Nascido em Cascante em 1931, Lucio era muito jovem para participar das lutas apoiadas pela Confederação durante a República. O seu momento foram os tempos do pós-guerra, que foi especialmente duros em uma terra tão dizimada pela repressão de Franco como os da região de Ribera de Navarra.
Desertor do Exército, Lucio cruzou os Pirineus para se tornar um imigrante sem papéis na França. Lá, ele coincidiu com alguns catalães que também tiveram que atravessar a fronteira para não arriscar suas vidas. Eles eram da CNT. Foi como resultado de sua amizade que ele iniciou um processo de autoeducação que o levaria não só a conhecer os ideais ácratas, mas também a esfregar ombros com diferentes personalidades pertencentes ao Movimento Libertário ou próximas a ele: Quico Sabaté, Luciano Cerrada, Octavio Alberola, Albert Camus, André Breton, Georges Brassens, etc.
Foi justamente seu contato com a oposição armada dos maquis que o aproximou da ilegalidade: redes de fuga, falsificação de documentos, roubos solidários, incursões na Espanha da ditadura.
Lucio provou ser um verdadeiro homem de ação que não hesitou em colaborar com todas as iniciativas realizadas para lutar contra a ditadura.
Foi aqui que nasceu a fama dele, contada por alguns como lenda. Mas mais do que falar novamente de seu golpe contra o CityBank, que causou a esta entidade perdas de cerca de 20 milhões, devemos destacar seu espírito rebelde, aberto e solidário, que o levou a ter empatia com tantas causas, desde os Panteras Negras e os Tupamaros até para com Albert Boadella perseguido por uma peça de teatro, passando pelos exilados bascos.
Em todo caso, Lucio, que considerava a CNT como sua verdadeira escola, permaneceu sempre fiel ao anarquismo, transmitindo-nos, naquela última faceta sua, tão midiática, a importância de conjugar o verbo fazer.
Como todos aqueles que lutaram, agora é sua vez de descansar. O levaremos sempre em nossos corações.
Fonte: https://www.cnt.es/noticias/obituario-lucio-urtubia/
Tradução > Liberto
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