Max Stirner: o grande filósofo do egoísmo

Por Svein Olav Nyberg

Obrigado pelo seu convite. Eu fui convidado a falar sobre Max Stirner com o subtítulo “O Grande Filósofo do Egoísmo”. Um subtítulo mais ousado, “O Grande Filósofo do Individualismo?” talvez fosse ainda mais apropriado. Pois, embora Stirner certamente seja um filósofo do egoísmo, eu diria também que ele é o filósofo mais consistente tanto do egoísmo quanto da categoria maior do individualismo. Mas o tema do egoísmo como o individualismo final terá que esperar um pouco. Nesta conversa, meu foco será em apresentar as idéias de Max Stirner, o que pode causar grande prazer ou aborrecimento!

Você provavelmente está familiarizado com o termo “egoísmo” dos escritos de Ayn Rand. Então você provavelmente não vai vir para essa sessão completamente despreparado. No entanto, o tipo de egoísmo que eu irei apresentar para você hoje não é aquele que a Rand falou; não é tão domado. Assim, às vezes estes conceitos de egoísmo não apenas irão ser diferentes, mas eles serão até mesmo completamente opostos. Ao passo que Rand fala sobre a “Natureza do Homem” (“enquanto Homem”), sobre a moralidade e sobre o estado como o protetor dos direitos do Homem, Stirner revela-se como o anti-moralista. Assim como Henrik Ibsen, ele trata o estado como “a maldição do indivíduo”, e quaisquer alegações sobre a “Natureza do Homem” a parte dos propósitos da classificação biológica, são objetivos favoritos de Stirner.

Então quem é esse Max Stirner? E qual é a sua filosofia?

Max Stirner é principalmente conhecido como o autor de Der Einzige und Sein Eigentum (O Único e Sua Propriedade) e é neste livro que ele expõe adiante a maior parte de sua visão filosófica. Sua filosofia é tanto algo fácil quanto algo difícil para compreender. Durante a sua época e por intermédio de seus oponentes, Der Einzige foi caracterizado como o primeiro livro legível em toda a história da filosofia alemã. Seu estilo é cativante e retórico e torna fácil para o leitor tornar-se intrigado. Ao mesmo tempo é uma peça multifacetada de trabalho; não só na estrutura como no conteúdo é embalado com referências implícitas e explícitas tanto de seu passado como de seu presente: É um trabalho de muitas camadas e eu duvido que eu tenha conseguido compreender todas as suas camadas.

Stirner inicia seu trabalho citando Bruno Bauer e Ludwig Feuerbach. “Para o homem, o ser supremo é o homem”, diz Feuerbach. “O homem só agora foi descoberto”, diz Bruno Bauer. As críticas desses dois filósofos são o núcleo do trabalho de Stirner. Através de sua crítica destes dois filósofos em particular, Stirner critica todos os tipos de filosofia moral até a sua própria época, e uma extensão de sua crítica dentro de nossa época se torna bem aplicável para os filósofos mais recentes.

Você não precisa estar familiarizado com Bauer e Feuerbach para entender a crítica da moralidade de Stirner; o próprio Stirner fornece o discernimento suficiente. Todavia, é útil conhecer de onde Stirner vem. Então vamos fazer um resumo histórico:

Max Stirner (1806-1856) nasceu como Johann Kaspar Schmidt. “Max Stirner” é um apelido que ele adquiriu durante seus anos de faculdade por causa da sua testa alta e larga. Ele, mais tarde, adotou esse nome e mais tarde usou-o como seu pseudônimo literário. Ele estudou filosofia, onde teve Hegel como um de seus palestrantes e foi bem eu seu caminho para um doutorado em filosofia. Entretanto, devido as circunstâncias a respeito da saúde de sua mãe, seu doutorado nunca foi terminado. O plano de fundo intelectual de Stirner é o seu profundo conhecimento da filosofia de Hegel, a Bíblia e a antiguidade grega. Então os conteúdos específicos da crítica de Stirner em Der Einzige se refere a estes elementos.

Em 1841 Stirner iniciava sua associação com “Die Freien” (“O Livre”), um círculo de intelectuais que se encontravam para beber e debater no Hippel’s Weinstube em Berlim. Estes “Livre”eram também conhecidos como “Jovens Hegelianos” ou os “Hegelianos de Esquerda“. Observe que o significado de “esquerda” aqui é aquele usado no parlamento francês após a revolução de 1789 e não aquele da classificação política atual. Neste círculo de intelectuais, Stirner era também conhecido por seus poucos, porém perspicazes argumentos, geralmente confinando estes argumentos para o seu próximo. O debate geral ele tendia a observar apenas de uma uma distância com um sorriso irônico. Em 1844 ele publicou seu infame magnus opus; um trabalho que não apenas deu a ele notoriedade imediata, mas também esmagou as ilusões dos Hegelianos de Esquerda, e por todas as propostas práticas destruiu o movimento.

Sendo um bom livro subversivo, Der Einzige foi, claro, confiscado pelo governo. Stirner e seu editor tinham, contudo, se planejado para essa contingência e já tinham distribuído consideravelmente alguns livros antes que a censura pudesse se apossar de suas primeiras cópias. Após um curto tempo, o livro foi lançado novamente, declaradamente “absurdo demais para ser perigoso”! “Absurdo” foi também a reação de Karl Marx. A história é que Engels escreveu para Marx[1] sobre essa publicação e falou simpaticamente sobre Der Einzige. A resposta de Marx não foi preservada, mas em sua seguinte carta à Marx, Engels declara que ele mudou sua opinião e que ele agora acha o livro “o que você julgar, que seja”. Estes dois parceiros no crime então começaram escrever A Ideologia Alemã, originalmente um trabalho de 700 páginas sobre seus contemporâneos. Este trabalho é normalmente publicado em uma versão com seus ataques ad hominem embaraçosos sobre Max Stirner editado de longe – uma versão de umas meras 200 páginas.

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http://aesquerdalibertaria.blogspot.com/2017/06/max-stirner-o-grande-filosofo-do-egoismo.html#.Yha8ntJv-1t

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Na música lá fora
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Rogério Viana