Há uma centena de nós vagando atrás do Centro de Convenções de Minneapolis. Nos falaram que essa era a única entrada disponível para um comboio mas não acredito. A polícia aconselhou a turma do Trump a fazer o evento ali ao invés do lugar escolhido anteriormente devido a falta de segurança; o Centro de Convenções é um prédio com bastante opções de saídas e entradas. Logicamente uma carreata também poderia usá-las.
Do outro lado do cruzamento há um homem, supostamente apoiador do Trump, gritando com a multidão. Não se sabe se ele veio ao caríssimo evento angariador de fundos ou se só queria confrontar o protesto anti-Trump. Em todo caso, ele nem entrou no Centro. Seu celular e boné foram tomados e quando ele atacou, derrubaram-no ao chão.
Pouco depois a multidão se une a um pequeno grupo usando equipamentos de black bloc. Estou simultaneamente entusiasmado e nervoso; o último ano não tem sido gentil aos defensores de práticas anti-vigilância, como o uso de máscaras. No dia 30 de março, durante o protesto em resposta ao pronunciamento de que o policial que assassinou Jamar Clark não seria processado, manifestantes que usavam máscaras foram confrontados e removidos em um esforço coordenado de vários setores da administração. Os protestos recentes sobre a morte de Philando Castile, particularmente no dia 9 de julho, desencadeou uma notável retaliaçã o contra supostos anarquistas, normalmente identificados por usarem máscaras. A tensão entre aqueles que querem controlar os protestos e aqueles que querem proteger suas identidades teve uma grande repercussão, mas nas Twin Cities (Minneapolis e Saint Paul) foram os disparos de supremacistas brancos contra cinco manifestantes durante a ocupação do 4º Departamento de Polícia que permitiu aos administradores impor um maior policiamento.
Surpreendentemente, muitos acolheram calorosamente o grupo com máscaras e muitos mais vestiram as bandanas pretas distribuídas. Com sorte, essas práticas vão se tornar cada vez mais familiares e normalizadas. Durante a participação em ação direta, ou o apoio a outro grupo, máscaras são uma medida simples contra a repressão.
Conforme o evento angariador de fundos terminava, oficiais do Serviço Secreto se reuniram em uma entrada lateral e no comboio que esperava. Dezenas correram em direção aos carros mas foram impedidos pela polícia, que lutava para controlar a multidão. Nesse momento surgiram algumas brigas e umas garrafas voaram em direção à linha de polícia que se formava.
Quando o comboio conseguiu ir embora voltei para a frente do Centro de Convenções, onde apoiadores do Trump estavam desesperadamente tentando passar pelo meio do protesto. Cartazes rasgados cobriam o chão enquanto seus prévios donos tentavam escapar. Um cinegrafista foi cercado e expulso da multidão, tendo seus equipamentos destruídos. Outras pessoas com câmeras foram expulsas ao mesmo tempo em que muros eram pichados e mais apoiadores do Trump emergiam do prédio.
Antes que a polícia pudesse agir a multidão se dispersou, evitando prisões. Ao invés de esperar por algum conflito simbólico com os policiais, recuamos enquanto tínhamos uma vantagem. Mesmo o evento sendo privado, no final Trump viu que ele não pode vir às Twin Cities sem se preocupar. Mostramos aos seus doadores que eles não são bem vindos aqui e que devem pensar duas vezes antes de divulgarem seu apoio. E por último, o Centro de Convenções de Minneapolis percebeu que haverá consequências por sediarem eventos de extrema-direita.
Além de atingir esses objetivos, parece que a iniciativa dos rebeldes nas ruas deu um grande passo a frente. Isso é promissor, mas enquanto a paz social se impor novamente devemos continuar a afiar nosso antagonismo à repressão em todas as suas formas, não simplesmente à da extrema-direita.
Um antagonista de muitos
Fonte: https://conflictmn.blackblogs.org/even-the-weather-is-like-fuck-trump/
Tradução > Turret
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