[Uruguai] “Não nos rebaixemos para sobreviver, vamos com tudo.”

Enquanto os partidos políticos lutam nas urnas, as cozinhas populares estão se multiplicando nos bairros. Enquanto esticamos nossos salários remanescentes, ou nos endividamos para pagar as contas, os prestamistas, os rentistas, os especuladores e os donos de supermercados enchem seus bolsos às custas de nossa fome. A situação é a mesma de sempre, enquanto algumas pessoas ricas ficam mais ricas, nós pagamos mais por tudo. A miséria não é apenas econômica, precisamos apenas olhar ao nosso redor para ver como o egoísmo e o consumismo nos fazem viver vidas vazias e solitárias, enquanto continuamos escravos do trabalho.

A política provou não ter soluções, ganhe quem ganhe, o problema básico permanece o mesmo. Diante desta situação, há aqueles que estão resignados, indiferentes, indignados, que denunciam, que reclamam, e aqueles que se organizam. Estamos do lado daqueles que se organizam; diante do aumento dos preços, nos organizamos, realizamos assembleias, pensamos em como queremos viver juntos e não deixamos que o capitalismo nos esmague. Entendemos que diante deste mundo hostil, cada vez mais voraz, automatizado e invasivo, é necessário criar um novo mundo, com solidariedade, ajuda mútua e, acima de tudo, fazê-lo em conjunto.

Realizamos cozinhas populares, lanches, assembleias de bairro, oficinas gratuitas, redes coletivas de apoio mútuo, visamos a solidariedade. Contra os supermercados, que lucram com a fome e a necessidade das pessoas, existe o Mercado Popular de Subsistência, um coletivo de vizinhos organizado para comprar mais barato e para politizar o consumo. Não ficamos indiferentes à miséria que permeia nossa vida diária; nós nos organizamos.

É hora de agir, vamos parar de adiar o agora em busca de promessas futuras.

Vamos tomar posse do presente. Vamos nos reunir, e vamos ousar viver a vida que queremos viver, agora. Este mundo não tem mais nada a nos oferecer, vamos criar nosso próprio mundo, e nos organizar para defendê-lo, vamos encontrar nos outros a cumplicidade da revolta.

Não nos rebaixemos para sobreviver, vamos com tudo.

Comunidade de Luta de Cordón

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Penso apenas
Em meu pai e minha mãe —
Tarde de outono.

Buson