[Irlanda do Norte] Feira do Livro Radical de Belfast

Mantendo vivo o passado radical de Belfast!

Temos o prazer de confirmar que a próxima Belfast Radical Bookfair (Feira do Livro Radical de Belfast) será realizada no sábado, 30 de novembro, no Peter Froggatt Centre (3º andar), Queen’s University Belfast, 7-9 College Park East, BT7 1PS. A entrada é gratuita e as portas se abrem das 11h às 15h.

Vamos organizar várias banquinhas de livros e informações radicais, além de várias palestras durante o dia. É fundamental que Belfast continue a se basear em seu passado radical, pois temos uma história sólida de política da classe trabalhadora.

Nosso Comitê acredita que, depois de sucessivas feiras de livros radicais, é necessário criar um espaço que ofereça um ponto de contato para os interessados em se envolver com a política radical e sua literatura de anarquismo, socialismo, feminismo, verde, queer e sindicalismo revolucionário.

belfastradicalbookfair.wordpress.com

agência de notícias anarquistas-ana

Logo após a chuva,
a festa dos bem-te-vis—
revoada de insetos.

Reneu do Berni

Novo relatório: demanda por veículos elétricos está impulsionando destruição de povo indígena isolado na Indonésia

Um novo relatório da Survival International revelou que a demanda por veículos elétricos está destruindo o território e a vida de um povo indígena isolado na Indonésia.

O relatório, publicado hoje (25/11), revelou:

  • O povo indígena isolado Hongana Manyawa que vive na ilha de Halmahera, na Indonésia, está enfrentando uma ameaça iminente de genocídio devido a mineração de níquel, mineral utilizado nas baterias de veículos elétricos. Essas operações estão destruindo seu lar na floresta e os expondo ao risco de contrair doenças mortais.
  • Há mais de 10 anos, a mineradora francesa Eramet, que possui a maior mina no território dos Hongana Manyawa, sabe dos enormes riscos a que estão expondo os mais de 500 indígenas isolados. A Eramet supervisiona as operações de mineração da Weda Bay Nickel (WBN), a maior mina de níquel do mundo.
  • De acordo com seus próprios relatórios, a mineradora está ciente da presença dos indígenas isolados Hongana Manyawa dentro e fora da área de concessão da WBN desde 2013. Apesar disso, a empresa continua negando a presença dos indígenas, e tem explorado terras que pertencem aos Hongana Manyawa desde 2019.
  • Existem pelo menos 19 mineradoras operando no território dos indígenas isolados Hongana Manyawa, a maioria explorando níquel.
  • A mineração em Halmahera é parte de um grande projeto do governo indonésio de expandir a mineração de níquel para alimentar a demanda global de baterias de veículos elétricos.
  • A mineração em território de indígenas isolados não é só mortal, como também viola a lei internacional. Os Hongana Manyawa não deram seu Consentimento Livre, Prévio e Informado para a exploração e destruição em seu território, e nem podem dar.

Em junho, após campanha da Survival, a empresa alemã da indústria química BASF se retirou de um projeto bilionário com a Eramet para explorar níquel em Halmahera.

Nos últimos meses, as mineradoras têm adentrado cada vez mais o território dos Hongana Manyawa. Neste mesmo período, uma série de vídeos, que viralizaram nas redes, foram publicados. Os vídeos mostram indígenas isolados Hongana Manyawa resistindo a escavadeiras e sendo forçados a deixar a floresta.

A diretora da Survival International, Caroline Pearce, disse hoje: “É um absurdo que a exploração de níquel que abastece o consumo supostamente sustentável esteja, na realidade, ameaçando a sobrevivência dos Hongana Manyawa, um povo indígena isolado que tem vivido de modo verdadeiramente sustentável há gerações.”

“A Survival International está pedindo o reconhecimento e a demarcação urgente do território dos Hongana Manyawa, o fim da mineração em suas terras e o estabelecimento de uma “zona de acesso proibido” – a única maneira de garantir a sobrevivência do povo indígena isolado Hongana Manyawa.”

“É também vital que os fabricantes de veículos elétricos se comprometam publicamente a garantir que nenhum dos materiais que compram venha de territórios de povos indígenas isolados, ou de empresas que operam (ou compram material que tem origem) em territórios de povos isolados, incluindo os Hongana Manyawa.”

>> Vídeos e imagens estão disponíveis neste link:

https://drive.google.com/drive/folders/1ZlHIYberGIjhLwgparYML5yDR94CiBNy

survivalinternational.fr

agência de notícias anarquistas-ana

Alegres grilos
Gritam na grama gris:
Música noturna.

Eduardo Otsuka

[Canadá] Lançamento da campanha de arrecadação de fundos: Pela sustentabilidade do espaço anarquista mais antigo de Montreal

Desde 1982, o 2033-2035 do Boulevard Saint-Laurent tem sido um espaço vital para o anarquismo em Montreal (Tiohtià:ke/Mooniyang). Naquele momento, militantes libertários fundaram a “Association des espèces d’espaces libres et imaginaires” (AEELI) com o objetivo de adquirir o edifício que hoje alberga três projetos anarquistas: o espaço social autogestionado feminista e queer “Les Révoltes”, a biblioteca DIRA e a livraria “L’Insoumise”. A missão da AEELI é difundir as ideias libertárias, principalmente através do desenvolvimento de uma livraria anarquista em Montreal. Ao fundar-se a associação, a livraria levava o nome de “Librairie Alternative”, aberta em 1977. Durante os últimos vinte anos, L’Insoumise tomou relevo. Fundada em 2004, está aberta ao público seis dias por semana. E desde 2005, a biblioteca DIRA ocupa o terceiro piso do edifício.

As comunidades que frequentam este mítico edifício anarquista são numerosas. Cada ano, pessoas de todas as partes visitam tanto sua livraria como sua biblioteca. Os anarquistas aproveitam enormemente estes espaços: se organizam atividades, projeções, celebrações e festas de maneira regular.

