A prefeita de Seattle, Jenny Durkan, disse que seria inconstitucional e ilegal que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviasse forças militares para desalojar os manifestantes que ocupam um bairro do distrito Capitol Hill, a denominada ‘CHAZ’, Zona Autônoma de Capitol Hill. Os cidadãos tomaram a área desde a segunda-feira (08/06), logo que a polícia se retirou em meio de fortes protestos após a morte de George Floyd.
Capitol Hill Autonomous Zone, ou Zona Autônoma de Capitol Hill, é uma pequena área dentro do bairro que leva o mesmo nome e que hoje desata a ira do mandatário estadunidense, Donald Trump, após ser declarada como “zona livre de polícia”.
Este distrito no centro de Seattle ganhou notoriedade desde 8 de junho, quando a polícia abandonou a delegacia, depois de vários dias de protestos contra o racismo e sob o lema “Black Lives Matter”.
Após a retirada da polícia, os manifestantes se instalaram na área e insistem em que os uniformizados não regressem. Este pequeno lugar hoje enfrenta Trump e Durkan. “Regresse a seu bunker”, disse quinta-feira a prefeita a Trump durante uma roda de imprensa, em referência aos informes que assinalam que o mandatário foi transladado por agentes do Serviço Secreto a uma área segura da Casa Branca quando as manifestações contra o racismo e a brutalidade policial provocada pela morte de George Floyd chegaram até as imediações da residência presidencial.
“Também quero ser clara, como disse publicamente: é inconstitucional e ilegal enviar o Exército a Seattle. Não permitiremos que isto aconteça”, ratificou a prefeita horas mais tarde, através de sua conta do Twitter.
As palavras de Durkan intensificaram uma disputa que iniciou depois que o presidente ameaçou intervir na ‘CHAZ’ e arremeteu contra a prefeita de Seattle, e o governador do estado de Washington.
“O governador e a prefeita de Seattle provocam e brincam a um nível que nosso grande país nunca viu antes. Recuperem sua cidade agora. Se não o fazem, eu o farei. Isto não é uma brincadeira. Estes anarquistas devem ser detidos de imediato. Movam-se rápido!”, escreveu o mandatário, depois de instar as autoridades de Washington a utilizar a Guarda Nacional.
Nem a prefeita nem o governador informaram como ou quando as autoridades despejariam os aproximadamente 500 manifestantes que instalaram acampamentos improvisados atrás das barricadas.
“Pacífico, como o inferno”
Para a quinta-feira, na chamada área ‘CHAZ’ havia tendas de acampar com suprimentos para médicos voluntários, assim como comida gourmet grátis doada por restaurantes locais, junto com fruta, lanches e garrafas de água para levar.
A ensolarada tarde tinha um ambiente tranquilo, com pessoas de todas as idades, incluídas mães com seus filhos, percorrendo as ruas livres de automóveis.
Em um momento, uma multidão uniu suas mãos e impediu que dois policiais chegassem a uma delegacia da área. Os oficiais tampouco conseguiram entrar quando tentaram o acesso por um caminho diferente.
“A cena aqui é pacífica, como o inferno”, disse uma manifestante que se identificou como Jahtia B. “Esta é nossa cidade. Nasci e cresci nesta cidade. Vamos dá-la as pessoas, as pessoas que vivem em Seattle e estiveram prosperando aqui”, acrescentou.
Outro manifestante afro-americano, Rich Brown, disse que sentiu temor no domingo quando a polícia utilizou gases lacrimogêneos e granadas explosivas em uma tentativa de despejar área.
A ordem em diversas cidades dos Estados Unidos foi alterada por causa das manifestações em rechaço à morte de Floyd, enquanto se encontrava sob custódia policial em Minneapolis em 25 de maio.
Tradução > Sol de Abril
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