[Espanha] CNT exigirá em Ciudad Real a libertação das 6 de La Suiza

No próximo domingo, 20 de julho, o sindicato CNT Ciudad Real convocou uma manifestação na Plaza Mayor de Ciudad Real com o objetivo de exigir a libertação das 6 de La Suiza. No último dia 10, as seis sindicalistas, condenadas a mais de três anos de prisão por exercerem ação sindical contra uma confeitaria, se entregaram voluntariamente após determinação do juiz Lino Mayo.
 
O Tribunal Supremo confirmou recentemente as penas individuais de dois anos de prisão por obstrução à justiça e um ano e meio por coação, além do pagamento de 150 mil euros como indenização ao proprietário da confeitaria La Suiza, em Gijón, que alegou ter fechado o estabelecimento devido aos protestos em frente ao local após a demissão de uma das hoje condenadas — mesmo tendo anunciado anteriormente que já havia decidido transferir o ponto.
 
Todos os sindicatos se reuniram na última quinta-feira na Plaza Mayor de Gijón para demonstrar apoio às “6 de La Suiza”.
 
Esperamos que todas as pessoas que consideram importante o nosso direito de defender as condições de trabalho e exercer ação sindical se juntem a nós no próximo domingo para demonstrar apoio às companheiras nesta situação difícil“, declarou Juan Carrascosa, secretário-geral do sindicato.
 
Exigimos que elas não passem nem mais um minuto na prisão. Não podemos permitir que isso aconteça e depois chamá-lo de democracia“, concluiu Laura Barriga, secretária de ação sindical.
 
DOMINGO, 20 DE JULHO
20h – PLAZA MAYOR
CIUDAD REAL
CONCENTRAÇÃO
 
Pela liberdade das 6 de La Suiza
ELAS NÃO LUTAVAM APENAS PELOS DIREITOS DELAS,
LUTAVAM PELOS SEUS TAMBÉM!!
 
ciudadreal.cnt.es
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Manhã gelada —
Duas borboletas azuis
voam pelo jardim.
 
Guin Ga Eden

[Grécia] Atenas: Companheiros acusados no caso “Conspiração Vingança/Resposta Armada” tentam escapar do tribunal tomando a arma de um policial

Como era de se esperar, mais uma vez a polícia (DAEB), em colaboração com os juízes corruptos, fez o que sabe melhor: “cozinhar”, manipular, montar os julgamentos e obter o resultado desejado. Assim, com grande audácia, o promotor Pappas Spyridon, em apenas uma hora, sem argumentos substanciais e sem uma imagem clara da situação, “embalou” a maioria dos acusados, atribuindo a cinco deles a acusação de 187A: organização terrorista. Um rótulo específico usado frequentemente pelo estado e pelo Judiciário para reprimir seus inimigos. Em outras palavras, aqueles que escolheram se opor ao canibalismo social, que se recusam a ser escravos dos patrões, que não aceitam que poucos governem os muitos, por uma vida de liberdade. Liberdade é um fundamento básico da vida; está na natureza do ser humano, e mais ainda dos prisioneiros, buscá-la.

Assim, na quinta-feira, 10/07, nos tribunais de Loukareos, alguns dos acusados escolheram o caminho da liberdade, mesmo com risco à própria vida. Apesar das medidas de segurança do aparato estatal e sem qualquer escrúpulo quanto às consequências dessa decisão, eles confrontaram os policiais, conseguiram tomar a arma de um deles e imobilizar outro. No entanto, ao tentarem libertar os demais acusados, os policiais se reagruparam e a tentativa de fuga foi frustrada.

Eles podem não ter conquistado a liberdade desta vez, mas conseguiram humilhar todo o sistema de segurança e seus policiais armados, enviando uma forte mensagem de solidariedade e mostrando que, com risco e vontade, tudo é possível. O que está escrito acima não é algo que se ouvirá ou lerá na mídia manipuladora, ela sabe muito bem como encobrir os erros e sujeiras de seus patrões.

P.S.: Palavras de grandes papagaios jornalísticos.

A liberdade de expressão é um direito sagrado e inviolável em uma democracia.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1637089/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Nos olhos da libélula
refletem‑se
montanhas distantes.

Issa

Governo Lula 3 estuda comprar usinas nucleares flutuantes para uso na Amazônia

O ministro Alexandre Silveira – Ministro de Minas e Energia do governo Lula 3 – já defendeu a instalação de reatores nucleares na Amazônia para abastecer comunidades com energia elétrica. Algo que parece insano, tanto pelos riscos como pelo alto custo da fonte. Mas o pior é que há um fundo de verdade nesses planos.

Segundo a Folha de S. Paulo, o governo estuda comprar usinas nucleares flutuantes para uso na Amazônia, ofertadas pela ROSATOM, estatal da Rússia, no escopo da aproximação entre os dois países no segmento atômico. A ROSATOM ainda quer aprofundar a parceria iniciada em março para a exploração conjunta de urânio na mina de Caetité, na Bahia.

>> Rússia oferece usinas nucleares flutuantes para a Amazônia, leia mais aqui:

https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/mundo/russia-oferece-usinas-nucleares-flutuantes-para-a-amazonia/

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agência de notícias anarquistas-ana

No telhado ao lado,
Sinfonia de pardais —
Ah… chuva vernal!

Teruko Oda

Mercado da Morte | Brasil bate novo recorde de exportações de produtos da indústria bélica

A indústria bélica do Brasil atingiu um novo recorde no primeiro semestre do ano, com exportações de US$ 1,31 bilhão; índice representa 73% do recorde de 2024
 
A indústria bélica do Brasil continua consolidando sua posição como um player-chave no comércio internacional do setor, atingindo um novo recorde de exportação de US$ 1,31 bilhão durante o primeiro semestre do ano. Esse montante representa 73,6% do total exportado ao longo de 2024, ano que já havia batido recorde histórico com US$ 1,78 bilhão, o melhor resultado em mais de uma década.
 
