14-15 de novembro de 2019
SOMOS AMOR EM GUERRA!
Se completa um ano do assassinato do jovem mapuche Camilo Catrillanca, e muitos recordávamos que a 365 dias atrás a raiva arrasou com toda a Praça Itália como um transbordamento furioso de um rio em uma tormenta.
A ansiedade nos corroía esperando uma grande ofensiva alimentada pela força dos povos originários. Nada disso aconteceu, pelo contrário.
Foi uma das jornadas mais baixas em intensidade de toda a Revolta, uma das razões foi a paranoia difundida pelos próprios companheiros, com absurdas teses de Golpe de Estado ou Auto Golpe foram criando um ânimo crescente de incerteza. Expandiram teorias conspirativas e supostos especialistas, de “Estados de exceção”, Toques de Recolher e a volta dos milicos à rua com sangrentas represálias como na ditadura. Suas palavras só geraram temor e desmobilização. Mais que prevenir possíveis cenários, autossabotaram a Revolta Social sem maiores argumentos que seus fantasiosos augúrios, gerando um clima de derrota antecipada. A paranoia que instalaram chegou até a rua e companheiros foram apontados como policiais infiltrados, pela psicose e a nefasta cultura cidadã de crer que toda ação de ataque é uma montagem. Manifestantes assumiram como próprias estratégias pautadas pelo poder e seus meios de comunicação, exercendo uma tarefa paramilitar anti-encapuzados que só beneficia o inimigo. Um rapaz foi agredido por uma turba de manifestantes ao acusá-lo infundadamente de infiltrado policial, o golpearam e penduraram desde a ponte Pio Nono porque alguém pensou sem prova alguma que era um agente. Terminou na urgência da Posta Central [pronto socorro], nunca foi um policial.
Tudo mudou radicalmente ao anoitecer, se presume que a aplicação que difunde os endereços dos policiais está sendo aproveitada pelos rebeldes, atacando carabineiros onde mais lhes dói e quando estão sós; Em Chiguayante desconhecidos irrompem em uma casa de um casal de policiais quebrando tudo em seu caminho no primeiro andar do lugar. Em Quinta Normal entram à força e apunhalam em seu próprio domicílio um policial e em Independência apedrejam a casa de um Capitão de carabineiros. Enquanto os policiais dormem seus carros sofrem ataques incendiários e vandálicos, uma prática totalmente reprodutível e que vai contagiando diversos bairros.
Durante os protestos na cidade de Rancagua encapuzados lançam um cartucho de dinamite a uma patrulha de carabineiros sem que explodisse.
A noite termina com o ataque com dezenas de bombas incendiárias a uma propriedade de carabineiros no povoado La Victoria, a queima de casas de uniformizados em Coyhaique e o incêndio da casa de um sacerdote acusado de abuso sexual em Puerto Montt.
CHAMANDO À PAZ
Na sexta-feira às 3 da madrugada, parlamentares de todas as tendências posam sorridentes por um acordo conseguido pelas costas da população, enquanto os meios de comunicação capitalistas aplaudem a coesão da classe política.
HISTÓRICO! [sic] Enfatizam todos os noticiários e primeiras páginas de diários. Anunciam que com grande esforço e desprendimento fizeram um compromisso para mudar a Constituição, chamando a cessar as mobilizações para que voltemos a sua tão ansiada normalidade. Muitos aplaudem, desde a esquerda valorizam o gesto. Por fim caiu a constituição de Pinochet! [sic]
Os anos e a experiência nos ensinaram muitas coisas, uma delas é que não devemos confiar nos partidos políticos nem nos parlamentares. Em apenas umas horas se conhece a infalível “letra pequena” do acordo. Alguns se decepcionam e os mais radicais acusam que o acordo só fortalece a “democracia burguesa”, o Estado sai fortalecido com o chamado a participar nas eleições para abril de 2020 e ao capitalismo não se toca nada.
A “Praça da Dignidade” amanhece magicamente coberta de telas brancas e com a bandeira “PAZ”. Tudo aponta a um oportunismo político e a uma tentativa patética de descomprimir a Revolta Social, toda farsa é válida para voltar à normalidade e apagar a fúria dos oprimidos.
Mas os rebeldes não creem no discurso pacificador e voltam mais persistentes que nunca a encher as ruas, gerando novos choques com os esbirros.
Na televisão a censura e manipulação midiática chegam ao absurdo, mostrando a aglomeração de gente como se estivessem celebrando o acordo. Enquanto na “zona zero” um caminhão Tolva descarrega toneladas de pedras para apoiar a primeira linha, os distúrbios são cada vez mais violentos e centenas de feridos são atendidos nos centros improvisados de primeiros socorros. Vinte e sete pessoas terminam com lesões em seus olhos, alguns com perda completa do globo ocular.
Em plena Praça Itália, Abel de 29 anos, desfalece por um ataque cardio respiratório pelo efeito de saturação das bombas de gás lacrimogêneo, enquanto uma ambulância chega a atendê-lo, um blindado lança águas os atinge, lhes jogam mais gás lacrimogêneo e inclusive disparam projéteis, uma paramédico é impactada em seu tornozelo. Abel Acuña não respondeu às manobras de ressuscitação e morreu na rua, outro assassinato de Estado.
Essa é a realidade dos chamados da elite à “paz social”, “ordem pública” e “pacto social”. A verdade é que estamos em guerra e há companheiros que continuam lutando na linha de frente sem um olho ou com dezenas de balas em seu corpo. Milhares de irredutíveis arriscaram e seguem arriscando sua pele, liberdade e a vida durante quase um mês do começo da explosão.
Anônimos expõe administradores do grupo fascista “Aranhas Negras Chile” e hackeam a página de exploração de carne “Agrosúper”.
A milhares de quilômetros irmãos anarquistas “Incendiários da era chilena” queimam o automóvel de um diplomata chileno na Grécia.
A Revolta Social conseguiu o que anos de propaganda anárquica nunca puderam, demonstrar a muitos que seguir delegando nossas vidas para burocratas profissionais não é o caminho. Seguimos avançando com nossos apaixonantes desejos de LIBERDADE…
O chamado é uma vez mais para sair e protestar, desta vez a segunda-feira, 18, em frente da Universidade do Chile.
Até destruir todas as jaulas!
Que as NEGRAS BANDEIRAS SIGAM AGITANDO OS ARES…
N.T.
Tradução > Sol de Abril
Conteúdo relacionado:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/11/13/chile-santiago-26o-dia-da-revolta-social/
agência de notícias anarquistas-ana
Eu acordo
contando as sílabas;
o haikai ri
Manuela Miga
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…