A UCL (União Comunista Libertária – França) participou da delegação europeia para observar os crimes de guerra turcos no Curdistão iraquiano.
Esta delegação acontece no momento em que Erdogan é recebido na cúpula da OTAN. Seu encontro formal com Macron, não esconde seu objetivo, que é obviamente legitimar sua invasão ilegal do Iraque, e obter da OTAN um cheque em branco para continuar sua campanha militar. Seu pretexto: erradicar o PKK, uma “organização terrorista” de acordo com a lista negra do Conselho da Europa.
Sua estratégia: intimidar as nações europeias, manter os bombardeios, a pressão militar e a destruição das plantações no Curdistão iraquiano, forçar o PDK de Mahmoud Barzani a colaborar abertamente com ele, contra seus irmãos e irmãs no Curdistão.
No momento da publicação destas informações, a conferência da delegação foi impedida pelo PDK, e o hotel onde é realizada é cercado pelos militares, e nossos camaradas foram enviados de volta à França após interrogatório pela polícia do PDK, traidor da causa curda.
Nós, como delegação de toda a Europa, viemos ao Curdistão em busca de paz e liberdade. Políticos, acadêmicos, ativistas de direitos humanos, ambientalistas e feministas, sindicalistas, jornalistas de mais de 10 países queriam ter uma impressão de primeira mão da situação e se mobilizar para deter a guerra e a destruição. Com 150 pessoas, quisemos estabelecer um diálogo com membros do parlamento, todos os partidos políticos e visitar ONGs a fim de contribuir para a construção de um diálogo entre os diferentes atores políticos curdos.
A invasão do exército turco, que viola o direito internacional, é inaceitável. Entretanto, lamentamos ver que a comunidade internacional permanece impassível diante dela e não garante o respeito ao direito internacional e aos direitos humanos.
O Governo Regional do Curdistão (KRG) impediu a delegação de estabelecer um diálogo com os atores políticos do Curdistão do Sul. As organizações que queríamos visitar foram intimidadas a abandonar seus compromissos já programados. Uma grande parte da delegação não pôde chegar ao Curdistão. 14 pessoas foram deportadas até agora, ou estão prestes a ser deportadas. Pelo menos 27 pessoas foram detidas no aeroporto de Düsseldorf na Alemanha e proibidas de sair.
Estamos indignados com as deportações ilegais de nossos amigos estrangeiros por ordem do Governo Regional do Curdistão e com as proibições de viagem por “parecerem politizadas”, sem nenhuma base legal clara. A liberdade de imprensa e o engajamento da sociedade civil são elementos essenciais de qualquer sistema democrático e não devem ser suprimidos em nenhuma circunstância.
A fim de promover a paz, não poupamos esforços e fomos bem recebidos no Curdistão do Sul. Pudemos visitar locais culturais, religiosos e históricos e fomos convidados a conversar com Baba Sheikh, o mais alto representante religioso da comunidade Yezidi. No campo de refugiados Yezidi de Sharya, que sofreu um grande incêndio há uma semana, falamos com pessoas que são particularmente afetadas pela guerra, deslocamento e destruição.
A amizade e a hospitalidade que experimentamos com as pessoas que vivem aqui é muito gratificante e nos encoraja ainda mais a perseguir nosso objetivo. Estamos aqui em solidariedade com o povo curdo e com todos os grupos étnicos e religiosos do Curdistão.
Somos internacionalistas, e não representamos nenhum partido curdo específico ou movimento político. Nos opomos à colonização do Curdistão por terceiros Estados. Não estamos aqui para nos opor a nenhum partido curdo. Pelo contrário, queremos apoiar um diálogo entre todas as diferentes opiniões. Este não é um problema curdo, mas uma agressão do Estado turco e do exército turco contra a população local e a natureza das regiões curdas.
É uma armadilha e um perigo para a paz e para o futuro de todo o Oriente Médio se for provocada uma disputa ou mesmo um conflito armado entre os curdos. Gostaríamos de advertir fortemente todos os curdos sobre isto e apelar para o estabelecimento e a continuação do diálogo. Uma solução política deve ser encontrada e é necessário permanecer unido contra as ameaças externas.
Portanto, nossas exigências são as seguintes:
1. Todos aqueles que quiseram se juntar à delegação e foram impedidos de embarcar, presos ou deportados em um dos aeroportos devem ser liberados e autorizados a se juntar a nós.
2. Todos os atores políticos curdos devem retomar o diálogo uns com os outros.
3. Exortamos todas as organizações internacionais e instituições políticas a apoiarem uma solução pacífica. O exército do estado turco deve retirar-se imediatamente de toda a região.
Os curdos têm as montanhas, mas hoje eles também têm amigos. Todos os amigos dos curdos são chamados a se mobilizarem, a divulgarem a mensagem e a contribuírem em seu nível para o processo de paz.
Delegação Internacional para a Paz e Liberdade no Curdistão
Erbil, Curdistão do Sul, 13 de junho de 2021
Tradução > Liberto
Conteúdos relacionados:
agência de notícias anarquistas-ana
velho jornal
levado pelo vento
prevê temporal
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!