O que se passou em Cuba aos dois anos do 11J?

Dentro e fora das prisões, diversas ações lembraram o levante popular de 2021 em Cuba.

Por Justicia 11J

Para comemorar o segundo aniversário do levante popular, duramente reprimido pelo regime do Partido Comunista, que passou para a história como “o 11J”, várias pessoas encarceradas por motivos políticos tomaram parte em diferentes ações. As forças do Estado cubano encontram mais uma oportunidade para exercer sua constante violência política e continuar atentando contra os direitos humanos.

Nós do Justicia 11J temos monitorado os acontecimentos e gostaríamos de destacar cifras e casos relacionados aos presos políticos e manifestantes de diversos protestos, fora das prisões, embora continuem chegando informes que podem alterar os dados a seguir:

  • Pessoas que se vestiram de branco na prisão, em sinal de protesto: 9
  • Jejuns/greves de fome nas prisões: pelo menos 13
  • Outros atos de protesto nas prisões: 2
  • Desaparecidos/enviados para celas solitárias nas prisões: 7
  • Desaparecidos/detenções arbitrárias: 6

Vários prisioneiros políticos do 11J assinaram e tornaram pública uma Declaração conjunta em nome do movimento “Libertad y Derecho“, exigindo sua libertação e fazendo um chamado à comunidade nacional e internacional para continuar a luta pela restauração dos direitos civis e políticos em Cuba. Os signatários foram: Juan Enrique Pérez, Nilo Abrahantes Santiago, Maikel Armando Peña Suárez, Anibal Yaciel Palau Jacinto, Roberto Pérez Fonseca, Luis Enrique Álvarez González, Rolando Yusef Pérez Morera, Evelio Luis Herrera Duvergel, Nosley Lázaro Domínguez Linares, Enmanuel Roble Pérez, Yasiel Martínez Carrasco, William Valera Suárez. Alguns deles protagonizaram greves de fome durante a recente visita a Cuba de Josep Borrell, representante da União para Assuntos Exteriores e Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia.

No dia 10 de julho, Juan Enrique Pérez se dirigiu ao refeitório da prisão de Quivicán (Mayabeque), com um suéter e um cartaz onde escreveu «Pátria e Vida», «Viva a Constituição de 1940», «Abaixo a ditadura» e «Era tanta fome que devoramos o medo». Além disso, gritou palavras de ordem anticastristas. Segundo sua esposa e ativistas com contatos dentro da prisão, os guardas o golpearam, pisaram na sua cabeça e o isolaram do restante dos detentos.

Após isto, Dayana Aranda, esposa do manifestante, foi à penitenciária para tentar ver seu esposo. O chefe penitenciário só permitiu que eles falassem por telefone. A pedido de seu esposo, Dayana se manifestou dentro da prisão gritando “Pátria e Vida”.

Paralelamente, Anniette González, Ienelis Delgado, Mayelín Rodríguez e Yennys Artola, presas por motivos políticos na prisão feminina Granja 5 (Camagüey), se vestiram de branco como forma de protesto contra a injustiça.

No Combinado del Este — presídio de segurança máxima localizado em Havana —, o jornalista independente Jorge Bello Domínguez, e os manifestantes do 11J Idael Naranjo Pérez e Yerandis Rillos Pao, vestiram-se de braco para comemorar a data. Segundo informes, foram detidos em uma solitária, onde permancem até hoje (17 de julho). Yander Rodríguez, que já estava há vários dias vestido de branco na mesma prisão, raspou a cabeça e se recusou a usar colchão em sua cela, enquanto exigia a liberdade dos presos políticos.

Na mesma prisão, Daniel Moreno declarou greve de fome, uma vez que foi obrigado a usar o uniforme de prisioneiro.

José Rodríguez, Armando Guerra e outros prisioneiros da penitenciária de Guamajal (Villa Clara) iniciaram no dia 11 um jejum de 3 dias. Igualmente, pelo menos até o dia 15 de julho Denys Hernández Ramírez, Adrián Rodríguez Morena e outro preso cujo nome se desconhece continuavam em greve de fome na prisão de Guanajay (Artemisa) desde o dia 11.

Yoanky Báez, anunciou, da enfermaria da prisão no Combinado del Este, que não comeria nos dias 11 e 12 de julho, para exigir sua liberdade. Na mesma prisão, Adael Jesús Leyva Díaz e outros prisioneiros, também ficaram sem comer nestes dias, segundo informes.

Tania Echevarría, Sissi Abascal e Saylí Navarro, integrantes das Damas de Blanco encarceradas em La Bellotex (Matanzas), deram início a um jejum pela liberdade dos presos políticos cubanos, a partir das 12 horas de 11 de julho. O jejum de Tania durou até às 10 horas e o de Sissi e Saylí até às 3:00 da tarde. Por conta de seu jejum e oração por Cuba, Sissi Abascal foi conduzida à direção da penitenciária, onde recebeu ameaças para que abandonasse seu protesto pacífico.

Também o prisioneiro político Eriberto Téllez Reinosa, da prisão em Santiago de Cuba, comunicou à comunidade internacional que estava realizando um jejum de 24 horas em protesto contra sua prisão injusta por se manifestar pacificamente.

Além disso, houve ações preventivas para evitar possíveis protestos. Roberto Pérez Fonseca foi retirado de sua cela e seus companheiros supõem que ele esteja na solitária.

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https://passapalavra.info/2023/08/149616/

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