Atualmente, o Brasil exporta produtos e serviços de defesa para cerca de 140 países em todos os continentes. Entre os itens mais exportados estão aeronaves, peças e componentes, armamentos leves, munições, armamentos não letais e serviços de engenharia em produtos de defesa.
 
A crescente, segundo o Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa do Governo Lula, Heraldo Luiz Rodrigues, é reflexo de um setor cada vez mais competitivo, além da busca constante pela autonomia e por oportunidades comerciais dentro e fora do país. “Desempenhamos um papel fundamental no auxílio às exportações de produtos de defesa, o que abrange o desenvolvimento tecnológico necessário para que os produtos sejam de última geração, financiamentos e seguros e auxílio comercial e propaganda dos produtos da nossa Base Industrial de Defesa (BID)”.
 
A BID possui em seu portfólio 283 empresas e 2064 produtos cadastrados no Ministério da Defesa, como aeronaves, embarcações, soluções cibernéticas para proteção de dados, radares, sistemas seguros de comunicação e armamentos.
 
Fonte: agências de notícias
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Fronteira apagada:
o rio beija a montanha,
o mapa é uma piada.
 
Liberto Herrera

[Reino Unido] Você não pode prender um Arsène Lupin!

Uma homenagem ao “ladrão cavalheiro” de Maurice Leblanc, um ícone cultural anarquista
 
Maurice Schuhmann ~
 
Em 15 de julho de 1905, foi publicada na revista francesa de divulgação científica Je sais tout a primeira história protagonizada pelo ladrão cavalheiro Arsène Lupin. Escrita por Maurice Leblanc e inspirada na famosa Strand Magazine e nas histórias de Sherlock Holmes, A prisão de Arsène Lupin introduziu um novo herói pulp francês. Como homenagem à inspiração britânica, Lupin enfrenta repetidamente o mestre detetive Herlock Sholmes e, fiel ao seu lema, sempre consegue escapar: “Você não pode prender um Arsène Lupin!”
 
Arsène Lupin é uma das figuras mais conhecidas da cultura pop originadas na França. Durante sua vida, Maurice Leblanc escreveu 20 romances, duas peças de teatro e mais de 30 contos com seu brilhante ladrão. Adaptações para o cinema, séries de televisão e versões em quadrinhos surgiram desde cedo. Hoje, as histórias existem também no mangá de Takashi Morita, e a juventude de Lupin foi adaptada para livros e HQs infantis.
 
Mas Arsène Lupin foi além de fundar um novo gênero dentro do romance policial francês. Por meio de seu personagem, cujo nome seria uma provocação ao vereador parisiense Arsène Lopin, que Leblanc desprezava, o autor também expressou sua simpatia pelo anarquismo. Lupin desafia constantemente as instituições do Estado e rouba membros da elite, isto é, aqueles que lucram com a sociedade capitalista, escapando repetidamente das mãos da lei. É quase uma forma de luta de classes, uma postura especialmente evidente em histórias como A Agulha Oca (L’Aiguille creuse) e 813.
 
Contudo, ao contrário da prática comum entre os ilegalistas anarquistas da época, que doavam parte de seus saques para as famílias de companheiros presos ou para causas anarquistas, Lupin guarda seus espólios. Segundo A Agulha Oca, ele os esconde nas falésias de Étretat.
 
Durante muito tempo, circularam rumores de que o personagem de Leblanc teria sido inspirado na vida do ilegalista francês Marius Jacob, o chamado travailleur de nuit (“trabalhador noturno”). Pouco antes da primeira história de Lupin ser publicada, Jacob havia sido julgado em Paris. Embora pesquisas mais recentes tenham em grande parte refutado essa teoria, há muitas semelhanças marcantes entre o herói pulp e as práticas dos ilegalistas franceses da época.
 
Hoje, a fama de Arsène Lupin foi comercializada sem pudor. A antiga casa de Maurice Leblanc em Étretat foi transformada em museu dedicado a ele, e fãs podem seguir os passos do mestre ladrão usando um aplicativo no estilo Pokémon Go. Mas embora as aventuras de Lupin tenham gerado inúmeros derivados, suas implicações anarquistas são frequentemente ignoradas.
 
Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/07/15/you-cannot-arrest-an-arsene-lupin/
 
Tradução > Contrafatual
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
no canto da janela
nova linha do horizonte:
o fio da aranha.
 
Tânia Diniz

[Espanha] Entrevista com a pesquisadora Lucía Campanella, curadora da exposição “Moldeadoras da Ideia: mulheres na cultura impressa anarquista”

Boa tarde, Lucía. Passados alguns meses desde a realização do congresso e da exposição em nossa Fundação, qual é a lembrança que você guarda de todo o turbilhão organizativo?
 
Turbilhão é a palavra certa! Com María Migueláñez, trabalhamos muito desde junho de 2023 para organizar o congresso, que são eventos geralmente planejados com um ano de antecedência, mas no nosso caso tínhamos menos tempo. Em dezembro daquele ano, a quatro meses do congresso, acrescentamos a ideia da exposição na Fundação Anselmo Lorenzo e Jordi Maíz entrou para a equipe. Então, esses últimos quatro meses, desde o final de 2023 até o momento da inauguração do congresso e da exposição, em março de 2024, foram realmente muito intensos. Destaco desse período principalmente o trabalho colaborativo com María e Jordi, que foi enriquecedor e prazeroso, apesar de tudo estar muito corrido. É importante lembrar que fizemos quase tudo online, porque estávamos divididos entre Madrid, Baleares e Barcelona (eu também passei um tempo no Uruguai, nesse meio tempo). Durante esse período, contamos com a colaboração da Fundação, especialmente de Juan Cruz, de todos os autores e autoras dos textos do catálogo, que trabalharam sob muita pressão, do nosso diagramador José Luis Corrales e do nosso impressor Israel Domíngues. Foi um esforço conjunto e, apesar de exaustivo, foi reconfortante saber que éramos muitos e muitas a pensar que esses eram eventos importantes, que valiam a pena dedicar tempo e trabalho.
 
