Em dia de pífia “Parada Nacional Contra a Reforma da Previdência”

por Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira

Para entender porque as grandes centrais sindicais, a título de “Luta Contra as Reformas”, só vêm fazendo paradas pontuais e em vésperas de feriadão (induzindo claramente à desmobilização) – além de (assim como a esquerda em geral) assumirem o discurso de que “as reformas são necessárias, a questão é ‘que tipo’ de reforma”.

Ora, se esse tipo de sindicalismo (o sindicalismo de “resultados” – ou, sindicalismo amarelo, que é a cor do ouro e por isso, do capitalismo) que domina o cenário mundial dos movimentos de trabalhadores atualmente é fruto de manipulações dos grupos dominantes do sistema capitalista que, num esforço para apagarem da história o sindicalismo anarquista e revolucionário (o qual foi a maior expressão sindical mundial do final do Séc. XIX até meados do Séc. XX e o responsável por – além de algumas Revoluções anarquistas como a mexicana e a espanhola – todas as grandes conquistas dos trabalhadores alcançadas através de lutas sangrentas – e apenas formalizadas posteriormente pelos “de cima”, com os chamados “direitos” clássicos dos trabalhadores) adotaram a estratégia dupla de associação entre “a mão que bate e a mão que alisa” – ou seja, reprimindo cruelmente as organizações sindicais revolucionárias por um lado, como fez Getúlio Vargas no Brasil criando uma polícia política especial e campos de concentração e trabalhos forçados para sindicalistas anarquistas; e por outro lado, criando essa nova doutrina sindical do “sindicalismo de resultados”, que afirma a “negociação” como a grande característica do sindicalismo e lança o objetivo da Revolução para o campo do “antiquado”!

A este respeito, são significativos os fatos de que o Museu da Memória da Central Única dos Trabalhadores – CUT – foi financiado pela Fundação Ford (sim, a mesma de Henry Ford, o grande ícone da indústria mundial de automóveis) e também de que esta mesma central sindical é filiada internacionalmente a uma organização chamada CIOSL – Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres -, a qual foi criada em meados do Séc. XX pelos grandes proprietários de indústrias automobilísticas dos EUA, exatamente para combater a influência das organizações anarcossindicalistas sobre os trabalhadores que, naquele momento, promoviam uma campanha internacional pela deserção em massa e a organização revolucionária dos “de baixo”, para que não fossem servir de bucha de canhão na Segunda Guerra Mundial – que como todas as guerras não revolucionárias, só favoreceria aos “de cima”.

Não foi “por acaso” que Lula, mesmo sendo uma das maiores lideranças do sindicalismo de resultados do Brasil durante a última ditadura civil militar, nunca foi preso “pra valer” durante aquele período (apenas uma vez ele foi levado a uma delegacia e ficou em uma sala assistindo futebol pela televisão com policiais – bem semelhante à sua situação no presente), muito menos torturado (claro que o caso do decepamento do próprio dedo para conseguir a aposentadoria precoce não conta), quando naquele período não se poupava nem mesmo simples estudantes secundaristas que apenas faziam protestos em praça pública, algo que não se compara nem um pouco com uma greve de trabalhadores de chão de fábrica.

Um dos grandes empresários da indústria automobilística de São Paulo, ex amigo de Lula durante seu primeiro mandato de Presidente da República e que posteriormente rompeu com ele, publicou em suas memórias que o General Golbery do Couto e Silva (o “pai” do serviço de espionagem da última ditadura civil militar no Brasil – o famigerado Serviço Nacional de Informações, SNI), teria revelado para alguns de seus círculos sociais mais íntimos de amizade (dos quais este empresário fazia parte) que estava manobrando nos bastidores (o General) para que Lula fosse preservado pela ditadura pois, sendo um líder carismático e não tendo de fato nenhum ideal revolucionário, muito pelo contrário (ele era apenas um “negociador”), este sindicalista poderia, num futuro próximo de uma provável saída dos militares do poder, exercer o papel de líder político capaz de pacificar as classes trabalhadoras no Brasil, para desse modo preservar o sistema contra o crescimento de possíveis influências “perigosas” de ideais anticapitalistas.

E agora, após alcançados os objetivos de “pacificação” das classes trabalhadoras em nível internacional, o grande capital globalizado, confiante de que não enfrentará nenhuma resistência real da parte dos subalternizados, está a retirar sistematicamente, em nível mundial, todas as grandes conquistas clássicas alcançadas pela via do anarcossindicalismo/sindicalismo revolucionário à custa de muitas lutas sangrentas (devido às cruéis repressões perpetradas pela classe patronal contra as classes trabalhadoras organizadas do final do Séc. XIX até meados do Séc. XX).

E as grandes centrais sindicais, logicamente, são co-responsáveis e colaboradoras deste processo.

PS: O movimento dos Coletes Amarelos na França adotou este símbolo, não porque tenha nenhuma relação com o chamado sindicalismo amarelo, mas apenas porque se iniciou de forma autônoma a partir de reivindicações populares relacionadas a questões pertinentes ao direito de circulação/trânsito das populações (tal como o Junho de 2013 no Brasil) – no caso, protestos contra um aumento de preços de combustíveis. Daí a referência simbólica aos coletes de segurança usados no trânsito.

agência de notícias anarquistas-ana

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Issa