Mas para que o 2033-2035 do Boulevard Saint-Laurent siga sendo um centro permanente, acolhedor e central para a comunidade anarquista de Montreal, é necessário realizar obras cruciais para conservá-lo e melhorá-lo. O edifício atual necessita muito cuidado e renovações importantes. A fachada, a vitrine, o muro traseiro do edifício, as janelas do segundo e terceiro piso, assim como o banheiro da livraria, requerem renovações significativas, avaliadas em mais de $200,000. No entanto, a Association des espèces d’espaces libres et imaginaires não dispõe dos fundos necessários para fazê-lo sozinha. Hoje, devemos recorrer a seu apoio.

Para garantir a perenidade deste espaço de vida, alegria, raiva, conspiração, organização, debate e intercâmbio de conhecimentos, cujos três pisos e seu célebre pátio beneficiam às comunidades anarquistas, fazemos um chamado à solidariedade. Que este centro de difusão de ideias libertárias, de todas as tendências, continue sua missão para sempre!

Pela perenidade do espaço anarquista mais antigo de Montreal!

Solidariamente,

AEELI, a livraria L’Insoumise, a biblioteca DIRA e Les Révoltes

Para doar (inglês e espanhol): http://diffusionlibertaire.org

Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/11/22/canada-a-livraria-anarquista-linsoumise-comemora-seu-20o-aniversario/

agência de notícias anarquistas-ana

Sopra o vento
Segura-te borboleta!
Na pétala da flor.

Rodrigo de Almeida Siqueira

[EUA] Cartões Oso Blanco

Estamos animados por vender esses cartões para datas especiais do Projeto de Arte das Crianças, que incluem 4 diferentes obras de arte do prisioneiro político Oso Blanco.

Os cartões são 5″ x 7″ em tamanho, e brancos por dentro.

Se você comprar 5 ou mais pagará o preço de atacado a $9,10 cada (o que será aplicado automaticamente no seu carrinho).

O Projeto de Arte das Crianças (na sigla em inglês, CAP) foi inicialmente idealizado pelo prisioneiro político indígena Oso Blanco vários anos atrás.

Preso pelo governo dos EUA por expropriar bancos para financiar o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), Oso Blanco tem usado a arte para continuar sua missão. Essas quatro primeiras obras foram todas pintadas depois de ele ter sido capturado em 1999. A renda obtida com a venda desses cartões beneficiará crianças na zona autônoma zapatista de Chiapas, México, e em reservas aqui na Ilha da Tartaruga.

Saiba mais em schoolsforchiapas.org & freeosoblanco.org

Uma mensagem do Oso Blanco:

“Fiz toda essa arte sob extrema pressão. Durante anos, tentei fazer com que isso acontecesse, vivia literalmente em um inferno na Terra onde fiz essas peças (SMU Lewisburg). Às vezes eu não conseguia papel, outras vezes não tinha lápis. Todos os dias havia violência, todos os dias havia conflitos com funcionários e prisioneiros. Às vezes eu tinha companheiros de cela malucos. Eu estava vivendo em um horror absoluto. Muitas vezes, recebíamos spray de pimenta, éramos sacudidos. Minhas peças eram rasgadas, danificadas ou roubadas pelos carcereiros. Eu tinha que lutar, uma luta REAL, que a maioria das pessoas nas ruas não conseguiria sobreviver, muito menos imaginar. Mas nunca desisti!

Continuo acreditando no Projeto de Arte das Crianças (CAP). Essa arte foi feita à mão, não por um computador qualquer. O trabalho árduo, o sofrimento e o alto custo de enviar minha arte por correio certificado não são brincadeira. Não estou sentado em um resort no estado de Washington, relaxando, fazendo essa arte com todos os melhores materiais e recursos artísticos. Estou literalmente fazendo isso com extrema dificuldade e com o mínimo necessário. Acho que as pessoas devem respeitar o fato de que provavelmente não conseguiriam nem mesmo sobreviver nos ambientes em que realizei essa arte.

Portanto, por favor, honrem o Projeto de Arte das Crianças, para que possamos ajudar as crianças de Chiapas, onde arrisquei minha vida muitas vezes no México, enviando material velho do exército, balas, remédios, ferraduras, vitaminas para mulheres grávidas (ácido fólico), remédios veterinários para cavalos, tudo o que se possa imaginar. Eu não simplesmente tropecei e virei um prisioneiro político, eu conquistei isso por meio de meu grande sacrifício, por meio da vida e da morte, por meio da turbulência. Fui alvejado pela polícia e pelo FBI e tive cães policiais lançados sobre mim durante o caso, despedaçando-me, tudo para os risos do FBI e da polícia de Albuquerque.

Amor,

Oso Blanco

Guerreiro de Suprimentos Zapatista & Anarquista Nativo”

Você pode imprimir um panfleto sobre Oso Blanco aqui (https://www.certaindays.org/wp-content/uploads/2021/04/Oso-Blanco-Trifol…), e escrever para ele no seguinte endereço:

Byron Chubbuck, #07909-051

USP Victorville

Caixa Postal 3900

Adelanto, CA 92301

Fonte: https://burningbooks.com/products/oso-blanco-greeting-cards

Tradução > anarcademia

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/05/29/eua-chamada-para-apoiar-a-familia-do-prisioneiro-politico-indigena-oso-blanco-apos-incendio-devastador/

agência de notícias anarquistas-ana

Um susto gelado.
A perereca num salto
me beija no braço

Anibal Beça

[Espanha] Volta a Tattoo Circus de Sevilha

Nos dias 29 e 30 de novembro e 1° de dezembro estaremos outra vez recordando as que seguem privadas de sua liberdade e falando de luta anticarcerária clicando tinta.

Como sempre, haverá também palestras, cartas a presos, distris, atuações, comidas veganas e um pouco de dança para os corpos tatuados!

Guarde a data que mais adiante publicaremos toda a programação.

Se te apetece fazer parte do Tattoo Circus, ou queira vir tatuar, colocar piercing… podes contatar conosco através do instagram @tattocircus_sevilla

Fogo aos cárceres e à sociedade que os necessita!

Abaixo os muros das prisões!