Tanto o congresso quanto a exposição serviram para reunir o trabalho de muitos pesquisadores e pesquisadoras que estão resgatando o papel das mulheres no mundo do livro e da imprensa anarquistas. Por nossa parte, achamos necessário que todo esse trabalho permeie a própria militância anarquista atual. Como você acha que seu trabalho pode ser divulgado em fóruns não especializados em pesquisa acadêmica?
 
Essa é uma pergunta crucial. Já fizemos várias coisas nesse sentido, mas sempre é possível fazer mais. Por exemplo, oferecemos uma série de visitas guiadas à exposição e participamos da feira do livro de Madrid no estande da FAL, assim como na feira do livro anarquista de Bilbao, onde Sonia Turón apresentou o catálogo. Também fizemos uma entrevista para a Píkara, que depois foi replicada em inglês no site da Freedom. Nos encarregamos de que o catálogo chegasse a pessoas e bibliotecas de diversos âmbitos, e continuamos distribuindo sempre que temos oportunidade. Com María, agora estamos no difícil processo de editar dois livros a partir do trabalho do congresso, e um deles foi pensado para um público mais geral. Estamos abertas a continuar conversando sobre isso sempre que houver oportunidade, para alcançar mais pessoas.
 
O redescobrimento do papel desempenhado pelas mulheres historicamente no movimento libertário está sendo impulsionado por diversas iniciativas, promovido por coletivos muito distintos, desde o âmbito militante até o mundo acadêmico. Na sua opinião, e correndo o risco de ser simplista, quais seriam os traços predominantes das mulheres que, pelo menos até 1939, participaram do mundo editorial anarquista?
 
É difícil dar uma resposta geral, mas acho que, a partir do que ouvimos no congresso e vimos na exposição “Moldeadoras da Ideia”, posso dizer algumas coisas, mesmo que não se apliquem a todas elas. A primeira, para mim, tem a ver com o poder da educação, considerando o que essas mulheres alcançaram, seja com uma instrução básica ou mais avançada, ou sendo diretamente autodidatas. Sem dúvida, essa é uma característica de todo o movimento anarquista, mas não deixa de me impressionar, porque até meados do século XX, o fato de uma mulher ser tão ou mais educada que um homem era algo incomum, e para isso era necessário uma série de coincidências, mas principalmente uma enorme vontade da parte delas. Uma segunda coisa seria a importância das configurações familiares e de casal, do mundo dos vínculos em geral. Muitas dessas mulheres foram criadas em lares anarquistas ou criaram esses lares depois. O fato de fazerem parte dessas configurações, por um lado, contribuiu para sua formação, sua cultura política e sua capacidade de ação e influência, mas também para sua invisibilidade. Especialmente nos casais heterossexuais, há vários casos de homens e mulheres anarquistas que se potencializaram mutuamente, que faziam um verdadeiro trabalho em equipe, mas onde apenas, ou principalmente, a figura do homem é a que se destaca e é lembrada. Um terceiro elemento poderia ser como, na cultura impressa, que exigia pessoas para cumprir diversas funções, as mulheres fizeram valer o que sabiam ou o que tiveram que aprender no caminho, desde compor páginas até cobrar assinaturas, escrever e traduzir textos. Nessa cultura impressa, tão central para o movimento anarquista, elas abriram espaço e a transformaram substancialmente.
 
Já focando no maravilhoso catálogo da exposição, quais são as contribuições mais importantes dele no contexto da bibliografia especializada na relação entre as mulheres, o mundo cultural e o anarquismo?
 
Acho que a contribuição pode ser vista em dois níveis: o primeiro tem a ver com o trabalho de busca que foi feito nos ricos acervos da Fundação, com o apoio fundamental de Juan Cruz. Um arquivo cheio de tesouros, e aqueles que se aproximam dele nunca saem de mãos vazias, mas desta vez éramos três pessoas, com conhecimentos e expertises diferentes, o que nos permitiu encontrar ou recuperar objetos de arquivo muito diversos, e complementá-los com alguns de nossas próprias coleções ou com objetos cedidos por outras instituições e pesquisadores. É uma maneira de dar vida aos acervos que nunca havia experimentado e que acho que conseguimos transmitir no catálogo, onde parte desses materiais selecionados é reproduzida. A segunda contribuição tem a ver com a convocação de especialistas em cultura anarquista, muitos de longa trajetória, e a solicitação de um tipo de texto peculiar: que fosse breve, mas ao mesmo tempo não centrado em um único caso, sobre um tema que pudesse ter um alcance quase global no que diz respeito às mulheres na cultura anarquista. A maioria desses pesquisadores publica frequentemente em diversos meios, o que foi distintivo foi tê-los juntos, poder publicá-los em espanhol e acompanhados pelas imagens da exposição.
 
Tanto você quanto os outros dois curadores da exposição, María Migueláñez e Jordi Maíz, trabalham há muito tempo com temas libertários no âmbito da pesquisa acadêmica. Qual é o estado dos estudos sobre o anarquismo no âmbito universitário? Você acha que há diferenças significativas entre a Europa e a Ibero-América?
 
