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[Curdistão] A resistência não terminou – Carta aberta depois do #WorldAfrinDay

By A.N.A. on 31 de Março de 2018

 

“Nós, que trabalhamos aqui em Rojava como internacionais, somos parte da luta mundial dos oprimidos contra o reino do Estado, do capital e do patriarcado.”

– şehid Hêlîn Qercox

O #WorldAfrinDay foi um exemplo histórico de resistência e solidariedade internacional. Milhares de pessoas tomaram as ruas e se levantaram contra esta guerra, apoiando a resistência e os valores desta revolução. A solidariedade procedente de mais de 50 cidades de todo o mundo demonstrou quão importante é o que está acontecendo aqui para as pessoas. Novos grupos e novas pessoas estão organizando sua solidariedade, participando e defendendo a revolução. Desde o Canadá até a Austrália, desde o México até o Japão, o mundo demostrou que Afrin não está só.

Durante dois meses, as bombas do exército turco estiveram caindo e matando civis em Afrin. Durante estes mesmos dois meses, houve ações mundiais contra esta ocupação. E continuarão. Afrin, como o cantão ocidental da Federação Democrática do Norte da Síria, será defendida como o farol da esperança em que se transformou, como a fonte de inspiração que é. A democracia de baixo para cima, com mulheres na vanguarda da construção da ecologia social, é o que o sistema capitalista tenta manter fechado, afirmando que “não há alternativa”, que a utopia não é possível. Mas aqui aprendemos que outro mundo não só é possível, mas que é necessário, e só depende de quanto acreditemos nele, de quão determinados estamos em tornar realidade esta utopia.

Afrin se encontra agora sob a ocupação do exército turco. Depois destes meses de resistência, ao ver que as forças de ocupação entram na cidade pode parecer que a utopia se dispersa uma vez mais; mas ninguém disse que a revolução chegaria facilmente. Era algo que só havíamos imaginado antes de vir a Rojava e presenciar com nossos próprios olhos o que está acontecendo aqui. Hoje, aqui, assumimos vários séculos de sistema capitalista e do modelo de estado-nação. Estamos desafiando milhares de anos de opressão patriarcal e poder de governo masculino. Estamos desafiando a essência de como a sociedade mesma é percebida e organizada.

Mas hoje também devemos examinar a nós mesmos e avaliar o que temos feito. Como comuna internacionalista, não conseguimos desenvolver todo o potencial que a solidariedade internacional pode significar para esta revolução. Não pudemos seguir todas as iniciativas e ações que diferentes pessoas compartilharam conosco, não pudemos dar nossas perspectivas e respostas a todas as ideias e propostas que nos apresentaram. Não pudemos dar a resposta correta aos ataques que nos feriram. Não pudemos entender as dimensões reais da revolução que está ocorrendo aqui e a importância de defender o que hoje se está desenvolvendo.

Mas refletiremos sobre isso e aprenderemos de nossos erros. Quando volte a produzir-se o próximo ataque dos poderes governantes, seremos mais sábios e mais experimentados, e mais capazes de defender-nos a nós mesmos e as pessoas que nos rodeiam. Sabemos que isto pode acontecer a qualquer momento, talvez amanhã, e sabemos que não podemos fazê-lo sós. Necessitamos ser capazes de ver as ameaças antes de que sejam demasiado grandes para superá-las. Necessitamos ter uma análise melhor e mais profunda da situação na qual nos encontramos. Necessitamos toda a esperança e a solidariedade internacional que esta revolução está suscitando nos corações das pessoas. E é por isso que os convidamos a vir aqui.

Venha ver com seus próprios olhos o que está acontecendo aqui. Venha com uma mente e coração abertos, prontos para desafiar o que acreditas que a humanidade pode conseguir. Venha aprender, apoiar e organizar esta revolução. Venha e ajude-nos a criar o movimento internacional que possa mudar a deriva capitalista que a humanidade está sofrendo.

Mas se não podes vir, no entanto há mil formas que possas contribuir com esta resistência. Necessitamos pensar como podemos fazer que esta revolução seja exitosa, e que se possa fazer em cada lugar para conseguir este objetivo. Como internacionalistas, devemos ser capazes de atuar e interatuar com a sociedade na qual nos encontramos. Necessitamos aprender dos movimentos passados e analisar quais são as melhores formas de enfrentar a opressão. Da mobilização massiva à desobediência civil. Das manifestações de solidariedade às ações diretas. Ontem mostramos ao mundo que juntos somos fortes. Mas a situação em Afrin hoje nos mostrou que isto não é suficiente. Por isso, agora temos que abrir um debate global sobre qual deveria ser o próximo passo a dar.

Esta carta aberta é uma chamada a todas as pessoas e grupos que tiveram um papel ativo no #WorldAfrinDay, e também a outras iniciativas em solidariedade com a resistência de Afrin. Queremos abrir um debate público. Esperamos suas respostas, suas ideias, suas propostas.

Também solicitamos seu apoio para difundir e traduzir esta carta; podes encontrar nosso correio eletrônico em nosso sítio web.

Comuna Internacionalista de Rojava

25/03/2018

internationalistcommune.com

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

minhas mãos te olham
estranha fotografia
onde meus olhos te tocam

Lisa Carducci

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