[EUA] Relato de Riverside, CA, sobre o Dia do Skate Queer e Feminino

Por Cactus Collective|20/11/2018

Relato de um evento comunitário em Riverside, California, organizado pelo Coletivo Cactus.

O que é o dia do Skate Queer/Feminino?

Dia do Skate Queer para nós é uma reivindicação de espaço. Pessoas queer e mulheres não possuem espaço para se livrarem do assédio e ameças de violência da nossa sociedade. Assediadas, ameaçadas ou agredidas, nós raramente conseguimos romper com o medo constante que deriva da mera afirmação da nossa existência.

Com isso em mente, por muito tempo tivemos a ideia vaga de construir um evento relacionado ao skate, já que algumas de nós são skaters e vimos potencial em radicalizar outras pessoas na pista local. A ideia não foi desenvolvida por inteiro até uma membra desse coletivo ter sido sexualmente assediada no Hunt Skate Park, em Riverside. O seu crime foi o de ter um corpo de mulher e usar trajes de mulher em público. É desnecessário dizer que isso é completamente inaceitável. Depois de algumas conversas nós decidimos que a melhor maneira de revidar era ocupando espaço para nós mesmas, fazendo disso uma declaração de que não somos homens brancos e heterossexuais, e não vamos ceder espaço por isso.

Por quê?

O nosso mundo está pegando fogo, o fascismo está em alta globalmente e estamos lutando para pagar o aluguel e colocar comida na mesa. Para piorar, estamos sendo cada vez mais atacadas e marginalizadas pela administração atual através da audiência de Kavanaugh, e do retrocesso de direitos para pessoas trans nos locais de trabalho. Estamos sofrendo muito e retrair-se em nós mesmas só pode significar isolamento e depressão. Deve haver algo em que possamos nos sentir bem, algo que possa nos unir e nos fazer perceber que não estamos totalmente fodidas e sozinhas. O Dia do Skate Queer é a nossa resposta.

Nós vamos para a rua, encontramos com outras queers, ensinamos as pessoas a andar de skate, e nos engajamos com a nossa comunidade de maneira humana. O sentimento geral entre as membras do coletivo foi que não só o evento foi bem sucedido no seu objetivo de criar espaço, mas que também foi algo que todas as que participaram precisavam desesperadamente. Nós organizamos esse evento por acreditar em solidariedade e ajuda mútua. Cuidar umas das outras é o caminho e vamos continuar providenciando o suporte que a nossa comunidade precisa.

Como eu posso fazer isso na minha própria cidade?

Organizar não é magia, é algo que acontece no mundo real e pode ser feito por qualquer pessoa para qualquer fim. Não temos uma fórmula mágica, não é uma tarefa fácil. Organizar demanda dedicação, trabalho duro e um processo de tentativa e erro.

Se organizar não é simplesmente espalhar cartazes e esperar que as pessoas apareçam. Você tem que conversar com pessoas cara a cara e construir conexões. Se você é LGBT+, vá até encontros em faculdades (eles raramente se importam se você é um estudante ou não). Se existem organizações radicais na sua região, vá até elas e veja se estão dispostas a colaborar.

Não tenha simplesmente fé que as pessoas vão se convencer, peça-as para apoiar o seu evento, mesmo se elas não andam de skate. Se somente algumas pessoas aparecerem, não se sinta desencorajada. Se pergunte sobre o que funcionou e o que deu errado, e mude a abordagem da próxima vez. Só pelo fato de tentar já vamos aprendendo como fazer um mundo melhor e que a própria experiência já compensa todo o esforço.

Ficando por dentro:

Gay Shame (twitter.com/Evict_Twit_ter?s=09): As opiniões do movimento Gay Shame contra a gentrificação e sobrereivindicação de espaços queer nos ajudou a formular as nossas próprias ideias.

Unity Queer Skateboarding (unityzines.com)O modelo da Unity Queer Skateboarding é o que nós tentamos seguir, os seus eventos de skate nos inspiraram a começar a agir.

Fonte: https://itsgoingdown.org/queer-femme-skate-day-report-back-in-riverside-ca/

agência de notícias anarquistas-ana

Árvore sozinha
a primavera
me cobre de folhas

Ricardo Portugal