Tattoo Circus Sevilla

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/11/03/espanha-tattoo-circus-sevilha/

agência de notícias anarquistas-ana

sol poente
numa ruela
menino corre das sombras

Rod Willmot

Novo número da Revista do Centro de Cultura Social: “1934 – 2024 antifascismo”

Na XIV Feira Anarquista de São Paulo foi lançado o nº 4 da Revista do Centro de Cultura Social, cujo tema é “1934 – 2024 antifascismo”.

Neste ano de 2024 comemoramos os 90 anos da Batalha da Praça da Sé, ocorrida em 7 de outubro de 1934, acontecimento que se tornou um símbolo da luta antifascista no Brasil. A sua história está contada em detalhes no livro ​​Notas sobre a presença de Simón Radowitzky na Argentina, Uruguai e nos eventos da Praça da Sé, de Alexandre Samis, publicado também pelo Centro de Cultura Social.

Se o século XX assistiu à ascensão de regimes autoritários, esta segunda década do século XXI tem sido marcada pelo avassalador recrudescimento da ultradireita e de seu ideário, a despeito das denúncias, manifestações de repúdio e condenações às atrocidades que cometeu no passado.

Neste número contamos com artigos escritos por companheiros do Uruguai, Argentina, Cuba, França, Estados Unidos, Portugal, Espanha e Itália, tais como Mário Rui Pinto, Tomás Ibanez, René Berthier, Philippe Pelletier, Terzilia Lanzillotti, Stardust, Boris Milián Dias.

Sobre a resistência anarquista no Brasil, procuramos focalizar como as lutas indigenistas, o abolicionismo penal, o antirracismo, o anarcofeminismo, as questões de gênero e sexualidade, têm respondido à avalanche conservadora e reacionária que tem tomado conta do país, com artigos escritos por Guilherme Falleiros, Dina Alves, Samantha Lodi e Luísa Amaral.

Desejamos uma ótima leitura. Mais infos:

https://www.instagram.com/centro_de_cultura_social/

http://ccssp.com.br/portal/

agência de notícias anarquistas-ana

Entre haicais e chuva
Súbita inspiração:
Um trovão.

Sílvia Rocha

[Holanda] Artista pede que sua obra seja removida de museu. A Barricada de Bakunin

Artista Ahmet Öğüt pede ao Museu Stedelijk de Amsterdã que pare de exibir sua instalação A Barricada de Bakunin porque a instituição não faz justiça ao significado da obra

A obra intitulada A Barricada de Bakunin (2015-22) consiste em objetos do cotidiano, como placas de rua, um carro, um semáforo e obras de arte da coleção do museu, incluindo obras originais de Nan Goldin, Marlene Dumas, Kazimir Malevich e Kate Kollwitz. Esses objetos são dispostos na obra de forma a formar uma espécie de barreira. O museu adquiriu a instalação de Öğüt com um contrato que estipulava que poderia ser emprestada para protestos ou manifestações.

No verão, o coletivo de artistas Not Suprised quis emprestar a obra para um protesto contra a continuação da guerra em Gaza. Posteriormente, a instituição afirmou que embora atendesse ao pedido, devido à sua responsabilidade de proteger o seu acervo, pretendia substituir as obras originais incluídas por cópias. O coletivo rejeitou esta sugestão. Expressou decepção pelo fato do museu “colocar a proteção do património acima da proteção dos estudantes que trabalham para acabar com o crime contra a humanidade mais documentado deste século”.

O artista Ahmet Öğüt escreve agora que nas últimas semanas ele tem negociado com o diretor do Stedelijk, Rein Wolfs, o consultor jurídico e a equipe jurídica do museu para atualizar o contrato e facilitar o trabalho de empréstimo para grupos de protesto. “Após semanas de negociações, o museu e o seu aparato jurídico procuram limitar ainda mais a obrigação do museu de emitir uma declaração pública explicando qualquer objeção baseada no Código de Ética. Esta postura é tão contrária à ideia central da Barricada de Bakunin que considero que os artistas não têm outra escolha senão exigir publicamente a remoção do meu trabalho da coleção. Embora o museu seja legalmente proprietário do trabalho, espero que respeite tanto a integridade da obra de arte como o meu papel como seu autor.”, disse o artista.

Fonte: https://dasartes.com.br/de-arte-a-z/artista-pede-que-sua-obra-seja-removida-de-museu-entenda-o-caso/

agência de notícias anarquistas-ana

a lua deita seus
raios sobre a rosa caída.
beleza morta.

Rosa Clement

Lançamento: “Nada de Escravidão”: Dossiê Domingos Passos

“Nada de Escravidão”: Dossiê Domingos Passos”. O livro foi lançado na XIV Feira Anarquista de São Paulo. São textos de vários autores, organizado por Sergio Norte e Angela Roberti, pelo Centro de Cultura Social de SP (CCS), Biblioteca Terra Livre (BTL), Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri (NELCA) e o Instituto de Estudos Libertários (IEL) do Rio de JaneiroEm breve estara disponivel na livraria online e fisica do CCS.

Domingos Passos era um homem negro, residente do Rio de Janeiro, na década de 1890, e era conhecido por seu profundo desejo por conhecimento. A organização de classe era um importante parte da história de sua militância, com a União dos Operários da Construção Civil (UOCC).

Também participava de festivais, peças, palestras e conferências sindicais. Além de ser eleito 2º Secretário da UOCC em 1919, no ano seguinte foi eleito Secretário Excursionista da Confederação Operária Brasileira.

Foi vítima da intensa repressão policial, tendo sido preso diversas vezes após seus inflamados discursos em suas reuniões. Sua negritude, além disso, com certeza o colocava em uma posição de alvo fácil da polícia.

Em 1927, ele retorna ao sindicalismo, na Federação Operária Local (FOSP) e atua no Comitê de Agitação Pró-Liberdade de Sacco e Vanzetti. Sofre por mais um período de novas prisões e fugas, até que termina na Bastilha do Cambuci”, na qual era alimentado apenas uma vez ao dia, vivendo em um estado deplorável e contaminado com a Doença de Chagas.

Passos foi colocado em um trem e enviado para morrer em Sengés, no interior do Paraná. Encontra abrigo e o auxílio financeiro de alguns companheiros de São Paulo.

