[Chile] “A luta contra o Estado é parte da luta contra o patriarcado”

Comunicado da presa anarquista Mónica Caballero para o 8 de março de 2022

As ruas das principais cidades do território dominado pelo Estado chileno, em um dia como hoje, 8 de março, a dois anos atrás se enchiam com milhares de pessoas que com cores, gritos, lemas, fogo e barricadas visibilizavam e/ou atacavam a escória machista. Hoje apenas alguns corpos enchem as ruas. Muitos preferem esperar as mudanças tão prometidas pelo novo governo, desde a comodidade de suas casas, mudanças que prometem acabar com o machismo hetero-patriarcal entre os habitantes deste território.

A expectativa pelas novas políticas públicas e as reformas relativas às questões de gênero levantaram uma esperança em uma parte dos grupos e individualidades feministas, dissidentes sexuais e em praticamente em todos os setores lambe bandeiras socialdemocratas.

As esperas e esperanças lamentavelmente ficaram só nisso, porque o heteropatriarcado não terminará com nenhuma reforma legal ou com ajudas sociais.

Lamentavelmente o heteropatriarcado é parte do sistema econômico, social e cultural que nos domina. Está em todas as partes! O encontramos na forma como vemos a nós mesmos e os outros. Na maneira de nos relacionarmos, em como nos submetem, etc. Não há ser que não seja afetado pelo patriarcado, mas sem dúvida os ataques machistas não são iguais para homens e para mulheres ou transexuais, queers, gays, lésbicas, sem vitimizar estes 5 últimos são os mais afetados.

Hoje o poder se veste na moda, toma trajes feministas e de dissidências sexuais, e porque não o faria? Se todos tem lugar na festa democrática, todos podem ser representados nas instituições, todos podemos ter os mesmos direitos constitucionais.

Os poderosos podem tomar estas ou outras roupagens para se perpetuar no poder, como da mesma maneira podem levantar diversas iniciativas para melhorar as condições de vida de mulheres e dissidências sexuais, mas o exercício do poder, portanto a dominação estatal não terminará.

As mudanças na forma como os poderosos “humanizam” a submissão ou criam um aparato repressor mais brando ou proclamam leis mais inclusivas para diversos coletivos, não deveria ser parte das lutas dos que querem realmente a destruição radical em todas as formas de opressão. Para que algo mude radicalmente todos temos que atuar sem delegações, nem intermediários, nem esperas.

Hoje saem à rua os que não ficam esperando que outros quebrem suas correntes, os que aqui e agora querem destruir o patriarcado.

Ação direta contra o machismo!
Que todas as instituições ardam até seus cimentos!

Mónica Caballero

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

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Carlos Seabra