[Chile] Santiago: 54º dia de Revolta Social

10 de dezembro de 2019

TEIMOSAMENTE REBELDES!

No “Dia Internacional dos Direitos Humanos”, o cínico Presidente da República fala em uma cadeia nacional sobre seu compromisso com eles. Suas palavras soam metálicas, como as de um robô programado para repetir frases e lugares comuns repetidamente.

No Congresso, o ex-ministro do Interior Andrés Chadwick, com uma cara de nojo e colocando a mão no peito, diz: “Eu sou inocente”. O advogado de Chadwick é Luis Hermosilla, um defensor dos militares condenados por crimes contra a humanidade. A composição democrática falha em esconder a cicatriz assassina e ditatorial daqueles que detêm o poder.

A acusação constitucional contra um dos líderes políticos das atrocidades cometidas pelas milícias e pela polícia durante a Revolta Social está progredindo, agora falta o voto na câmara alta.

Mas Chadwick não é o único, a relevância da acusação contra o Presidente da Nação será analisada em breve.

Na rua há mais pessoas do que nos últimos dias, mas não tanto quanto às sextas-feiras. Na Praça da Dignidade, um número importante de manifestantes vagueia, provavelmente porque é o “dia dos direitos humanos” e o aniversário da morte do ditador Augusto Pinochet.

Uma coluna chamada “Mulheres pela vida” vem andando e cantando desde Carlos Antunez, muitas pessoas vêm à mente um “deja vú” oitentista.

As pessoas carregam 352 pôsteres com os olhos pintados e percorrem a Capital, param em pontos emblemáticos, seu destino final é a “zona zero”, onde se juntam com uma faixa gigante de olhos bordados que diz: “Seus olhos são nossa memória”. Enquanto o poder enche a boca fazendo pedidos para deixar a violência, nesta terça-feira há onze feridos graves e dois com risco vital em razão das bombas de gás lacrimogêneo disparadas diretamente em suas cabeças, uma delas é uma adolescente de apenas 15 anos.

Eles denunciam que a polícia dispara uma munição chamada “bean bag” – saquinho de feijão – (a mesma que matou Dilan na Colômbia), um invólucro de material têxtil que contém vários perdigões de chumbo. Também se encontraram outras “artesanais” contendo vidro moído para que as feridas não cicatrizem.

Encapuzados continuam a lutar com uma paixão transbordante e fazem retroceder os esbirros, e na “linha de frente” continuam jogando a luta e a liberdade. Não basta apoiar os encapuzados através das redes sociais, é preciso pressionar em todas as frentes para alcançar os objetivos.

Gritos anarquistas retumbam esporadicamente e de uma flauta saem notas de canções da Revolução Social de 36.

À noite, assembleias territoriais e indivíduos auto-organizados organizam vigílias para todos os reprimidos.

Em La Reina, atentam com ácido contra um veículo particular de um policial.

Fortes confrontos em Coquimbo e Antofagasta. Em Viña del Mar, desconhecidos tiram uma escavadeira de uma obra e a atravessam na rua no meio de barricadas. As regiões queimam e seu nível de conflito é notável. A Praça Anibal Pinto, em Valparaíso, amanhece com uma árvore de Páscoa com olhos sangrentos e bombas de gás lacrimogêneo como decorações de Natal.

O Ministro das Finanças descarta categoricamente o cancelamento das dívidas educacionais do CAE.

Novamente em um mandato de Sebastián Piñera, um avião Hercules da Força Aérea cai enquanto há conflitos sociais, a suspeita de que é uma cortina de fumaça é espalhada. As notícias do avião perdido são amplamente cobertas pela imprensa do capital, deixando todo o resto em segundo plano, incluindo a Revolta Social.

Três prisioneiros da Revolta iniciam uma greve de fome na prisão de alta segurança.

Chamam aos anarquistas, antifascistas e antiespecistas  para se reunir na sexta-feira em um “Bloco Negro” para o dia antipolicial (13-12), outra convocação é uma marcha para os prisioneiros do GAM.

Que os prisioneiros saiam e todas as gaiolas queimem!

Com a convicção intacta… AVANÇAMOS ORGULHOSOS COM AS NOSSAS NEGAÇÕES!

N.T.

Tradução > Liberto

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Alexandre Brito