Em setembro de 1948, Domingos Passos é encontrado morto em uma estrada do município de Senges.

No entanto, neste livro, você verá que não faltou coragem, força e resistência perante à todos os sofrimentos e provações aos quais Domingos fora colocado.

De modo trágico, assim terminam os registros de sua louca e inspiradora história de vida, repleta de repressão, exílio e isolamento – mas também de coragem, audácia e do profundo desejo pela emancipação humana de qualquer forma de opressão.

>> Mais infos:

https://www.instagram.com/centro_de_cultura_social/

http://ccssp.com.br/portal/

agência de notícias anarquistas-ana

Vento de primavera –
O mugido da vaca
Do outro lado do aterro.

Raizan

[França] A misoginia cotidiana do regime islâmico no Irã

Comunicado emitido pela Fédération Anarchiste (Federação Anarquista) em 13 de novembro de 2024

AHOO DARYAEI, AREZOU KHAVARI, A MISOGINIA COTIDIANA DO REGIME ISLÂMICO NO IRÃ

A teocracia iraniana não se contenta com sua repressão sangrenta ao Movimento Mulheres, Vida, Liberdade, mantendo sua opressão e repressão às mulheres.

Em 2 de novembro de 2024, em Teerã, a estudante e mãe de dois filhos, Ahoo Daryaei, é um triste exemplo disso. Depois de ser repreendida pela polícia da moralidade por seu protesto, Ahoo Daryaei ficou só de roupa íntima em frente à Universidade de Teerã e foi prontamente presa pela polícia iraniana.

De acordo com o governo iraniano, Ahoo Daryaei foi colocada em uma ala de um centro psiquiátrico. Uma alegação totalmente inverificável e que só pode nos preocupar, sabendo como a polícia se comportou com Mahsa Amini, que foi covardemente assassinada pela mesma força policial.

Em 5 de novembro de 2024, Arezou Khavari, uma garota de 16 anos de origem afegã cometeu suicídio atirando-se de um prédio em Teerã. Ela morreu no hospital. Dois dias antes, ela havia sido repreendida por sua escola, por usar jeans em vez de uniforme, tirar o lenço da cabeça e dançar em um ônibus escolar.

Os funcionários da escola ameaçaram expulsá-la. A ameaça atingiu Arezou duramente, especialmente porque o regime dos mulás impõe severas restrições aos imigrantes afegãos, inclusive a não matrícula na escola.

Mais uma vez, são as mulheres que estão sendo alvo e oprimidas pelo Estado iraniano.

Isso é totalmente inaceitável.

Vamos continuar lutando contra todas as formas de dominação religiosa.

A Fédération Anarchiste oferece seu apoio a Ahoo Daryaei e Arezou Khavari e suas famílias.

A Fédération Anarchiste luta contra todas as teocracias e suas procissões de obscurantismo assassino e seu caráter misógino.

Nem Deus, Nem Mestre.

A Federação Anarquista de língua francesa

federation-anarchiste.org

agência de notícias anarquistas-ana

as pálpebras da noite
fecham-se
sem ruído

Rogério Martins

[EUA] ARB #8 Verão/Outono de 2024

A Anarchist Review of Books (Resenha Anarquista de Livros ) publica textos inteligentes, não acadêmicos com uma perspectiva antiautoritária. Estamos dedicados a transformar a sociedade por meio da literatura e da crítica aberta e incisiva aos meios de comunicação, política, história, arte e escrita que moldam o nosso mundo.

Imagem de capa: Whose Streets (Ruas de quem) de Tabitha Arnold. Bordado com agulha de punção em lã sobre linho, 2020

Bem-vindo à oitava edição da Anarchist Review of Books, produzida por um coletivo com base em Atlanta, Baltimore, Chicago, Exarchia, Nova York, Oakland, Richmond e Seattle.

Como o editor da ARB, Nick Mamatas gosta de dizer: “Se você não usar a sua imaginação, outra pessoa fará isso por você”. Em nenhum lugar isso é mais relevante do que nos Estados Unidos, onde dois partidos políticos, educados nas mesmas instituições, que investem nos mesmos estoques, subordinados às mesmas corporações corruptas e ao mesmo sistema judiciário e empregando o mesmo exército, polícia e serviços secretos, criaram uma ilusão de diferença extrema entre si; uma histeria que leva os americanos a imaginarem tios conservadores como nazistas e terroristas disfarçados de calouros universitários. O claro e inegável fato é que, uma única ideologia cravou suas garras na garganta da América. O capitalismo governa, e a classe é o único assunto proibido em uma nação ferozmente dividida entre a escolha de eleger um policial sorridente ou um bilionário raivoso.

Essa alucinação de diferença não se limita a seguidores adeptos e partidos políticos. Ela se estende para os espaços radicais, onde pessoas que, fundamentalmente estão de acordo e que foram atacadas pelas mesmas forças, abandonaram a solidariedade necessária para enfrentar as crises atuais; de fato, chegam a acreditar que devem vigiar uns aos outros e explicar o mundo uns aos outros; efetivamente entediando, irritando e alienando uns aos outros até entrarem em um estado de desespero. Uma greve geral seria muito mais divertida.

Como isso aconteceu não é um mistério, e pode-se encontrar amplas análises sobre o assunto, inclusive nas páginas desta revista, mas os mecanismos pelos quais isso é produzido e sustentado são algo a que os antiautoritários deviam dar sua total atenção. A ilusão de “escolha” e “significado” criada pelo excesso de informação, pelos ciclos de notícias incessantes e pela proliferação de desinformação gerada por IAs é o pesadelo dos Situacionistas tornado realidade. Sob a monopolização da atenção e a captura da imaginação, novas possibilidades, ação coletiva e pensamento individual tornam-se cada vez mais difíceis. Como podemos sonhar com algo novo dentro deste quadro? Como podemos dar vida a esse sonho e protegê-lo?

