vou viver para o povo e vou morrer pelo povo porque amo o povo, nós, que amamos a liberdade, não podemos descansar até que ela chegue.”

Fonte: https://cldc.org/national-day-against-police-brutality/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

No telhado ao lado,
Sinfonia de pardais —
Ah… chuva vernal!

Teruko Oda

Contra ventos e marés: Apoio aos companheiros da CNT-AIT espanhola contra os ataques da CNT-CIT!

Lyon (França), 21/08/2025

Como militantes da Federação Anarquista (FA) francófona, denunciamos inequivocamente os escandalosos ataques da CNT-CIT contra a CNT-AIT na Espanha.

A CNT (Confederação Nacional do Trabalho) conhecida como “CNT-AIT”, organização anarcossindicalista espanhola filiada à AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), está atualmente sendo levada à justiça burguesa por outra organização sindical próxima: a “CNT-CIT” (CNT-e), filiada à CIT (Confederação Internacional do Trabalho), que ela cofundou após ser expulsa da AIT em 2016, e consequentemente após se separar da CNT-AIT.

Acontece que a CNT-CIT entrou em guerra, não contra o Estado e o Capital, mas contra… sua homóloga: uma organização sindical verdadeiramente anarquista com a qual, há menos de dez anos, formava uma única e mesma estrutura! Como se a situação já não fosse suficientemente absurda, os métodos utilizados são simplesmente delirantes.

Em essência, a CNT-CIT acusa a CNT-AIT de usurpar uma identidade que lhes pertence e de tentar enganar os sindicalistas. Então, pretende obrigar a CNT-AIT a deixar de utilizar a denominação “Confederação Nacional do Trabalho”, as siglas “CNT”, seus sinais distintivos (bandeiras e logotipos) e seu emblema histórico (Hércules e o Leão de Nemeia). Mas isso já não é nenhuma “resolução amigável”.

Como meio de ação, a CNT-CIT invoca a “propriedade privada” após ter registrado tudo isso como “marcas nacionais registradas” junto ao Escritório de Patentes e Marcas. Para fazer valer este “direito”, recorre a um tribunal burguês (a Audiência Nacional) para processar a CNT-AIT, ação que lhe permitiria reclamar, em cada caso, até 50.000 € de indenizações, além de juros, de mais de trinta sindicatos acusados por supostos “danos morais”.

Desnecessário dizer que nenhum dos diversos sindicatos da CNT-AIT está em condições de pagar uma quantia tão colossal. Este caso, que poderia dizimar a organização, poderia até levar a que companheiras sindicalistas fossem condenados a multas extremamente elevadas, ou mesmo a penas de prisão. Neste exato momento, companheiros madrilenhos estão ameaçados de despejo de sua histórica sede na praça de Tirso de Molina, no centro de Madrid. E isto é apenas o início da ofensiva…

É evidente que estas manobras legais não pretendem apenas privar a CNT-AIT de seu patrimônio e seu legado: sobretudo pretendem enterrá-la sob indenizações faraônicas e, em última instância, fazê-la desaparecer completamente, confiscar suas sedes e permitir que a CNT-CIT se imponha, de maneira tão hegemônica quanto falaciosa, como a única organização “anarcossindicalista” do país.

Nem sequer precisaríamos nos posicionar sobre os motivos das divergências ideológicas que separam as duas organizações sindicais, tão aberrante é a situação! O objeto de nosso apoio se impõe por si só: independentemente dos argumentos da CNT-CIT, nada justifica recorrer à justiça burguesa para extorquir a CNT-AIT, invocando seu direito à propriedade privada. O cúmulo da ironia para uma organização que se autodenomina “anarquista”! Trata-se de uma violência política e econômica que não podemos apoiar, nem no conteúdo nem na forma.

No entanto, devemos distinguir entre, por um lado, a responsabilidade da direção da CNT-e e da CIT e, por outro, a dos militantes a elas filiados. Porém, quem mais senão os militantes de base, em suas seções de empresa, em seus sindicatos locais, em seus respectivos sindicatos e federações, poderiam impedir que suas direções se entregassem a tal loucura?

Poder-se-ia preferir não se posicionar sobre o que poderia parecer uma “simples rixa de aldeia”, ou mesmo não se sentir preocupado com este “problema espanhol”, apesar do internacionalismo que nos caracteriza desde os primórdios de nosso movimento.

Contudo, esta situação nos parece extremamente grave. Estes ataques da CNT-CIT, em total contradição com os princípios anarquistas que afirma defender, não são apenas uma afronta à história e ao legado da CNT espanhola. Ainda mais vil, estas manobras, pouco dignas dos piores sindicatos colaboracionistas, movidas pela sede de poder e pela ganância da direção, acabam jogando o jogo do Estado e do Capital: mão a mão para colocar de joelhos tanto a CNT-AIT quanto os militantes sindicais sincera e decididamente envolvidos nas lutas econômicas e sociais.