Na minha experiência, que é menos longa que a dos meus colegas, o campo dos estudos anarquistas varia muito de um lugar para outro, e aqueles que trabalhamos com esses temas formamos redes porque nem sempre temos pesquisadores trabalhando com temas afins por perto. Na minha universidade de origem, no Uruguai, há um grupo de colegas que vem se dedicando a isso de maneira muito sistemática, então tive muita sorte de tê-los por perto quando comecei. A proximidade com Buenos Aires ajuda muito, porque há outros pesquisadores lá, muitos vinculados ao Cedinci, que se inserem em uma tradição de estudos anarquistas no Cone Sul. Essa tradição vem de longe, mas ultimamente pode ser vista na organização de congressos de pesquisadores que ocorreram desde 2017, primeiro na Argentina, depois no Uruguai, e no Brasil, o próximo será em 2025 no Chile. Tudo isso fala de uma boa saúde da área, em um contexto em que – talvez não seja necessário lembrar – fazer pesquisa é cada vez mais difícil e as condições de trabalho dos universitários são pouco confortáveis, pelo menos em comparação com outros lugares. Conheço pouco do desenvolvimento do campo em outras áreas da América Latina, então não sou uma informante qualificada além da região.
 
No nível europeu, não é fácil generalizar porque cada país tem sua situação particular, que às vezes se resume ao que acontece em alguns departamentos ou universidades. Posso dizer que este ano foi realizado o oitavo congresso da Anarchist Studies Network, na Universidade de Ulster, em Belfast, Irlanda. Desta vez não pude participar, mas pelo que li, foi muito concorrido e com muitas apresentações interessantes, principalmente de reflexão sobre conceitos anarquistas. No ano passado, no encontro de Saint-Imier, pude ver também como indivíduos e coletivos investigam e transmitem a história mais recente do anarquismo. Nesses âmbitos, em geral, convivem pesquisadores independentes e associados a universidades. E, além de discordâncias e diferenças entre os estilos de uns e outros, acho que há uma mútua nutrição que é boa e vale a pena promover.
 
Para finalizar, você pode nos contar com um pouco mais de detalhes quais são seus projetos de pesquisa atuais?
 
No momento, estou no segundo ano de uma pesquisa financiada que tem como objeto as traduções literárias na imprensa anarquista de várias cidades do espaço atlântico, na virada do século. É um tema que venho trabalhando para a imprensa do Rio da Prata e que agora estou tentando ampliar, usando ferramentas das humanidades digitais para abranger um volume significativo de periódicos, em vários idiomas. Tem sido um desafio aprender a trabalhar com certas ferramentas e, principalmente, incorporar a lógica da análise em grande escala. Em breve, espero poder compartilhar algumas das descobertas e tirar conclusões gerais que possam ser úteis para as pessoas interessadas.
 
Muito obrigada.
 
Obrigada a vocês!
 
Fonte: https://fal.cnt.es/entrevista-a-lucia-campanella/
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
o sapo, num salto
cresce ao lume do crepúsculo
buscando a manhã
 
Zemaria Pinto

[Alemanha] Maja encerra a greve de fome

Hoje, 14 de julho de 2025, Maja encerrou sua greve de fome após 40 dias. Maja está gravemente enfraquecida. Sua frequência cardíaca chegou a cair para 30 em alguns momentos. Foram considerados possíveis desmaios e até paradas cardíacas, e temia-se por danos irreversíveis aos órgãos.
 
Até o último momento, as autoridades húngaras ignoraram o pedido de Maja para voltar para casa. Até mesmo a transferência para prisão domiciliar foi negada. Mesmo no hospital da prisão, Maja permaneceu em completo isolamento 24 horas por dia.
 
O pai de Maja, Wolfram Jarosch, afirma:

“O Tribunal Constitucional Federal determinou que a extradição viola o direito fundamental garantido pelo artigo 4º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (proibição da tortura). Essa violação dos direitos fundamentais já dura mais de um ano. Desde então, meu/minha filh tem sido torturad psicologicamente através do isolamento. Na Hungria não há um julgamento justo, mas sim uma espécie de farsa judicial. França e Itália se recusaram a extraditar para a Hungria. Giorgia Meloni se envolveu pessoalmente no caso de Ilaria Salis, em situação semelhante. O senhor Wadephul afirmou que agora quer finalmente defender também Maja. Agora esperamos os resultados. O Estado de Direito precisa ser restaurado; Maja deve voltar para a Alemanha!”
 
Após quase seis semanas em jejum, Maja precisa voltar a se alimentar lenta e cuidadosamente para evitar os sintomas potencialmente letais da síndrome da realimentação.
 
Como Comitê de Solidariedade, família de Maja e apoiadores, estamos orgulhosos de Maja. Com força incrível, espírito de luta e determinação, mesmo sendo mantida em isolamento em um país estrangeiro, Maja perseverou e atraiu atenção tanto nacional quanto europeia.
 
A luta por justiça continuará. Não abandonaremos Maja e não pararemos até que ela esteja novamente conosco.
 
Maja e nós gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão a todxs que nos apoiaram – emocional, moral, política e concretamente. Essa solidariedade em ação é o que nos dá força.
 
Comitê de Solidariedade pela Greve de Fome de Maja
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
fecho um livro
vou à janela
a noite é enorme
 
Carol Lebel

[Chile] Convocatória | Te interessa a educação libertária?

Estamos convocando famílias, compas e participantes de oficinas que sejam afins às práticas educacionais anárquicas, antipatriarcais e antiautoritárias. Nosso chamado é para que se juntem ativamente à proposta e aos desafios que estamos levantando a partir da Eskuela Libertaria del Sur.

Registre-se no link: https://forms.gle/R6zogq34yVGNCcGZ9

Data: sexta-feira, 01 de agosto, às 18:30 horas

No momento, estamos funcionando na Casa Anarquista La Termita, em Santiago, perto do popular e histórico bairro Matta Sur.