Como disse Shellyne Rodriguez nestas páginas, a tomada de grupos como o Black Lives Matter nos EUA e o controle sobre os direitos dos migrantes no Mediterrâneo pelas ONGs é um alerta para todos nós. Esse tipo de gestão contrarrevolucionária dos movimentos está rapidamente tomando também projetos menores de ajuda mútua, transformando práticas de sucesso de longa data, como ocupações, assembleias populares, distribuição de alimentos por voluntários e iniciativas de saúde, em empreendimentos privatizados ou financiados pelo Estado, ou em iniciativas de elites, como a Park Slope Food Coop. Entrar na lógica entorpecente e isolante do império e argumentar dentro dessa lógica não é apenas perder possibilidades de mudança, solidariedade e autodeterminação, mas também perder a alegria e paz de espírito.

O imaginário empírico e mercadológico; o mito da meritocracia; dos profissionais humanitários e tecnocratas altruístas; dos homens que se fazem sozinhos e dos patriotas trabalhadores do interior—esses são temas, personagens e cenários que atendem ao desejo humano por uma narrativa, mas têm pouco a ver com o mundo observável.

Existem poucos recursos para lutar contra um inimigo que emprega nosso desejo inato por fantasia e construção de sentido para nos pacificar, entorpecer e controlar. Abandonar a própria imaginação é uma garantia de derrota. É entregar o último território em que realmente podemos nos firmar.

Como todo bom soldado ou místico sabe, são os corações e as mentes que importam; os corpos são sempre descartáveis.

Nas páginas desta edição, não trazemos soluções, mas rachaduras na armadura, buracos nas muralhas da fortaleza, espaços para pensar algo novo. O que fazemos com esses espaços depende de nós. Nesta edição, temos relatos de movimentos populares na Cisjordânia, Argentina e, nos EUA, Philip Shelley nos lembra o que é transgredir, Aleksandra Kaminska entrevista Eileen Myles, Dread Scott e David Baillie falam sobre as raízes antifascistas (e fascistas) do Punk, Elly Bangs nos traz uma visão do futuro, e Maria Xilouri nos mostra como podemos sonhar e nos deixar levar; além de resenhas de Heather Bowlan, Jules Bentley e Agnes Borinsky, e arte de Tabitha Arnold, Jess Vieira, Jesse L. Freeman, John Ahearn, Scott Treleaven, Joy Drury Cox e Sylvia Plachy.

TODO O PODER À IMAGINAÇÃO

Cara Hoffman 

Agosto de 2024

anarchistreviewofbooks.org

Tradução > Alma

agência de notícias anarquistas-ana

No espelho d’água
oculta sua face, tímida,
a lua nublada.

Douglas Eden Brotto

Flecheira Libertária 789 | “lembrar de lutas que não se pacificam”

20 de novembro

É preciso lembrar, diariamente, Zumbi dos Palmares, corajoso e radical como poucos. No final do século XVII, na Serra da Barriga, hoje estado de Alagoas, Zumbi inventou um espaço de liberdade, em pleno Brasil colônia. Zumbi não negociou a rendição política com autoridades e enfrentou exércitos e bandeirantes armados de munição muito mais pesada do que a possuída pelo quilombo. No mesmo dia de Zumbi, 20 de novembro, já em 1936, morreu também outro homem raro na valentia e generosidade. O anarquista Buenaventura Durruti, figura marcante na revolução anarquista na Espanha, revolução que durante um curto verão aboliu dinheiro, propriedades, expandiu experiências libertárias pela Espanha e abriu as portas das prisões. Dia 20, portanto, dia de lembrar mais a vida que a morte, lembrar de lutas que não se pacificam, lutas que se atualizam como possibilidades de desconcertar o presente e suas insidiosas arengas políticas.

perseguição aos anarquistas

No dia 31 de outubro, o anarquista Kyriakos Xymitiris perdeu a vida em uma explosão ocorrida em um apartamento localizado no bairro de Ampelokipoi, em Atenas. Marianna M., também anarquista e presente no local, sofreu ferimentos graves e foi levada ao Hospital Evangelismos, onde enfrentou torturas e interrogatórios insistentes conduzidos por agentes do Estado. Em decorrência, outros dois anarquistas, Dimitris e Dimitra, foram presos pela polícia e submetidos a torturas. A polícia foi criada para MATAR. Diante disso, grupos anarquistas mantêm firme suas resistências à violência da polícia, à conivência das instituições médicas com as forças de segurança do Estado e ao papel da grande mídia empresarial em criminalizar xs libertárixs. Com posturas incendiárias e resolutas, xs anarquistas seguem na luta, combatendo o autoritarismo, com o objetivo de subverter a ordem vigente.

solidariedade libertária

Na manhã do dia 15/11, após 15 dias de internação com múltiplos ferimentos no Hospital Evangelismos, Marianna foi transferida para a prisão de Korydallos. Em estado grave, recebeu alta e foi encaminhada ao presídio feminino para morrer. No dia seguinte, mobilizações em memória de Kyriakos e em apoio axs anarquistas encarcerados pelo Estado grego ocorreram em diferentes partes do mundo. Em Berna, na Suíça, um mural foi pintado sob a ponte em frente ao centro social Reitschule, e cartazes foram pendurados em solidariedade e memória de Kyriakos. Em Hamburgo, na Alemanha, dezenas de pessoas mascaradas e furiosas marcharam sem aviso prévio pelo bairro de St. Pauli. Durante o ato, pichações foram espalhadas, fogos de artifício disparados, barricadas erguidas, e um escritório do partido social-democrata foi atacado. Mensagens de apoio aos anarquistas também foram vistas em pichações e faixas penduradas em cidades como Barcelona, Londres e Santiago do Chile.

o que importa?