Por isso, esperamos que cessem estas agressões contra os companheiros da CNT-AIT espanhola e criticamos aqueles que continuam apoiando ou justificando as ações absolutamente indefensáveis da CNT-CIT espanhola.

Não fechemos os olhos perante esta sinistra situação e sejamos capazes de oferecer a ajuda e a solidariedade necessárias, sobretudo a uma organização decididamente anarquista e legítima herdeira da CNT da Revolução Espanhola!

Portanto, conclamamos todas as organizações, agrupamentos e pessoas, tanto anarquistas quanto sindicalistas, a expressarem sua firme e decidida solidariedade com os companheiros da CNT-AIT espanhola! Para que cessem definitivamente os odiosos ataques da CNT-CIT!

Convidamos, com maior razão, nossos companheiros militantes da CNT-f francófona a se unirem a nós para denunciar estas ações abertamente anti-anarquistas da principal organização da CIT, estrutura à qual acabaram de se filiar.

Apoio aos companheiros e companheiras anarquistas da CNT-AIT espanhola!
Vida longa ao anarcossindicalismo!

Assinado: ligação Comuna de Lyon (FA69, communedelyon@federation-anarchiste.org), ligação Calvados (FA14, calvados@federation-anarchiste.org) & grupo Henri Laborit (FA85, henri-laborit@federation-anarchiste.org) da Federação Anarquista (FA), membro da Internacional das Federações Anarquistas (IFA).

Fonte: https://www.cntait.org/contra-viento-y-marea-apoyo-a-ls-companers-de-la-cnt-ait-espanola-contra-los-ataques-de-la-cnt-cit/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Abelhas procuram
— na florada escassa —
prolongar a lida.

Maria Helena Sato

Em tempos de oportunismos, cinismos, hipocrisias, greenwashins: Marina Silva, Neca Setubal, Itaú, indústria do petróleo…

Você sabia que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, optou pelo silêncio após o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) autorizar a Petrobras a explorar petróleo na Foz do Amazonas?

Você sabia que o banco Itaú financia projetos de exploração e expansão de combustíveis fósseis na Amazônia?

Você sabia que Maria Alice Setubal, a Neca, é herdeira do conglomerado Itaú, ou seja, herdeira de uma das famílias mais ricas do Brasil?

Você sabia que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é amigaça da herdeira-bilionária do Itaú, Maria Alice Setubal, a Neca?

Você sabia que a herdeira do Itaú bancou 83% do Instituto Marina Silva, que leva seu nome com sede em Brasília?

Você sabia que o Itaú registrou lucros bilionários consecutivos nos últimos anos no Brasil?

Você sabia que em setembro passado o Itaú realizou demissões em massa, mesmo com lucros bilionários?

Você sabia que a maioria das ONG´s ambientalistas brasileiras “passam um pano” para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva?

Você sabia que a atriz “progressista” Fernanda Torres e sua mãe, a também atriz Fernanda Montenegro, são “garota$” propaganda do Itaú?

Resumindo. É muito oportuni$mo, cini$mo e hipocri$ia. Marina é conivente com a destruição da natureza em nome do “desenvolvimento sustentável”, do “capitalismo verde”.

COP 30 é uma far$a, todas foram!

Foda-se Lula, Marina, Itaú… e o mundo do petróleo!

Viva a Natureza Livre e Selvagem!!!

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agência de notícias anarquistas-ana

Ipê florido —
Despencam flores
dourando o chão.

Rubens Amato

A Poesia como Ação Direta: Versos que Desobedecem e Desmantelam

A poesia, em sua essência mais pura, é um ato de liberdade radical. Ela nasce da recusa em aceitar a linguagem domesticada pelo Poder, transformando-a em um campo de batalha onde as palavras se rebelam contra seus significados impostos. Enquanto o Estado e o Capital dependem de um discurso rígido, técnico e desumanizante para perpetuar sua lógica, o poema desorganiza a gramática do opressor, criando novas sintaxes de existência. Ele é, portanto, um território liberto, um espaço autônomo onde a única lei é a imaginação do indivíduo, tornando-se um refúgio e uma trincheira contra a pasteurização do pensamento.

Num sistema capitalista que reduz todas as relações ao valor de troca, a poesia ergue-se como um monumento à gratuidade subversiva. Ela é inútil para a lógica da acumulação; não pode ser totalmente mercantilizada sem perder sua alma. O seu valor não é de mercado, mas de combustão interna. Ao celebrar o que não tem preço — o efêmero, o sublime, a raiva, a dor, a beleza inútil — a poesia desvela a pobreza espiritual de um mundo reduzido a mercadoria. Ela é um escândalo para a produtividade, um desperdício magnificente de tempo e energia que sabota, em seu microcosmos, o princípio de rendimento que rege as nossas vidas.