Para obter mais informações, escreva para nós em eskuelalibertariadelsur@gmail.com

CONTRA O SISTEMA ESCOLAR AUTORITÁRIO E PATRIARCAL

EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA! AUTONOMIA E AFINIDADE

Eskuela Libertaria del Sur

Santiago, Vale do Maipo

Anarquismo e Educação desde o Sul Global

agência de notícias anarquistas-ana

As mãos que se esfregam
O vapor que sai da boca —
É dia de inverno.

Bernard Waldman

[Alemanha] Berlim: carro da empresa Stölting incendiado

Solidariedade com Maja e com todas as pessoas presas – carro da empresa Stölting incendiado

Na noite de 12 para 13 de junho, um carro pertencente à empresa Stölting foi incendiado.

O grupo Stölting é uma empresa de serviços que se apresenta, entre outras coisas, como uma alternativa externa para a gestão, alimentação, tratamento médico, cuidado e apoio a prisões; propõe assumir determinadas áreas ou até mesmo a administração completa de estabelecimentos prisionais.

No passado, o grupo Stölting também foi associado a práticas antissindicais. Trabalhadores chegaram a receber ofertas de dinheiro para sair do sindicato.

Com os diversos papéis que desempenham nas prisões, eles sustentam um sistema baseado na punição de pessoas que não se integram à lógica da exploração capitalista, tentando quebrá-las por meio do isolamento.

As prisões são uma das muitas ferramentas repressivas do Estado para impedir ações de resistência e intimidar quem utiliza contra-violência.

Atualmente, na Alemanha, há mais companheiros presos do que nos últimos trinta anos. O Estado está agindo com rigor contra todos os que colocam em questão seu monopólio da violência.

O movimento antifascista está atualmente no centro das investigações, mas também estão preses preventivamente anarquistas como M. e N., de Munique, e Daniela Klette (ex-integrante da RAF, presa em fevereiro de 2024 e atualmente em julgamento).

Na Grécia, os anarquistas Marianna, Dimitra, Dimitris e Nikos estão em prisão preventiva após a explosão ocorrida em 31 de outubro de 2024 em um apartamento em Atenas, que custou a vida do combatente anarquista Kyriakos Xymitiris.

Eles estão sendo acusados de pertencer a uma organização terrorista, como acontece frequentemente, o simples fato de se conhecerem é criminalizado, visando satisfazer o apetite das autoridades responsáveis pelo inquérito, sempre em busca de mais suspeitos.

Na Hungria, Maja iniciou uma greve de fome em 5 de junho de 2025, em protesto contra o confinamento solitário, as condições prisionais e para exigir prisão domiciliar ou ser deportade de volta à Alemanha.

Para pessoas presas, a greve de fome é muitas vezes o último recurso de resistência. Colocam sua saúde e até a vida em risco, usando o próprio corpo como última arma contra o sistema repressivo.

Todas as pessoas que resistem e lutam nas prisões merecem nossa solidariedade. Espancar nazistas, explodir prisões, incendiar carros da polícia são todas práticas de resistência que só podem continuar a viver graças ao apoio nas ruas e à defesa de nossas ideias por todos os meios.

Contra a sociedade carcerária. Liberdade para todas as pessoas presas!

Fonte: http://kontrpolioglnxrcdwwxfszih4pifyidfjgq4ktfdu6uh4nn35vjtuid.onion/1595

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Convite ao silêncio —
O som das folhas secas
pisadas na trilha.

Carlos Martins

Laylah Ziyarah | Hani é o bebê mais novo da Faixa de Gaza a perder uma perna nesta guerra.

Laylah, uma mãe de 29 anos com quatro filhos, do bairro a-Tufah na Cidade de Gaza, contou como a perna de seu bebê foi amputada e relatou a luta para salvar sua vida em meio a bombardeios e deslocamentos forçados:
 
“Até o início da guerra, eu morava em nossa casa no bairro a-Tufah, na Cidade de Gaza, com meu marido, Muhatdi Ziyarah, de 39 anos, e nossos três filhos: Mira, de 10 anos, Muhammad, de 7, e Celine, de 2. No primeiro dia da guerra, fomos para a casa dos meus pais no mesmo bairro, porque nossa área foi fortemente bombardeada. Ficamos com eles por cerca de 40 dias, mas quando aquela região também se tornou perigosa, decidimos evacuar para o sul.
 
Saí do norte de Gaza com meu marido, meus filhos e meus pais, sob intenso bombardeio e ataques aéreos. No caminho, vimos coisas horríveis: corpos desmembrados, cabeças decepadas e intestinos espalhados pelo chão. Caminhamos pela Rua Salah a-Din, carregando pouquíssimos pertences. Cruzamos a pé o posto de controle de Netzarim e continuamos a caminhar por uma longa distância. Chegamos à casa de amigos em Khan Yunis e ficamos lá por cerca de 17 dias. Quando os bombardeios pioraram, tivemos que fugir novamente, outra vez sob fogo. Naquele dia, foi um milagre termos sobrevivido, pois o bombardeio durou duas horas sem parar. Parecia que estavam atirando dentro da casa.
 
Depois, nos mudamos para uma cabana no Campo de Refugiados de al-Maghazi e ficamos lá por cerca de 20 dias em condições extremamente difíceis, com quase nenhuma comida ou água. Em seguida, mudamo-nos para Deir al-Balah, onde vivemos em uma tenda por três dias, e depois fomos para a área de al-Mawasi, em Rafah, onde ficamos por cinco meses. O deslocamento de um lugar para outro foi um pesadelo por si só.
 
Então, em 19 de janeiro de 2025, o cessar-fogo começou e voltamos para o norte. Eu estava grávida de nove meses, então viajamos de carro em vez de a pé. No posto de controle de Netzarim, esperamos quase 38 horas sem banheiro, comida ou água. Foi um dos dias mais difíceis da minha vida.
 