Na última semana, no Rio de Janeiro, ocorreu a Cúpula de Líderes do G20. O previsível: temas relativos à concretização da Agenda 2030, à taxação das grandes fortunas e às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza vieram à tona. Ao mesmo tempo que milhares de pessoas são executadas pelas forças de segurança dos Estados, muitos celebram a redação de documentos que reiteram a necessidade de acertos, negociações, diálogo etc., etc., etc. Práticas típicas dos burocratas e seguidores de políticos, seja de esquerda ou de direita. Pouco importa. Cada qual busca se projetar e, sobretudo, viabilizar novos acordos comerciais. O que importa são negócios. O resto é retórica dirigida aos governados, cuja sede de participação, inclusão e fome de algumas migalhas distribuídas seletivamente são constantes.

os negócios …

Para além das reuniões usuais do G20, Brasil e China selaram novos acordos comerciais. A previsão é que o Banco da China – banco do Partido Comunista da China – conceda, aproximadamente, o equivalente a R$ 4 bilhões em Yuan para o BNDES, além da santificada transferência de tecnologia. O plano visa impulsionar projetos de infraestrutura e industriais em diferentes localidades do Brasil, como rodovias, aeroportos, portos, parques industriais. Uma das finalidades é viabilizar novas rotas que levem adiante a antiga busca pela chamada integração sul-americana, permitindo, sobretudo, a disseminação dos produtos chineses na região. Muitos proprietários brasileiros agradecem. Afinal, banco estatal e de fomento serve, sobretudo, para viabilizar empreendimentos empresariais e fortalecer os negócios das “empresas nacionais”. Para os idealizadores de tudo que carrega consigo o termo “público”, cabe escancarar o óbvio: bancos, sejam do Estado ou privados, servem, cada qual ao seu modo, para captar dinheiro em benefício dos proprietários, seja para projetos em parceria com a autoridade estatal ou especulação, prorrogação de dívidas, juros etc. Pouco importa.

… e mais créditos

O Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST), uma semana antes do início do G20, organizou reuniões com a finalidade de enviar, aos chefes de Estado, propostas que visam à massificação da chamada Reforma Agrária Popular. Foi-se o tempo em que movimento social protestava do lado de fora. Hoje em dia, classificados como produtores e empreendedores do campo, estão presentes nos chamados painéis sociais dos encontros multilaterais e em muitas outras reuniões. Uma de suas principais demandas é o acesso a tecnologias e maquinários que contribuam para o aumento da produção da agricultura familiar. Assim como as autoridades do Estado e os proprietários, também estão interessados em acordos comerciais que envolvam transferência de tecnologia para os seus empreendimentos. Ao considerá-las neutras, reiteram que o acesso à tecnologia trará incontáveis benefícios aos “produtores”. Ou melhor, trará incontáveis benefícios para suas cooperativas empresariais. Isso, sem dúvida, é imprescindível à lógica empresarial, seja de “cooperativas populares”, familiares, sustentáveis ou quaisquer denominações similares.

Fonte: https://www.nu-sol.org/wp-content/uploads/2024/11/flecheira789.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

é quase noitinha
o céu entorna no poente
um copo de vinho

Humberto del Maestro

Gaza como Laboratório da Barbárie: O Capitalismo e a Normalização do Extermínio

A guerra em Gaza, que já resultou, oficialmente, em mais de 44 mil mortes, é uma tragédia humanitária sem precedentes, representando uma autêntica política de extermínio praticada por Israel com o apoio, direto ou velado, de outras nações.

O massacre revela a lógica cruel de um sistema político-econômico em que a vida humana é subordinada a interesses econômicos e estratégicos, perpetuando um complexo sistema de desigualdade global. Essa realidade expõe, uma vez mais, a conivência de potências mundiais que, em nome de seus próprios interesses, silenciam ou justificam tamanha violência.

O que ocorre em Gaza pode ser interpretado como um laboratório para a implementação de estratégias de controle e aniquilação em larga escala, baseadas na lógica capitalista-militar. Em um sistema onde o lucro e o domínio são prioritários, a guerra torna-se uma ferramenta de gestão de populações, justificando violações de direitos humanos em nome da segurança e do desenvolvimento econômico. Gaza, cercada e bombardeada, torna-se um exemplo extremo dessa lógica desumanizadora.

Além disso, a indiferença internacional diante dessa carnificina demonstra como os direitos universais são seletivamente aplicados. Enquanto as potências globais condenam ações semelhantes em outros contextos, toleram ou promovem a violência em Gaza, evidenciando uma moralidade guiada por interesses políticos e econômicos. O silêncio ou apoio das instituições internacionais reforça a percepção de que a vida palestina tem menos valor no sistema capitalista global.

É essencial compreender que a destruição em Gaza não se limita a uma disputa territorial ou religiosa; trata-se de um experimento sistêmico.

As ferramentas de vigilância, controle e repressão testadas nesse contexto podem ser exportadas para outras partes do mundo, sempre que necessário. Essa guerra não é apenas contra os palestinos, mas contra todos que resistem, ou venham a resistir, a um sistema que coloca o lucro acima da dignidade humana.

União Anarquista Federalista – UAF

uafbr.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

Tangerina cai
e a casca ferida exala
gemidos de dor.

José N. Reis

[República Tcheca] Existence # 2/2024 | Revista da Federação Anarquista

Por Anarchistická federace | 8 de novembro, 2024

A edição de outono da revista Existence (“Existência”, em tradução livre) foi dedicada à pedagogia anarquista. Depois de 20 anos, estamos novamente tentando agitar uma discussão sobre a relação entre anarquismo e educação. Achamos que esse assunto é um tanto quanto negligenciado, então decidimos olhar para ele do começo de novo.

Em primeiro lugar, portanto, discutimos sua perspectiva filosófica: confrontamos o tópico da educação com a visão anarquista da natureza humana, aplicamos princípios anarquistas básicos a ele e nos perguntamos como os clássicos da teoria anarquista o abordaram. Expomos o propósito da educação institucionalizada administrada pelo Estado e os falsos mitos que a cercam, como seu suposto progresso, igualdade de oportunidades e potencial emancipatório. Não começamos perguntando como melhorar o sistema escolar, mas fazemos a pergunta fundamental se a escola como a conhecemos é mesmo necessária.

