A 4 anos do desaparecimento seguido de morte nas mãos do Estado argentino, recordamos o companheiro Santiago Maldonado com este texto:
Santiago vive na luta pela Terra e contra o capital
Cada 1º de agosto se atualizam as perguntas de como e por que recordar Santiago. Pensando nisto, nos parece importante não cair no martirismo do qual costuma se servir a esquerda e o reformismo burguês, esse martirismo que congela um momento concreto da luta contra o Estado e o capital e o converte em anedota, em peça morta de museu.
Os que detêm o poder estatal, assim como os que aspiram ao mesmo, pretendem converter esta luta histórica, na “A luta de Santiago”. Porque sabem que falsear seus ideais e suas práticas, delatando e isolando seus companheiros, é a melhor estratégia para neutralizar a vitalidade de sua luta e seus pensamentos. Esta separação sistematizada de atividades e potências humanas, assim como a limitação de seu conteúdo sob etiquetas identitárias, não faz mais do que limitar uma luta que necessariamente será total ou não será.
Santiago era um companheiro anarquista que foi assassinado e desaparecido enquanto participava em uma ação solidária com a autodeterminação do povo mapuche. Em seus raps e escritos atacou a igreja, o capitalismo, e a todos os SEUS representantes. Santiago pôs o corpo em suas palavras, nas barricadas de Chiloé junto aos pescadores, em Viedma ou Buenos Aires tatuando em atividades solidárias com presos anarquistas, em Mendoza ou 25 de maio fazendo murais, em Esquel destroçando os vidros do tribunal desde o qual saiu a ordem de captura para Jones Huala. Assim como é necessário proteger sua memória dos discursos de impotência que o querem transformar em um mártir, também devemos estar atentos em não converter esta data em um folclore ideológico, onde o único realmente importante seja deixar claro que Santiago era anarquista. Santiago era parte de um movimento pela superação desta vida de miséria, isso é o que nos irmana com ele e é nessa luta onde sua memória rebelde segue cobrando sentido.
Hoje escolhemos rememorar Santiago e seu desejo sincero de estar ali onde a luta acontece, pôr o corpo, compartilhar e aprender, fazendo de suas ideias uma forma de vincular-se com os outros e não uma linha divisória com o resto dos explorados.
Recordamos nosso companheiro continuando a luta que o antecede e da qual ele foi parte com compromisso e vontade.
Biblioteca La Caldera
Tradução > Sol de Abril
Conteúdos relacionados:
agência de notícias anarquistas-ana
Gatinha meiga
ao passar da mão
seu corpo se ajeita
Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!