[Chile] Nossas próprias ferramentas

Na sexta-feira, dia 6, completou-se 51 dias desde o início da Revolta Social, quando eles acreditavam que a repressão nos tinha posto contra as cordas do medo e da frustração, a fúria acumulada não deu braço torcer.

Após quase dois meses de protestos, 25 mortos/as, 108 queixas por violência sexual e mais de 3.000 feridos/as, a aposta de grande parte do movimento social por uma Assembléia Constituinte gerou a oportunidade perfeita para que o Estado tentasse nos dividir entre aqueles que achavam que o esperado já havia sido alcançado ou que o triunfo estava ao virar a esquina, e aqueles que tinham certeza de que nada havia sido alcançado. A estratégia foi a seguinte:

1. Reprimir as manifestações politicas e permitir que os saques se desenvolvessem. 

2. Instaurou-se a ideia de que a presença militar é necessária nas ruas e que a policia necessita de mais poder e tecnologia.

3. A Agenda Social ficou em segundo plano, agora a prioridade é a Agenda de Segurança (Lei antiencapuzados, lei antibarricadas, lei antisaques, etc).

4. Por fim, para acertar a mira, a mídia e o Ministério da Defesa apontaram como responsáveis pela situação de “caos” estes três grupos: Traficantes de drogas, torcidas organizadas e anarquistas.

Em resposta a isso, nós, o povo, não abaixaremos a cabeça e sim daremos cada vez mais corpo e conteúdo a essa resposta natural à ganancia daqueles que pensam apenas em ficar mais ricos e aumentar seus privilégios, não apenas às custas de nosso trabalho, mas das nossas vidas e dignidade.

Enquanto PEL (Projeto Educativo Libertário), propomos como alternativa real e concreta: a organização. Devemos pensar para além do que estamos acostumados/as a viver pois é justamente isso que desejamos superar.

Rechacemos as ferramentas que nos querem impor a partir de cima e desenvolvamos as nossas!

Se realmente ansiamos por dignidade, devemos falar sobre um mundo em que não há humilhação e degradação, não pela gentileza dos ricos mas pela erradicação da exploração e opressão. Se realmente precisamos tomar decisões, não devemos perder tempo com os conselhos de cidadãos e sim nos organizemos em assembleias horizontais para que nós mesmos/as possamos decidir o futuro da nossa classe e satisfazer nossas necessidades coletivamente.

Organizar a Revolta!

Articular a auto-organização!

Autogestão!

Projeto Educativo Libertário – PEL

Tradução > Mauricio Knup

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agência de notícias anarquistas-ana

cultivando ao silêncio
plantei aos prantos
meu próprios gritos.

Kola