Para a máquina estatal, que exige obediência e ordem, a poesia é uma arma de desestabilização por excelência. Sua natureza é ambígua, polissêmica e insubmissa. Não aceita uma única interpretação, assim como o anarquismo não aceita um único dono. Através da metáfora, do ritmo e do nonsense, o poema desprograma a mente do condicionamento, ensinando-a a desconfiar da linguagem clara e linear do decreto e da propaganda. Ele é, em si, uma prática de desobediência civil linguística, um exercício constante de questionamento da autoridade das narrativas oficiais.

Mais do que um protesto individual, a poesia pode ser uma experiência coletiva de construção de mundos. Ela não apenas denuncia a jaula, mas oferece visões tangíveis de liberdade. Ao compartilhar uma percepção do mundo fora dos eixos, o poeta semeia a solidariedade entre os que também anseiam por um horizonte diferente. A poesia, assim, torna-se um veículo para a “propaganda pelo fato” cultural, um meio de agitação que, ao tocar a sensibilidade, é capaz de mobilizar de forma mais profunda e duradoura do que um panfleto. Ela forja uma comunidade afetiva de resistência.

Portanto, defender a poesia não é um gesto meramente cultural, mas um ato político revolucionário. Nas mãos do anarquismo, ela não é um ornamento, mas uma ferramenta de desmantelamento. Cada verso que rompe com a lógica estabelecida é um golpe contra os alicerces do controle. Cada imagem que evoca um mundo sem amos é um projeto de futuro. A poesia é a arma que carregamos na ponta da língua, capaz de, através do puro poder de criação, corroer as certezas do capital e do Estado e abrir frestas por onde respira — e finalmente irrompe — a liberdade.

Liberto Herrera

agência de notícias anarquistas-ana

Sol de primavera…
Apenas um pardalzinho
Canta…Canta…Canta…

Irene Massumi Fuke

“Esses investimentos são cúmplices de um genocídio: estão matando nossa cultura, nossa história e destruindo a biodiversidade da Amazônia.”

Indígenas da Amazônia, cujos territórios estão sendo afetados pela exploração de petróleo e gás, ofereceram os seguintes comentários sobre os bancos que mais financiam a expansão de combustíveis fósseis naquela região:

Olivia Bisa, presidente do Governo Territorial Autônomo da Nação Chapra (Peru), disse: “É revoltante que o Bank of America, o Scotiabank, o Credicorp e o Itaú estejam aumentando seu financiamento a petróleo e gás na Amazônia justamente em um momento em que a floresta está sob grave ameaça. Há décadas, os povos indígenas sofrem os impactos mais severos dessa destruição. Estamos pedindo que os bancos mudem de rumo agora: ao encerrar o apoio às indústrias extrativas na Amazônia, eles podem ajudar a proteger a floresta que sustenta nossas vidas e o futuro do planeta.”

Ingry Mojanajinsoy, Presidente da Associação dos Cabildos Inga do Município de Villagarzón Putumayo (ACIMVIP) (Colombia):”Empresas petrolíferas como a Gran Tierra trouxeram conflito, deslocamento e perda cultural para o nosso território. Apesar de anos de resistência, a Gran Tierra continua se expandindo, ameaçando nosso modo de vida. Os bancos que financiam a Gran Tierra devem parar imediatamente. Nunca demos consentimento para que o petróleo fosse extraído de nossas terras.”

Jonas Mura, cacique do Território Indígena Gavião Real (Brasil): “A Eneva tem causado muitos prejuízos no nosso território. O barulho, o tráfego constante de caminhões e as explosões têm afugentado os animais e afetado nossas caças. Pior ainda: estão entrando sem o nosso consentimento. Nosso território se sente ameaçado, e nossas famílias estão sendo diretamente prejudicadas. Vivem aqui cerca de 1700 indígenas, e a nossa sobrevivência depende da floresta. Pedimos que bancos como Itaú, Santander e Banco do Nordeste parem de financiar empresas que exploram combustíveis fósseis em territórios Indígenas. Essas empresas não têm compromisso com o meio ambiente, nem com os povos originários e tradicionais, nem com o futuro do planeta. Esses investimentos são cúmplices de um genocídio: estão matando nossa cultura, nossa história e destruindo a biodiversidade da Amazônia.”

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agência de notícias anarquistas-ana

No final da rua
reluz um brilho amarelo
Ipê florido

Eunice Arruda