Um resumo dos fatos
Ivan, Bruno e Damien foram detidos em janeiro de 2008, quando se dirigiam a uma manifestação junto ao centro de detenção (CIE) de Vincennes. Em sua posse encontraram bombas de fumaça artesanais e pregos retorcidos que, perante a justiça e mais tarde os meios de comunicação, se tornaram numa “bomba de pregos”.
Ivan e Bruno entram em prisão preventiva, enquanto Damien continua em liberdade embora sob controle judicial.
Dias depois, Inès e Franck são detidos num controle aduaneiro em Vierzon na posse de manuais técnicos de sabotagem, o plano de uma prisão de menores e clorato. Os serviços antiterroristas assumem a investigação. Segundo a polícia o DNA de Inès corresponde com uma das cinco pistas encontradas num saco contendo garrafas de gasolina debaixo de um carro da polícia durante a eleição presidencial em 2007.
Rapidamente, juntam-se as duas investigações num só dossiê, instruído por juízes antiterroristas. A polícia rastreou tudo que envolvia as pessoas detidas e das fichadas como “anarco-autônomas” para encontrar o DNA que faltava.
Javier, irmão de Inès, e mais tarde Damien, são encarcerados, em prisão preventiva, porque os seus DNA corresponderiam às pistas encontradas debaixo de um carro da polícia, durante a eleição presidencial, em 2007.
Em junho de 2010, Javier é acusado de uma série de sabotagens por incêndio em caixas elétricas de sinalização de trens (SNCF) que paralisaram o tráfego ferroviário em 2006, durante o movimento contra o CPE (movimento estudantil contra a reforma laboral para o emprego de jovens). O seu DNA tinha sido encontrado no local de uma tentativa de sabotagem.
Inès, Javier, Damien, Ivan, Franck e Bruno cumpriram entre 5 e 13 meses de prisão preventiva na sequência desta investigação. E continuam sob controle judicial até ao julgamento em Tribunal Penal.
Entre 14 e 22 de maio levar-se-á a cabo o primeiro julgamento sob jurisdição antiterrorista aos militantes designados pela investigação como pertencentes ao movimento “anarco-autônomo”. Os seis inculpados, como milhares de pessoas, tomaram parte de diferentes lutas sociais naquele tempo: movimento CPE, revoltas à volta das eleições presidenciais de 2007, lutas contra o internamento dos sem-documentos e pela liberdade de circulação… desde manifestações selvagens até sabotagens, a conflitualidade que se expressava dentro das lutas transbordava frequentemente o quadro legal ou as habituais mediações políticas e sindicais. E quando há alarido (confusão), o Estado procura punir um pequeno número de pessoas para assustar a todos: a polícia e a justiça tentam sempre separar os “manifestantes bons” dos “agitadores ruins”, isolar os atos do contexto em que se inserem, e finalmente dividir para reinar (mandar, governar, obrigar…) melhor. E é disso que se trata ali, é também um conjunto de más intenções e a tentativa de implantá-las de forma independente.
Separar. Basta assistir a um julgamento rápido para ver que os pobres e os marginalizados são sempre presumíveis culpados e quase sempre condenados: a culpabilidade e a inocência são os dois grandes conceitos utilizados dia após dia, desde o gabinete do Ministério Público até à sala de audiências, para manter a ordem social. Tais noções não podem ser as nossas. Tentar “sairmos com a nossa” perante a justiça não significa renegar as nossas ideias e as nossas práticas.
Isolar. A justiça obriga-nos a entrar numa temporalidade que lhe é própria: a da instrução, da prisão, do controle judicial e a do julgamento. Esse período (tempo) judicial permite não somente isolar os acusados (arguidos, réus) enquanto estão na prisão, como também mantê-los debaixo de pressão através do controle judicial, proibição de se verem uns aos outros, entre outras coisas. Por fim, a instrução do processo é responsável por estabelecer os perfis que contribuem para diferenciar as condenações, e até para fazer delas condenações exemplares.
Dividir. Desde os “meninos do bairro” aos manifestantes, reagrupar-se ou organizar-se coletivamente representa uma ameaça potencial para o poder. As acusações de “associação criminosa”, “bando”, “em reunião”, usam-se cada vez mais como “circunstâncias agravantes”: isto permite endurecer penas e insta (exorta) as pessoas a permanecer atomizadas. É dentro desta mesma lógica que opera a jurisdição antiterrorista utilizada pelo Estado, segundo os interesses políticos do momento, para retirar do “corpo social” aquilo que incomoda e neutralizar as práticas e ideias que estão fora do marco institucional.
Portanto, os mecanismos da justiça não são as únicas ferramentas do poder que devem ser criticadas e combatidas. Diversos dispositivos e instituições contribuem diariamente mantendo a ordem social e a exploração: do crédito bancário aos antidepressivos, do assalariado aos controles sociais do CAF (instituição estatal encarregada de conceder ou cancelar ajudas familiares), das escolas ao exército… Não é só na Grécia que existem milhares de pessoas que rejeitam o horizonte imposto pelo capitalismo e pelo Estado. O que estará em jogo no tribunal não é uma relação interpessoal entre os acusados e os juízes, mas um momento da luta entre a classe dos que ostentam o poder e os explorados, um momento na luta entre a autoridade e os que resistem. Expressar solidariedade inscreve-se nesta luta.
Solidariedade com o/as acusado/as!
Para mais infos (em francês):
› http://infokiosques.net/mauvaises_intentions
Tradução > Liberdade à Solta
agência de notícias anarquistas-ana
Cidade cinzenta.
No poluído jardim
Viçam azaleias.
Fanny Dupré
nao existe comunidade anarquista em nenhum lugar do mundo, (no maxinmo sao experiencias limitadas em si mesmo com uma maquiagem…
ALEN = Ateneu Llibertari Estel Negre. Article tret d'Anarcoefemerides.
Defender o estado fascista ucraniano a soldo do imperialismo ocidental (tão mau ou pior que o russo) nada tem a…
Essa noticia e uma vergonha para a causa anarquista. Casos voces nao saibam, a comunidade das republicas separatistas que se…
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