[EUA] Mídias Banidas

Anarquistas e grupos de mídia antifascista estão sendo derrubados pelo Facebook

Por Taylor Perse | 27/08/2020

As plataformas de mídia social estão finalmente dando um passo para verificar as postagens e remover páginas que promovem a violência ou a supremacia branca. Mas suas diretrizes para controlar o conteúdo são confusas, e a mídia independente é pega no fogo cruzado político.

O Facebook está reprimindo grupos de conspiração de direita como o QAnon. A empresa de mídia social também está removendo os meios de comunicação da esquerda independente, especialmente aqueles que se consideram anarquistas ou fazem reportagens sobre a antifa. Em resposta, uma editora independente baseada em Oregon, CrimethInc, e dezenas de outras plataformas estão agora falando sobre a falta de transparência das diretrizes da empresa quando se trata da remoção de páginas.

Shane Burley é um autor residindo em Portland e especialista em movimentos antifascistas. Ele diz que isso provavelmente está acontecendo porque o Partido Republicano se moveu ainda mais para a direita. Quando o Facebook silencia grupos QAnon, também silencia alguns republicanos. Ele explica que ir atrás de grupos de mídia anarquistas e antifa é a maneira deles trazerem equilíbrio.

“Ao mirar nos conservadores, eles precisam dar algo. A Antifa sempre foi um prófugo conhecido, então esse é um alvo fácil para eles”, diz Burley. Ele acrescenta que o que o preocupa é que qualquer coisa que conteste as fronteiras éticas ou ilegalidades costuma ser rotulado de antifa, seja ou não verdade.

E traçar a linha entre quem é e não é jornalista está se tornando cada vez mais difícil com o surgimento de jornalistas cidadãos. Burley diz que há muitas pessoas cobrindo os protestos em Portland; a polícia justifica tê-los como alvo, porque não são jornalistas de verdade.

“Eles não são vistos como imprensa legítima. Mas eles estão fazendo a maior parte da documentação para a grande imprensa”, diz ele. “Qualquer pessoa tem acesso à mesma tecnologia e plataformas que a grande imprensa”.

CrimethInc. existe desde meados dos anos 1990, relatando notícias sobre anarquia e antifa. Burley os descreve como parte da ideia centenária de um jornal político de esquerda. It’s Going Down, um grupo e publicação nacional com milhares de leitores, também estava entre os sites de mídia independente removidos. O comunicado do Facebook alega que as organizações estão “ligadas à violência” ou “têm seguidores individuais com padrões de comportamento violento”.

O porta-voz do It’s Going Down, Mike Andrews, diz que o Facebook está tentando lidar com a realidade da violência e rebelião e descobrir de onde vem.

“Grupos autônomos não estão saindo e matando pessoas; eles estão tentando organizar as pessoas”, diz Andrews. Ele acrescenta que a análise deles é que o próprio Facebook não necessariamente se preocupa tanto, mas que os lobistas em Washington DC defenderam alguma “igualdade” na retirada de grupos de ambos os lados do espectro político, assim as organizações de mídia independentes tiveram que ser derrubadas.

“Isso mostra que eles basicamente receberam uma lista de grupos que eles queriam que fossem eliminados”, diz ele.

Para justificar a remoção de grupos do Facebook, o gigante da mídia reformulou seus termos de serviço de uma forma que Andrews diz que “é basicamente uma maneira de expulsar qualquer pessoa”. Agency é um grupo que promove discussões e perspectivas anarquistas contemporâneas. Seu porta-voz, Scott Crow, diz que é difícil mitigar ou efetuar mudanças nos ataques a esses grupos porque não há como saber os procedimentos do Facebook para derrubar os grupos.

Ele diz que toda a situação é determinada por essa agenda, mas não é transparente. Ao contrário do governo ou de outras entidades públicas, o Facebook não é obrigado a produzir registros sobre seus procedimentos. E há um mal-entendido sobre o que esses grupos defendem ou como se organizam.

“Anarquistas e antifa não estão falando sobre o assassinato de pessoas”, disse Crow. “Isso não é antifa ou anarquistas. Por que não poderíamos usar uma plataforma de mídia corporativa como qualquer outra pessoa?”

Fonte: https://www.eugeneweekly.com/2020/08/27/banned-media/

Tradução > A. Padalecki

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