Isso nos leva a uma perspectiva anarquista – buscamos os pilares fundamentais de uma pedagogia anarquista e as ferramentas que podem ajudá-la. Não estamos tentando dar respostas claras, mas sim fazendo perguntas e aprendendo ao discutir o assunto. Ao mesmo tempo, buscamos inspiração prática em experimentos anarquistas (mas não somente) em educação, tanto do passado quanto do presente. Essas experiências apoiam nosso pensamento tanto quanto a teoria. Quando falamos de teoria, nos voltamos para aqueles que abordaram mais ou menos a questão da educação: Godwin, Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Ferrer, Goodman e Ward. Nas páginas de Existence, apresentamos livros que consideramos estimulantes em nossa discussão sobre educação: Anarchism and Education: a Philosophical Perspective [“Anarquismo e Educação: uma Perspectiva Filosófica”], de Judith Suissa, Free Women of Spain [“Mulheres Livres da Espanha”], de Martha A. Ackelsberg, Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, e Sociedade Desescolarizada, de Ivan Illich. Também fomos inspirados por essas obras e nos divertimos discutindo os desafios pedagógicos dentro do nosso movimento.

Além desse assunto principal, a revista oferece outras leituras interessantes. Relembramos como, há 32 anos, em Praga, os anarquistas espancaram os nazistas durante uma manifestação contra o fascismo. Yavor Tarinski apresenta sua ideia de cidades democráticas e ecológicas. Com Peter Gelderloos, refletiremos sobre soluções reais para a crise climática. Para o 100º aniversário do anarquista Colin Ward, trazemos um artigo crítico de Wayne Price.

Na seção de obituários, apresentamos os anarquistas que nos deixaram recentemente, incluindo Tsvetana Djermanova, Alain Pecunia, Alexandre Sant’Ana, Thodoras Meriziotis, Julien Terzics, Roman Legar, Ruslan Tereshchenko, Alexander Pustovitov, James C. Scott e Vladislav Yurchenko. Os textos dos jornais murais A3 abordam temas como clerofascismo, trabalho assalariado, governo antissocial e sindicatos incompetentes, a visita de Javier Milei a Praga, o capitalismo arco-íris e os distúrbios raciais. Apresentamos as atividades do movimento antiautoritário nacional, incluindo a manifestação do Primeiro de Maio e a feira de livros anarquista. A Federação Anarquista apresenta suas atividades e conclui esta edição, como sempre, com resenhas – desta vez com foco em 11 publicações.

DOWNLOAD: https://www.afed.cz/download/Existence_2_2024.pdf

Tradução > anarcademia

agência de notícias anarquistas-ana

depois de horas
nenhum instante
como agora

Alexandre Brito

[Espanha] O medo não nos salva. Juntas nos cuidamos. Juntas nos defendemos.

Nós nos acostumamos a viver com medo. Vivemos – ou melhor, sobrevivemos – alerta: alerta para chegar vivas e sãs a casa quando saímos pela noite, alerta para não cair em uma relação de violência machista, alerta para que não nos assediem, nos violentem, nos violem, nos assassinem. Nosso corpo sabe de memória que músculos se tensionam quando escutamos passos muito próximos de nós se caminhamos sós de noite. Nossas pulsações disparam quando lhe damos mil voltas a como enfrentarmos esse tio babão, a esse companheiro babão, a esse chefe babão. Suam as nossas mãos temendo nossa demissão se não sorrimos o suficiente, se não somos suficientemente complacentes, se não somos submissas. Ficamos sem ar se pensamos no momento em que na empresa se deem conta de que estamos grávidas. Nos sufocamos quando não sabemos com quem deixar nossas filhas enquanto fazemos jornadas maratonianas em condições precárias sabendo, também, que nossas pensões serão inferiores às dos homens.

Nos acostumamos tanto a viver com medo, que o medo já é uma parte de nós. E não é para menos: até agora, este ano, 82 mulheres foram assassinadas¹. Na Espanha se denunciam 14 violações por dia, quer dizer, uma a cada duas horas; e 55 agressões sexuais por dia, quer dizer, mais de duas a cada hora. Umas agressões que não deixam de aumentar, segundo o Balanço de Criminalidade do Interior, que assinala um aumento de quase cinco pontos mais que 2023². A isto, que é a ponta do iceberg, se unem as demais violências estruturais que vivemos no dia a dia: dificuldade de acesso ao emprego, precarização de setores feminizados (limpeza, cuidados,…), abuso de temporalidade, reduções de jornada por assumir tarefas de cuidados em maior medida que os homens, impunidade para os agressores e falta de reparação para as vítimas, questionamento de nossos relatos, abusos sexuais a menores e sexualização da infância, violência contra as mães protetoras, cortes nas pensões e na saúde e educação públicas, lugares que deveriam ser seguros nos quais diariamente se dão agressões machistas e, como se fosse pouco, a repressão: nossas companheiras de La Suiza, de CNT Xixón, condenadas a prisão por fazer sindicalismo, por ter apoiado a uma trabalhadora em luta pela dignificação de suas condições de trabalho. Nos lembramos neste dia contra as violências machistas das mulheres afegãs, das palestinas e das kurdas. Sua resistência é esperança para todas.

Por tudo isto, este 25N dizemos que sim, que, temos medo, mas o medo não nos salva. Nosso medo deu passagem à raiva e a alegria organizadas com nossas companheiras na CNT. Nosso medo se tornou motor de mudança, de reação contra o patriarcado e o capital, que nos asfixiam. Na CNT sabemos que juntas nos defendemos ante as agressões de um mercado laboral impiedoso e que juntas nos cuidamos dos agressores machistas fora de nossos espaços, e também dentro, porque somos mulheres que cuidamos de mulheres. Na CNT sonhamos e construímos mundos sem violências machistas e é que, de tanto medo, já quase nada nos assusta.

Nos querem sós e com medo, nos têm juntas e organizadas.

[1] https://feminicidio.net/listado-de-feminicidios-y-otros-asesinatos-de-mujeres-cometidos-por-hombres-en-espana-en-2024/

[2] https://efeminista.com/2024-datos-espana-violaciones/

www.cnt.es

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

primavera
mergulho na ilha
bela

Sílvia Rocha

[França] “Abaixo o Estado, a polícia e os fascistas!”

O Groupe Antifasciste Lyon et Environs (GALE) foi formado em 2013 após a morte de Clément Méric. Em 2022, o governo iniciou um processo para dissolver o grupo. A dissolução foi inicialmente suspensa pelo Conselho de Estado, mas foi finalmente aprovada em novembro de 2023. Em “À bas l’état, les flics et les fachos” (Abaixo o Estado, a polícia e os fascistas), Olivier Minot registra as palavras dos ativistas do GALE e conta quinze anos de lutas antifascistas, anarquistas e autônomas em Lyon.

