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[Venezuela] As fronteiras vivas de nossa rebeldia

By A.N.A. on 21 de Setembro de 2015

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“A vida é bela para qualquer um que supere as fronteiras da existência” – Émile Armand

A fronteira é um trânsito social entre duas culturas. Restrito à arena política, este termo refere-se a uma região ou faixa, enquanto o termo limite é ligado a um conceito imaginário.

Os Estados-Membros têm uma característica essencial: a soberania, isto é, a faculdade de implantar e exercer sua autoridade da maneira que eles entendam conveniente. Para que o exercício da soberania pelos Estados-Membros não prejudique outras nações, são criados limites definidos em porções de terra, água e ar. O ponto exato e preciso em que estes limites chegam ao fim é quando se fala em fronteiras.

As fronteiras são uma das noções necessárias para a consolidação da República, a qual define o âmbito onde se desenvolvem seus poderes administrativos e judiciais sobre os habitantes, atribuindo direitos e deveres com a intenção de manter um status quo que dirige amparado na ficção da “democracia representativa” ou no nosso conceito de “democracia participativa e protagonista“, como o que vivemos na Venezuela.

Desde o passado 19 de agosto, o governo bolivariano, assumindo um discurso de defesa dos interesses nacionais e como uma reação a uma emboscada que sofreu uma unidade do exército por parte de supostos contrabandistas; se decreta o estado de emergência por 60 dias em cinco municípios da fronteira do estado de Táchira: Bolivar, Ureña, Junín, Capacho-Libertad e Capacho-Independencia.

Juntamente com esta declaração de exceção, a fronteira Colômbia-Venezuela foi fechada por esses municípios e se desdobra a Operação Libertação do Povo (OLP) com mais de mil e quinhentos soldados vigiando a fronteira sob o pretexto de impedir a remoção dos bens regulamentados da Venezuela para a Colômbia.

Em 29 de agosto, o Executivo Nacional estende a medida provisória para mais quatro municípios de Táchira: Lobatera, García de Hevia, Ayacucho e Panamericana. Repetindo o mesmo cenário em 8 de setembro com o fechamento da fronteira de Alta Guajira.

Até a data do encerramento deste artigo, o balanço operacional do governo possuía como saldo um número de 1.467 para 20.000 colombianos deportados e expulsos da Venezuela, com suas casas demolidas e seus bens abandonados ou saqueados pelo exército; falsas tensões binacionais, apreensão e detenções em regime incomunicável de várias pessoas como José Miguel Herrera Teheran, que está preso na SEBIN, exploração de níveis insuspeitados pelo oficialismo da xenofobia para unir forças ante as próximas eleições.

Este panorama nos deixa muitos perplexos e deixa nu o claro caráter totalitário da atual administração pública, mantendo boas relações com os seus homólogos do norte e com reconhecidos do mainstream republicano como Donald Trump.

No entanto, o silêncio e a vulgar cumplicidade dentro da cena anarquista não para de me surpreender, mas sim me preocupa; a situação na fronteira embora distante é uma questão que cabe a todos aqueles que vivem e estão dispostos a morrer pela liberdade. Centenas de famílias foram separadas e submetidas a um miserável e massivo Êxodo por parte de um estamento militar desprovido de toda honra e decoro, sobre o qual não deveríamos ter condescendência ou perdão.

O fechamento da fronteira é mais um capítulo da política econômica da exploração petroleira que definiu a Venezuela como uma República durante os séculos 20 e 21. Unindo a espoliação dos recursos naturais e monetários a que estamos submetidos pela boliburguesia e os militares de 4 de fevereiro de 1992. Sem colocar ênfase sobre o cerne da questão, que é a necessidade de avançar para um modelo de produção onde o valor-trabalho ecológico é a estrela polar que nos guia, como os princípios da economia da satisfação sempre presente em nossos povos indígenas.

O governo bolivariano seguirá alienado e cada vez mais longe da realidade, é aí que como anarquistas deveríamos unir forças com todos os espoliados do banquete e do desperdício que representaram os últimos 10 anos; retomando o caminho da libertação, equilibrando as forças vivas que fazem vida e arrastando novamente os militares para o quartel de onde eles nunca deviam ter saído. Agora mais do que nunca precisamos da união de todos os rebeldes sociais que estão dispostos a lutar pela liberdade.

Aqui e aonde seja seguiremos refratárias até as últimas consequências.

Rodolfo Montes de Oca

rodolfomontesdeoca.contrapoder.org.ve

Tradução > Liberto

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Começo de chuva…
A tempestade faz festa,
no meio da rua.

Humberto del Maestro

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