Editorial: A luta a levamos todos
Sem sombra de dúvida foram tempos difíceis. A primeira das mentiras deste governo: virão tempos melhores. Para os empresários, os políticos e os donos deste país, está claro. Para quem tem que ganhar o pão dia a dia, para quem não maneja os meios de produção, para quem deve vender sua força de trabalho a troco de dinheiro, a vida se torna cada vez mais difícil dentro deste sistema que cai aos pedaços. A revolta de 18 de outubro é uma mostra clara desta deterioração: a necessidade, a raiva, e um sem fim de contradições nos fez sair à rua para tomarmos tudo, para recuperar alimentos, armar barricadas, enfrentarmos a polícia, resistir e para nos cuidarmos entre companheires e vizinhos. Porque já basta. Que acham? Até quando nos roubam? Até quando vamos viver assim?
Nestes dias voltamos a encontrar a solidariedade, o apoio mútuo, a ação direta e a horizontalidade como ações e valores que estavam perdidos nesta sociedade. E como não, se o capitalismo a única coisa que quer é ter-nos isolados, cada um com sua vida como se as demais não importassem? A comunidade volta a aparecer ali onde se acreditava perdida, ali onde só existia separação e indiferença, ali onde nossas relações sociais eram só relações mercantis. Existe vida fora do capitalismo?
O aparecimento do Covid-19 e a quarentena em nosso território não conseguiu apagar a solidariedade nem fomentar o individualismo. Muito ao contrário. Ante a negligência do governo e suas nulas políticas para nos cuidar, foram as e os moradores que através da ação direta solucionaram seus próprios problemas sem necessidade do Estado. Isto nos faz perguntarmos: É necessário o Estado em nossas vidas? Que tanto bem nos faz?
Estas e outras perguntas não estão resolvidas, aparecem e nos inquietam, assim como também inquietaram a diversos companheires que faz muitos anos (inclusive séculos) lutaram contra qualquer forma de autoridade. O presente no qual nos encontramos é de luta, e só através da luta encontraremos as respostas, recuperaremos nossa vida, nossa comunidade e nossa verdadeira liberdade.
Este pequeno boletim nasce desde um grupo de companheires da comuna que propagam e reivindicam as ideias anarquistas, entendendo que a anarquia existe aqui e agora em todas as belas ações que o povo realizou desde 18 de outubro até esta data. Este boletim nasce desde o território para o território de maneira autogestionada, autônoma, fora do Estado e da municipalidade, e busca ser um meio de livre circulação onde nos encontramos e nos comunicamos através da palavra e dos desenhos.
Neste primeiro número do boletim acrescentamos reflexões em torno da pandemia seguida do contexto de revolta, história de Chuchunco, importância e objetivos da organização em assembleia, infografia sobre soberania alimentar, poemas e finalmente, desenhos de um companheiro preso da revolta.
O convite está aberto. Quem quiser participar desta iniciativa pode fazê-lo com total liberdade! A luta a fazemos todos.
Sem nada mais a acrescentar, os convidamos à leitura e difusão deste pequeno gesto de amor, resistência e liberdade.
Asamblea Libertaria Chuchunco
Valle del Mapocho
Outono, 2020
>> Para ler-baixar o boletim, clique aqui:
https://lapeste.org/wp-content/uploads/2020/07/boletin_01_alch_web.pdf
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
aquecer as mãos
requentar as noites
esquecer os dias
Goulart Gomes
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!