Fábricas, Campos e Armas: Uma Síntese da História da CNT com Chris Ealham

Existem muitos mitos e fantasias sobre a CNT e sua história pré-Guerra Civil Espanhola. Sobretudo quando se anula o contexto e as condições sócio-econômicas que a população de Espanha em geral, e de Barcelona em particular, viviam e sofriam. A CNT não era apenas um sindicato ou um anarco-sindicato interessado na agitação permanente e guiado exclusivamente pela ideia de revolução social à luz das ideias anarquistas. Era sobretudo uma casa que para além do sindicalismo de base nos locais de trabalho, procurava ser uma rede de sobrevivência, tanto física como mental. O dia a dia era tão importante quanto o futuro.

Não estava apenas ligada aos locais de trabalho, mas também as comunidades e aos bairros. Por isso, não era só um sindicato de trabalhadores, mas também de desempregados, miúdos de rua, imigrantes e inválidos. Ninguém ficava excluído e a solidariedade alimentava o espírito dessa multidão precária.

A importância do trabalho de Chris Ealham em Anarchism And The City (AK Press, 2010), ao destapar essa cultura cenetista, leva a que se traduza esta entrevista(1), importante para um melhor entendimento do que foi CNT de 1910 até 1937.

O que se segue é uma breve história da Confederacion Nacional del Trabajo (CNT), um sindicato revolucionário activo em Espanha. Esta entrevista foi conduzida por Jessica Thorne em conjunto com Chris Ealham. Chris é um historiador e autor de Anarchism And The City: Revolution and Counter-Revolution in Barcelona, 1898-1937 (2010) e Living Anarchism: Jose Peirats And The Spanish Anarcho-Syndicalist Movement (2015). O que é esperado por ambos, entrevistadora e entrevistado, é que se possa dar aos leitores uma introdução significativa para um importante período histórico de um sindicato de base combativo.

Sucintamente, como é que a CNT tomou corpo?

Foi criada em Barcelona em 1910 – a cidade já tinha assistido a greves gerais em 1902 e 1909 e havia uma consciência de que era necessária uma nova e mais extensa forma de organização de classe. Uma pista para as futuras prioridades da CNT pode ser encontrada nessas duas greves gerais: a primeira visava conseguir 9 horas diárias de trabalho, enquanto a segunda foi uma mobilização anti-guerra, contra a mobilização obrigatória, fardo que caiu sobre os trabalhadores. A CNT combinava sempre as suas funções de base sindical com uma preocupação com as restantes necessidades políticas da comunidade de trabalhadores.

Apesar da CNT ser entendida como uma organização “anarquista” ou “anarco-sindicalista”, ela foi criada com o intuito de ser um sindicato de luta, uma força combativa desenhada para atingir ganhos imediatos e, também, simultaneamente, acabaria por ser um veículo para uma mudança revolucionária. Se fossemos colocar uma etiqueta na CNT à sua nascença, seria mais correto designá-la como sindicalista revolucionária – foi estabelecida por diversos grupos de anarquistas, republicanos, socialistas, anarco-sindicalistas. Penso que esta sinergia foi vital para a sua força inicial – era capaz de ser apelativa aos trabalhadores e explorados para além das suas posições políticas específicas.

Desde o início, a CNT lançou-se numa série bastante violenta de ações industriais. Historicamente, os patrões Catalães tinham reprimido e rejeitado até os sindicatos mais moderados, e assim a CNT optou desde o primeiro momento pelos métodos da ação direta – havia um sentimento comum entre os trabalhadores que nada podia ser obtido através de moderação.

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agência de notícias anarquistas-ana

tomando banho só
no riacho escondido –
cantos de bem-te-vis

Rosa Clement