Finalmente, conseguimos voltar para nossa casa em a-Tufah. Algumas semanas depois, em 22 de fevereiro de 2025, dei à luz Hani. A alegria foi imensa. Disse a ele que nos trouxe esperança, porque nasceu quando a guerra tinha acabado. Mas a alegria não durou muito. Menos de um mês depois, a guerra recomeçou com ainda mais brutalidade. A casa ao lado da nossa foi bombardeada, e fomos resgatados dos escombros, cobertos de poeira. O rosto de Hani estava negro por causa dos detritos.
 
Voltamos para a casa dos meus pais. Estávamos em oito pessoas ali. No dia 21 de junho de 2025, a casa foi bombardeada enquanto estávamos dentro. Naquele momento, eu estava sentada amamentando Hani com as crianças e minhas irmãs. Houve uma explosão enorme. Ouvi paredes desabando, pedras caindo, vidros estilhaçando, e então uma fumaça espessa e uma escuridão total. Não conseguíamos nos ver. Ouvi vozes gritando, chorando, perguntando: “Está todo mundo bem? Quem se feriu?”
 
Toquei a cabeça de Hani, depois seu corpo. Quando cheguei à perna direita, ela simplesmente não estava mais lá: se desprendeu na minha mão. Comecei a gritar por ajuda. Não havia ambulâncias. Levaram Hani de mim e o carregaram a pé até o Hospital al-Ma’madani. Fui atrás deles. Lá nos disseram que a perna direita dele foi arrancada até o quadril e que talvez fosse preciso amputar a esquerda também. Estávamos certos de que Hani não sobreviveria.
 
Hani passou por várias cirurgias no hospital para tratar o coto da perna direita, retirar estilhaços do sistema digestivo e da bexiga, e cuidar de um ferimento profundo nas nádegas e na perna esquerda, que estava muito ferida. Depois foi transferido para o Hospital Amigos do Paciente, no bairro a-Rimal, onde ficou três dias na UTI. Após mais dois dias lá, voltamos para o Hospital al-Ma’madani, onde ainda estamos. Estou lá com ele, e meu marido está em uma tenda no oeste da Cidade de Gaza com nossos outros filhos e meus pais.
 
Ainda estou amamentando Hani, mesmo sendo muito difícil por causa dos ferimentos dele. Às vezes complemento com fórmula, quando consigo encontrar. É muito cara e difícil de obter, como tudo o mais. Saímos de casa sem nada. Sem roupas, sem documentos. Mas não vou desistir do Hani. Estou dando a ele tudo o que posso.
 
No hospital, limpam os ferimentos dele uma vez por dia na sala de cirurgia, sob anestesia. Sua região pélvica está constantemente em risco de infecção por estar muito próxima ao reto e à uretra. Ele passou por outra cirurgia no abdômen e agora tem uma estomia. Está em estado muito grave. Ele precisa urgentemente de tratamento fora da Faixa de Gaza, porque o hospital não consegue oferecer o cuidado adequado, não há medicamentos nem analgésicos. Hani sente dores terríveis o tempo todo. Chora sem parar. Estou implorando por ajuda. Preciso tirá-lo da Faixa de Gaza para salvar sua vida.”
 
Hani é o bebê mais novo da Faixa de Gaza a perder uma perna nesta guerra.
 
Depoimento dado à pesquisadora de campo da B’Tselem, Olfat al-Kurd, em 1º de julho de 2025.
 
Fonte: https://www.btselem.org/voices_from_gaza/laylah_ziyarah
 
Tradução > Contrafatual
 
Conteúdo relacionado:
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Por sobre o telhado
O gato arrasta a velhice
Tomando banho de sol
 
Písce Roizenblit

[Alemanha] Convocatória: Venha para o bairro anarquista no Acampamento Rheinmetall Entwaffnen em Colônia, de 25.08.-31.08.2025

Anarquistas no Movimento Anti-Guerra! Difundam as ideias anarquistas pelo povo! Contra a Guerra, contra o colonialismo, contra a exploração, contra a dominação!

Convocamos a presença de indivíduos e grupos antiautoritários, autônomos e anarquistas para o Acampamento Rheinmetall Entwaffnen, de 25 a 31 de agosto de 2025, em Colônia. A proposta é nos organizarmos de acordo com nossas ideias de uma sociedade livre, de forma auto-organizada e horizontal, a partir da base.

Com o medo e a raiva da guerra, cresce a oposição contra aqueles que a provocam. Com ideias antagônicas, cresce o potencial de resistência. Na resistência, na busca por alternativas para combater os ataques dos estados e do capital contra nós, há espaço para o movimento radical de libertação, que espalha suas ideias de solidariedade, igualdade e liberdade.

O militarismo e o belicismo visivelmente crescentes não são um fenômeno isolado ou uma perversão do sistema. São a verdadeira face do capitalismo e de uma sociedade autoritária e patriarcal. É uma condição contínua do mundo, onde ideias de lucro e exploração dominam profundamente o território, as vidas e as relações. Enquanto em muitas partes do mundo a guerra é reconhecida, mas também contestada como uma normalidade cruel, outras partes, como a Europa Central, enfrentam agora a nova realidade de um sistema que abandonou quase totalmente a sua fachada.

Mas mesmo essa fachada se mostrou muitas vezes frágil e vulnerável quando o sistema subjacente de opressão e dominação foi alvo de contra-ataques. As lutas contra a gentrificação, a destruição ambiental, o patriarcado, o racismo, o nacionalismo e o colonialismo mostraram repetidamente a verdadeira face desse sistema e suas estruturas de poder, que tratam a terra e a vida apenas como uma fonte de acumulação de capital e travam uma guerra contra qualquer obstáculo em seu caminho.