Já falamos sobre Olivier Minot aqui, um entusiasta do rádio que frequentemente deixa seu microfone nas manifestações em Lyon. Desta vez, é a História Oral do GALE. que ele está nos oferecendo em forma de livro, publicado pela Burn Août. Esse relato fascinante analisa a última década pelos olhos de sete ativistas do Groupe Antifasciste Lyon et Environs [Grupo Antifascista Lyon e Arredores] e de outras vozes dissidentes com uma visão política ou estratégica diferente.

Esses protagonistas da luta antifascista relatam os muitos eventos que marcaram a vida política de Lyon nos últimos anos, até a perseguição policial e a dissolução do grupo em março de 2022, confirmada em novembro de 2023 pelo Conselho de Estado (e que atualmente está sendo contestada no Tribunal Europeu de Direitos Humanos).

De brigas e prisões a amizades e glórias, o livro é uma verdadeira virada de página, proporcionando uma melhor compreensão desses ativistas, mesmo que você não compartilhe necessariamente de todas as suas análises. Uma leitura obrigatória se você estiver interessado na vida política de Lyon.

Você pode fazer o download do livro (gratuito) no site da editora, encomendá-lo em sua livraria favorita ou na loja Burn-Août:

https://boutique.editionsburnaout.fr/fr/accueil/15–a-bas-l-etat-les-flics-et-les-fachos-.html

Fonte: https://villemorte.fr/a-bas-letat-les-flics-et-les-fachos/

agência de notícias anarquistas-ana

Trovão –
Ontem à leste,
Hoje a oeste.

Kikaku

[Espanha] Homenagem e recordação no Cemitério de Montjuic

Por María Carballo

Cemitério de Montjuic, 17 de novembro de 2024.

Buenaventura Durruti morreu de um ferimento de bala às quatro horas da manhã de 20 de novembro de 1936. Seu funeral foi realizado em Barcelona, acompanhado por milhares de pessoas enquanto ele era levado ao cemitério.

Em um local em Montjuic, há três túmulos com os nomes de Ferrer, Ascaso e Durruti com a seguinte inscrição: “eles simbolizam e nos lembram de tantas pessoas anônimas que deram suas vidas pelos ideais de liberdade e justiça social”.

Há mais de 20 anos, no domingo mais próximo do dia 20 de novembro, um pequeno ato de homenagem a Durruti é realizado em frente a esses túmulos no cemitério de Montjuic. A iniciativa partiu de Concha Pérez, Joaquina Dorado e Antonina Rodrigo, depois de verem um grupo de falangistas comemorando o 20N para lembrar Franco, que morreu no mesmo dia que Durruti.

Após a morte dos dois primeiros, Antonina continuou com a tradição e, junto com ela, um grupo de pessoas se reuniu em frente a esses três túmulos para lembrar deles e de tantas pessoas anônimas que lutaram e morreram pela liberdade.

Este ano, Antonina não pôde se juntar a nós por motivos alheios à sua vontade, mas estávamos lá, como todos os anos, com um grande número de simpatizantes libertários. Quatro pessoas estavam preparadas para falar: José Luís Ruiz, Sonya Torres, María Carballo e Laura Vicente.

José Luís leu um poema em memória de Ferrer Guardia, Ascaso e Durruti. Sonya Torres também dedicou a leitura de poemas aos homenageados, incluindo o “Romance a Durruti”, de Lucía Sánchez Saornil, enfatizando que as guerras no mundo continuam devastando lugares e massacrando pessoas. María quis enfatizar a importância de reivindicar as ideias anarquistas e a memória de tantas pessoas que deram suas vidas por um ideal: o anarquismo.

E Laura Vicente falou sobre a importância da história, ou história oculta, em nosso presente, mesmo que seja algo do passado.

Por fim, o microfone foi oferecido a quem quisesse contribuir e um voluntário nos falou sobre o anarco-veganismo.

Após os discursos, os companheiros do Ateneo Libertario de Gràcia nos convidaram para um vermute acompanhado de batatas fritas e azeitonas. Mas o mais importante é que esse foi o momento de confraternização entre todas as pessoas que estavam presentes e de aproveitar a homenagem anual para encontrar aqueles que ainda acreditam que os ideais anarquistas estão presentes, militantes de várias organizações que acreditam que um mundo melhor é possível e que as pessoas que lutaram por ele merecem nossa memória e admiração.

Partilhamos a poesia do nosso companheiro José Luís, como pequena amostra da cerimónia:

Poema em memória de Ferrer Guardia, Ascaso e Durruti

José Luís Ruiz

Y ahora, terribles y trágicos tiempos
que acometen por todos lados
y provocan desastres en todo el espacio,
en la esfera familiar, en las esteras
de los cuarteles, en las humildes viviendas.
En las almas.

.

Y cae la lluvia copiosa.
A mares, a raudales.
Cae y cayó por todos los callejones y arrabales.
La lluvia es una cosa que se acumuló
y que sin duda proviene del pasado.
Quien oye caer las gotas de lluvia
ha recobrado el tiempo en que la suerte venturosa
le regaló tres flores rojas llamadas rosas.
Esta lluvia que ciega los cristales
del patio de mi casa,
alegrará en primavera los arrabales, los jardines
y los huertos, las negras uvas de la parra
en el Patio que ya no existe.

.

La lluvia es un ruido de tejados
que deja la pena golpeando el pecho,
en el suelo,
sin amor y sin crepúsculo, y desnuda la ciudad.

.

La mojada tarde me trae la voz, la voz deseada.
Tiempos terribles de fango y muerte.
Fango y agua. Esperanza. En estos tiempos
de locura y maldad
y un arco iris que no
aparece por ningún cielo.
Pero llevamos un mundo nuevo en nuestros corazones.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2024/11/20/homenaje-y-recuerdo-en-el-cementerio-de-montjuic/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Trovão ribomba
Galinhas levantam a crista
de uma única vez!

Naoto Matsushita