Segundo Yannis Youlountas, anarquista franco-grego, “Depois de uma longa pausa, o governo grego decidiu agir novamente. Esta manhã [16/10], a polícia, os agentes de inteligência, a polícia antiterrorista, MAT (CRS) e os funcionários da prefeitura de Atenas estão evacuando duas okupas”.
Ele acrescenta, “O governo optou por atacar o Hotel Oniro, uma okupação de refugiados/migrantes que conhecemos bem, perto da okupa Notara 26, e uma outra, esta chamada Fantasma (aberta em abril e quase abandonada), no cruzamento das ruas Eressiou e Thémistokléous, ou seja, bem ao lado da okupa K*Vox, base da estrutura de saúde autogestionada do Rouvikonas e Exarchia (ADYE)”.
“Há claramente uma vontade do governo de cuidar de sua imagem, depois de ser ridicularizado pelas mobilizações no bairro, mas também além das fronteiras”, diz.
Yannis também explica: “O fato de ter escolhido duas okupações muito próximas da Notara 26 e da K*Vox provavelmente não é uma coincidência: a Notara 26 é muito ativa na resistência do bairro e é a mais antiga das okupações de refugiados/imigrantes em Atenas, em um prédio pertencente ao Ministério do Trabalho, e a K*Vox é provavelmente o lugar mais estratégico e simbólico de Exarchia, com um grande espaço com vista para a praça que serve de base para o grupo anarquista Rouvikonas e onde o lado direito abriga a clínica médica autogestionada do bairro. A Notara 26 e a K*Vox também são duas das principais okupações aderidas à assembleia do bairro denominada “No Pasaran”, iniciativa que já organizou muitas manifestações e ações. Em suma, o poder queria enviar um forte sinal contra esses lugares, mas sem ousar atacá-los no momento”.
Ele prossegue: “Crianças e adultos serão enviados para departamentos policiais de estrangeiros, depois, em sua maior parte, para acampamentos. Estes acampamentos gregos são a vergonha da Europa, onde tanta gente está abarrotada, humilhada, martirizada e às vezes morre, por causa de incêndios, mal tempo, brigas, intoxicação alimentar, enfermidades… Em outras palavras, o poder reuniu pessoas que viviam pacificamente em seu lugar, em autogestão, com assembleias, um pouco como uma grande família reconstituída e solidária, para separá-las e enviá-las a lugares em sua maioria fechados, frios, austeros, autoritário e mortal. Uma vez mais, o poder é um ladrão de vidas”.
“Mais do que nunca, pedimos apoio para continuar pressionando as autoridades gregas em todo o mundo, incluindo embaixadas e consulados. Na Europa e no Oriente, o poder é um coveiro de utopias, mas somos sementes, não temos carência de idéias para lutar e somos mais numerosos do que eles pensam. Nada está acabado, nem em Exarchia nem em outros lugares”, conclui.
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