A gentrificação e a destruição ambiental nada mais são do que o enfraquecimento sistemático das pessoas, de suas necessidades básicas e de suas relações, com o objetivo de torná-las governáveis. O patriarcado e o racismo, em sua essência, são um sistema que destrói a solidariedade entre nós, dividindo-nos com base em nossa origem e em características biológicas e psicológicas. O nacionalismo e o colonialismo estão profundamente ligados a isso e são uma condição necessária da sociedade para submeter outros à invasão, exploração e destruição.

Como anarquistas/autônomos, sempre nos opusemos e sempre lutaremos contra todas as formas de opressão e exploração, devemos combater o militarismo. Não para amenizar esta ou aquela sociedade estatista em seu entusiasmo imperialista e chauvinista, mas para sermos uma oposição radical que enfraqueça e sabote novos massacres em massa e genocídios contra o inimigo externo e a divisão, integração e extinção da classe interna. Em solidariedade prática como pessoas que sofrem com a inflação, cortes sociais e salariais, trabalho forçado, autoritarismo e suas tecnologias, gentrificação, patriarcado… e em solidariedade prática com pessoas que enfrentam o imperialismo, o colonialismo e o genocídio principalmente na forma de bombas, drones, tanques, software e assim por diante.

Portanto, não precisamos inventar novos caminhos, novas ferramentas ou estratégias. Propostas suficientes têm sido feitas nos últimos tempos. Desde sabotar a indústria bélica e a infraestrutura até organizar intervenções e manifestações contra eventos como o próximo dia dos ex-combatentes em Berlim, passando por destruir ou se opor a eventos de recrutamento em locais públicos e oficiais em escolas, bem como à propaganda militar – cada ação, pequena ou grande, conta e contribuirá para algo que tem o potencial de se tornar um movimento poderoso, como já vimos muitas vezes no passado. Em Colônia, teremos tempo e espaço para nos inspirarmos mutuamente, compartilhar habilidades, estabelecer ou fortalecer redes de resistência e confrontar praticamente algumas das empresas mais notórias que lucram diretamente com o belicismo e o massacre.

A luta e as memórias de gerações de companheiros que viveram e morreram pela causa da vitória contra a guerra das ditaduras e democracias contra o povo iluminarão nossos caminhos e fortalecerão nossa própria dedicação.

É também em memória deles que convocamos uma convergência de anarquistas e antiautoritários de todos os tipos em Colônia, em um espaço anarquista/autônomo dentro do Rheinmetall Entwaffnen Camp.

EMAIL: abarrio@systemli.org

INFO: https://anarchistbarrio.noblogs.org

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Tendo a ser, mas pouco:
resta ainda um tempo
que me espera e reclama.

Thiago de Mello

[Chile] Chamado para um Agosto Negro em memória dxs companheirxs Lupi, Tortuga e Belén

Há quase um ano, a morte levou deste plano três valentes guerreirxs, com dias de diferença, cada umx com suas particularidades, experiências e contribuições para a luta antiautoritária, tendo em comum entre elxs o trânsito na ofensiva ilegalista contra o mundo do poder e seus cúmplices.

A nossos afins, aos anônimos insurgentes onde quer que estejam, àqueles que, através de ideias e práticas antagônicas ao poder, continuam contra todo canto de derrota. Este é um chamado para se encontrar com xs companheirxs por meio de suas contribuições, escritos e ações. É um convite para conhecê-lxs, reconhecê-lxs e dialogar através da ação.

Não há dúvida de que há dor, frustração e raiva após suas partidas — como tantxs outrxs companheirxs — mas aprender desses sentimentos, mergulhar neles para seguir no caminho do confronto, é vital. E é nesse caminho escolhido que xs companheirxs continuarão a ser impulsos que desafiam a autoridade, a construir novas formas de nos relacionarmos e a viver como desejamos aqui e agora.

A luta anárquica e outras tendências revolucionárias conhecem bem os golpes, e, embora nestes casos xs companheirxs não tenham partido no próprio confronto, isso nos desafia a multiplicar suas histórias, impregnadas de coragem e determinação, de atos concretos que poucos se atrevem a trilhar — e isso sempre será digno de ser resgatado e propagado.

Às portas de agosto, um ano após a partida física de Luciano Balboa “Lupi”, Luciano Pitronello “Tortuga” e Belén Navarrete, nosso chamado é para tingir o mês de negro, com ação e propaganda, com o que tivermos em mãos. Que a memória anárquica — que não reconhece ídolos nem mártires — se reafirme em nossos espaços e nas ruas, com amor e ímpeto.

Sozinhx ou acompanhadx, com seus afins e cúmplices, faça sua contribuição, deixe sua marca, aja como achar correto. O tempo é agora, e não faltam razões para continuar expandindo a ideia e os fatos.

POR UM AGOSTO NEGRO!
LUPI, TORTUGA E BELÉN PRESENTES NO CAOS E NA ANARQUIA!
NADA ACABOU, TUDO CONTINUA!

Fonte: https://es-contrainfo.espiv.net/2025/07/11/estado-chileno-llamado-a-un-agosto-negro-en-memoria-de-lxs-companerxs-lupi-tortuga-y-belen-es-en/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

nuvens brancas
passam
em brancas nuvens

Paulo Leminski

[Itália] Novo livro ilustrado: “Abolição da Polícia”

Curso Básico sobre Abolição da Polícia
Ilustrações de Noah Jodice

Edição italiana organizada por Italo di Sabato
Posfácio de Italo di Sabato e Turi Palidda

“Abolir a Polícia significa construir um mundo novo”

“A polícia: de onde vem? Para que serve? A quem serve? Para que serve toda essa meticulosa militarização do território, toda essa vigilância dos comportamentos, toda essa brutalidade institucionalizada? Por que a Polícia é tão violenta no trato com as classes subalternas?

Porque é treinada para considerá-las o inimigo.


