[Porto Alegre-RS] A luta indígena é pela terra, contra o Estado e o capital

Mais uma vez ocorre o chamado pra somar forças com os povos originários. As terras da Tekoa Pindó Poty, no extremo sul de Porto Alegre (RS) estão sendo invadidas por posseiros. Há tempos se sabe do assédio de grupos empresariais (máfias) do bairro Lami naquelas terras que, ao total, são 100 hectares para que as famílias Mbya Guarani possam levar sua vida da maneira tradicional.

Um grande grupo detentor de mercados, imobiliárias, lotéricas e famoso por lucrar com terrenos saqueados coloca famílias pobres pra dentro do terreno da aldeia, buscando agregar elementos para dificultar as ações de proteção ao território indígena.

Diante de tudo isso a denúncia foi feita e no simbólico dia 22 de Abril, quando nestas terras dominadas pelo estado brasileiro se “celebra” a farsa do descobrimento, quando na verdade encobre a história de genocídio e aculturamento dos povos que aqui já viviam, foi feita uma reunião em que estavam presentes lideranças Mbya Guarani, da Frente Quilombola entre outras entidades e individualidades para encaminhar como responder aos ataques da especulação imobiliária.

Nas falas das lideranças Mbya ficou evidente o caráter anárquico de sua luta histórica. A implantação do domínio de um reino, a transformação do seu lar em “colônia” é o início de seu pesadelo. A mão branca do estado arrancando seus recursos para transformar em capital lhes arrancou o sangue. Apesar da violência desses primeiros embates, invisibilizada através de fábulas que tentam passar a ideia de “trocas” entre os povos, as nações indígenas sobrevivem pra acompanhar as mudanças de forma do estado e do capital. Vivem pra ver a Democracia e as promessas de melhores dias. Tudo mentira, mesmo que no papel saiam meia dúzia de palavras nunca receberam o que lhes era devido. Pelo contrário, a ganância só cresceu, agora o inimigo assume formas diversas, muitas vezes estendendo uma mão para roubar sua cultura com a outra ou simplesmente transformar em consumo étnico.

Vemos isso bem no mercado das medicinas tradicionais, que já faltam nas aldeias, mas é fácil comprar pela internet. Marcante em todas as falas também é a consciência de qual é a necessidade real, a terra, o espaço pra viver e criar, não algum trocado que possa ser aportado em algum momento, por algum governo. A pergunta mais ouvida é “por que tanta terra?” Na Pindó Poty vivem atualmente sete famílias, que crescem, criam relações, se expandem e essa terra pode ser a única que terão como garantia em décadas, então se responde, essa terra é seu presente e seu futuro. Isso que chamam Brasil é todo TERRA INDÍGENA e a luta desses povos é a nossa também.

>> Link para nota da Comissão Yvyrupa sobre as invasões:

http://bit.ly/RespeitaGuarani

agência de notícias anarquistas-ana

Partem os barcos –
Como ficam distantes
Os dias de outono!

Buson