Ano passado os secundaristas fizeram ocupações com cunho fortemente horizontal, sem se submeter a hierarquias, grêmios e sem ser tutelados por partidos. Um ambiente bastante livre e de potências indomadas. Foi um movimento extremamente revolucionário na forma e por isso se destacou, com relevância e alcances nacionais, com diversas vitórias, principalmente no que diz respeito ao universo simbólico das lutas contra o Estado e o Capital. Teve mais visibilidade e potencial transformador que qualquer outro movimento da esquerda, seja sindicalista ou de partidos. Pelo contrário, a esquerda institucional em 2016 teve derrotas retumbantes no local que eles gastam mais de 99% de suas energias: o poder, o Estado.
Depois de um ano as escolas secundaristas estão meio que domadas. É que além dos professores, diretores e seguranças, que em larga medida servem para domar os corpos e o potencial criativo, também foi para cima dos estudantes a esquerda institucional. Assim como nas manifestações, em que temos os soldados dos partidos preparados para domar os que ali se rebelam, os que lutam contra toda forma de hierarquia, também houve uma grande investida das esquerdas na direção e no intuito de domar aqueles corpos das escolas para adequá-los às formas de submissão e hierarquia que eles defendem.
E seduzem, seduzem oferecendo o poder de ser “o representante da sala”, seduzem oferecendo fazer parte de uma chapa do Grêmio e assim por diante. E o fluxo “normal” em uma sociedade hierárquica é se deixar levar. Rapidamente se formam grandes grupos, interessados nas migalhas de poder, de “respaldo político” que rapidamente marginalizam e estigmatizam os que lutam por liberdade.
Os estudantes descolados da perspectiva da hierarquia, tinham um papel mais importante e forte na luta que partidos ou sindicatos. Quando se integram lentamente à perspectiva da esquerda institucional e da hierarquia, fazem parte dela lá em baixo. Estudantes secundaristas nos Grêmios, estudantes universitários em CAs (Centros Acadêmicos), estudantes universitários em DCEs (Diretório Central dos Estudantes) e etc.
Que coisa, o espetáculo e a hierarquia estão ao nosso lado, por todos os lados, constantemente nos seduzindo. Portanto é fundamental entender e admitir que a perspectiva do poder, da hierarquia e do espetáculo voltam a dominar em grande parte a realidade atual. É fundamental admitir isso para que em todos os locais, seja nas escolas, nos coletivos, nos grupos de afinidade, se pense estrategicamente como agir.
Geová Alencar
Quarta-feira, 3 de maio de 2017
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