O que a Polícia defende com todos os meios à sua disposição não é a ordem e a sociedade, mas uma determinada ordem e a sua sociedade”.

Police Abolition é uma fanzine americana que conta, com ilustrações e textos simples e de divulgação, como uma proposta que parecia impossível e sem sentido tornou-se, em pouco tempo nos EUA, uma opção política concreta e razoável.


Este não é um livreto banal contra a Polícia (o que não faria sentido), mas sobre a utopia e sobre como as coisas que parecem impossíveis, na verdade, nunca são.

13 €
momoedizioni.it

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Ranger do portão
Cala o grilo, late o cão
Desconcentra o poeta.

Mary

[França] Festival Reclusiennes 2025


• O festival Reclusiennes acontecerá de quarta-feira, 16 de julho, a sábado, 19 de julho de 2025, em Sainte Foy La Grande. 

• A programação inclui conferências, debates, cinema, teatro, concertos e exposições.
• O festival reúne pesquisadores, ativistas, escritores, filósofos, artistas e moradores locais
 
O festival, como o próprio nome sugere, baseia-se no pensamento de Élisée Reclus, geógrafo e anarquista. Acontece em sua cidade natal, Sainte Foy-la-Grande. É organizado por moradores e associações locais, além de cientistas e ativistas libertários de toda a França (os encontros acontecem nas instalações da associação Coeur de Bastide e por videoconferência).
 
>> Mais infos, programação: www.reclusiennes.com
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/09/reino-unido-elisee-reclus-comunardo-geografo-vegetariano/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
No céu da floresta
os pirilampos se acendem:
desce a Via Láctea.
 
Ronaldo Bomfim

[Alemanha] Chamado à Ação: Contra a Apropriação de Terras pela Indústria Automobilística – Por um Mundo dos Comuns!

Somos o Aufstände der Allmende (“Levantes dos Comuns”), um novo coletivo do movimento ecossocial na parte germanófona da Suíça. Nossa proposta é abordar as lutas locais em torno da terra e da água, ampliando-as com uma perspectiva sistêmica. Para isso, recorremos ao conceito dos comuns: aquilo que pertence a todos nós e que possibilita um planeta digno de se viver. Para nós, os comuns estão no centro de um mundo futuro de solidariedade – um mundo sem sistemas opressivos e exploratórios como o capitalismo, o colonialismo ou o patriarcado. Nesta primeira temporada, na primavera/verão, estamos nos unindo a outras partes do movimento ecossocial para nos opor à apropriação de terras pela indústria automobilística.

Queremos que a terra seja tratada com solidariedade e cuidado, com o bem-estar de todos os seres e nossos meios de vida no centro.

Mas a indústria automobilística e seus aliados no parlamento e no governo declararam guerra aos comuns. Diversos setores do movimento impediram um grande projeto de rodovia nas urnas no ano passado. No entanto, a indústria automobilística e seus aliados não se importam com essa decisão: empresários, políticos e os ricos continuam a avançar com a construção de estradas, destruindo ativamente nossos meios de subsistência – através da crise climática, da extinção de espécies e do roubo de terras.

Estamos lutando por um uso coletivo da terra e por uma mobilidade acessível para todos! Porque juntos somos a vida se defendendo. Dizemos: Nem mais um metro de estrada! Por isso, pela desmilitarização da indústria automobilística e por uma abordagem cuidadosa dos nossos meios de vida, consideramos legítimos todos os meios de luta.

Por isso, nós, do Aufstände der Allmende, estamos convocando uma “temporada” de protestos criativos contra a apropriação de terras pela indústria automobilística. Isso pode incluir todos os tipos de ações: seja um banner pendurado, um debate público, um concerto, um ato clandestino de desarmamento, uma manifestação ou algo completamente diferente.

O Aufstände der Allmende oferece apoio com comunicação e trabalho de imprensa e, mediante solicitação e conforme a capacidade, com trabalho anti repressão e planejamento de ações. Claro, também ficamos felizes quando recebemos relatos de ações como uma surpresa!

Vamos desarmar a indústria automobilística e lutar por espaços que possamos moldar de forma solidária como comuns. Juntos somos a vida se defendendo!

Você encontra o consenso de ação e mais informações sobre o chamado à ação em nosso site: aufstaendederallmende.org 

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Um verde cobertor
todo trançado de relva
aquece a terra.

Delza Faldini

[França] Novidade editorial: “Squats & Pirates”, de Seitan Con Bravas

O livro Squats & Pirates [Ocupações & Piratas] reúne cerca de quarenta artigos e entrevistas que relatam ocupações ilegais de edifícios vazios. De Barcelona a Londres, das Ilhas Canárias a Dublin, de Brest a Saint-Etienne, passando por Lyon, Marselha ou Amsterdã, lemos anedotas, conselhos, recordações e outros depoimentos de pessoas que já foram, por duas semanas ou por toda a vida, “ocupantes sem direitos ou títulos”.

Um ótimo lembrete de que existem outras formas de viver e de que, em um país como a França, onde milhões de casas vazias são registradas todos os anos, elas são mais legítimas do que nunca. “Todas essas aventuras de ocupação, por mais dramáticas, individualistas e duras que tenham sido, são, acima de tudo, histórias humanas fortes; absurdas, intensas e violentas às vezes, mas frequentemente belas. Enquanto houver construtoras, haverá ocupantes e, enquanto houver ocupantes, haverá esperança. Um grande aplauso para todos aqueles que não desistem.”

Squats and Pirates

Autor: Seitan Con Bravas

Páginas: 430

Publisher: Seitan Con Bravas

Preço: €20.00

Contato para adquirir o livro: seitanconbravas@riseup.net

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

tanto ao lado da chaminé,
como ao lado da porta –
o gato gelado

Jadran Zalokar