No próximo sábado, 1º de setembro, a Radio Libertaire, com sede em Paris, estará celebrando o 37º aniversário da sua primeira emissão. Já são quase 40 décadas de esperanças libertárias, autogestão, federalismo, criatividade e liberdade de expressão; de voz poderosa e rebelde; divulgando lutas, pensamentos e música de todos os cantos e estilos, exceto música militar e música religiosa. A seguir, reproduzimos uma entrevista que à ANA realizou com alguns integrantes da rádio 17 anos atrás (2001), que no geral continua atual. Joyeux Anniversaire, Radio Libertaire!
História da Radio Libertaire
A Radio Libertaire foi criada em 1981. Sua criação data de maio de 1981, durante um Congresso da Federação Anarquista (FA) francófona, que decidiu criar uma rádio livre em Paris. Antes da primeira transmissão em setembro de 1981, os anarquistas já tinham participado de outras experiências radiofônicas por toda a França, em uma época em que o Estado tinha o monopólio das emissões. Anteriormente houve um movimento onde centenas de rádios piratas transmitiam para contestar este monopólio. Com a liberalização da radiodifusão, muitas rádios foram criadas, entre elas a Radio Libertaire. Depois da chegada de François Mitterrand (o “socialista”) ao poder.
Projeto inicial
No início não tínhamos um projeto muito elaborado. A ideia era se dotar de um instrumento de comunicação. Nós afinamos o projeto já com a rádio em funcionamento. Transmitíamos apenas algumas horas por dia, alguns dias da semana. Devagar a equipe foi se reforçando. A aparelhagem de som que dispúnhamos, por exemplo, não era melhor do que uma destas que temos em casa. Pouco a pouco as exigências aumentaram e melhoramos o conteúdo e a forma das emissões. A princípio as instalações da rádio ficavam num “cave”; hoje fica no primeiro andar de um prédio em Paris.
Como funciona a rádio
Atualmente somos mais de 80 animadores e técnicos que trabalham na rádio. A nossa programação é bem ampla – programas sobre hip hop, soul, funk, cultura africana, imigração, literatura, América Latina, sexualidade, esperanto, anarco-culinária, anarquismo, sindicalismo, feminismo, música experimental, música francesa, música do mundo, etc. Transmitimos todos os dias, ficamos 24 horas no ar. Todos os programas têm total autonomia de organização técnica e de conteúdo. Existem quatro postos chaves na rádio: o do programador, o da tesouraria, da técnica e de relações públicas. O papel do coordenador é dialogar com as equipes em caso de problemas e fazer o necessário para que novas iniciativas de emissão se concretizem.
Trabalho voluntário
Não pagamos ninguém para trabalhar na rádio, todos são voluntários. E nós sobrevivemos graças à generosidade dos ouvintes e de um fundo que nos é repassado todos os anos, pelas rádios comerciais, ou seja, da retenção de uma pequena parte da receita publicitária destas rádios. Devido à falta de dinheiro, não dá para medir a audiência. Mas sabemos que somos ouvidos por muita gente, pelas cartas e telefonemas que recebemos. A rádio só atinge a região de Paris, porque a permissão “pública” não autoriza a emissão para outros lugares. A potência de nossa rádio é de 4K.
Problemas com o governo
Hoje a Radio Libertaire está legalizada. Mas em 1983 fomos proibidos de ir ao ar, pois não tínhamos autorização. Foi uma luta de vários meses para poder voltar. Houve mesmo uma manifestação em Paris com mais de 5.000 pessoas.
Mais infos da Radio Libertaire: radio-libertaire.net
agência de notícias anarquistas-ana
Árvore amiga
enfeita meus cabelos
com flores amarelas
Rosalva
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!