A República Islâmica do Irã nunca cessou a repressão contra a oposição desde a sua fundação em fevereiro de 1979. Os curdos foram as primeiras vítimas já em março do mesmo ano. As liberdades políticas foram alcançadas através da revolução. Mas elas foram gradualmente perdidas pelo “novo Estado”, de modo que a partir de junho de 1981 pouco restou delas e uma ditadura total foi estabelecida. Várias dezenas de milhares de oponentes foram presos ou executados durante todos esses anos. Havia até mais de 200 adversários, de todos os partidos políticos, que foram assassinados fora das fronteiras, inclusive na França. O massacre de prisioneiros políticos no verão de 1988, o qual tem uma lista de quase 5.000 nomes, é um crime contra a humanidade cometido pelo regime teocrático.
Não faltaram as revoltas do povo contra a ditadura. Uma das últimas e mais graves aconteceu em novembro de 2019. A Anistia Internacional contou mais de 300 pessoas mortas durante a revolta, enquanto a Reuters relatou cerca de 1.500 mortes. O número de manifestantes presos é desconhecido. Entretanto, foi apresentada uma estimativa de 5.000 a 7.000 mulheres e homens.
Os ativistas de direitos humanos acabam de publicar uma carta de um jovem trabalhador que está na prisão de Grande Teerã, assim como o colega anarquista Soheil Arabi.
Abolfazl Karimi nasceu em 27/11/2001. Ele é trabalhador em uma oficina de calçados em Teerã. Foi preso em 20/11/2019 por agentes da inteligência Pasdaran, que o prenderam por ter atirado duas vezes no ar. Ele foi espancado no rosto e no estômago e atingido na cabeça com uma arma e sangrou. A tortura continuou nos escritórios de inteligência. Abolfazl contou dez agentes que o espancaram para conseguir uma confissão. Abolfazl foi abusado sexualmente enquanto era transportado para o escritório de um juiz. Ao retornar, e novamente por uma confissão sem fundamento, os interrogadores pediram a Abolfazl que aceitasse a posse de uma arma que ele nunca teve. Disseram-lhe que se ele não confessasse, sua mãe seria convocada para interrogatório. Eles não hesitaram em dizer: “Vamos buscar sua namorada. Vamos transar com ela para que você confesse”.
Abolfazl afirma que, por tortura psicológica, ele sofreu 50 dias em solitária. Depois disso, foi transferido por 15 dias para a prisão 2A da inteligência Pasdaran. Ele só foi autorizado a falar com sua família uma única vez.
Abolfazl escreveu: “Participei dos protestos de 16/11/2019 porque o preço do combustível e dos alimentos é muito alto e eu não posso mais sustentar minha família.” Seu pai é deficiente físico, perdeu uma perna. Sua mãe é cardíaca e não é mais capaz de trabalhar.
Abolfazl diz que não está sozinho na prisão. Muitas pessoas de seu bairro da classe trabalhadora estão lá. Eles estão enfrentando as condições muito difíceis da prisão, onde o coronavírus está causando estragos. Ele pede a todos que apoiem os prisioneiros. Abolfazl foi condenado a 27 meses de prisão e a uma pesada multa.
A carta de Abolfazl está sendo publicada no momento em que o Judiciário islâmico acaba de condenar outros três jovens dos protestos de novembro de 2019 à pena de morte. Esta condenação foi seguida por uma campanha sem precedentes nas redes sociais com a hashtag #اعدام_نکنید que significa “não executem” em persa. Mais de 11 milhões de tweets foram enviados. O Judiciário recuou um pouco ao prometer rever os casos de Amir Hossein Moradi, Saeed Tamjidi e Mohammad Rajabi com 25, 27 e 25 anos, respectivamente. Apesar do revés, aconselha-se extrema cautela, pois no passado vários prisioneiros políticos foram executados em segredo.
Nader Teyf
Groupe Henri Poulaille da Federação Anarquista Francófona
22/07/2020
Tradução > Estrela
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agência de notícias anarquistas-ana
Nem uma brisa:
o gosto de sol quente
nas framboesas
Betty Drevniok
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!