Polícia italiana matou Carlo Giuliani em legítima defesa, diz Tribunal Europeu dos Direitos Humanos

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos absolveu o Estado italiano pela morte do anarquista Carlo Giuliani, entendendo que a polícia agiu em legítima defesa. Giuliani fazia parte de um grupo de manifestantes que protestavam contra o encontro do G8 em Gênova, em 2001. Uma das manifestações degenerou em confrontos e ele foi atingido por um tiro no rosto e depois atropelado por um carro da polícia.

A polícia italiana matou em legítima defesa. Foi o que entendeu o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, ao não responsabilizar o governo italiano pela morte de Carlo Giuliani, durante encontro do G8 em Gênova, em 2001. Para o Tribunal, não houve violação do direito à vida do italiano e a investigação conduzida pelo governo da Itália foi satisfatória. A decisão foi anunciada pela corte na quinta-feira, 24 de março.

Carlo Giuliani morreu no dia 20 de julho de 2001. Ele fazia parte de um grupo de manifestantes que protestava contra a globalização durante o encontro dos oito países mais desenvolvidos do mundo, que aconteceu de 19 a 21 na cidade italiana de Gênova.

De acordo com o processo, Giuliani fazia parte de um grupo que atacava um carro da polícia italiana armado com pedras e picaretas. Um dos policiais atirou e atingiu o rosto de Giuliani. Para escapar do ataque dos manifestantes, segundo o Tribunal, a polícia acelerou o carro e passou duas vezes em cima do corpo dele. Só depois chegou o médico, que declarou a morte do italiano.

A morte do manifestante provocou comoção dentro e fora da Itália. Depois de uma investigação, a justiça italiana concluiu que os tiros foram dados em legítima defesa e que não houve abuso por parte dos policiais. Insatisfeitos com a decisão, os pais e a irmã de Giuliani foram reclamar ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

No dia 24 de março último, foi anunciada a decisão final do Tribunal. Por maioria, os juízes entenderam que o direito à vida do manifestante não foi violado. Os julgadores consideraram que a polícia atirou em legítima defesa, que ela estava sendo acuada, ameaçada e atacada pelo grupo. Para eles, essa constatação basta para justificar a atitude policial e descartar qualquer abuso.

O Tribunal também considerou o laudo médico que diz que o que matou Giuliani foi a bala, e não o atropelamento pelo carro da polícia. Ainda assim, considerou legítima defesa a tentativa de fuga dos policiais. Para os juízes, também não há que se falar em investigação ineficiente conduzida pela Itália. De acordo com o Tribunal, o país investigou satisfatoriamente a morte do manifestante.

Em resposta a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, os pais de Giuliani disseram que a família não se deu por vencida e que seguirão lutando pela verdade.

Fotos inéditas e a verdade sobre o assassinato de Carlo Giuliani:

http://www.lacaverna.it/carlogiuliani/carlosequenza.htm