[Joinville-SC] Breves comentários sobre: “Não pense em trabalho: crise!”, do Grupo Organizado de Teatro Aguacero

por Flavio Solomon

Entre bandeiras rubro-negras e do arco-íris, faixas denunciando as mortes de mulheres no sistema capitalista e também contra a reforma da previdência proposta pelo governo de extrema direita, o G.O.T.A, Grupo Organizado de Teatro Aguacero, originário de Desterro (SC), realizou a sua estreia no chão do bairro Itinga, no fechamento da programação do V Sarau 1º de Maio, realizado pelo CABN, Coletivo Anarquista Bandeira Negra, integrante da CAB, Coordenação Anarquista Brasileira.

O trabalho de teatro do G.O.T.A nem completou doze meses de atuação. Porém, foi o tempo necessário para animar, gerar debates no Iº Colóquio Pesquisa e Anarquismo: Perspectivas em Debate, em novembro de 2018, em Florianópolis, encenar e trazer para o chão das cidades e dos campos uma proposta teatral coletiva e autogestionária.

Com o título “Não pense em trabalho: crise!”, o grupo levantou questões pertinentes ao mundo do trabalho, partindo de uma perspectiva dos e das de baixo. Em dois meses de trabalho dedicados a peça, o G.O.T.A levantou as urgências pautadas em olhares anarquistas sobre o mundão, sem perder a chance de fazer rir e inquietar.

Ao assumir a comicidade, as tragédias cotidianas do trabalho no sistema capitalista, aumentou a potencialidade do diálogo com o público. Faz a gente dar risada e, quando menos esperamos, as firmes botas da opressão pisam em nossas gargalhadas, nos chamando pra pensar o quanto do encenado pertencem a nós; o agronegócio matando o campo e os seus trabalhadores, a precarização do trabalho da juventude e os lindos discursos da publicidade capitalista na embalagem falsa da liberdade e da igualdade.

Outro aspecto para comentar é o diálogo do G.O.T.A entre o teatro e o anarquismo, presente nos fios de memórias e histórias, no hino antifascista A las barricadas”, no hino do Sarau 1º de Maio, composto pelo GOTA, e na melodia do Grupo Engenho, clássico do cancioneiro ilhéu. Sem falar nos signos do socialismo libertário em seu texto.

Caberia comentar sobre o ritmo da peça, tempos para estender o riso e a reflexão por meios dos movimentos dos corpos do elenco. Depois de assistir à estreia da peça, a emoção não autoriza elaborar esses comentários.

Vá, G.O.T.A, molhar as terras semeadas para fazer brotar resistência em todo  mundão de opressão.

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